Visitante
MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
roberta vasconcelos leite
2025101202545468
faculdade de medicina de diamantina - famed
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
educação
infância e adolescência
municipal
rede de mulheres ufvjm
Não
Membros
barbara silva vicentini
Bolsista
O projeto objetiva promover aulas e grupos de discussão com a comunidade universitária e externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, “Como me defender” e “Eu posso”. Tem-se como metas realizar, ao menos, 6 (seis) aulas ou palestras ministradas por profissionais convidados, com público de pelo menos 40 (quarenta) pessoas no total; e 9 (nove) encontros na instituição parceiras conduzido pelas integrantes do projeto, com participação de ao menos 10 (dez) alunas em cada encontro.
saúde feminina, proteção feminina, empoderamento feminino
No patriarcado ocidental, existe um determinismo biológico que impõe destinos, isto é, as experiências e os lugares na sociedade são naturalmente pré-definidos conforme o sexo do indivíduo. Essa determinação prévia atua como instrumento para a desigualdade entre homens e mulheres, sendo que estas têm a própria subjetividade moldada às funções de cuidado com a casa, a prole e o homem. A naturalização dessa supremacia omite a contestação e a possibilidade de mudanças da estrutura social vigente, o que perpetua a exploração e as limitações impostas às mulheres desde antes do nascimento (MARIUSSO, 2023). Sob essa premissa, evidencia-se que o poder está intrínseco ao saber e, dessa forma, o que está estabelecido como verdade condicionada ao sexo é, na verdade, produto dessa dinâmica de opressão que permeia as instituições e a cultura. Logo, difundir conhecimento sobre a autonomia feminina caracteriza uma atitude crítica, que salienta novas formas de entendimento sobre identidade, gênero e até poder. Faz-se necessário estar ciente dessas tentativas implícitas ou explícitas de submissão de conduta para poder resistir (CANDIOTTO, 2021). Nessa perspectiva, a escola, como meio da socialização secundária dos indivíduos, ensina comportamentos e valores para a convivência em grupo, tendo o potencial de revisar normas sociais e formar meninas com habilidades e percepções que desafiem os papéis tradicionais de gênero (SILVA, 2023). Assim, a educação deve ser capaz de transformar as relações sociais e de mitigar a diversas formas de violência de gênero, uma vez que a compreensão das relações de poder conscientiza meninas e permite que elas se defendam contra abusos, tal qual o sexual, cuja marca impacta por toda a vida (COSTAS DE FREITAS, 2024). Diante disso, espera-se que a vivência como mulher na faculdade de Medicina da UFVJM e os conhecimentos adquiridos com palestrantes convidados - que compartilhem desse ideal de empoderamento feminino - sejam embasamento para as ações na Vila Educacional das Meninas (VEM). Nessas iniciativas pretende-se abordar uma miscelânea de temas do universo feminino, com ênfase na autoestima, na educação sexual e na prevenção dos comportamentos de risco na adolescência, sendo que os eixos dos temas abordados serão: “Saúde da mulher”; “Autonomia feminina” e “Proteção contra a violência de gênero”. De acordo com os princípios de ensino, extensão e pesquisa, esses aprendizados prévios - pautados em evidências científicas - serão compartilhados na VEM por meio de aulas expositivas, rodas de conversa e outras dinâmicas que coloquem as alunas como participantes ativas da construção do saber. O público do projeto são as crianças e adolescentes que frequentam a VEM, bem como as discentes da universidade e demais profissionais envolvidas nessa formação; havendo a expectativa de, no mínimo, 10 alunas por intervenção.
Conforme as diretrizes estabelecidas no Regulamento de Ações de Extensão da UFVJM, este projeto se insere na área temática 6 - Saúde, e na linha de extensão 27 - Infância e Adolescência, pois visa promover discussões que incentivem, apoiem e conscientizem sobre o empoderamento feminino entre crianças e adolescentes. Em uma sociedade que normaliza a submissão feminina, é fundamental que a educação possibilite às alunas o questionamento e a transgressão desse preceito social limitante. Esse papel educacional de libertação exige um espaço seguro de trocas, onde as vozes marginalizadas - por raça, gênero e/ou classe - possam romper o silêncio sobre as experiências de opressão e, com isso, permitir a cura e a transformação social (HOOKS, 2017). A percepção e ruptura dessa repressão interrompe um círculo vicioso de reprodução das mazelas sociais, visto que a manutenção da subjugação feminina - especialmente em cenários de vulnerabilidade financeira - expõe mulheres e suas filhas a situações de violência física, verbal, psicológica e patrimonial. A partir dessa análise, cabe ressaltar que a pobreza vivenciada no Vale do Jequitinhonha tende a potencializar essas dinâmicas de violência, uma vez que a dependência econômica restringe as oportunidades necessárias para que as mulheres se tornem independentes, como a manutenção de um emprego e o próprio acesso à educação (CASTANHO, 2023). Destarte, a promoção de ações socioeducativas tem o potencial de minimizar a dependência financeira pelo sucesso profissional e de desmistificar estereótipos que corroboram a violência de gênero. Ademais, no que tange à saúde da mulher, a dominação do corpo feminino criou, ao longo da história, estigmas que dificultam o conhecimento sobre o próprio organismo e a sexualidade. Isso é ratificado pela alienação de muitas meninas e até mulheres mais velhas perante fenômenos que lhes pertencem, como o próprio ciclo menstrual, estando a visão da saúde feminina, muitas vezes, restrita à maternidade (VASCONCELOS, 2017). Portanto, considerando a saúde integral, as crianças e as adolescentes têm o direito ao acesso às informações sobre higiene pessoal, contracepção, menstruação, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e demais necessidades específicas desse grupo etário (BRASIL, 2004). Diante dessa conjuntura, aplicando a educação libertadora defendida por Hooks e seguindo os princípios de ensino-pesquisa-extensão, entende-se que o projeto “MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino” pretende criar uma comunidade de aprendizado que gere impactos a curto e a longo prazo, não só para as alunas que frequentam a instituição, mas também para as colegas que as cercam, devido ao efeito de caixa de ressonância dessas iniciativas no meio externo. O pilar do ensino será concretizado pelas capacitações das discentes participantes por profissionais que dominem o tema da intervenção a ser realizada na V.E.M. Já o da extensão será contemplado diretamente nas ações in locus pelas acadêmicas e pela divulgação do próprio projeto, desde o seu regimento aos saberes adquiridos, abrangendo também o âmbito da pesquisa. Contemplado nos editais Pibex 2022, 2023 e 2024, o projeto “MULIER nas escolas” apresenta um histórico de realizações benéficas para a comunidade universitária e para os demais setores da sociedade. A equipe de execução vigente conta com 23 discentes da faculdade de medicina da UFVJM de Diamantina - Minas Gerais. Foram realizadas até o momento, outubro de 2024, seis capacitações com os seguintes temas: Feminismo ao longo da história; Autoestima; Educação sexual; Saúde ginecológica na adolescência; Violência contra a Mulher e Gravidez na adolescência e suas repercussões. Também foram feitas dez intervenções na VEM, variando entre os turnos da manhã e da tarde, sobre: Autoestima; Comunidade LGBTQIAPN+; Bebidas alcoólicas; Gravidez na adolescência e setembro amarelo. Nas rodas de conversa já realizadas na instituição parceira, Vila Educacional de Meninas - VEM, participaram cerca de 60 meninas com idades entre 12 e 16 anos. Ao longo do ano, foram realizadas 2 reuniões internas, entre as discentes do projeto, 1 reunião com a coordenadora docente e 2 reuniões com a instituição parceira. Um marco importante na evolução deste ano, foi a intensa atividade nas redes sociais, sobretudo no Instagram, contando com posts mensais e compartilhamento de informações com a comunidade acadêmica e externa. Além disso, a equipe do projeto vem se dedicando à disseminação científica por meio da apresentação de trabalhos científicos. Em 2024, foi apresentado o trabalho “Percepção sobre a educação sexual de meninas adolescentes no Vale: indicadores numéricos das ações do MULIER” no III Congresso de Ciências da Saúde da UFVJM e o trabalho “Confecção de Materiais Educativos para Prevenção de Gravidez na Adolescência em uma instituição educacional no Vale do Jequitinhonha” na X Semana da Integração Ensino Pesquisa e Extensão da UFVJM. É válido mencionar ainda que a campanha “Absorvente para todas!”, desenvolvida pelo MULIER com o objetivo de arrecadação voluntária de absorventes para doação às estudantes da VEM, segue em atividade. A partir das experiências vivenciadas com as alunas, nota-se o desenvolvimento das extensionistas ao longo das dinâmicas, principalmente no que tange à criação de vínculos com as adolescentes, cuja resistência em compartilhar com o grupo e em se posicionar têm reduzido a cada encontro. Essa receptividade gradual das adolescentes sugere que as iniciativas estão sendo positivas e estão contribuindo para o desenvolvimento da autonomia, segurança e saúde das alunas. Como prospectiva para expansão do projeto, pretende-se fortalecer o viés interdisciplinar das ações e discussões com a participação de discentes de outros cursos da UFVJM, tornando o “MULIER nas escolas” cada vez mais diligente e relevante às demandas da comunidade de Diamantina. Pretende-se dar continuidade a essa divulgação do projeto por meio da submissão de trabalhos a mais eventos e periódicos científicos, bem como de maior atividade na rede social Instagram, a fim de aumentar a visibilidade das ações. Além disso, expandir as abordagens e o aprofundamento de cada tema por meio da inclusão de discentes de outros cursos da universidade justifica a continuidade e importância do projeto à comunidade de Diamantina.
Objetivo geral: Realizar palestras e grupos de discussão envolvendo docentes, discentes, técnicos administrativos e comunidade externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da mulher”; “Autonomia feminina” e “Proteção contra a violência de gênero”. Objetivos específicos: - Realizar grupos de discussão e palestras mensais sobre os três eixos temáticos; - Capacitar as integrantes do projeto para discutirem de forma interdisciplinar os temas dos três eixos temáticos nas intervenções na instituição parceira; - Auxiliar na compreensão da identidade de gênero de meninas em idade escolar; - Incentivar a construção do pensamento crítico, político e social de todos os participantes; - Apresentar perspectivas profissionais para meninas em idade escolar; - Contribuir com experiências individuais sobre os temas abordados nos encontros. - Influenciar no aumento da autoestima e na redução das taxas de desigualdade de gênero, da violência contra a mulher e dos comportamentos de risco na adolescência; - Promover educação em saúde feminina; - Garantir a interdisciplinaridade nas ações extensionistas, evidenciando diversos pontos de vista da temática.
Impacto direto: - Aumentar a compreensão das participantes sobre as temáticas selecionadas para as intervenções; - Promover a atitude crítica e conduta feminista entre as extensionista; - Apoiar as mulheres e informá-las sobre seus direitos e sua autonomia; - Capacitar as discentes do projeto para as ações na VEM; Impacto indireto: - Promover a extensão com a comunidade externa; - Desenvolver as habilidades pessoais de comunicação e liderança das extensionistas; - Promover a colaboração entre alunos, professores e técnicos-administrativos de diversos cursos da UFVJM; - Aumentar a autoestima e reduzir os comportamentos de risco na adolescência; Indicadores numéricos: - 6 (seis) palestras e/ou aulas abertas ministradas por profissionais convidados, com público de pelo menos 40 (quarenta) pessoas no total; - 9 (nove) encontros nas instituições parceiras conduzido pelas integrantes do projeto, com participação de cerca de 10 (dez) alunas e, pelo menos 2 (duas) discentes em cada um; - 2 (dois) encontros com a coordenação da instituição parceira – antes antes e depois do ciclo de intervenções; - 12 (doze) encontros de supervisão do projeto, ao longo dos 12 meses.
Primeira etapa: Revisão Bibliográfica para definição dos temas a serem abordados Serão feitas pesquisas em bases de dados que revelem as necessidades de meninas em idade escolar, visando contribuir para a transformação de realidades sociais existentes. A partir dessas pesquisas, serão definidos os temas a serem abordados de forma contínua. Segunda etapa: Busca dos profissionais e de parcerias para as palestras e aulas abertas à comunidade Com os temas definidos, será iniciada uma busca ativa por profissionais qualificados para explorar os assuntos de maneira mais aprofundada, além da procura por entidades parceiras para apoiar o desenvolvimento dessas atividades. As palestras e aulas serão realizadas de forma virtual, através do Google Meet, ou presencialmente nos espaços disponibilizados pela universidade. Nesta etapa, docentes e técnicos administrativos da UFVJM poderão contribuir, bem como profissionais de outras instituições de ensino superior, a fim de contribuir para a capacitação das discentes extensionistas e demais pessoas das comunidades universitária e externa interessadas na temática. Terceira etapa: Palestras e aulas - capacitação das discentes extensionistas Serão realizados eventos (palestras e aulas abertas) para capacitação para as extensionistas e aquisição de conhecimentos pela comunidade universitária e externa. Esses encontros, com duração de uma a duas horas, ocorrerão de forma virtual via Google Meet ou presencial. Durante os eventos, serão debatidos os principais aspectos relacionados à temática abordada, visando preparar as extensionistas para desenvolver dinâmicas na instituição parceira e discutir temas relevantes. Os eventos serão abertos e divulgados no perfil do Instagram do projeto. Quarta etapa: Realização das rodas de conversa na instituição parceira Serão realizadas nove intervenções, na modalidade de rodas de conversa ou dinâmicas na instituição parceira, em horários indicados pela diretoria da própria instituição. A modalidade das dinâmicas será livre por parte das discentes, de modo que facilite a compreensão e a participação das adolescentes. As participantes desses encontros também serão selecionadas pela coordenação da parceria. A comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta é de responsabilidade da instituição parceira. A participação das crianças e adolescentes será voluntária, sendo a instituição educacional responsável por definir os horários, dias e locais. Os tópicos a serem discutidos estarão incluídos nos eixos “Como me defender”, “Eu posso” e “Saúde da mulher”. Na temática “Saúde da mulher” serão trabalhadas questões sobre saúde íntima, prevenção de doenças e saúde mental das mulheres. Na temática "Como me defender", serão abordados os diferentes tipos de violência contra a mulher, como identificar as várias formas de violência e abuso, os direitos legais das vítimas – incluindo como denunciar e a quem recorrer – além de discussões sociais e políticas que contribuem para a prevalência da violência de gênero na sociedade. No tema "Eu posso", será trabalhado o empoderamento feminino no contexto profissional, abordando o futuro das mulheres no mercado de trabalho, o machismo em diversas profissões e o empreendedorismo em diferentes áreas. Cada encontro com a comunidade terá um tema principal definido previamente na primeira fase, que será ajustado conforme as necessidades e demandas da instituição e do grupo de meninas participantes. As rodas ou dinâmicas terão duração de uma hora, conforme delimitado pela instituição, e divididas em cinco fases: Abertura: apresentação das extensionistas e breve introdução ao tema; Momento “conhecendo o território”: as participantes serão incentivadas a compartilhar suas percepções iniciais sobre o tema, expressando suas dúvidas, preocupações e expectativas. O objetivo é avaliar o nível de conhecimento do grupo para ajustar a profundidade das discussões e incluir os pontos levantados. Momento “clareando o inexplorado”: as discentes moderadoras do encontro explicarão o tema de forma clara e objetiva, respondendo às questões levantadas anteriormente. As extensionistas terão liberdade para criar dinâmicas adequadas ao tema e à faixa etária da intervenção. As explicações também considerarão as perguntas enviadas anonimamente pelas participantes ou solicitadas verbalmente; Momento “partilhando vivências e sensações”: as participantes serão convidadas a compartilhar vivências e experiências relacionadas à questão discutida, promovendo reflexões sobre o que foi apresentado. Estimular-se-á a participação das adolescentes, com compartilhamento de vivências e troca de conhecimentos com as discentes da UFVJM. Momento “que bom, que pena, que tal”: ao final de cada encontro, as participantes serão convidadas a dialogar brevemente sobre pontos positivos, negativos e sugestões para próximos encontros. Quinta etapa: Compartilhamento de vivências e experiências entre as extensionistas Ao final de cada ciclo de encontros na instituição parceira, será realizada uma reunião da equipe de extensionistas, na qual cada grupo será convidado a compartilhar suas experiências sobre as rodas de conversa com as meninas participantes. Durante a reunião, serão discutidas as impressões e percepções obtidas nos encontros, com o objetivo de planejar as próximas atividades, ajustando-as conforme os relatos apresentados. Sexta etapa: Avaliação A avaliação do projeto será feita pelo público ao final de um ano letivo, por meio de feedback escrito e anônimo, disponível para todos os participantes das aulas, palestras ou rodas de conversa. Além disso, serão organizados encontros de supervisão com a presença do coordenador, para analisar os grupos realizados. Os indicadores utilizados nessa avaliação incluirão: a participação da comunidade universitária e externa, o engajamento dos discentes e a percepção dos participantes, obtida através da análise dos feedbacks coletados ao final de cada atividade. Questões éticas: Os integrantes discentes e docentes do projeto serão orientados quanto às questões éticas e legais envolvidas, com ênfase na confidencialidade das discussões realizadas nos grupos. Vale destacar que a participação nas atividades do projeto é totalmente voluntária, sem remuneração para os envolvidos, e qualquer pessoa poderá se desligar do projeto a qualquer momento, conforme sua vontade ou necessidade. No caso de participantes menores de 18 anos, os responsáveis legais serão informados sobre a proposta por parte da instituição parceira. Os resultados obtidos poderão ser divulgados em forma de relato de experiência, artigo, apresentação oral ou pôster em congressos, simpósios e eventos semelhantes, sempre respeitando o sigilo quanto à identidade dos participantes.
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: Princípios e Diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf. Acesso em: 09 out. 2024. CANDIOTTO, C. Michel Foucault e o feminismo: algumas ferramentas conceituais. Revista Pistis & Praxis, [S. l.], v. 13, 2021. DOI: 10.7213/2175-1838.13.espec.DS01. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/pistispraxis/article/view/27689 . Acesso em: 9 out. 2024. CASTANHO, Wagner Carneiro. A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.], v. 9, n. 11, p. 4270–4296, 2023. DOI: 10.51891/rease.v9i11.12710. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/12710 . Acesso em: 9 out. 2024. COSTA DE FREITAS, Jan Clefferson; MAIA, Nathália Cristina Medeiros. Intersecções da Transgressão: o Pensamento Feminista de Bell Hooks. Revista Cronos, Brasil, v. 1, n. 1, p. 1-10, jul. 2024. HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade. Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2017. 283 p. MARIUSSO, Gabriela Géa; PORTO, Giovane Moraes. A formação da subjetividade feminina na sociedade ocidental: o gênero e a determinação existencial. Revista Jurídica de Letras e Biopolítica, v. 9, n. 4, p. 693-722, 2023. Disponível em: https://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2023/4/2023_04_0693_0722.pdf. Acesso em: 9 out. 2024. SILVA, João. As contribuições de Émile Durkheim para a educação. Revista de Educação, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 123-134, out. 2023. Disponível em: https://revistaft.com.br/as-contribuicoes-de-emile-durkheim-para-a-educacao-uma-analise-dos-seus-principios-e-impactos/. Acesso em: 09 out. 2024. VASCONCELOS, Michele de Freitas Faria de; FELIX, Jeane; GATTO, Graziela Maria da Silva. Saúde da mulher: o que poderia ser diferente? Revista Psicologia Política, São Paulo, v. 17, n. 39, p. 123-135, maio/ago. 2017. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1519-549X2017000200011&script=sci_arttext. Acesso em: 09 out. 2024.
O projeto contará com a participação de estudantes de medicina e de outros cursos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) – campus Diamantina, promovendo um ambiente de aprendizado interdisciplinar e complementar ao teórico. A formação prévia dos estudantes, a qual envolve conhecimentos sobre saúde feminina, determinantes sociais da saúde e proteção da mulher, favorece a integração dos discentes no projeto e favorece o engajamento com segurança e eficácia nas atividades propostas. Além disso, as discentes extensionistas serão capacitadas durante as palestras e aulas abertas com o intuito de ampliar as discussões acerca das temáticas propostas de saúde da mulher, autodefesa e possíveis futuras carreiras profissionais para meninas e mulheres. A participação no projeto enriquece e complementa a formação dos discentes, pois possibilita a troca de conhecimentos com a comunidade local. Durante a execução do projeto, as estudantes serão responsáveis pelo convite de profissionais para as capacitações, planejamento e execução de dinâmicas e pela recepção das avaliações das participantes. A troca dialógica de informações e experiências com profissionais, estudantes, técnicos e docentes de outras áreas, dada a natureza interdisciplinar dos temas abordados, irá favorecer a integração acadêmica, possibilitará uma melhor efetivação das ações a serem realizadas com a comunidade e contribuirá para a formação humana, cidadã e técnica das estudantes envolvidas. As estudantes voluntárias do projeto serão capacitadas por profissionais experientes, a fim de serem hábeis a aplicar as metodologias propostas, bem como a discutir e articular os temas propostos com a população. Após os momentos de capacitação, as interações promovidas na instituição parceira serão conduzidas pelas discentes extensionistas por meio de rodas de conversa, como discutido na metodologia. Busca-se, nesse momento, o diálogo com o público-alvo com o objetivo de, dentro das abordagens previstas e das capacitações oferecidas, direcionar a discussão para os principais problemas que atingem tal grupo de crianças e adolescentes, auxiliando em seu processo de reconhecimento pessoal, social e profissional, promovendo uma rede de apoio e de conscientização em direção ao empoderamento feminino como ferramenta de promoção de saúde, educação e transformação social. Ao longo de todas as etapas desenvolvidas neste projeto, as discentes serão acompanhadas, orientadas e capacitadas por professores e técnicos da UFVJM e profissionais da instituição parceira, promovendo a interdisciplinaridade das discussões e a horizontalidade das relações durante os momentos de troca e aprendizado, buscando diálogo com outras áreas para além da medicina. Tal contato com profissionais e com a comunidade externa será benéfico ao promover interação com a realidade da comunidade na qual a Universidade está inserida. Além disso, a interação direta com a realidade da comunidade local permite que os discentes tenham uma experiência formativa rica e desafiadora. Ao conduzir rodas de conversa com o público-alvo, as estudantes têm a oportunidade de explorar de perto os principais problemas e desafios enfrentados pelas comunidades. A partir das capacitações e da interação contínua, as discentes podem direcionar as discussões para questões relevantes, promovendo reflexões que ajudam os participantes a se reconhecerem em seus contextos sociais, pessoais e profissionais. Isso promove uma rede de apoio e conscientização, centrada no empoderamento feminino, como uma ferramenta para melhorar a saúde, a educação e a transformação social. A avaliação das discentes se dará ao longo de todo o processo, sendo observados: a participação efetiva nos momentos de capacitação e nas rodas de conversa, o amadurecimento pessoal e acadêmico, bem como o empenho na produção de textos com reflexões sobre o projeto. Estes textos poderão fundamentar tanto a avaliação das discentes quanto futuras publicações de relato da experiência extensionista.
O projeto objetiva promover aulas e grupos de discussão com a comunidade universitária e externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. Ambicionando a promoção de mudança no panorama de exclusão e violência contra mulheres e meninas, vê-se a necessidade de levar as discussões sobre promoção de saúde da mulher, autodefesa e oportunidades profissionais para instituições educacionais, sempre em diálogo com os saberes que já existem nessas instituições e que cada menina traz consigo. Assim, a extensão se articula pelas intervenções diretas na comunidade, por meio da promoção das discussões apresentadas, promovendo conscientização das estudantes.
Público-alvo
As participantes das ações promovidas na instituição educativa parceira serão selecionadas pela coordenação da instituição, sob o critério do tema e da didática a serem trabalhados no dia da intervenção. As iniciativas ocorrerão em horários que coincidam com a disponibilidade das extensionistas e da instituição. A participação não será obrigatória e os responsáveis legais serão comunicados sobre a proposta.
As palestras, capacitações e rodas de conversa poderão ocorrer de forma online no Google Meet ou presencialmente na Universidade, e serão divulgadas nas redes sociais do projeto para toda a comunidade acadêmica e externa.
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
O projeto contará com a parceria da Vila Educacional de Meninas (VEM), localizada na cidade de Diamantina, Minas Gerais. Essa é uma instituição educacional filantrópica, voltada exclusivamente para o público feminino da cidade, que oferece atividades extracurriculares para meninas de até 17 anos, como música, pintura, costura, dança com o objetivo de reduzir taxas de vulnerabilidade, drogadição e desemprego do público jovem. A partir dessa parceria, o projeto de extensão em questão será aplicado mensalmente nas alunas da instituição, conforme dia e horário estabelecido pela coordenação educacional e articulado aos horários das discentes. As intervenções ocorrerão nos espaços da VEM, a qual é parceira deste projeto desde 2022, e está ciente e aberta à nova parceria em 2025. A parceria foi estabelecida de acordo com o disposto nos termos da Carta de Anuência (ANEXO I). A instituição será a responsável pelo delineamento do número de participantes e horários das intervenções, bem como pela comunicação aos responsáveis legais das alunas.
A parceria constitui-se no contato e na troca de informação entre equipes dos projetos e seus desdobramentos, além da partilha de conhecimento e na participação em atividades a serem desenvolvidas pelas equipes ao longo do ano de 2025. Ambos projetos se vinculam ao Programa Rede de Mulheres UFVJM.
Cronograma de Atividades
Serão realizadas buscas em bases de dados que demonstrem as demandas de meninas em idade escolar que contribuam para a mudança de realidades sociais postas. A partir disso, a continuidade da abordagem dos assuntos a serem pleiteados serão definidos.
Com os temas definidos, será iniciada uma busca ativa por profissionais qualificados para explorar os assuntos de maneira mais aprofundada, além da procura por entidades parceiras para apoiar o desenvolvimento dessas atividades. As palestras e aulas serão realizadas de forma virtual, através do Google Meet, ou presencialmente nos espaços disponibilizados pela universidade. Nesta etapa, docentes e técnicos administrativos da UFVJM poderão contribuir, bem como profissionais de outras instituições de ensino superior, a fim de contribuir para a capacitação das discentes extensionistas e demais pessoas das comunidades universitária e externa interessadas na temática.
Serão realizados eventos (palestras e aulas abertas) para capacitação para as extensionistas e aquisição de conhecimentos pela comunidade universitária e externa. Esses encontros, com duração de uma a duas horas, ocorrerão de forma virtual via Google Meet ou presencial. Durante os eventos, serão debatidos os principais aspectos relacionados à temática abordada, visando preparar as extensionistas para desenvolver dinâmicas na instituição parceira e discutir temas relevantes. Os eventos serão abertos e divulgados no perfil do Instagram do projeto.
Serão realizadas nove intervenções, na modalidade de rodas de conversa ou dinâmicas na instituição parceira, em horários indicados pela diretoria da própria instituição. A modalidade das dinâmicas será livre por parte das discentes, de modo que facilite a compreensão e a participação das adolescentes. As participantes desses encontros também serão selecionadas pela coordenação da parceria. A comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta é de responsabilidade da instituição parceira. A participação das crianças e adolescentes será voluntária, sendo a instituição educacional responsável por definir os horários, dias e locais. Os tópicos a serem discutidos estarão incluídos nos eixos “Como me defender”, “Eu posso” e “Saúde da mulher”. Na temática “Saúde da mulher” serão trabalhadas questões sobre saúde íntima, prevenção de doenças e saúde mental das mulheres. Na temática "Como me defender", serão abordados os diferentes tipos de violência contra a mulher, como identificar as várias formas de violência e abuso, os direitos legais das vítimas – incluindo como denunciar e a quem recorrer – além de discussões sociais e políticas que contribuem para a prevalência da violência de gênero na sociedade. No tema "Eu posso", será trabalhado o empoderamento feminino no contexto profissional, abordando o futuro das mulheres no mercado de trabalho, o machismo em diversas profissões e o empreendedorismo em diferentes áreas. Cada encontro com a comunidade terá um tema principal definido previamente na primeira fase, que será ajustado conforme as necessidades e demandas da instituição e do grupo de meninas participantes. As rodas ou dinâmicas terão duração de uma hora, conforme delimitado pela instituição, e divididas em cinco fases: 1) Abertura: apresentação das extensionistas e breve introdução ao tema; 2) Momento “conhecendo o território”: as participantes serão incentivadas a compartilhar suas percepções iniciais sobre o tema, expressando suas dúvidas, preocupações e expectativas. O objetivo é avaliar o nível de conhecimento do grupo para ajustar a profundidade das discussões e incluir os pontos levantados. 3) Momento “clareando o inexplorado”: as discentes moderadoras do encontro explicarão o tema de forma clara e objetiva, respondendo às questões levantadas anteriormente. As extensionistas terão liberdade para criar dinâmicas adequadas ao tema e à faixa etária da intervenção. As explicações também considerarão as perguntas enviadas anonimamente pelas participantes ou solicitadas verbalmente; 4) Momento “partilhando vivências e sensações”: as participantes serão convidadas a compartilhar vivências e experiências relacionadas à questão discutida, promovendo reflexões sobre o que foi apresentado. Estimular-se-á a participação das adolescentes, com compartilhamento de vivências e troca de conhecimentos com as discentes da UFVJM. 5) Momento “que bom, que pena, que tal”: ao final de cada encontro, as participantes serão convidadas a dialogar brevemente sobre pontos positivos, negativos e sugestões para próximos encontros.
Ao final de cada ciclo de encontros na instituição parceira, será realizada uma reunião da equipe de extensionistas, na qual cada grupo será convidado a compartilhar suas experiências sobre as rodas de conversa com as meninas participantes. Durante a reunião, serão discutidas as impressões e percepções obtidas nos encontros, com o objetivo de planejar as próximas atividades, ajustando-as conforme os relatos apresentados.
A avaliação do projeto será feita pelo público ao final de um ano letivo, por meio de feedback escrito e anônimo, disponível para todos os participantes das aulas, palestras ou rodas de conversa. Além disso, serão organizados encontros de supervisão com a presença do coordenador, para analisar os grupos realizados. Os indicadores utilizados nessa avaliação incluirão: a participação da comunidade universitária e externa, o engajamento dos discentes e a percepção dos participantes, obtida através da análise dos feedbacks coletados ao final de cada atividade.