Visitante
Cultivando o Cuidado
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
etel rocha vieira
2025101202540848
famed
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
saúde
0
regional
um novo cais
Não
Membros
ana luiza dayrell gomes da costa sousa
Vice-coordenador(a)
isabelle miriade soares
Bolsista
arisson danilo ferreira ribeiro
Voluntário(a)
henrique césar lopes neves
Voluntário(a)
túlio pereira alvarenga e castro
Voluntário(a)
danilo bretas de oliveira
Voluntário(a)
thyago josé silva
Voluntário(a)
maysa farias de almeida araújo
Voluntário(a)
karla taisa pereira colares
Voluntário(a)
michaelle geralda dos santos souza
Voluntário(a)
vinicius de oliveira ottone
Voluntário(a)
débora cristina da fonseca
Voluntário(a)
Este projeto objetiva promover o cuidado integral à saúde em comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha, através de ações de promoção, prevenção, assistência médica e análise clínica. O projeto surge do diagnóstico da situação de saúde das comunidades rurais da região, iniciado em 2020, a partir de uma série de visitas a diversas comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha, estabelecendo interações dialógicas com a população que fomentaram, no primeiro momento, ações de combate à insegurança alimentar. Nessas interações evidenciou-se a dificuldade da população no acesso a consultas médicas e exames laboratoriais, obtenção de medicamentos e prosseguimento nos tratamentos das principais doenças presentes. Buscando contribuir com a resolutividade de tais problemas, através de parcerias estabelecidas com professores médicos, Estratégia de Saúde da Família do distrito e do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina (NUPED-Vale), passamos a oferecer em São João da Chapada consultas médicas de pediatria e exames laboratoriais, de forma gratuita e periódica. Até o momento, 20 consultas domiciliares de crianças e adolescentes foram realizadas, somadas a 10 amostras sanguíneas coletadas para análise nos laboratórios do NUPED-Vale. Foram identificadas diversas doenças associadas aos Determinantes Sociais da Saúde locais, como falta de saneamento básico, baixa renda, insegurança alimentar e medicamentosa, moradias precárias e exclusão social. A partir da proposta aqui apresentada, será possível ampliar e consolidar as ações já iniciadas e demandadas pelas comunidades.
vale do jequitinhonha, pediatria, SUS,
Nos últimos anos, tem crescido o número de pesquisas e intervenções no Vale do Jequitinhonha devido ao discurso generalizado segundo o qual este território apresenta indicadores socioeconômicos semelhantes aos piores do mundo (SOUZA, 2003). Entretanto, é importante ressaltar que o Vale, dividido entre alto, médio e baixo Jequitinhonha, possui variadas origens e características econômicas, sociais e culturais. Nesse sentido, o Alto Vale, cenário do projeto de extensão Cultivando o Cuidado, é composto por 24 municípios distribuídos nas microrregiões de Diamantina e Capelinha. Com 38,35% da população vivendo na zona rural (SOUZA, 2016), o alcance a atendimentos médicos especializados e a exames complementares é prejudicado, muitas vezes, pelas longas distâncias entre comunidades rurais e centros urbanos. Tal aspecto foi percebido pelos discentes participantes do Programa de Extensão "Um Novo Cais", ao qual este projeto está vinculado, durante ações de promoção à saúde e educação em comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha. Durante o ano de 2024, através de atividades práticas do Internato de Pediatria do curso de Medicina da UFVJM e da parceria com o Núcleo de Ações e Pesquisa e Apoio Diagnóstico (NUPED-Vale), foi possível ofertar consultas médicas especializadas em âmbito domiciliar e exames complementares em São João da Chapada, um distrito de Diamantina. A partir desta experiência e almejando a expansão desta iniciativa para outras localidades, o projeto de extensão Cultivando o Cuidado tem o intuito de promover o cuidado integral à saúde em comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha, através de ações de promoção, prevenção, assistência médica e análise clínica. Em consonância com os princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS) de universalidade, equidade e integralidade, o projeto visa proporcionar um cuidado amplo, contínuo e inclusivo, considerando as particularidades e necessidades de populações historicamente marginalizadas. Através da universalidade, o SUS estabelece o direito ao acesso à saúde a todos os brasileiros, independentemente de suas condições socioeconômicas, além de promover ações diferenciadas conforme as necessidades específicas de cada grupo, conforme o princípio da equidade (BRASIL, 2023). Nesse contexto, este projeto busca corrigir desigualdades sociais e de saúde ao fortalecer o acesso à saúde, muitas vezes fragilizado em comunidades rurais. Além disso, o projeto se ancora no princípio da integralidade ao promover uma visão ampla do cuidado em saúde, abarcando a promoção da saúde, a prevenção e a assistência contínua. A metodologia adotada no projeto inclui visitas domiciliares e a realização de oficinas comunitárias de educação em saúde, permitindo que os profissionais e estudantes envolvidos compreendam o contexto social e cultural dos pacientes, oferecendo cuidados que atendam às suas dimensões biológicas e psicossociais. Conforme destaca Nascimento (2009) "o Vale do Jequitinhonha revela uma realidade paradoxal, em que a carência social e a riqueza cultural são dois extremos por onde perpassam diversas oposições aparentes. Dessa maneira, ao fortalecer a interação entre a universidade e as comunidades locais, o "Cultivando o Cuidado" reafirma o compromisso de transformar o cuidado em saúde, respeitando as singularidades de cada população e garantindo o direito à saúde como um bem coletivo, acessível e inclusivo para todos.
Em 2020, estudantes vinculados ao Centro Acadêmico Livre de Medicina Dr. Juscelino Kubitschek iniciaram uma série de visitas a diversas comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha, estabelecendo interações dialógicas com a população que fomentaram, no primeiro momento, ações de combate à insegurança alimentar. Ao identificar diversos pontos de intervenção, vários projetos de extensão foram criados e executados por estes estudantes e docentes parceiros, dando-se origem ao Programa de Extensão "Um Novo Cais", o qual este projeto está vinculado. O Projeto "Cultivando o Cuidado", portanto, nasceu como uma dessas iniciativas. Através da interação dialógica, especificamente com a comunidade de São João da Chapada, um distrito de Diamantina, evidenciou-se a dificuldade da população local no acesso a consultas médicas e exames laboratoriais, obtenção de medicamentos e prosseguimento nos tratamentos das principais doenças presentes na localidade. Buscando contribuir com a resolutividade de tais problemas, através de parcerias estabelecidas com professores médicos, Estratégia de Saúde da Família do distrito e do Núcleo de Ações e Pesquisa e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina (NUPED-Vale), passamos a oferecer em São João da Chapada consultas médicas de pediatria e exames laboratoriais, de forma gratuita e periódica. Em busca de uma atividade em conformidade com o tripé acadêmico de ensino, pesquisa e extensão, tais atividades foram realizadas como parte do Internato de Pediatria, reforçando-se a forte presença do eixo do ensino neste projeto. Nesse sentido, estudantes de Medicina realizam a consulta sob a supervisão do pediatra preceptor, fortalecendo os conhecimentos acerca das conduta diagnósticas e terapêuticas em pediatria, conforme previsto no Projeto Pedagógico do curso de Medicina. Por conseguinte, como parte da expansão do projeto para o próximo ano, ancorando-o ao eixo da pesquisa, os prontuários médicos, amostras de swab de nasofaringe e dados de desenvolvimento neuropsicomotor de crianças atendidas neste projeto de extensão, serão analisados por meio da pesquisa "Avaliação da ativação do sistema interferon na COVID-19 em crianças e a relação entre a evolução da doença com o desenvolvimento infantil, sequelas cardiopulmonares e cognitivas", desenvolvida pelo NUPED-Vale e aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Até o momento, 20 consultas domiciliares de crianças e adolescentes foram realizadas, somadas a 10 amostras sanguíneas coletadas para análise nos laboratórios do NUPED-Vale. Foram identificadas diversas doenças associadas aos Determinantes Sociais da Saúde (DSS) locais, como falta de saneamento básico, baixa renda, insegurança alimentar e medicamentosa, moradias precárias e exclusão social. Constatou-se, portanto, a importância de garantir o direito à saúde para essa população vulnerável, a maioria formada por descendentes de origem africana, escravos e ex-escravos (CLAROS, 2018). A partir desta experiência, resolvemos expandir esta iniciativa como um projeto de extensão. Com os resultados obtidos nesta etapa piloto, vinculada ao Internato de Pediatria, foi possível observar a possibilidade de expansão, através da extensão universitária, das atividades para outras especialidades e também para outras comunidades. Com o objetivo de alcançarmos uma maior interdisciplinaridade, buscamos docentes do curso de Nutrição para embasar estratégias para a contenção da insegurança alimentar nas regiões atendidas pelo projeto. Além disso, também planejamos convidar outros cursos de saúde para a realização de atividades de prevenção e promoção de saúde. Em nosso país, as três últimas décadas foram marcadas por esforços de implementação dos princípios de universalização, equidade e integralidade no Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2013). Não obstante a realidade ainda se encontre muito distante do que preconiza a Constituição, os princípios do SUS permanecem como horizonte para o qual devemos orientar nossos esforços na construção de saberes e práticas em saúde. Considerando particularmente o princípio da integralidade, o chamado a considerar as pessoas como um todo, a atender a todas as suas necessidades, desde a prevenção em saúde, até a reabilitação, respeitando suas particularidades convoca os profissionais e pesquisadores da área a rever o paradigma biomédico, superando posições que tendem a centralizar saberes e fragmentar a atenção à saúde. Buscar a integralidade pressupõe valorizar aspectos objetivos e subjetivos dos modos humanos de viver; respeitar a cultura ao abrir espaço para os modos populares e tradicionais do cuidado; promover o protagonismo de todos os envolvidos na coprodução da saúde individual e coletiva (VIEGAS; PENNA, 2015). O princípio da equidade, por sua vez, representa o reconhecimento de que, embora todas as pessoas tenham o mesmo direito à saúde, elas apresentam necessidades distintas (BRASIL, 2023). Inspirada em conceitos aristotélicos de justiça, a equidade busca tratar desigualmente os desiguais, ajustando a oferta de serviços conforme as diferentes realidades e vulnerabilidades (PAIM; SILVA, 2010). Nesse sentido, este conceito pode ser abordado tanto em termos horizontais, oferecendo-se tratamento igual para aqueles em condições semelhantes, quanto em termos verticais, ao priorizar o atendimento diferenciado àqueles que enfrentam maiores dificuldades. A primeira grande conquista do Movimento da Reforma Sanitária foi a definição, na Constituição Federal de 1988, do direito à saúde como um direito de todos e um dever do Estado, expresso no artigo 196 da Constituição, que garante a universalidade do sistema de saúde público brasileiro (BRASIL, 2015). O princípio da universalidade, portanto, assegura o direito à saúde a todos os cidadãos, independentemente de distinções de classe, raça, gênero ou condição social, estabelecendo o acesso irrestrito e contínuo aos serviços de saúde. Tal princípio não apenas amplia o acesso, mas também promove a coesão social, garantindo que toda a população, independentemente de seu poder econômico ou posição social, tenha acesso às mesmas oportunidades de cuidado (PAIM; SILVA, 2010). A relevância do projeto de extensão "Cultivando o Cuidado" justifica-se por utilizarmos como âncora na realização de nossas ações os três princípios descritos, em uma localidade com extremas defasagens no acesso à saúde. O Alto Jequitinhonha é composto por 24 municípios, sendo que 38,35% da população, mais de 100.000 habitantes, é moradora de zona rural (SOUZA, 2016). Nesse sentido, a disposição adequada de resíduos sólidos é ofertada para apenas 11,7% da população local. Já a rede de esgoto, para 50,3% (SOUZA, 2016). Estes dados revelam a necessidade do fortalecimento de estratégias de promoção à saúde, tal como este projeto apresentado, levando-se em consideração os recursos disponíveis e os aspectos socioeconômicos e culturais apresentados por cada comunidade, enaltecendo-se o princípio da integralidade. Além disso, o fato das consultas serem realizadas nos domicílios ampliou o leque de atuação da equipe, já que a atenção domiciliar é uma modalidade de assistência em que inclui serviços de promoção, prevenção, tratamento, reabilitação e paliação em domicílio (PROCÓRPIO et al., 2019). Nesse modelo, o profissional da saúde insere-se no contexto familiar e cultural do paciente, tornando o processo de cuidado integral e, acima de tudo, respeitando as particularidades de cada sujeito (RAJÃO; MARTINS, 2020). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Alto Jequitinhonha, segundo dados do Estado de Minas Gerais, é de 0,660, sendo o quinto pior do Estado. Já a renda per capita é de meio salário mínimo (SOUZA, 2016). A escolha deste local para atuação deste projeto deu-se ao admitir a relevância da desigualdade social presente em território brasileiro no modo de desenvolver políticas públicas em saúde. Portanto, fortalecer os serviços de saúde de comunidades que apresentam a vulnerabilidade social como uma particularidade considerável, é praticar de forma absoluta os princípios de equidade e universalidade preditos pelo SUS. A própria Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em Diamantina, consolidada através do Programa Mais Médicos, em 2013, foi criada, regida pelos princípios do SUS, para consolidar a formação de profissionais médicos que atendam às necessidades de um local carente de assistência à saúde. Segundo o Souza (2016) a região Sudeste do Brasil possui 56% dos médicos de todo o território nacional, 18% destes no Estado de Minas Gerais. Contudo, a distribuição no Estado é heterogênea com concentração dos profissionais em grandes centros. Assim, de acordo com as justificativas abordadas, o projeto se articula com a Política de Extensão da UFVJM na área temática de Saúde, visando ações de atenção à saúde da mulher, atenção integral à saúde do adulto, da criança e da família, em populações de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha. A execução do projeto o enquadra na linha extensionista de Saúde Humana com a articulação de visitas domiciliares, realizando ações de promoção, assistência, análises clínicas e tratamento da população, de acordo com demanda do sujeito ou da Unidade de Saúde que o assiste.
Objetivo Geral Promover o cuidado integral à saúde em comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha, através de ações de promoção, prevenção, assistência médica e análise clínica. Objetivos Específicos Promover a integração entre a universidade e comunidades do Alto Jequitinhonha, por meio de consultas médicas domiciliares e exames laboratoriais, favorecendo o intercâmbio de saberes e práticas entre a academia e as populações atendidas; Diagnosticar e tratar doenças prevalentes, impulsionando mudanças sociais e na saúde de comunidades rurais do Alto Jequitinhonha; Reduzir as desigualdades de acesso à saúde em comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, promovendo ações que assegurem os princípios do SUS; Fomentar a interação entre docentes, discentes e técnicos administrativos da UFVJM, em colaboração com diversas parcerias institucionais e comunitárias, proporcionando aprendizado prático e interdisciplinar em saúde; Proporcionar aos estudantes uma experiência prática e formativa, sob a supervisão de profissionais, visando o fortalecimento do eixo do ensino e a aplicação dos conhecimentos teóricos em contextos reais; Gerar dados estatísticos sobre as condições de saúde das populações locais, contribuindo para a construção de políticas públicas e fortalecendo o eixo da pesquisa por meio da análise das informações coletadas durante as ações de extensão. Ampliar a interdisciplinaridade do projeto, incorporando profissionais e estudantes de diversas áreas de saúde para atuar na promoção da saúde e combate às vulnerabilidades sociais em saúde. Avaliar a viabilidade técnica, logística e operacional do projeto de forma contínua, garantindo que as ações sejam realizadas de acordo com as demandas das comunidades atendidas e compatível com a infraestrutura existente na UFVJM.
Realizar 50 consultas médicas e 30 exames laboratoriais nas comunidades atendidas, promovendo o acesso direto a serviços de saúde e contribuindo para o diagnóstico precoce de doenças. Implementar 3 oficinas educativas sobre promoção da saúde e prevenção de doenças para a comunidade, em pelo menos 1 comunidade rural, com a participação de pelo menos 50 moradores, promovendo a conscientização e o empoderamento da população local. Proporcionar experiência prática a, no mínimo, 30 estudantes de Medicina e outras áreas da saúde através de visitas domiciliares e acompanhamento dos atendimentos, fortalecendo a formação acadêmica e a aplicação de conhecimentos teóricos. Coletar dados sobre as condições de saúde de pelo menos 40 famílias atendidas durante as ações do projeto, para análise e geração de diagnósticos que informem políticas públicas adequadas às necessidades da região. Envolver profissionais e estudantes de pelo menos 3 áreas diferentes da saúde nas atividades do projeto, promovendo uma abordagem multidisciplinar que amplifique a eficácia das ações de saúde. Conduzir uma avaliação de impacto ao final de cada semestre, utilizando indicadores como redução no número de doenças prevalentes, melhora nas condições de saúde reportadas pelos participantes e satisfação dos usuários com os serviços prestados, buscando feedback para ajustes nas atividades. Oferecer pelo menos um curso de capacitação para docentes e discentes envolvidos no projeto, focando em temas como saúde comunitária, diagnóstico e abordagem interdisciplinar, para aprimorar a qualidade das intervenções. Realizar uma avaliação qualitativa semestral com pelo menos 10 participantes das ações do projeto para compreender o impacto social e as mudanças nas percepções sobre saúde e bem-estar. Estabelecer protocolos de colaboração com as Unidades de Saúde da Família (USF) para garantir a continuidade do cuidado. Produzir e distribuir pelo menos 200 materiais informativos sobre prevenção de doenças e promoção da saúde para a comunidade, visando aumentar a conscientização e o conhecimento sobre cuidados com a saúde.
O projeto de extensão “Cultivando o Cuidado” será desenvolvido em quatro etapas: (1) identificação e vínculo com comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha (2) diagnóstico e planejamento de ações no território; (3) intervenções em cuidado; e (4) acompanhamento e análise das ações. As ações serão fomentadas e executadas por professores e estudantes do internato da Faculdade de Medicina (FAMED/ UFVJM) desta instituição, a equipe associada aos parceiros do projeto, sobretudo relacionadas à saúde, e colaboradores das ações locais do projeto. A primeira etapa será dedicada à identificação e vínculo com comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha. Através da parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Diamantina, pesquisas bibliográficas e de campo, identificaremos comunidades rurais do Alto Jequitinhonha que apresentem o acesso à saúde deficitário devido a não aplicação completa dos princípios preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a disponibilidade de recursos e da viabilidade técnica, logística e operacional do projeto, selecionaremos as comunidades que realizaremos as intervenções. Em seguida, será feito o (2) diagnóstico e planejamento de ações em saúde, em colaboração com a Estratégia de Saúde da Família (ESF) da Unidade Básica de Saúde (UBS) de cada comunidade selecionada. A territorialização em saúde, focada nas individualidades de cada microárea das regiões, será uma estratégia para facilitar a vigilância e o planejamento de ações de curto, médio e longo prazo, considerando aspectos socioeconômicos e epidemiológicos. O reconhecimento dessas microáreas de risco será fundamental para priorizar intervenções e adaptar as ações às reais necessidades da comunidade, especialmente em áreas mais vulneráveis devido à pobreza, violência e falta de infraestrutura (BELO HORIZONTE, 2012). Para tanto, serão realizadas visitas e comunicações ativas entre os coordenadores do projeto, a equipe da UBS, instituições parceiras e locais de educação e cultura. Esses encontros terão como objetivo discutir estratégias para fortalecer a integração entre a comunidade e os ambientes de cuidado, além de selecionar famílias para visitas domiciliares e consultas médicas subsequentes. No campo clínico, a avaliação diagnóstica das famílias será realizada por meio de visitas domiciliares e entrevistas semiestruturadas com moradores e profissionais de saúde, com apoio de um médico (especialista ou generalista). Serão aplicados questionários validados para avaliar as condições de saúde, acesso a serviços médicos, prevalência de doenças e fatores socioeconômicos. A coleta de dados será conduzida por uma equipe multidisciplinar composta por estudantes de medicina e profissionais de saúde, e os dados coletados serão armazenados em uma plataforma digital para facilitar a análise quantitativa e qualitativa. Todo o processo seguirá os princípios éticos da prática médica, garantindo o sigilo das informações, que serão acessadas apenas para fins clínicos. Reuniões mensais entre a equipe de campo e o coordenador do projeto discutirão os avanços, desafios enfrentados e soluções propostas. A metodologia incluirá relatórios parciais, registros fotográficos e a discussão de metas futuras, com encontros presenciais ou virtuais conforme as circunstâncias logísticas e a disponibilidade dos membros. Paralelamente, serão iniciadas as ações de (3) intervenções em cuidado. Essa fase incluirá ações de conscientização da comunidade, capacitação dos estudantes e profissionais, e a realização de exames laboratoriais conforme as demandas clínicas. No âmbito da educação em saúde, serão realizadas oficinas comunitárias bimestrais sobre temas como promoção da saúde, prevenção de doenças e orientações sobre os serviços de saúde. Serão utilizados métodos participativos, como rodas de conversa e dinâmicas interativas, visando o engajamento da comunidade. Essas ações têm como objetivo ampliar a conscientização sobre cuidados preventivos e empoderar a comunidade como promotora da própria saúde. A capacitação dos estudantes e profissionais de saúde incluirá treinamentos práticos e teóricos em coleta de dados, técnicas de entrevista, diagnóstico clínico, exame físico e análise dos determinantes sociais da saúde, com sessões conduzidas por especialistas. Essa capacitação fortalecerá tanto as habilidades técnicas quanto as relações interpessoais dos participantes. Nas ações da terceira etapa direcionadas ao domínio clínico, serão realizadas consultas médicas nas residências dos beneficiários do projeto. O atendimento especializado será direcionado às condições de saúde prevalentes identificadas no diagnóstico. O médico e os estudantes farão a coleta de histórico clínico, exames físicos e, quando necessário, encaminhamentos para exames ou tratamentos especializados. Os registros das consultas serão digitalizados para monitoramento contínuo. Mensalmente, conforme a demanda, serão realizadas coletas de exames laboratoriais para a detecção de condições endêmicas e clínicas específicas. As amostras serão enviadas para laboratórios do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico - Vale (NUPED-Vale), e os resultados serão analisados para identificar a necessidade de intervenções clínicas. Todo o processo seguirá protocolos padronizados, garantindo a confiabilidade dos resultados e o consentimento adequado dos responsáveis pelos menores de 18 anos, conforme as diretrizes técnicas aplicáveis. Na quarta fase do projeto, referente ao (4) acompanhamento e análise das ações, será realizada uma avaliação abrangente dos dados coletados durante as atividades, com o objetivo de medir a efetividade das ações ao longo do período do projeto. A equipe de coordenação, junto aos colaboradores, analisará os resultados qualitativos e quantitativos, compilando-os em relatórios mensais e anuais. Esses relatórios incluirão recomendações para políticas públicas locais e futuras intervenções, que serão compartilhadas com as autoridades e instituições de saúde locais. Ao final das atividades, serão realizadas consultas com os colaboradores e estudantes participantes para coletar feedbacks e sugestões de melhorias, bem como soluções para questões locais identificadas durante a execução do projeto.
BELO HORIZONTE, Secretaria Municipal de Saúde. Gerência de Epidemiologia e Informação. Índice de Vulnerabilidade à Saúde. Belo Horizonte: Secretaria Municipal de Saúde; 2012. Disponível em: https://aps.bvs.br/aps/o-que-podemos-considerar-como-area-de-risco-em-uma-comuni-dade/ Acesso em: 01 jun. 2020. BRASIL, Senado Federal. Constituição da república federativa do Brasil: Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e ... [S. l.]: Senado Federal, 2015. BRASIL, Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde. [S. l.], 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/sus/sus. Acesso em: 5 out. 2024. CLAROS, Montes. PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA DIMINUIR A ALTA INCIDÊNCIA DE OBESIDADE EM ADULTOS NA ÀREA DE ABRANGÊNCIA DA EQUIPE DE SAÚDE SÃO JOÃO, DIAMANTINA – MINAS GERAIS. [s. l.], 2018. NASCIMENTO, Elaine Cordeiro do. Vale do Jequitinhonha: Entre a carência social e a riqueza cultural. Vale do Jequitinhonha: Entre a carência social e a riqueza cultural, [s. l.], v. 4, 2009. Disponível em: https://www.revistacontemporaneos.com.br/n4/pdf/jequiti.pdf. Acesso em: 15 out. 2024. PAIM, Jairnilson Silva; SILVA, Lígia Maria Vieira da. Universalidade, integralidade, equidade e SUS. Boletim do Instituto de Saúde - BIS, [s. l.], v. 12, n. 2, p. 109–114, 2010. PROCÓPIO, Laiane Claudia Rodrigues et al. A Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde: desafios e potencialidades. Saúde em Debate, [s. l.], v. 43, n. 121, p. 592–604, 2019. RAJÃO, Fabiana Lima; MARTINS, Mônica. Atenção Domiciliar no Brasil: estudo exploratório sobre a consolidação e uso de serviços no Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, [s. l.], v. 25, n. 5, p. 1863–1877, 2020. SOUZA, João Valdir Alves de. Fontes para uma reflexão sobre a história do Vale do Jequitinhonha. Revista Unimontes Científica, [s. l.], v. 5, n. 2, p. 106–120, 2003. SOUZA, Luana Michele de. Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado - 2016 a 2027. [s. l.], 2016. VIEGAS, Selma Maria Da Fonseca; PENNA, Cláudia Maria De Mattos. As dimensões da integralidade no cuidado em saúde no cotidiano da Estratégia Saúde da Família no Vale do Jequitinhonha, MG, Brasil. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, [s. l.], v. 19, n. 55, p. 1089–1100, 2015.
Os estudantes participantes do projeto de extensão Cultivando o Cuidado participarão de todas as frentes de atuação. Desde o início, os discentes participaram na escrita do projeto e no firmamento de parcerias, de modo a compreender as etapas e a relevância da extensão universitária. Nas duas primeiras etapas do projeto, os estudantes farão busca ativa de locais que necessitam de atendimentos especializados em saúde, agrupando as principais demandas em diálogo com a Secretaria de Saúde de Diamantina e as equipes multidisciplinares das Estratégias de Saúde da Família (ESF) de comunidades rurais do Alto Vale Jequitinhonha. Assim, desenvolverão habilidades de identificação de interpretação de dados socioeconômicos e epidemiológicos, melhorarão suas habilidades de diálogo com profissionais de saúde, docentes e técnicos administrativos da UFVJM e gestores públicos e terão a oportunidade de trabalhar em colaboração com equipes multidisciplinares das ESF, aprendendo a integrar diferentes especialidades. O projeto visa integrar os estudantes de Medicina e de outros cursos da área da saúde da UFVJM de modo a proporcioná-los uma experiência prática que complementa o conhecimento teórico adquirido em sala de aula. A formação do estudante será um fator chave que favorecerá sua participação ativa no projeto, já que as disciplinas clínicas e teóricas cursadas durante a graduação fornecerão a base necessária para entender e aplicar as metodologias do projeto. Na terceira etapa, das intervenções em cuidado, os estudantes atuarão nas visitas domiciliares, auxiliando o médico preceptor na coleta de históricos clínicos, realização de exames físicos e orientação sobre cuidados preventivos de saúde. Além disso, contribuirão nas oficinas comunitárias de educação em saúde, promovendo diálogos com a população sobre a importância da prevenção e dos cuidados básicos. Através da interação dialógica com as comunidades os estudantes aprimorarão suas técnicas de anamnese e exames físicos, aprenderão a comunicar informações de saúde de forma acessível à população e compreenderão a relevância de aspectos sociais e culturais locais durante a prática clínica. Ao formarmos uma equipe multidisciplinar, com estudantes de diferentes áreas da saúde, promovemos a integração de saberes e práticas, possibilitando uma abordagem mais ampla e completa do cuidado à saúde. A interdisciplinaridade do projeto permite que os estudantes aprendam a trabalhar de forma colaborativa para atender de maneira mais eficaz às necessidades complexas das comunidades atendidas. Para uma realização completa e bem sucedida desta terceira etapa descrita, os estudantes envolvidos serão capacitados para a coleta de dados em campo, diagnóstico clínico e técnicas de intervenção comunitária. Eles participarão de treinamentos específicos conduzidos por docentes e profissionais especializados, que abordarão aspectos práticos, como anamnese e exame físico, aplicação de questionários validados, análise de determinantes sociais da saúde e organização das intervenções nas comunidades. Sob a orientação do coordenador do projeto, a quarta etapa descrita na metodologia deste projeto, contará com a participação dos estudantes nas discussões sobre o andamento do projeto. O acompanhamento dos estudantes será realizado continuamente, com supervisão direta dos docentes membros do projeto. Reuniões periódicas mensais serão organizadas para avaliar o desempenho dos estudantes, discutir desafios e propor soluções. Os estudantes serão avaliados por meio de relatórios individuais, participação nas atividades práticas e envolvimento nas discussões de equipe. Além disso, o feedback qualitativo será obtido dos próprios estudantes e dos profissionais com quem atuarem, garantindo que o aprendizado seja reflexivo e integrador. Àqueles alunos que participam do projeto e estão matriculados no Internato de Pediatria serão avaliados também conforme o previsto no plano pedagógico. O projeto também utilizará indicadores quantitativos, como o número de consultas realizadas, número de visitas domiciliares, questionários aplicados e exames laboratoriais processados, para medir a contribuição e o impacto da participação dos estudantes no contexto da saúde das comunidades atendidas. Essa abordagem permitirá que os estudantes desenvolvam tanto habilidades técnicas quanto interpessoais, preparando-os para os desafios da atuação profissional e do exercício da cidadania. O projeto contribuirá, assim, para a formação de profissionais conscientes das necessidades da população e capacitados para trabalhar em contextos de vulnerabilidade social e desigualdade de acesso à saúde.
nao aplicável
Público-alvo
O público alvo direto do projeto de extensão "Cultivando o Cuidado" é composto pelas pessoas que serão atendidas através de consultas domiciliares, coleta de exames laboratoriais e ações de promoção à saúde e prevenção de agravos
As famílias dos beneficiários diretos também serão atendidas, especialmente no que diz respeito à promoção de saúde e prevenção de doenças. As ações do projeto visam fortalecer a saúde familiar, abordando questões como nutrição, higiene e prevenção de doenças.
Os atendimentos em saúde serão realizados em conjunto com discentes de graduação de medicina vinculados ao projeto, os quais desenvolverão habilidades clínicas e sociais, imprescindíveis para a atuação profissional futura.
Os profissionais de saúde que atuam na ESF terão a oportunidade de colaborar com o projeto, adquirindo novas perspectivas e abordagens no atendimento à saúde da população, promovendo uma troca de saberes entre os profissionais da universidade e da comunidade.
Os profissionais envolvidos na proposta (médicos, docentes, discentes da pós-graduação e servidores técnicos administrativos) terão sua visão sobre as comunidades rurais do Vale do Jequitinhonha enriquecida, tendo oportunidade de contato com realidades diferentes daquelas do centro de saúde e outros locais em que trabalham.
Embora não sejam diretamente atendidos, outros membros da comunidade se beneficiarão das ações do projeto, já que o fortalecimento da saúde infantil e familiar pode levar a melhorias gerais nas condições de saúde da população.
Municípios Atendidos
Diamantina
Alvorada De Minas
Angelândia
Aricanduva
Capelinha
Carbonita
Coluna
Couto De Magalhães De Minas
Datas
Felício Dos Santos
Gouveia
Itamarandiba
Leme Do Prado
Minas Novas
Presidente Kubitschek
Rio Vermelho
São Gonçalo Do Rio Preto
Senador Modestino Gonçalves
Serra Azul De Minas
Serro
Turmalina
Veredinha
Parcerias
A parceria com a Secretaria de Saúde - Prefeitura de Diamantina se dará através do suporte para a realização das consultas nas comunidades. Dessa forma, conforme a disponibilidade apresentada pela Prefeitura, a parceira disponibilizará transporte para os acadêmicos, docentes e técnicos administrativos da UFVJM para o deslocamento até as comunidades. Além disso, a Secretaria de Saúde auxiliará a vinculação do projeto com Estratégias de Saúde da Família de comunidades assistidas.
A parceria com a ESF de São João da Chapada se dará no rastreio e marcação de consultas e exames laboratoriais. Assim como outras ESF, que ao longo do tempo se tornarão parceiras do projeto, a Unidade Básica de Saúde de São João da Chapada, através de sua equipe multidisciplinar auxiliará na identificação de demandas das comunidades, indicação de pacientes e marcação das consultas e exames laboratoriais, auxílio na territorialização e acompanhamento durante as visitas domiciliares.
A parceria com o Núcleo de Ações e Pesquisa e Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina (NUPED-Vale) se dará através da coleta e análise de exames laboratoriais. Nesse sentido, membros do NUPED-VALE, acompanharão, de forma periódica, as visitas domiciliares e consultas realizadas nas comunidades assistidas pelo projeto. Nestas oportunidades, haverá coleta de materiais dos pacientes para realização de análises laboratoriais nas dependências da UFVJM
O PPGCS desenvolverá pesquisas relacionadas ao acesso à saúde e dados clínicos de comunidades rurais atendidas por este projeto e disponibilizará profissionais para atuação nas ações de extensão voltadas à assistência, prevenção de agravos e promoção à saúde.
Cronograma de Atividades
Na primeira etapa do projeto, será realizado um mapeamento das comunidades rurais do Alto Vale do Jequitinhonha em parceria com as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e a Secretaria Municipal de Saúde de Diamantina. Durante essa fase, ocorrerá uma busca ativa de locais com maior necessidade de atendimentos especializados em saúde.
Levantamento sistemático das condições de saúde através de questionários e entrevistas estruturadas, aplicadas a moradores e profissionais de saúde da comunidade. Este levantamento permitirá identificar as principais necessidades, doenças prevalentes e fatores determinantes que impactam a saúde, criando uma base de dados que orientará as intervenções.
Reuniões periódicas entre a equipe do projeto e o coordenador, com o objetivo de discutir o progresso das atividades, compartilhar experiências, identificar desafios enfrentados e planejar ações corretivas. Essas reuniões também servirão para alinhar as expectativas e garantir que todos os membros da equipe estejam engajados e informados sobre as metas e diretrizes do projeto
Realização de oficinas e encontros com a comunidade para discutir a importância do cuidado integral à saúde, promovendo a conscientização sobre os serviços disponíveis e incentivando a participação da população nas ações do projeto.
Oferecimento de treinamentos e capacitações aos estudantes de medicina e profissionais de saúde, visando aprimorar suas habilidades práticas e teóricas relacionadas ao atendimento em saúde e às necessidades da população local.
Realização de consultas médicas quinzenais nas residências dos beneficiários diretos, oferecendo atendimento especializado, diagnóstico e encaminhamentos necessários.
Coleta de amostras para exames laboratoriais mensalmente, visando diagnosticar e monitorar condições de saúde das crianças e adolescentes atendidos, além de fornecer informações para intervenções futuras.
Compilação de dados e resultados obtidos durante o projeto, elaboração de um relatório final que incluirá recomendações para futuras intervenções e políticas públicas, com base nas informações coletadas.