Com este projeto espera-se debater o impacto da mineração de lítio no Vale do Jequitinhonha e sua influência na biodiversidade regional, com uma abordagem de extensão investigativa, ou seja, construindo o processo extensionista a partir dos próprios sujeitos envolvidos no processo. Em parceria com a Escola Família Agrícola de Veredinha (EFAV) serão coletadas amostras de mel de abelha-europeia para avaliar suas propriedades físico-químicas. Buscaremos entender, junto com os estudantes das escolas e da UFVJM, as possíveis correlações entre a proximidade das minas de lítio e os parâmetros analisados, a fim de esclarecer como essa atividade pode estar influenciando a biodiversidade local e a qualidade dos produtos de abelhas comercializados na região. Com atividades educacionais, como "encontros de aprendizagem" e oficinas práticas, para construir com os alunos o entendimento da importância dos polinizadores na manutenção da biodiversidade e na sustentabilidade da produção agrícola da região.

abelhas; EFA; educação ambiental

Este projeto visa debater o impacto da mineração de lítio no Vale do Jequitinhonha sobre a biodiversidade regional. Utilizaremos uma abordagem de extensão investigativa, ou seja, construindo o processo extensionista a partir dos próprios sujeitos envolvidos no processo. Para este processo escolhemos as abelhas, principais polinizadores animais, e utilizaremos a qualidade do mel produzido na região como parâmetro base para a construção da proposta. Em parceria com a Escola Família Agrícola de Veredinha (EFAV) serão coletadas amostras de mel de abelha-europeia para avaliar suas propriedades físico-químicas. Buscaremos entender, junto com os estudantes das escolas e da UFVJM, as possíveis correlações entre a proximidade das minas de lítio e os parâmetros analisados, a fim de esclarecer como essa atividade pode estar influenciando a biodiversidade local e a qualidade dos produtos de abelhas comercializados na região. Buscaremos ainda obter informações junto aos apicultores conhecidos pelos membros do projeto (pais, vizinhos, parentes, etc...) sobre os potenciais impactos da mineração sobre suas atividades. Esses resultados alimentarão rodas de conversa com os estudantes. Além disso, o projeto promoverá atividades educacionais, como "encontros de aprendizagem" e oficinas práticas, para construir com os alunos o entendimento da importância dos polinizadores na manutenção da biodiversidade e na sustentabilidade da produção agrícola da região. Os resultados serão apresentados ao final do projeto, com o objetivo de contribuir para a formulação de estratégias de conservação e práticas agrícolas sustentáveis na região.

O Vale do Jequitinhonha apresenta uma crescente produção de mel e as pesquisas desenvolvidas pela UFVJM na região tem mostrado que a região reúne diversos elementos promissores a consolidação desta atividade, especialmente na vertente da produção orgânica. Além disso, diversidade de abelhas em um ambiente é essencial para a saúde dos ecossistemas e a produção agrícola. Gathmann et al. (1994) sugerem que quanto maior a diversidade e abundância de flores em uma região, maior será a diversidade de abelhas. As abelhas dependem de pólen e néctar para se alimentar. Abelhas sociais armazenam recursos como mel e vedam ninhos com própolis. Abelhas desempenham funções vitais tanto na produção agrícola quanto na preservação da saúde ecológica. Tendo nas práticas agrícolas modernas, como a expansão de grandes monoculturas de soja, cana e eucalipto, o que têm levado ao desmatamento e à uniformização da vegetação natural, que é vital para a alimentação e nidificação destes insetos, em especial as abelhas. Na região de estudo, a mineração de lítio adiciona um novo desafio ambiental ao contexto já existente. Embora a mineração de lítio seja promovida como sustentável pelo setor, essa atividade econômica representa um alto risco ambiental sendo potencialmente prejudicial ao meio ambiente e aos insetos foco deste trabalho. Esse risco se manifesta não apenas pela remoção direta de áreas naturais, que são fonte de alimento e abrigo aos insetos, para instalação das minas, mas também pela possível contaminação das plantas que levariam a perda de qualidade dos produtos do mel, de grande importância econômica para a região. O presente projeto tem a perspectiva de trabalhar integrando a educação, pesquisa e extensão, a fim de informar e engajar as populações locais em discussões ambientais relevantes, além de promover práticas que favoreçam a conservação ambiental e a sustentabilidade. Para além disso, no processo formativo esperamos também levantar dados que contribuam para tomada de decisões informadas em dados concretos da realidade observada.

Geral: Descrever as relações entre mineração x apicultura e, promover a divulgação do conhecimento científico as populações rurais através da parceria com a Escola Família Agrícola de Veredinha (EFAV). Específicos: (i) Analisar as variações nas propriedades físico-químicas do mel de abelha-europeia (Apis mellifera) já presentes na EFAV ou apiários próximos, quanto a qualidade (quantidade de açucares reduzidos, cinzas, cor, pH, fenólicos totais e flavonóides totais) e suas flutuações sazonais; (ii) Investigar possíveis relações entre a qualidade do mel produzido com a proximidade das minas de extração de lítio instaladas na região.

Revisão bibliográfica acerca do assunto para preparo de material didático a ser apresentado nos Encontros de aprendizagem (2); Realizar a divisão de uma caixa de abelha sem ferrão para proporcionar experiência prática em meliponicultora (1); Coletar amostras de mel em comunidades sob influência direta da mineração de lítio para avaliar as correlações entre a proximidade das minas e os parâmetros ambientais e de qualidade do mel na região, em duas épocas do ano (2); Realizar análises físico-químicas do mel e debater os resultados com os estudantes e fim de construir o laudo técnico coletivamente (2); A avaliação será feita analisando o envolvimento e participação dos alunos nos encontros de aprendizagem, através da aplicação de um questionário sobre as atividades realizadas, a importância das interações entre insetos e plantas na manutenção das áreas naturais e, da produção de alimento no Vale do Jequitinhonha (Relatório final).

O projeto será desenvolvido em parceria com a Escola Família Agrícola de Veredinha/MG (EFAV) com turmas de ensino médio, nas ações de extensão. Para a pesquisa serão coletados amostras de mel no apiário existente na EFAV e nas comunidades de estudantes da EFAV que residem em áreas de influência das áreas de exploração de lítio. Serão realizadas 5 visitas nas EFAs para o desenvolvimento de “encontros de aprendizagem”, observações em plantas floridas nas escolas (hortas, pomares ou plantas nativas, de acordo com a disponibilidade do período) e, coleta de amostras de mel; Os “encontros de aprendizagem” serão aulas informais, direcionadas de acordo com os seguintes temas: 1. Diversificação de abelhas, 2. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, 3. Polinização agrícola, 4. Conservação e Recuperação de áreas degradadas, 5. Divisão de uma caixa de abelha sem ferrão. Estas atividades terão o objetivo de proporcionar experiência prática em apicultura, reforçar as teorias discutidas e explorar as diferenças nas características comportamentais entre os diversos grupos de abelhas; As amostras de mel serão analisadas em laboratórios da UFVJM, de acordo metodologias de Instituto Adolfo Lutz (2008) e os resultados levados de volta à escola para interpretação junto aos estudantes.

A diversidade de abelhas em um ambiente é essencial para a saúde dos ecossistemas e a produção agrícola. Gathmann et al. (1994) sugerem que quanto maior a diversidade e abundância de flores em uma região, maior será a diversidade de abelhas. As abelhas dependem de pólen e néctar para se alimentar. Abelhas sociais armazenam recursos como mel e vedam ninhos com própolis, enquanto abelhas solitárias, facultativamente sociais e vespas usam esses recursos imediatamente para alimentar suas crias. Abelhas e vespas são consideradas engenheiras de ecossistemas devido ao seu papel crucial na manutenção e estruturação de habitats naturais. Segundo Jones, Lawton e Shachak (1994), engenheiros de ecossistemas são organismos que modificam a disponibilidade de recursos para outras espécies ao alterar a estrutura física do ambiente. Abelhas promovem a polinização de diversas plantas, sendo responsáveis pela reprodução de muitas espécies vegetais (Klein et al., 2007), e contribuem para a regulação do clima e o transporte de energia nas cadeias alimentares (Ferraz, 2019). As vespas atuam como predadoras de insetos pragas, ajudando a manter o equilíbrio populacional e a saúde das plantas (Brock, Cini & Sumner, 2021). No Cerrado, conhecido por sua alta diversidade e endemismo (Myers et al., 2000), a disponibilidade de flores durante todo o ano, com pico de florescimento no final da estação seca, mantém as comunidades de polinizadores e permite ciclos reprodutivos contínuos (Oliveira & Gibbs, 2000), especialmente para abelhas não sociais. No entanto, ainda há muito a ser compreendido sobre os impactos da conversão de áreas naturais em outros usos da terra sobre essas comunidades de abelhas, o que é crucial para a preservação da vida selvagem e o funcionamento dos ecossistemas (Tscharntke et al., 1998). O Vale do Jequitinhonha, uma das maiores bacias hidrográficas de Minas Gerais, é conhecido por sua riqueza natural e cultural. Com climas variados, predominantemente tropical, o vale abriga os biomas Cerrado, Mata Atlântica e pequenas áreas de Caatinga (Alvarez et al., 2013). O relevo é principalmente ondulado, com formações florestais como as Florestas Estacional Decidual e Semidecidual, que cobrem encostas que variam de planas a acentuadas (França & Mucida, 2022). Socioeconomicamente, a bacia é lar de aproximadamente 789.862 pessoas, a maioria vivendo em áreas rurais (IBGE, 2010). Nos últimos anos, o Vale do Jequitinhonha tem enfrentado os desafios da mineração, especialmente com a crescente demanda por lítio. Essa atividade é promovida sob o conceito de "Lítio Verde", que promete uma extração sustentável e eficiente do mineral. A região abriga a maior reserva de lítio de alta pureza do Brasil, e a mineração tem se intensificado, atraída pela perspectiva de reduzir os impactos ambientais. No entanto, essa corrida pelo lítio levanta questões importantes sobre os efeitos socioambientais, especialmente em um contexto de vulnerabilidade econômica e social que já caracteriza a região (Lopes de Souza, 2024). Tendo em vista que outra atividade importante na região é a produção de mel, neste projeto buscamos realizar um processo investigativo de coprodução com estudantes de escolas técnicas a fim de avaliar as consequências da mineração de lítio na produção de mel e nas abelhas da região do Vale do Jequitinhonha.

O projeto possibilitará ao estudante da UFVJM a oportunidade de vivenciar a aplicação do conhecimento teórico em ações extensionistas, assim como desenvolver pesquisas que integram o ambiente universitário a realidade do Vale do Jequitinhonha. O bolsista terá o acompanhamento de um estudante de pós-graduação nas atividades de pesquisa que complementará seus conhecimentos acadêmicos nos conteúdos metodológicos necessários para a realização da pesquisa e das atividades extensionistas. Assim, elucidar sobre as práticas laboratoriais, disciplina na condução de análises, preparo de material a ser aplicado no campo, e elaboração de relatórios. Esta atividade se insere no contexto do PROEXT-PG que visa aproximar a pós-graduação da graduação através de ações de extensão universitária.

A proposta aborda uma temática atual e de suma importância ambiental. No que diz respeito a polinização das plantas que garante a reprodução das mesmas, e assim a preocupação quanto a influência que a extração de lítio pode causar a atividade apícola e a qualidade do mel. Proporcionando ao estudante uma oportunidade de interagir com a comunidade rural, em atividades integrativas de educação x pesquisa x extensão.