Visitante
Hanseníase: problema resolvido ou negligenciado?
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
gabriela de cássia ribeiro
20251012025302503
departamento de enfermagem
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
educação
endemias e epidemias
regional
Não
Membros
élida leite araujo
Voluntário(a)
nayla alves costa
Vice-coordenador(a)
lorrana aparecida leão
Voluntário(a)
henrique silveira costa
Voluntário(a)
leticia cristina da silva aguiar
Bolsista
Trata-se de um projeto de extensão em andamento, aprovado pelos editais PIBEX 2023 e 2024 e que tem desenvolvido ações de busca ativa da hanseníase no âmbito de todos os municípios de abrangência da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina (SRS/D). A hanseníase é uma doença curável, mas por ter predileção pelos nervos periféricos e também pela pele, apresenta alto poder incapacitante, o que gera impactos econômicos ao atingir, principalmente, adultos jovens e impactos sociais devido ao estigma ainda arraigado à doença. Acredita-se que a educação em saúde para a comunidade, a educação permanente dos profissionais e a busca ativa dos casos sejam poderosas ferramentas para organização da assistência e um incremento à vigilância epidemiológica da hanseníase. O objetivo principal da proposta é realizar detecção precoce dos casos de hanseníase livres de incapacidades físicas nos municípios da SRS/Diamantina por meio da educação em saúde, educação permanente e busca ativa. Trata-se de uma proposta interdisciplinar entre os cursos de enfermagem, medicina e fisioterapia da UFVJM, com participação efetiva de docentes e discentes dos 3 cursos. Serão realizadas capacitações de discentes, profissionais de saúde, educação em saúde com população em geral, produção de material educativo e de divulgação e busca ativa dos casos de hanseníase junto aos municípios e elaboração de um website para telemedicina. Os dois primeiros anos de projeto geraram uma página de instagram com divulgação da hanseníase para o público em geral e de saúde, ações de educação em saúde para escolares e público em geral em ações promovidas por parceiros, elaboração de um curso online para ACS, atendimento de casos de hanseníase pela equipe do projeto, contato com municípios para estabelecimento de parcerias e contribuição para as dúvidas em relação aos atendimentos, organização do Seminário Macrorregional Jequitinhonha de Hanseníase que contemplou mais de 100 profissionais de nível superior dos municípios da APS e discentes da saúde, capacitações de profissionais nos municípios da regional, participação de programa de rádio e TV para divulgação do projeto e da hanseníase no janeiro roxo. Além disso, temos duas ações programadas ainda para o ano de 2024, todos os ACS do município de Diamantina serão capacitados dando início as ações do janeiro roxo (mês de intensificação das ações de combate à hanseníase) e visita técnica da coordenadora ao Centro de Referência da hanseníase do HC/UFMG. Pretende-se dar continuidade ao projeto e, para o ano de 2025, reforçar as ações de educação em saúde nas escolas, capacitações profissionais de nível superior, reforçar a busca ativa dos casos, fortalecer o apoio os profissionais da APS dos municípios contemplados, finalizar a elaboração e implantação do website para apoio dos profissionais e realização de diagnóstico precoce e fortalecer as parcerias com entidades como a SRS/Diamantina e Rede HANS de MG.
Hanseníase, educação em saúde, capacitação profissional, vigilância epidemiológica, atenção primária à saúde
A hanseníase é uma doença causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo intracelular obrigatório, que possui um longo período de incubação entre 2 a 7 anos e sua transmissão se dá pelo contato respiratório com pessoas portadoras das formas transmissíveis não tratadas (BRASIL, 2016). Seu diagnóstico é basicamente clínico-epidemiológico, uma vez que os exames disponíveis contribuem para a confirmação diagnóstica, mas não excluem a doença diante de um resultado negativo (BRASIL, 2016). É uma doença curável, mas por ter predileção pela pele e nervos periféricos, apresenta alto poder incapacitante, o que gera impactos econômicos ao atingir, principalmente, adultos jovens e impactos sociais devido ao estigma ainda arraigado à doença (PENNA et al., 2011). As incapacidades físicas em hanseníase ocorrem principalmente nas mãos, pés e olhos e são classificadas como Grau 0: quando não há perda de sensibilidade ou força muscular nos 3 locais, Grau 1: há diminuição da força muscular e da sensibilidade e Grau 2: quando há deformidades visíveis causadas pela hanseníase (BRASIL, 2016). No Brasil, a hanseníase é considerada um problema de saúde pública, pois o país é o segundo em números absolutos de casos da doença, atrás apena da Índia. Em 2023 houve um registro de 22733 casos novos. Destes casos notificados, 82,4% foram nas formas multibacilares e 11,2% apresentava grau 2 de incapacidade física. Os diagnósticos em menores de 15 anos corresponderam a 2,18% do total de casos notificados (DATASUS, 2022). Esses números representam alto coeficiente de detecção geral, além de diagnósticos tardios, segundo os parâmetros do Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2016). Com o advento da pandemia de Covid-19 houve uma redução do diagnóstico de hanseníase e outras doenças negligenciadas, devido à urgência de mitigação e combate ao vírus SARS COV-2. Esta situação reforça a importância de realizar a busca ativa dos casos subnotificados, haja vista que no ano de 2019 foram diagnosticados 35,5% (27.864) casos a mais que 2020 e 19% de casos a mais que 2023 (DATASUS, 2024). Sabe-se que esta redução trará reflexos para a vigilância da hanseníase ao longo dos anos. Esta realidade de diagnósticos tardios também se faz presente nos municípios que compõem a Superintendência Regional de Saúde de Diamantina (SRS/D). Um levantamento realizado revela que nos últimos 10 anos 77,5% dos diagnósticos foram das formas transmissíveis da doença e que 60,2% tinham algum grau de incapacidade física (DATASUS, 2024). A literatura traz que as medidas mais eficazes para a vigilância da hanseníase são realizadas no âmbito da APS, como ações de educação em saúde, buscas de indivíduos doentes e exames de coletividade. Entretanto, confronta-se com a realidade de pouca capacitação profissional, poucos equipamentos para exame clínico neurológico e pouca vontade política para fortalecer o programa de prevenção e controle da hanseníase (LEITE, et al. 2020). Neste sentido e, diante da realidade epidemiológica e operacional apresentadas, exista uma endemia oculta de casos de hanseníase nos municípios da microrregião de Diamantina e com grande potencial de desenvolvimento de incapacidades físicas face ao não diagnóstico.
A maioria dos municípios brasileiros enfrenta muitas dificuldades na operacionalização do programa de hanseníase, principalmente na descentralização das ações, para que sejam integradas à APS (PENNA et al., 2011). A nova Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase (2024-2030) traz como metas a interrupção da transmissão da hanseníase em 99% dos municípios, eliminação da hanseníase em 75% dos municípios brasileiros, reduzir em 20% os diagnósticos com grau 2 de incapacidade física e dar providência em 100% das situações de discriminação e estigma relacionados à hanseníase (BRASIL, 2024). Estudo realizado na microrregião de Diamantina/MG revelou que há a existência de uma endemia oculta de hanseníase na região, pois muitos casos que deveriam ser diagnosticados não o são ou ocorrem de forma tardia quando há alta transmissão para os contatos e presença de incapacidades físicas (RIBEIRO et al., 2014). Atividades como capacitação profissional, busca ativa e mobilização da população se fazem de extrema importância para a implementação das ações nos municípios, uma vez que a proporção de casos detectados pela demanda espontânea, ou seja, de forma passiva tem relação direta com a ocorrência de diagnósticos tardios e incapacidades físicas (LANZA e LANA, 2011). Inquérito realizado no município de Diamantina, sede da microrregião, demonstrou por meio de análise sorológica e espacial, um grande número de pessoas com sorologia positiva para a proteína específica do Mycobaterium leprae (PGL-1), concentradas em determinados bairros periférico, reforçando a importância de rastreamento de possíveis casos ainda não diagnosticados nesta população (RIBEIRO et al., 2021). Um outro fator importante relacionado à rede de atenção à hanseníase de Diamantina, é atualmente o município encontra-se com o serviço de referência para atendimento dos pacientes de hanseníase desarticulado. Não há profissionais com expertise no assunto e que possam se tornar referências para apoio às ESF, a fim de solucionar casos mais graves e atender os indivíduos dentro da sua integralidade. Este fato acarreta em uma redução da detecção de casos e deslocamentos de pacientes para centros de referência na cidade de Belo Horizonte, quando necessário. Sendo assim, o projeto Hanseníase: Problema resolvido ou negligenciado? deu início às suas atividades em 2023 e neste período vem realizando ações de educação em saúde em escolas e em ações e feiras de saúde para o público em geral; criamos uma página de instagram para disseminar informações sobre hanseníase para o público em geral e profissionais de saúde; participamos de programa de rádio e TV para divulgação da hanseníase, com ênfase no janeiro roxo (mês de intensificação das ações de controle da hanseníase) e do projeto; reforçamos a parceria com a Superintendência Regional de Saúde de Diamantina (SRS/D) participando de reuniões com municípios; criamos um número de whatsapp exclusivo para atender os profissionais de saúde a fim de apoiá-los no diagnóstico precoce e no âmbito da APS; iniciamos os atendimentos de pacientes de hanseníase destes municípios da SRS/D; produzimos um curso online sobre hanseníase principalmente para os ACS e público em geral, com linguagem simples. Realizamos o I Seminário Macrorregional Jequitinhonha de hanseníase em novembro de 2023 que contou com a participação de mais de 100 profissionais de saúde e da gestão da APS. Em 2024 realizamos ações nos municípios de Diamantina, Carbonita, Santo Antônio do Itambé presencialmente abordagem teórica e prática, além de atendimento a vários municípios de forma online para apoio ao diagnóstico e condução dos casos. Apresentamos trabalhos em eventos científicos de alcance regional e nacional. Ainda para o ano de 2024 ainda temos previsto a capacitação de todos os ACS do município de Diamantina, como início das ações do janeiro roxo, a visita da coordenadora do projeto no Centro de Referência de Hanseníase do Hospital das Clínicas da UFMG, a participação na Semana do Servidor da UFVJM com avaliação de manchas e aplicação do Questionário de Suspeição da Hanseníase (QSH). Capacitação do município de Araçuaí no final do mês de outubro, atingindo em torno de 50 profissionais de nível superior e 50 ACS. Pretendemos também apoiar a gestão municipal e referência regional nas comemorações do janeiro roxo, iniciando as conversar ainda em 2024. Portanto, a continuidade do projeto justifica-se pela necessidade de intensificar as ações de educação em saúde, capacitações e busca ativa dos casos de hanseníase na região, uma vez que os diagnósticos ainda permanecem tardios e com incapacidade física, dados comprovados por meio do SINAN e pelos pacientes que temos recebido dos municípios da região para atendimento em Diamantina, todos com algum grau de incapacidade física.
Geral: O objetivo principal da proposta é realizar detecção precoce dos casos de hanseníase livres de incapacidades físicas nos municípios da SRS/Diamantina por meio da educação em saúde, educação permanente e busca ativa. Específicos: Capacitar alunos de enfermagem, fisioterapia e medicina em hanseníase; Capacitar profissionais da APS dos municípios da SRS/D; Realizar ações de educação em saúde para população em geral e grupos populacionais específicos como escolares; Realizar busca de casos de hanseníase juntos aos profissionais dos serviços da APS e em ações coletivas como feiras de saúde; Realizar ações de divulgação da hanseníase e seus principais sinais e sintomas no instagram hanseníase_infoco; Realizar atendimento dos casos de hanseníase e apoio aos profissionais dos municípios da SRS/D; Implantar a plataforma de teleconsultoria específica para hanseníase.
Um impacto direto deste projeto é ampliar o conhecimento sobre hanseníase para grupos populacionais distintos, sendo docentes, discentes, técnicos administrativos e demais servidores da UFVJM, profissionais de saúde e população em geral. Outro impacto direto é a possibilidade de realizar diagnósticos de hanseníase em tempo oportuno. Como impactos indiretos podemos citar a redução de diagnósticos tardios com incapacidades físicas; a indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa, pois o projeto prevê um componente de pesquisa e tem como objetivo a educação em saúde e permanente; possibilidade de experiência de trabalho em equipe interdisciplinar entre docentes e discentes da enfermagem, fisioterapia e medicina. Para o terceiro ano, tem-se como metas: 1. Capacitar 100% da equipe do projeto (novos integrantes); 2. Capacitar 100% dos profissionais enfermeiros, fisioterapeutas e médicos do município de Diamantina; 3. Capacitar 30% dos municípios da SRS/D por meio de abordagem teórica e prática presencial; 4. Manter a interlocução com 100% dos municípios SRS/D; 5. Realizar busca ativa em 100% dos municípios da SRS/D que receberam a capacitação previamente. 6. Implantar website de teleconsultoria específica da hanseníase. 7. Realizar revisão integrativa da literatura sobre metodologias de educação em saúde sobre hanseníase para crianças e adolescentes.
Trata-se de um projeto de extensão que integrará um estudo maior que consiste em uma interface pesquisa-extensão, a partir dos casos de hanseníase detectados por meio deste trabalho. A pesquisa será uma coorte onde serão acompanhados os casos diagnosticados de hanseníase e seus contatos e analisados aspectos clínicos, epidemiológicos, sorológicos, histológicos e espaciais. Esta pesquisa contará com a parceria da UFMG e ainda se encontra em fase de elaboração, posteriormente será encaminhada para o Comitê de ética da UFJM. Outra interface com a pesquisa (também em fase de elaboração) é a revisão integrativa que trata de identificar na literatura metodologias de educação em saúde com o tema hanseníase para crianças e adolescentes. O cenário para atuação do projeto são os municípios que compõem a área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde de Diamantina. Sendo assim, esta proposta pretende atender a todos os municípios de acordo com a capacidade tecnológica e de infraestrutura da equipe do projeto e da UFVJM. A SRS/D é composta por 34 municípios que fazem parte do Alto e médio Jequitinhonha (SES, 2022). Os municípios em geral, apresentam de médio a baixo IDH e serviços de saúde basicamente voltados para a APS. A hanseníase é endêmica na maioria deles. Público-alvo: O projeto prevê ações de educação em saúde, capacitações profissionais e de buscas para detecção precoce de casos de hanseníase, sendo assim tem como público-alvo: 1. Discentes dos cursos de enfermagem, medicina e fisioterapia. Os discentes serão beneficiados diretamente pela capacitação, ampliação do conhecimento e participação em um projeto interdisciplinar. 2. Profissionais de saúde. Profissionais de todos os níveis de formação e atuantes na APS serão capacitados pela equipe que compõe o projeto por meio do curso online e momentos presenciais, bem como contato direto com a equipe do projeto para apoio ao diagnóstico precoce 3. População em geral: Serão alvo de ações de educação em saúde presencialmente e virtualmente por meio das redes sociais e outros meios de comunicação. 4. Pessoas com sinais e sintomas sugestivos de hanseníase: serão avaliados e acompanhados pela equipe do projeto e profissionais de saúde da APS que abrange sua residência. Poderão iniciar tratamento, em caso de diagnóstico, em tempo adequado. Etapas do projeto: Capacitação discente. Os novos discentes que se agregarão ao projeto serão capacitados pelos docentes que trarão abordagens teóricas e práticas com foco na atuação da equipe multidisciplinar na assistência ao paciente de hanseníase e seus contatos. Produção de materiais educativos e de divulgação: ao longo de todo período de vigência do projeto serão produzidos materiais educativos como panfletos, infográficos, vídeos curtos, podcast, dentre outros, com a finalidade de divulgar a hanseníase para o máximo de pessoas e que serão postados na página específica do instagram @hanseníse_infoco. Levantamento de dados: será realizado o contato com a Secretaria Municipal de Saúde de cada município para conhecimento do número de equipes de ESF, localização geográfica, logística de abordagem e programação das ações. Capacitação dos profissionais: nesta etapa os profissionais dos municípios serão capacitados em pequenos grupos, visando o melhor aproveitamento dos participantes. Os grupos podem ser divididos entre profissionais de nível médio e outro composto por profissionais de nível superior, pois estes serão os responsáveis pelos diagnóstico e/ou suspeição diagnóstica da hanseníase. Os vídeos produzidos pela equipe serão utilizados para a capacitação de profissionais de nível médio, principalmente ACS. Pretende-se utilizar de metodologias dialógicas e dinâmicas de modo a valorizar o conhecimento prévio de cada um. Neste ano inserimos a metodologia de simulação realística com o tema visita domiciliar a uma família com suspeita de hanseníase. As alunas simularam manchas dormentes na pele e criaram um roteiro que buscou instigar a comunicação dialógica e reflexiva com os participantes. Busca ativa dos casos: logo após as capacitações, as equipes terão um momento para busca e indicação daquelas pessoas que apresentam sintomas dermatológicos e neurológicos sugestivos de hanseníase. Estas pessoas serão avaliadas pelos profissionais de saúde do município juntamente com os docentes proponentes do projeto. Todas as pessoas com sinais e sintomas suspeitos de hanseníase serão avaliadas pelas pesquisadoras de acordo com o exame dermatoneurológico simplificado proposto pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2016) e será aplicado o Questionário de Suspeição de Hanseníase (QSH) elaborado pelos pesquisadores Bernardes Filho e Frade da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (RESENDE et al., 2018). O QSH também poderá ser aplicado em outros momentos para o público em geral, como no momento da educação em saúde nas escolas, em feiras de saúde, exames de coletividade ou atividade prática de capacitação para ACS. Em caso de diagnóstico de hanseníase, as pessoas serão notificadas, receberão o tratamento e serão acompanhadas pela ESF as quais pertencem e convidadas a fazer parte do projeto de pesquisa. Implantação de um website para teleconsultoria de apoio aos médicos da APS: Por meio da tese de doutorado de umas das coordenadoras do projeto, está sendo desenvolvido um website que permitirá o apoio ao diagnóstico da hanseníase. Inicialmente será voltada para os médicos, podendo se estender aos enfermeiros e fisioterapeutas. A teleconsultoria será de grande valia para que os profissionais dos municípios mais remotos possam acessar materiais educativos, fluxogramas de tratamento e seguimento e exame de contatos e opinião da dermatologista (criadora do website e vice-coordenadora do projeto). Acompanhamento e avaliação: Os participantes das capacitações serão convidados a responder um questionário com questões objetivas dos conhecimentos sobre a hanseníase para avaliar seus conhecimentos prévios e o impacto da ação. Responderão também um questionário de avaliação da ação. Durante toda a vigência do projeto será aberto um canal de comunicação entre os profissionais dos municípios e a equipe do projeto para acompanhamento do processo de busca das pessoas e esclarecimento de dúvidas em geral. Questões éticas: Para os participantes das capacitações será oferecido um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) explicando que haverá um teste antes e após o momento de capacitação. Haverá também um TCLE para aquelas pessoas que tiverem o diagnóstico de hanseníase e decidam participar da pesquisa. Caso não deseje participar da pesquisa, não haverá nenhum prejuízo para o seu tratamento. Caso a pessoa com suspeita de hanseníase não for diagnosticada por esta doença, mas com outro diagnóstico diferencial, a mesma será receberá prescrição medicamentosa, se for o caso. Todos os participantes com diagnóstico de hanseníase ou outra patologia serão encaminhados para seguimento na sua ESF de referência. Todos as informações dos participantes do projeto serão mantidas sob sigilo e utilizadas apenas pela equipe.
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Estratégia nacional para Enfrentamento da Hanseníase 2024-2030 [Internet] Brasília: 2024. 62p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estrategia_nacional_enfrentamento_hanseníase_2024-2030.pdf. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional. Brasília: 2016. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/fevereiro/04/diretrizes-eliminacao-hanseniase-4fev16- web.pdf. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase [recurso eletrônico] Brasília: 2022.152 p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_diretrizes_terapeuticas_hanseniase.pdf 4. DATASUS. Tecnologia da Informação a Serviço do SUS. Disponível em: https://indicadoreshanseniase.aids.gov.br/. Acesso em: 16 out. 2024. 5. LANZA,F. M; LANA, F. C. F. Descentralização das ações de controle da hanseníase na microrregião de Almenara, Minas Gerais. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 19, n.1, 2011. 6. Leite, T. R. C., et al. Ações de controle da hanseníase na atenção primária à saúde: uma revisão integrativa. VITTALLE - Revista De Ciências Da Saúde, v. 32, n.3, p. 175–186, 2020. Disponível em: 7. PENNA, G. O. et al. Doenças dermatológicas de notificação compulsória no Brasil. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de janeiro, v. 86, n. 5, p. 865-77, set./out. 2011. 8. RESENDE, J.V.B. et al. Hanseníase em município de baixa endemia (ribeirão preto, sp): novas estratégias para ações de busca ativa e educação de saúde à comunidade e às equipes de saúde da família (ESF). Brazilian Journal Infectous Diseases,v.22, supl.1, p.33-144, 2018. 9. RIBEIRO, G.C. et al. Uso combinado de marcadores sorológicos e análise espacial na vigilância epidemiológica da hanseníase. Revista Panamericana Salud Publica, n.45, p.1-9, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.129 10. RIBEIRO, G. C., FABRI, A. C. O. C., AMARAL E. P., MACHADO, I. E., LANA, F. C. F. Estimativa de prevalência oculta de na microrregião de Diamantina Minas Gerais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 16, n.5, p.728-35, 2014. 11. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE. SRS DIAMANTINA. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/component/gmg/page/213-srs-diamantina-sesmg
Sabe-se que a carga-horária destinada às doenças negligenciadas, dentre elas a hanseníase, nos cursos de graduação é muito reduzida ou praticamente nula. Sendo assim e, por se tratar de um projeto interdisciplinar entre enfermagem, medicina e fisioterapia verifica-se uma contribuição bastante positiva para a formação do aluno. A formação inicial dos alunos dentro das áreas básicas como fisiologia, anatomia, bioquímica, parasitologia, patologia, epidemiologia e dentre outras e as específicas de cada curso como semiologia, saúde pública, dermatologia, avaliação funcional e neurológica e outras, contribuirão sobremaneira para que cada um aplique seus conhecimentos no atendimento integral à pessoa com hanseníase. Na enfermagem oferecemos uma disciplina eletiva na tentativa de envolver mais discentes na temática. As unidades curriculares voltadas para a educação serão muito importantes para o desenvolvimento de metodologias ativas durante a capacitação dos profissionais. Da mesma forma, o contato dos estudantes com a população leiga e profissionais de saúde, com uma doença que requer um conhecimento interdisciplinar para diagnóstico clínico trará grande contribuição para sua formação acadêmica e profissional. Os estudantes serão capacitados pelas docentes coordenadoras do projeto antes de iniciar as capacitações com os profissionais de saúde e a busca ativa. Os mesmos farão parte de todas as etapas do projeto, sendo capacitação dos profissionais, elaboração de material educativo e de divulgação e busca ativa dos casos. Os discentes serão acompanhados e avaliados a todo momento. Pretende-se manter encontros frequentes para avaliação de cada etapa e acertar pontos que necessitem de ajuste. Serão acompanhados por pelo menos um dos docentes que compõem o projeto em todas as ações. Por fim, este tipo de ação faz com o aluno desenvolva habilidades como trabalho integrado multidisciplinar, capacidade de falar em público e lidar com imprevistos, gestão do tempo e planejamento das ações.
A hanseníase é considerada uma Doença Tropical Negligenciada que atinge principalmente a população mais vulnerável e contribui para a manutenção da pobreza, uma vez que suas incapacidades físicas limitam a pessoa acometida de atividades educacionais, econômicas e de lazer. As incapacidades físicas produzidas pela hanseníase podem ser permanentes, deixando sequelas irreversíveis tanto físicas quanto emocionais, os pacientes sofrem com a discriminação e estigma social. Os dados epidemiológicos e a literatura mostram que os diagnósticos no Brasil são realizados tardiamente e que muitas vezes são subnotificados pela falta de experiência profissional. Entretanto, quando o diagnóstico é realizado precocemente, a pessoa acometida corre menos risco de desenvolvimento de incapacidades. A região de Diamantina é endêmica para hanseníase. Porém, assim como a maioria dos municípios brasileiros, não possui um serviço estruturado para diagnóstico e acompanhamento destes pacientes. Além de não contar com profissionais com expertise e treinamento específico em hanseníase. Acredita-se que utilizando dos conhecimentos gerados no meio acadêmico, dentro das especificidades de cada classe profissional, como suporte para os municípios pode-se intensificar os diagnósticos de hanseníase na região e contribuir para a qualidade de vida das pessoas acometidas. Mesmo tendo como meta 30% dos municípios para capacitação, 100% dos municípios podem ser atendidos online com o suporte para condução dos casos de hanseníase. Ressalto que neste ano de 2024 as capacitações em escolas não foram muito efetivas. As escolas possuem uma programação anual para abordagem das crianças e adolescentes e, infelizmente a hanseníase não está no rol dos temas. Neste ano pretende-se intensificar o trabalho junto ao Programa Saúde na Escola, em que uma das suas metas é falar sobre hanseníase para escolares. A coordenadora do projeto faz parte da câmara técnica de formação de pessoas da recém criada Rede Estadual de Hanseníase (REDE HANS/MG) uma rede composta por profissionais da academia, do serviço e da mobilização social para intensificar o programa de prevenção e controle da hanseníase. Foi reduzido o gasto com veículo para caber dentro do orçamento e porque os municípios normalmente oferecem como contra partida o transporte da equipe. Os municípios inseridos correspondem a 30% da área de abrangência do projeto, entretanto podem mudar de acordo com as necessidades do momento. Outro ponto é que estes municípios e outros, podem ser atendidos presencialmente ou online, a depender da necessidade e alcance da equipe do projeto.
Público-alvo
Capacitação de discentes e outros momento da comunidade acadêmica como TA´s que se interessarem em compor a equipe do projeto.
Serão ACS, técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos de 30% dos municípios da SRS/D.
Número estimado de escolares que participarão de ações de educação em saúde no município de Diamantina inicialmente e, outros da região conforme demanda dos municípios.
Público que participará de eventos como ações e feiras de saúde, exames de coletividade e outras abordagens pontuais. Aqui incluem também participantes de educação em saúde e suspeitos identificados na comunidade.
Estimativa de pacientes que podem ser encaminhados pelos municípios da SRD/D para atendimento pela equipe do projeto após o diagnóstico de hanseníase para atendimento presencial ou por teleconsultoria.
Municípios Atendidos
Diamantina
Serro
Gouveia
Presidente Kubitschek
Chapada Do Norte
Datas
São Gonçalo Do Rio Preto
Itamarandiba
Coronel Murta
Leme Do Prado
Parcerias
A SRS/D, por meio da referência técnica da hanseníase, é uma grande parceira do projeto. Ela faz a interlocução entre os municípios, indica aqueles que estão com indicadores de hanseníase ruins, busca os pacientes dos municípios para revisões junto à equipe do projeto, oferece espaços de diálogo entre a equipe do projeto e os municípios nos órgãos oficiais como CIB e reuniões com gestores. A profissional também integra a equipe do projeto, fortalecendo assim, a interlocução ensino-serviço-comunidade.
Cronograma de Atividades
Os discentes e equipe proponente deverão realizar buscas na literatura sobre o tema, a fim de se manterem atualizados e terem como base teórica para elaboração de materiais de educação em saúde e manuscritos científicos. Poderão haver discussões com os docentes da equipe sobre os artigos ao longo do projeto.
Os novos discentes integrantes da equipe que ainda não foram capacitados e aqueles dos cursos de fisioterapia e de medicina que ainda entrarão no projeto serão capacitados antes de iniciarmos as ações de educação em saúde.
Serão produzidos materiais de divulgação do projeto para a população em geral tanto físicos quanto virtuais e educativos a serem usados nas capacitações. Essa ação ocorrerá ao longo da vigência do projeto, visando trazer informações diferentes a cada mês.
As capacitações dos profissionais acontecerão de forma a atender um município por mês presencialmente ou online, conforme cronograma de 30% da SRS/D .
A busca ativa dos casos de hanseníase acontecerão após as capacitações dos profissionais e primeira seleção de pessoas com sinais e sintomas sugestivos, realizada por eles nos municípios.
Esta ação pode ocorrer ao longo de toda vigência do projeto, basta que o município agende com as coordenadoras do projeto que atenderão os pacientes no âmbito da UFVJM ou de forma online.
Elaboração de artigos científicos
01/07/2025
31/01/2026
Poderão ser elaborados artigos de diversos temas, como: relato de experiência do projeto, resultados das avaliações das capacitações, estudos de casos com os pacientes diagnosticados, resultados da aplicação do QSH, metodologias de educação em saúde para crianças e adolescentes.
Divulgação em eventos científicos
01/07/2025
31/12/2025
Pretende-se divulgar o projeto em pelo menos 2 eventos científicos a partir de julho de 2025.
Implantação e teste do website para teleconsultoria a profissionais médicos da APS.
O relatório final será elaborado no último mês de vigência do projeto