Visitante
Longeviver
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
sandra regina garijo de oliveira
20251012025241056
departamento de educação física
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
educação
grupos sociais vulneráveis
municipal
atividades lúdicas para a promoção de aprendizagem e desenvolvimento
Não
Membros
priscila regina lopes
Vice-coordenador(a)
gustavo alves de macedo
Voluntário(a)
giovana vitória otoni batista
Bolsista
O projeto de extensão “Longeviver” tem como proposta desenvolver a prática de atividades da Cultura Corporal, a partir das atividades lúdicas, para residentes em ILPI´s (Instituições de Longa Permanência para Idosos). O principal objetivo é contribuir para que o cotidiano dos sujeitos que lá habitam seja mais ativo promovendo atividades corporais que estimulem a autonomia e independência, a melhoria das condições físicas, o divertimento, emoções positivas, o aumento da autoestima e boas interações sociais. Pretendemos atender cerca 80 idosos com atividades que serão desenvolvidas nos espaços das ILPIs Frederico Ozanam e Pão de Santo Antônio.
Cultura Corporal, Atividades Culturais, envelhecimento, idosos, saúde
O projeto de extensão “Longeviver” tem como proposta desenvolver atividades da cultura corporal para idosos residentes nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) da cidade de Diamantina, MG. Em atuação desde o ano de 2022, cerca de 80 idosos residentes nas ILPIs Frederico Ozanam e Pão de Santo Antônio já foram atendidos, envolvendo a participação de mais de 50 estudantes dos cursos de Educação Física, Odontologia e Fisioterapia da UFVJM que atuaram como monitores e voluntários das ações de extensão, pesquisa e ensino. O Estatuto do Idoso do Ministério da Saúde brasileiro considera idosas as pessoas com idade igual ou superior a 60 anos (BRASIL, 2013). Uma das principais conclusões do Censo Demográfico de 2022 é de que o Brasil está envelhecendo (IBGE, 2023). Segundo o instituto, o país chegou a 203,1 milhões de habitantes; em números absolutos, de 2012 a 2021, o número de pessoas com 60 anos ou mais saltou de 22,3 milhões para 31,2 milhões. O processo de envelhecimento decorre no declínio das funções orgânicas com possíveis consequências para uma ou mais dimensões da vida – relacionais, comunicacionais, emocionais, de mobilidade, econômicas, culturais, fisiológicas – (MARTINS, 2016). Trata-se de um caminho contínuo acompanhado de alterações naturais, um processo orgânico da vida humana (OMS, 2005). Nesse sentido, deve-se considerar natural que alguns idosos percam a dependência para realizar atividades básicas do cotidiano e autocuidado, fato que acarreta a no aumento da carga de cuidados por parte da família (PARISI; LIMA; HERINGER, 2019). Muitas famílias, por diferentes motivos, não dão conta de arcar com todos os cuidados e atenção que idosos com níveis avançados de fragilidade e vulnerabilidade necessitam devido às alterações patológicas, nos aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Logo, em tais contextos, as ILPIs são uma alternativa para o acolhimento de idosos com diferentes tipos de comprometimentos (PARISI; LIMA; HERINGER, 2019; SILVA et al., 2021). As ILPIs são instituições governamentais ou não, popularmente conhecidas como asilos, destinadas ao domicílio coletivo de idosos que são mais dependentes, para fornecer cuidados com ou sem suporte familiar (ANVISA, 2021; SILVA et al., 2021). A falta de interação com o mundo externo em idosos institucionalizados limita as relações com amigos e familiares, fato que pode fazer com que os sujeitos percam sua identidade social. Assim, faz-se necessário um suporte multiprofissional que ofereça não só diagnósticos e tratamentos adequados para esses idosos, mas também, e, em especial, atividades que estimulem aspectos cognitivos, motores e emocionais que promovam a autonomia, a relação interpessoal e a qualidade de vida (PARISI; LIMA; HERINGER, 2019). As manifestações da Cultura Corporal, em suas diferentes formas representativas, como: a Dança, a Luta, a Ginástica, o Jogo, a Brincadeira, o Esporte, dentre outras (SOARES et. al., 1992), é compreendida neste projeto enquanto conhecimento elaborado e acumulado no decorrer da história, somando-se ao quadro das objetivações resultantes da atividade humana, meios pelos quais entendemos ser possível estimular os diversos aspectos que envolvem o processo de envelhecimento. Diante dos resultados obtidos durante o período em que o projeto “Longeviver” tem sido desenvolvido em Diamantina, acreditamos ser pertinente a continuidade das ações no sentido de contribuir com a qualidade de vida do público participante, além de entendermos a ampliação das atividades proposta.
Diferentes pesquisas sobre ILPIs ressaltam suas condições precárias no Brasil e denunciam a influência de aspectos negativos nos idosos institucionalizados, devendo ser a última opção a ser considerada, pois o isolamento e a inatividade dos sujeitos são quase inevitáveis nesses espaços (FAGUNDES et al., 2017; POLLO; ASSIS, 2019; STROPARO; EIDAM; CZAIKOVSKI, 2020; STUCCHI, 2023). Inúmeras regras caracterizam a rotina das ILPIs que, embora necessárias para seu funcionamento adequado, são determinadas por relações hierarquizadas e, muitas vezes, são consideradas opressivas, pois estabelecem uma rede que reforça a dependência e limita a autonomia dos idosos (FURTADO; VELLOSO; GALDINO, 2021). Antes de ser institucionalizado, o idoso construía sua vida em diálogo com a família e a sociedade, de forma independente e com dinâmicas próprias. Ao ingressar na ILPI, é necessário reinventar o seu viver, associado, agora, ao afastamento familiar e social e dentro das regras institucionais, o que limita ainda mais a sua produtividade e o faz dependente dos profissionais (GOFFMAN, 2003). Corroboramos os pressupostos de autores que defendem a ideia de que “[...] a institucionalização pode ser mais humanizada e funcionar de forma menos rígida, a fim de que esses locais percam o estereótipo de sombrios depósitos de velhos” (STROPARO; EIDAM; CZAIKOVSKI, 2020; p. 47958). Faz-se necessário um suporte multiprofissional que ofereça diagnósticos e tratamentos adequados para os idosos residentes em ILPIs e, em especial, atividades que auxiliem o desenvolvimento de aspectos sociais e de saúde, contribuindo para o estímulo à autonomia, relações interpessoais e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida (COSTA; SOUZA; AMPARO, 2018; GONÇALVES; SOUSA; FERREIRA, 2019; PARISI; LIMA; HERINGER, 2019; SILVA et al., 2021). Diversas são as possibilidades de práticas corporais que podem ser desenvolvidas em ILPIs, desde que adaptadas para o público, tais como ginástica, jogos, esportes, lutas, além de atividades artísticas como a dança, o teatro, as artes plásticas e atividades da cultura popular como contos, festas, costumes, entre outros. O diálogo entre as práticas da cultura corporal e as demais manifestações presentes nas relações humanas é proporcionado a partir das características e desejos do grupo social, mediado pelos envolvidos no projeto, ressaltando a identidade do coletivo. Os movimentos trabalhados são diversos e podem ser transformados e adaptados a partir das características dos praticantes. O projeto Longeviver sempre enfatizou a Ginástica para Todos (GPT) como forma de trabalho nas ILPI´s, entretanto, algumas vivências esportivas adaptadas, por exemplo, se mostraram muito efetivas no envolvimento dos idosos nas atividades. Neste sentido, nesta nova proposta, estamos ampliando o trabalho para atividades da cultura corporal de movimento, a partir das atividades lúdicas, não especificando mais a GPT, mas mantendo-a como uma das possibilidades de trabalho. Salienta-se que o grupo já produziu publicações que dissertam sobre a GPT no contexto de ILPIs realizadas pela UFVJM (BATISTA et al., 2022; MACEDO et al., 2023), tornando nossa universidade pioneira nesse campo de conhecimento. Em 2022, o projeto “Longeviver” foi realizado com o título “Ginasticando na maturidade”, vinculado como subprojeto do projeto “Melhor Idade”, desenvolvendo a prática da GPT nas ILPIs de Diamantina Pão de Santo Antônio e Frederico Ozanam. No início das ações, muitos idosos resistiram à participação nas atividades propostas pela necessidade de sair da cama e/ou se levantar da cadeira. Nos pareceu que a ideia de “ser incapaz”, “não ter idade” ou “não dar conta desse tipo de prática” era o motivo da recusa. Isso fez com que a equipe fosse adequando as atividades às necessidades e limitações de cada idoso a partir da observação e dos relatos deles sobre o que conseguiam ou não fazer, os tipos de movimentos e músicas que mais gostavam, materiais que tinham interesse etc. Nos atentamos para inclusão daqueles que se comunicam de forma limitada, não andam ou não movimentam certos membros e priorizamos atividades lúdicas que provocavam o riso e a interação pessoal. Zelamos para atitudes carinhosas, como o olhar nos olhos, conversar sobre diversos assuntos, entre outras formas de promover a relação afetiva tão importante para idosos que residem em ILPIs (BATISTA et al., 2022). Em 2023, vinculado ao edital PIBEX, o projeto deu continuidade as ações nas ILPIs com uma metodologia mais consolidada, agora com foco maior para atividades que estimulem a autonomia dos residentes para que possam desenvolver maior independência em seu cotidiano (MACEDO et al., 2023). Esta proposta seguiu em 2024, buscando contribuir com a melhora da qualidade de vida dos participantes, especialmente buscando ampliar a autonomia e a independência, ainda que eles estejam residentes em ILPI´s. Diante do exposto, acreditamos que o projeto de extensão “Longeviver” está construindo ações viáveis perante as especificidades das instituições e características dos idosos residentes nas ILPIs. Os desafios enfrentados no cotidiano dos encontros estão auxiliando o desenvolvimento de uma proposta metodológica viva e dinâmica, tornando possível a prática de atividades da cultura corporal no contexto das ILPIs. Ademais, para além dos aprendizados acadêmicos sobre o trabalho com os saberes gímnicos, enfoque dado até o momento, estamos ampliando nossa visão sobre o envelhecimento, quebrando preconceitos e nos tornando pessoas mais sensíveis em relação à importância do cuidado e carinho com os idosos, pois, afinal, envelhecer é um processo natural e espera-se que todos nós passemos por isso.
O projeto de extensão “Longeviver” tem como objetivo principal contribuir para melhoria da qualidade de vida de idosos residentes em ILPIs de Diamantina por meio da prática das diversas atividades da cultura corporal, através das atividades lúdicas, promovendo e estimulando a autonomia e independência dos sujeitos. Como objetivos específicos, pretendemos: Propor ações da Cultura Corporal que promovam a melhoria da qualidade de vida dos idosos residentes nas ILPIs; Desenvolver atividades que estimulem autonomia dos extensionistas; Valorizar os saberes que os extensionistas possuem, envolvendo-os na criação de movimentos inspirados nas atividades presentes no seu cotidiano, assim como em suas histórias de vida; Contribuir para a formação continuada de docentes e discentes da UFVJM para desenvolverem atividades da cultura corporal, através das atividades lúdicas, adequadas/adaptadas para pessoas residentes em ILPIs; Divulgar pesquisas produzidas pela equipe executora nos campos de conhecimento envolvidos no projeto de extensão.
Promover a participação de 80 idosos (cerca de 40 idosos em cada ILPI – Frederico Ozanam e Pão de Santo Antônio) como extensionistas do projeto; Desenvolver 70 aulas-encontro (com periodicidade semanal ao longo do ano) para a prática da cultura corporal; Aprimorar o conhecimento pedagógico e filosófico da equipe executora do projeto em relação ao desenvolvimento da cultura corporal e das atividades lúdicas para o público residente em ILPI; Produzir pelo menos uma pesquisas relacionada ao projeto; Participar de eventos científicos para apresentar as pesquisas produzidas durante o projeto; Realizar parcerias com outros projetos de extensão da UFVJM e de outras universidades brasileiras; Promover e participar de ações de extensão relacionadas ao projeto para a comunidade em geral (cursos de curta duração, oficinas, palestras, apresentação de coreografia etc.).
O projeto “Longeviver” compreenderá o desenvolvimento de aulas-encontros semanais, duas vezes por semana em cada uma das ILPIs – Pão de Santo Antônio e Frederico Ozanam. O planejamento das aulas-encontros ocorrerá em reuniões semanais, na qual discentes bolsistas e voluntários realizarão estudos sobre temáticas relacionadas ao projeto em conjunto com a docente coordenadora e colaboradores do projeto. Também será realizada avaliação processual com o intuito de verificar se os objetivos estabelecidos para cada aula-encontro estarão sendo atingidos no decorrer do projeto. Antes de iniciar o projeto, a equipe de planejamento (coordenadora, colaboradores e monitores) passará por uma oficina de formação sobre o desenvolvimento das atividades da cultura corporal em ILPIs com a participação de estudantes e professores que atuaram no projeto realizado na UFVJM em 2022, 2023 e 2024, na qual serão abordados temas essenciais para a efetivação das ações. Também faremos uma visita às ILPIs para conhecer os idosos institucionalizados e os funcionários que lá trabalham no intuito de entender a realidade dos espaços, diagnosticar as condições de saúde dos participantes e quais são os conhecimentos prévios dos sujeitos sobre as práticas corporais, identificando seus gostos e predileções. O projeto será desenvolvido nas dependências das ILPIs, com uma dinâmica dividida em cinco momentos: 1o momento: todos os idosos serão convidados para participarem das atividades. Com o material selecionado para o dia em mãos e muita animação, monitores e docentes abordarão todos os idosos que estiverem acordados e, aqueles que aceitarem participar, serão direcionados para uma área reservada para o projeto, organizados, geralmente, sentados de forma que todos consigam se observar. 2o momento: iniciaremos a preparação corporal com um aquecimento que, embora envolva exercícios leves, deverá ser bem ativo para que os idosos se sintam animados para as próximas propostas. Trabalhamos com “A diversidade musical” estimulando a escolha das canções preferidas, indicadas pelos idosos em todas as atividades no decorrer do encontro. 3o momento: com todos aquecidos, entregaremos o material do dia e estimularemos sua identificação por meio de perguntas geradoras: “Vocês conhecem esse material? Já viram algo parecido? Sabem o nome dele? Onde e como é utilizado?”. A partir das respostas dos idosos, introduziremos a apresentação do material explanando sobre suas funções nas práticas corporais. Nesse momento, também trabalharemos com “A inserção de elementos da cultura” ao incentivar a imaginação dos idosos em relacionar o material com suas vivências anteriores. Esse exercício é de suma importância para todos os envolvidos, pois a troca de experiências proporciona o (re)conhecimento das histórias de vida dos sujeitos, estimula a socialização e amplia as ideias para a criação de gestos expressivos. 4o momento: trabalharemos com o “estímulo à criatividade” solicitando que os idosos sugiram formas de manejo para o material. A partir da sugestão de alguém que, imediatamente será reproduzida pelos monitores, incentivaremos que todos executem o gesto criado até que outro idoso faça uma proposição nova. Quando as sugestões se esgotarem, o monitor que está mediando o encontro indicará outras possibilidades de manejo utilizando diferentes estímulos e desafiando a realização de tarefas mais complexas, como, por exemplo: “Quem está com a cor azul, levante o material o mais alto que conseguir. Será que conseguimos fazer algum som com esse material? É possível segurá-lo somente com a sola do pé? Dá para equilibrar em alguma parte do corpo? Dá para passar embaixo das duas pernas? Conseguimos enrolar esse material na mão (uma fita ou faixa elástica, por exemplo)? Alguém sugere um desafio?”. 5o momento: terminaremos com uma atividade de relaxamento com foco na respiração. Finalizaremos perguntando sobre as sensações durante o encontro, o que aprendemos no dia e pedindo sugestões de músicas e materiais para a próxima semana. A estrutura das aulas-encontro poderá ser modificada de acordo com as condições físicas dos participantes, respeitando as características do grupo e individualidades de cada um. Utilizaremos todos os materiais disponíveis no Laboratório de Ginástica e da Brinquedoteca da UFVJM e que podem ser levados para as ILPIs. Vale ressaltar que sempre que possível será incentivada a confecção de materiais pelos próprios praticantes para que sejam utilizados durante as atividades, estimulando a autonomia e criatividade dos sujeitos, além de valorizar a reutilização de materiais recicláveis, propiciando o desenvolvimento de atitudes conscientes sobre o mundo.
O Projeto Longeviver está embasado no referencial teórico da Psicologia Histórico Cultural, fazendo a interface entre psicologia e educação física, com a intenção de promover tanto o desenvolvimento pessoal dos extensionistas e envolvidos no projeto, quanto o aprimoramento profissional dos estudantes no ensino, pesquisa e extensão nas áreas da Educação e da Saúde. A teoria histórico-cultural se constitui como uma vertente da Psicologia que se desenvolveu nas primeiras décadas do século XX na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Teve como precursor Liev Semiónovitch Vigotsky que, a partir de 1924, iniciou sistematicamente sua produção na psicologia, tendo por base os pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico-dialético desenvolvido por Marx e Engels. Ressalta-se que parte da produção de Vigostsky ocorreu conjuntamente com Alexander R. Luria e Alexis N. Leontiev, além de outros autores que contribuíram para o desenvolvimento desta teoria (MELLO, 2004; SILVA, 2003). A partir do conhecimento produzido pela Psicologia Histórico-cultural (PHC), compreendemos que o homem, na sua relação com o mundo, procura satisfazer suas necessidades, e o faz através de uma atividade humana, portanto, constrói sua humanidade. Como aponta Goellner (1992, p. 288), baseada em Leontiev, a atividade é entendida “como uma forma de apropriação da realidade e de modificação desta, que mediatiza a ação humana na natureza”. Assim, por meio de sua atividade consciente o homem transforma a natureza e, ao fazê-lo, transforma-se a si mesmo. (Nascimento, Araújo, Miguéis, 2009; Oliveira, 2019). Almejar as possibilidades reais de humanização requer a consideração da capacidade do homem criar, avançando da condição de espécie para a de gênero humano, condição esta que é histórica, na qual o indivíduo passa por um processo de “apropriação, de internalização e de domínio das elaborações que a humanidade produziu, o que inclui produtos, processos, símbolos, valores, próprios às características do gênero humano” (BARROCO, 2007, p. 16). Compreende-se, assim, que o indivíduo, como ser histórico, está em permanente transformação na sua relação com os outros e com a cultura, de forma que o desenvolvimento do psiquismo se dá pelas relações socioculturais mediadas, e a atividade sendo determinante do desenvolvimento. Embora textualmente, ao tratar das funções psicológicas superiores, Vigotsky se reporte à criança, é evidente que elas continuam se desenvolvendo para além do término da infância (Pimentel, 2008). Como apontam Reis e Facci (2015, p. 101), a Psicologia Histórico-cultural, ao propor uma teoria da periodização do desenvolvimento humano, “supera as classificações etárias ou de características biológicas e psicológicas e vai buscar na raiz das relações entre os homens os meios que possibilitam esse desenvolvimento em cada momento.” Neste sentido há um rompimento com a ideia de desenvolvimento natural e universal, comum às demais teorias, visto que a PHC “enfatiza as condições históricas e concretas, bem como as múltiplas formas de apropriação de tais condições que influenciam o ciclo de vida do homem (Reis e Facci, 2015, p. 101). Os autores complementam ainda que essa periodização é entendida como estágios (caracterizados por uma atividade principal ou dominante) que seguem uma sequência no tempo, entretanto, sem rigidez, pois eles estão diretamente relacionados aos processos históricos, sociais e culturais em que o homem está inserido. À medida que a estrutura da personalidade vai se formando, novas formações (neoformações) vão determinando e guiando o curso de desenvolvimento. Dessa forma, as características de cada idade estão determinadas por um conjunto de condições, relacionadas a essas novas formações na relação dialética com as exigências do meio externo que vão se modificando conforme o indivíduo avança em termos de idade. (Reis e Facci, 2015, p. 102). Elkonim (1987) aponta seis grandes grupos de atividades principais de desenvolvimento: – a comunicação emocional do bebê diretamente com os adultos – base para a formação das ações sensório motoras de manipulação; - a atividade objetal manipulatória – em que a partir da aquisição da linguagem, a criança em contato com os adultos, aprende a manipular os objetos (mundo simbólico); - o jogo de papéis – se dá no período pré-escolar, compreende o jogo ou a brincadeira, em que a criança passa a reproduzir a vida adulta, fazendo uso dos objetos, e vai tomando consciência deles e das ações humanas realizadas por eles; - a atividade de estudo – que se dá no início do processo de alfabetização, em que a criança passa a se apropriar dos conteúdos sistematizados e construídos historicamente pela humanidade; - a comunicação íntima pessoal - que se dá com a adolescência, em que as alterações corporais e a aquisição de conhecimento, permite ao adolescente assumir novas posturas frente ao adulto, tornando-se crítico diante das exigências impostas, da própria imagem e dos demais, a partir desses comportamentos, são processadas novas tarefas e motivos voltados ao futuro, que vai estabelecer então - a atividade profissional/estudo – que permitirá a realização da sua escolha profissional. É na fase adulta que o homem atinge o ápice de seu desenvolvimento físico, psicológico e social, ocupando lugar central da estrutura social e evolutiva da sociedade. Tendo como atividade principal o trabalho. Esse período também é marcado pela formação da família (nova célula social). O envelhecimento ainda é um período pouco estudado pela PHC. Na atualidade, a velhice ainda está associada à aposentadoria – saída do mercado de trabalho – modificando consideravelmente a vida do idoso. Como o indivíduo vivenciará sua velhice dependerá diretamente de sua história de vida, de suas relações com a sociedade e do seu modo de enfrentar as perdas e de se adaptar às novas situações (Kunzler, 2009). Isto reforça a importância do projeto, especialmente no locus das ILPI´s. Isto posto, entendemos e corroboramos com Fátima e Silva (2013, p. 128) que afirmam que “Com o avanço do conhecimento sobre desenvolvimento humano, especialmente o infantil, percebeu-se que a atividade lúdica não era apenas um meio de lazer e recreação, mas também uma forma de promover educação por possibilitar a apropriação do mundo, sendo um dos recursos pedagógicos usados na escola para a aprendizagem de vários conteúdos.” Além das possibilidades educacionais, sabe-se que as atividades lúdicas também podem ser usadas com finalidades terapêuticas, seja em clínicas (nos casos de atendimento individual de crianças), em hospitais e centros de reabilitação. (Oliveira; Silva, 2018) Assim, salientamos que a relação entre educação e comportamento lúdico, é tipicamente, mas não exclusivamente, infantil. Além disso, o processo de constituição do psiquismo humano, pela apropriação dos bens culturais produzidos pela humanidade se dá num processo mediado por outros indivíduos, isto, por si só, constitui-se também em uma atividade social (Leontiev, 1959). As atividades lúdicas, como uma das especificidades da cultura corporal, podem ser sistematizadas e utilizadas nos mais diferentes espaços e nos mais diversos objetivos, além disso, a “experiência adquirida por meio das relações entre os indivíduos é considerada como a mais formidável, pois necessariamente requer a intervenção de outra pessoa, exatamente por se tratar de um processo que tem como característica a construção do conteúdo que está sendo aprendido” (Fátima e Silva, 2013, p. 134). Os conteúdos da Educação Física – “a ginástica, os jogos, os esportes, as lutas, a arte, as atividades rítmicas e expressivas e o conhecimento sobre o corpo – na perspectiva da cultura corporal, são meios de propiciar maior conhecimento do indivíduo sobre o mundo e si mesmo” (Silva, 2016, p.110). Além disso, esses saberes humanos precisam ser transmitidos para as gerações seguintes, tanto para que se possa acessar ao conhecimento sobre a história da cultura corporal, como também das inúmeras possibilidades de vivenciá-la e criar outros elementos. (Fátima e Silva, 2013) Ao pensar sobre a formação do futuro profissional de Educação Física – licenciado ou bacharel – concordamos com Araújo (2014) ao afirmar que "O futuro professor de Educação Física, sendo protagonista da sua formação, encontra na extensão universitária um ambiente favorável de experiências" estas experiências vão aproximá-lo dos ambientes de trabalho, que pode, gerar "a mobilização e a construção de saberes que, ao mesmo tempo, proporcionam respostas e questionamentos a fim de provocar novas formas de ensinar e aprender a Educação Física." (pp. 13 e 14, 2014).
O monitor bolsista selecionado para participar do projeto deverá ser aluno dos cursos de Educação Física da UFVJM (licenciatura ou bacharelado) que já tenha concluído pelo menos a unidade curricular “Fundamentos da Ginástica”, pois acreditamos que há uma série de conhecimentos mínimos necessários para desempenhar tal função. Também selecionaremos mais monitores voluntários, tanto da educação física quanto de outros cursos da saúde da UFVJM, com o intuito de dialogar com as diferentes áreas de conhecimento. Para capacitar os estudantes para atuarem como monitores, realizaremos encontros com a coordenação antes do início do projeto para orientar estudos de referências bibliográficas específicas que embasam a estrutura do “Longeviver”. A equipe de planejamento (coordenadora, colaboradores e monitores) passará por uma oficina de formação sobre as possibilidades da cultura corporal para idosos residentes em ILPIs, na qual serão abordados temas essenciais para o desenvolvimento das ações, com a participação de estudantes e professores que atuaram nos projetos realizados nas ILPI´s em anos anteriores na UFVJM. Também será solicitado, durante todo o período em que o projeto for desenvolvido, que os monitores participem dos encontros do grupo de trabalho para discussões de artigos/teses/dissertações que desenvolvam pesquisas no campo da cultura corporal e das atividades lúdicas em ILPI´s. Pretendemos, com isso, estimular a articulação entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, contribuindo com a formação ampliada do estudante. A avaliação do desempenho dos monitores (bolsista e voluntários) será feita de forma processual em consonância com a avaliação periódica do projeto. Serão avaliados os conhecimentos construídos, assim como as condutas de mediação das atividades, identificando necessidades de aprimoramento ao longo do processo. Serão funções dos monitores: Participar das reuniões de planejamento; Participar auxiliando e/ou conduzindo a mediação das aulas-encontros semanais; Promover estudos e pesquisas no campo da cultura corporal, das atividades lúdicas e de questões referentes ao processo de envelhecimento e ILPIs por meio da participação no grupo de trabalho; Participar de eventos científicos apresentando os resultados dos estudos acerca do projeto; Participar das atividades extras (oficinas, visitas etc.); Divulgar o projeto na comunidade acadêmica e local.
Diante do exposto até o momento, acreditamos que o desenvolvimento do projeto de extensão “Longeviver” é de suma relevância, uma vez que é evidente a necessidade de realização de atividades da cultura corporal, através das atividades lúdicas no ambiente das ILPIs para que haja uma melhor qualidade de vida para os idosos. Ademais, ressaltamos que a literatura comprova que a prática de atividades físicas para idosos auxilia no estímulo da autonomia dos sujeitos a partir de atividades corporais, criativas, contribuindo para o envelhecimento ativo dos participantes. Trata-se de uma proposta que ampliará e dará continuidade às ações de extensão com as atividades lúdicas, já desenvolvidas na UFVJM, as quais obtiveram resultados positivos tanto na comunidade diamantinense quanto na formação de discentes e divulgação científica. Defendemos a ideia de consolidar os projetos de extensão já desenvolvidos na UFVJM para que a universidade possa cumprir seu papel na comunidade em que está inserida, no sentido de promover a interação transformadora entre a instituição e outros setores da sociedade (FORPROEX, 2012).
Público-alvo
Homens e mulheres residentes nas ILPIs Frederico Ozanam e Pão de Santo Antônio.
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
Participação no projeto cedendo o local para a prática dos conteúdos da cultura corporal.
Participação no projeto cedendo o local para a prática dos conteúdos da cultura corporal.
Cronograma de Atividades
Estudo sobre a proposta do projeto; Estudo sobre as atividades lúdicas, processo de envelhecimento humano e ILPIs; Estruturação do plano de trabalho (quantidade de encontros nos dois semestres letivos; conteúdos que poderão ser abordados; atividades que poderão ser planejadas a partir das demandas do grupo participante etc.); Preparação da divulgação do projeto nas ILPIs; Inscrição das ILPIs para participarem do projeto com preenchimento das fichas de inscrição e TCLE. Observação: Esta atividade ocorrerá semestralmente nos meses de Janeiro e Julho de 2024, pois a entrada de novos extensionistas participantes no projeto acontece no início de cada semestre letivo, nesse caso Fevereiro de 2025 e Agosto de 2025.
Realização de reuniões de planejamento e avaliação semanais com a participação da coordenadora, vice-coordenadora, colaboradores e monitores (bolsista e voluntários) do projeto; Discussão sobre os conteúdos que serão abordados nas aulas-encontro de acordo com as demandas apresentadas no decorrer do projeto; Avaliação periódica sobre o andamento das atividades do projeto; Dissertação de relatórios oficiais da PROEXC.
Desenvolvimento de aulas-encontro nas ILPIs Frederico Ozanam e Pão de Santo Antônio para prática dos conteúdos da cultura corporal, a partir das atividades lúdicas, em interação com diversas manifestações culturais e artísticas.
Participação da equipe de planejamento (coordenadora, vice-coordenadora, colaboradores, voluntários e monitores) e de demais interessados (integrantes do projeto) em reuniões para estudos dirigidos sobre a cultura corporal, as atividades lúdicas, o envelhecimento e/ou outras temáticas que se façam necessárias ao longo do projeto. Produção de pesquisas científicas sobre o projeto; Planejamento sobre a publicação das pesquisas e participação em eventos científicos. Apresentação de trabalhos científicos no Encontro de Educação Física e na SINTEGRA da UFVJM.
Participação da equipe de planejamento (coordenadora, vice-coordenadora, colaboradores, voluntários e monitores) em reuniões para avaliação final do projeto; Revisão de todas as atividades realizadas, cumprimento de objetivos e metas; Discussão sobre pontos positivos e negativos ocorridos no projeto; Dissertação de relatórios oficiais da PROEXC; Reestruturação da proposta para dar continuidade ao projeto no ano seguinte.