O Projeto de Extensão "FAMED de Portas Abertas" proporcionar a crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha uma experiência imersiva em atividades de ensino-pesquisa-extensão desenvolvidas no Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Medicina do Campus JK e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Ademais, o projeto busca fortalecer a interação dialógica entre a UFVJM e as escolas parceiras oferecendo, em meio à comunidade, atividades educacionais e de saúde.

Acesso ao ensino superior, inclusão social, popularização da ciência, divulgação científica.

O Projeto de Extensão FAMED de Portas Abertas busca proporcionar a crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha uma experiência imersiva em atividades de ensino-pesquisa-extensão desenvolvidas no Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Medicina do Campus JK – FAMED e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. A UFVJM, fundada como universidade em 2005 a partir da Faculdade de Odontologia de Diamantina (1953), tem como missão a interiorização do ensino superior, o desenvolvimento econômico e sociocultural e a redução das desigualdades nos Vales. Hoje, é a única Instituição Federal de Ensino com campi nas quatro mesorregiões do norte de Minas Gerais, oferecendo mais de 80 cursos e atendendo mais de 10 mil estudantes de graduação e 1500 de pós-graduação (UFVJM, 2024). Entre seus avanços, destacam-se as políticas de ações afirmativas para garantir o acesso ao ensino superior a grupos historicamente excluídos (SAVI, 2022). No entanto, grande parte da população local ainda desconhece suas ofertas, refletindo um cenário nacional no qual quase 40% dos brasileiros não sabem a função de uma universidade pública (CAFARDO, 2021). Para enfrentar esse desafio, diversos setores da UFVJM têm estabelecido parcerias e interações com a comunidade externa. Um exemplo é o "Projeto Cais", iniciado em 2020, durante a pandemia de COVID-19, por estudantes de Medicina que, sensibilizados pela precariedade de vida da população, iniciaram uma série de visitas a comunidades rurais do entorno da cidade de Diamantina, estabelecendo interações dialógicas com a população que fomentaram, num primeiro momento, ações de combate à insegurança alimentar. A partir destes vínculos comunitários, consolidaram-se em um projeto que visa apoiar famílias em vulnerabilidade no Vale do Jequitinhonha, desenvolvendo junto à UFVJM diversas ações extensionistas. Docentes e técnicos de diferentes áreas também se uniram, expandindo as ações de extensão. A partir das interações nas comunidades, surgiu o desejo de aproximá-las da universidade, estimulando a população rural a ver a UFVJM como um espaço acessível. Em 2022, ocorreu o primeiro evento "FAMED de Portas Abertas", no qual 70 discentes, docentes e técnicos apresentaram o cotidiano da FAMED a 75 crianças e adolescentes de escolas públicas de Diamantina e seus distritos. O evento mostrou-se transformador tanto para o público, que passou a ver a universidade de forma mais próxima, quanto para a equipe, que vivenciou uma rica troca interdisciplinar e interprofissional. O sucesso do evento fomentou sua continuidade em 2023 e 2024, sendo que neste ano houve aprovação no edital Pibex 2024 e agora pleiteia-se novamente a aprovação no edital Pibex 2025. A previsão é que o público-alvo continue sendo composto por estudantes de escolas públicas da cidade e dos distritos de Diamantina e municípios vizinhos e que a metodologia inclua visitas prévias a estas instituições de ensino, seleção e capacitação da comissão organizadora, planejamento semanal do evento, realização do evento no campus JK em um sábado (manhã e tarde), análise, discussão e divulgação dos resultados obtidos. A previsão também é que seja criado um projeto de pesquisa para analisar contribuições da ação para a formação humana, acadêmica e profissional dos participantes. Em suma, o FAMED Portas Abertas pretende continuar oferecendo oportunidades de encontro e enriquecimento mútuo a diferentes setores das comunidades acadêmica e externa, num processo de construção coletiva, interdisciplinar e interprofissional, que favorece a formação humanizada de todos os envolvidos, articulando ensino-pesquisa-extensão com vistas a contribuir para a realização da missão universitária de universalização do acesso ao ensino superior.

O Projeto FAMED de Portas Abertas tem como objeto a formação de crianças e adolescentes com foco na divulgação de informações científicas, metodologias ativas de ensino e estratégias de acesso ao ensino superior, garantindo seu direito à educação pública de qualidade, bem como a difusão e divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos em espaços de ciência. Por essas razões, o projeto se insere na área temática 4 – Educação e nas linhas de extensão 27 - Infância e adolescência e 17 - Espaços de ciência. Fundamenta-se na compreensão crítica do percurso histórico da educação superior brasileira e na defesa pela universalização de seu acesso. Inicialmente elitistas e focadas apenas no ensino, as primeiras universidades surgiram como agregações de faculdades existentes. A Reforma Universitária de 1968 e a Constituição de 1988 transformaram essas instituições ao introduzir sistemas departamentais, pós-graduação e a integração entre ensino, pesquisa e extensão (PAULA, 2009). Em 2007, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) impulsionou a expansão do acesso, ampliando vagas, cursos e melhorando a infraestrutura (PAULA; ALMEIDA, 2020). Herdeira de todo esse processo, a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri fundada em 2005 foi responsável por possibilitar a inserção e prosseguimento de formações acadêmicas de jovens inseridos nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. A instituição se destaca como importante desenvolvedora econômica e sociocultural dessa região que ainda sofre o estigma de ser intitulada como "Vale da Miséria", apelido incorporado ao Vale do Jequitinhonha na década de 1970 como forma de adjetivar uma das regiões mais empobrecidas no Brasil (ZHOURI, 2005). Para a superação das desigualdades e vulnerabilidades que ainda marcam a região, as ações educativas se mostram imprescindíveis. Em comparação com os índices do estado de Minas Gerais, Diamantina, cidade polo do Vale e sede da UFVJM, apresenta percentuais mais elevados de reprovação e abandono escolar em escolas estaduais nos anos finais do ensino fundamental (ALMEIDA, 2018). Várias escolas presentes em comunidades da região não possuem o ensino médio, sendo necessário o deslocamento dos estudantes para outras regiões, após o término do 9º ano do ensino fundamental. É o caso dos distritos de Sopa e Maria Nunes, nas quais os alunos devem continuar seus estudos em escolas respectivamente de Diamantina e Inhaí (outro distrito da cidade). Tal fato apresenta-se como um dificultador da permanência escolar, tendo-se altos índices de evasão nestas localidades devido às próprias vulnerabilidades sociais, e a distância de suas residências até a nova escola. Por conseguinte, apenas uma pequena parcela dos estudantes de escolas públicas de Diamantina e região consegue ingressar na UFVJM, o que ressalta a importância de ações como o "FAMED de Portas Abertas". Diferente de outras iniciativas, este projeto permite que alunos do ensino fundamental e médio do Alto Vale do Jequitinhonha vivenciem um dia como discentes de Medicina, participando de aulas práticas, visitas a laboratórios e atividades culturais, incentivando a continuidade nos estudos e o ingresso no ensino superior. Destaca-se que o curso de Medicina da FAMED foi fundado em 2014 como resultado da Política Nacional de Expansão das Escolas Médicas das Instituições Federais de Educação Superior (IFES). Desde sua fundação, mais de 240 médicos com potencial atuação no Vale do Jequitinhonha foram formados, e cerca de 360 estudantes fazem parte de seu corpo discente. O curso de graduação mostra seus ótimos resultados, apresentando pontuação máxima no último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE, possuindo o 3º melhor conceito dentre os cursos de Medicina participantes do exame no Brasil. Já o PPGCS foi aprovado pela Capes em junho de 2020. O programa objetiva formar profissionais de saúde, em nível de mestrado e doutorado, críticos e éticos, dotados de sólida base científica e humanística e comprometidos com intervenções transformadoras da sociedade; com competências e habilidades para a docência na graduação e pós-graduação, para a extensão, para o planejamento, implementação e divulgação de pesquisas de relevância, além de atuar no desenvolvimento tecnológico e de inovações nas Ciências da Saúde. Articulando em sua equipe de discentes, docentes e técnicos da FAMED e PPGCS, o Projeto FAMED de Portas Abertas vem promovendo as diretrizes da interdisciplinaridade e interprofissionalidade desde sua primeira edição, bem como permitindo trocas dialógicas da equipe executora com as crianças, adolescentes e os professores que as acompanham, num processo de intenso intercâmbio de conhecimento que incrementa a formação humana, acadêmica e profissional de todos. Como resultados já alcançados nos anos de 2022, 2023 e 2024, destaca-se que as visitas às escolas ocorreram como o primeiro contato entre os estudantes da UFVJM e os adolescentes participantes do projeto. Com o objetivo de iniciar um ambiente de estudo e estreitar a convivência entre eles, foram realizadas oficinas educacionais, com temáticas sugeridas pelos próprios professores locais, como educação sexual, educação em saúde e vestibular. Além de conhecer as instituições de ensino, esses primeiros contatos permitiram aos discentes compreender as realidades identitárias e sociais do público alvo. Durante a realização dos eventos, questionários foram aplicados para os estudantes das escolas participantes do projeto de extensão. Os dados confirmam o desconhecimento da comunidade sobre a Universidade. Enquanto 89,6% (i.e. 121 pessoas) dos estudantes das escolas participantes afirmaram saber da existência da UFVJM, apenas 33% (i.e. 46 pessoas) já tinham visitado algum dos campi. Na primeira edição do evento na UFVJM, perguntamos sobre os custos para se estudar na UFVJM através de alternativas, as quais os adolescentes deveriam julgar em verdadeiras ou falsas. Como resultado, 32,4% dos estudantes marcaram como certa a alternativa "para estudar na UFVJM é necessário realizar pagamento de mensalidade de acordo com a sua renda”. Por outro lado, 45,6% marcaram como errada a alternativa "estudantes da UFVJM podem viver na Moradia Estudantil sem pagar nada, tendo acesso à internet, água e energia”. Já na segunda edição do evento, em 2023, tivemos perguntas focadas no ingresso à UFVJM. Dos 67 estudantes participantes que responderam ao questionário, 62,7% (i.e. 42 pessoas) afirmaram não saber quais os meios para o ingresso à Universidade. Dos 37,3% (i.e. 25 pessoas) que afirmaram saber, 60% (i.e. 15 pessoas) responderam com as palavras-chave ENEM ou SASI à pergunta discursiva: “Quais os meios para se entrar na UFVJM?”. Nesta mesma edição, fornecemos também um questionário ao final do encontro, para fins de comparação. Assim, enquanto antes do início do evento 74,6% (i.e. 50 pessoas) dos estudantes responderam que têm vontade de estudar na UFVJM, ao realizar a mesma pergunta ao final das atividades, dos 58 estudantes que aceitaram responder, 94,8% (i.e. 55 pessoas) revelaram ter vontade de estudar na Universidade. Tais dados foram apresentados no II Congresso de Ciências da Saúde da UFVJM, com o trabalho intitulado "Projeto de Extensão FAMED de Portas Abertas: a Perspectiva de Alunos de Escolas Públicas de Diamantina Acerca do Ensino Superior e da UFVJM" que foi premiado como melhor resumo expandido da graduação no evento. Os dados do evento de 2024, realizado em setembro, ainda estão sendo processados, mas pelas impressões colhidas no dia de sua realização, pode-se afirmar que os resultados positivos devem ser mantidos. Ressaltamos ainda a indissociabilidade do eixo ensino-pesquisa-extensão deste projeto. A extensão se dá dentro das escolas e no próprio campus da UFVJM, locais onde ocorrerão as trocas de saberes e experiências, inserindo os discentes da UFVJM nas comunidades e abrindo as portas da universidade para elas. Para a consolidação do projeto, e das demais ações que se articulam ao projeto Cais, foi proposto em 2024 o Programa de Extensão Um Novo Cais, registrado no Siexc. Ademais, as próprias atividades ministradas nas escolas e na universidade destacam o eixo do ensino, no qual discentes e docentes da UFVJM ministrarão atividades de conteúdos programáticos dos projetos pedagógicos do curso de Medicina e da Pós-Graduação em Ciências da Saúde para as crianças e adolescentes das escolas. Por fim, um projeto de pesquisa está sendo gestado para que instrumentos validados possam ser aplicados aos participantes de modo a colher suas percepções sobre contribuições do projeto para sua formação. É notável que a experiência proporcionada pelo projeto ao longo de suas 3 edições trouxe aos envolvidos a vontade de pertencer a uma universidade, ao aproximar os adolescentes da realidade universitária de uma instituição local. Portanto, entendemos que o "FAMED de Portas Abertas" vem contribuindo para a promoção da igualdade de oportunidades educacionais e fortalecimento dos laços entre a universidade e as comunidades locais. Ao pleitear sua aprovação no edital Pibex 2025, buscamos, através de pequenas mudanças na metodologia, ampliar o alcance e otimizar o projeto de extensão.

Objetivo Geral Proporcionar a crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha uma experiência imersiva em atividades de ensino-pesquisa-extensão desenvolvidas no Curso de Graduação em Medicina da Faculdade de Medicina do Campus JK e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Objetivos Específicos - Incentivar a entrada e permanência de estudantes provenientes de escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha no ensino superior. - Possibilitar o contato dos de estudantes provenientes de escolas públicas de Diamantina com a pesquisa científica desenvolvida no âmbito do PPGCS; - Contribuir na mitigação da evasão e reprovação nas escolas diamantinenses participantes do projeto; - Apresentar aos professores das escolas públicas o espaço e o funcionamento da Universidade para que estes repassem o conhecimento para seus alunos. - Estreitar a relação da UFVJM com escolas públicas da região do Alto Vale do Jequitinhonha, realizando visitas prévias às instituições de ensino para entender suas realidades, desafios e potencialidades, e assim desenvolver ações extensionistas que respondam às necessidades locais. - Articular ações que integrem conhecimentos e práticas de diferentes áreas da saúde, educação e ciências sociais nas atividades desenvolvidas, incentivando a troca de saberes entre estudantes da medicina e participantes do projeto, ampliando a formação humanizada de todos os envolvidos. - Fortalecer o vínculo entre os acadêmicos do curso de Medicina e do PPGCS, integrando a graduação e a pós-graduação na UFVJM. - Promover a colaboração entre docentes, discentes e técnicos administrativos da FAMED e do PPGCS na elaboração e realização de oficinas, aulas práticas e visitas a laboratórios, visando fortalecer o trabalho em equipe e a troca de experiências entre diferentes áreas do conhecimento. - Integrar os alunos das diferentes escolas do município de Diamantina participantes da extensão, de modo a fomentar trocas de experiências e saberes. - Planejar e implementar as atividades do projeto de forma a garantir a compatibilidade com a infraestrutura existente na UFVJM, organizando o evento "FAMED de Portas Abertas" em um sábado, otimizando recursos humanos e materiais, e prevendo a análise e divulgação dos resultados obtidos.

Previsão de Impacto Direto - Ampliação do acesso a informações científicas, metodologias ativas de ensino e estratégias de ingresso no ensino superior por parte estudantes e professores da educação básica pública de Diamantina e região. - Fortalecimento do desejo de finalizar a educação básica e ingressar no ensino superior, por parte dos estudantes da educação básica participantes. - Desenvolvimento de habilidades pelos discentes de graduação e pós-graduação da FAMED no âmbito de produção de eventos e trabalho em equipe; - Integração de docentes, técnicos administrativos e discentes participantes da comissão organizadora; - Integração entre os alunos de uma mesma escola ou de escolas diferentes através de dinâmicas esportivas e apresentações culturais. - Aumento do conhecimento popular sobre os espaços físicos, atividades desenvolvidas e formas de ingresso na FAMED UFVJM graças à divulgação do evento nas redes sociais. - Ofertar atividades educacionais e práticas em saúde para alunos de educação básica de Diamantina nas escolas e no Campus da UFVJM. - Realização de material didático, em formato de apostila, com o conteúdo prático e teórico apresentados no Campus da UFVJM aos estudantes da educação básica Previsão de Impacto Indireto - Ampliação das discussões sobre a importância e repercussão da UFVJM no espaço em que ocupa. - Experimentação de modelos de gestão de equipes para os participantes do projeto, incluindo-se técnicos e docentes; - Estímulo a reflexões sociais, por parte dos discentes da FAMED, a partir da observação e exploração dos problemas presenciados na realidade das escolas. - Geração de vínculos e memórias afetivas para estudantes da educação básica participantes. - Ampliação das relações de estima entre discentes do curso de Medicina da FAMED e do PPGCS UFVJM, docentes e técnicos administrativos que participarão das ações. - Apresentação da Universidade para outros alunos das escolas através dos professores participantes da ação. Indicadores - Participação na comissão realizadora de, pelo menos, 40 (quarenta) integrantes dos quatro setores: graduandos, pós-graduandos, docentes e técnicos da UFVM; - Visitação e realização de atividades pelos membros do projeto de no mínimo 04 (quatro) escolas de Diamantina e região. - Visitação ao Campus JK de no mínimo 30 (trinta) e no máximo 200 (duzentas) crianças/adolescentes frequentadores de pelo menos 04 (quatro) escolas públicas de Diamantina/MG; - Realização de no mínimo 05 (cinco) atividades práticas de demonstrações científicas, com metodologias ativas e de imersão da Medicina, desenvolvida para as crianças/adolescentes participantes da ação por discentes, docentes e técnicos administrativos da FAMED e PPGCS; - Avaliação das atividades e eficiência do projeto a partir de reuniões mensais da comissão organizadora, análise de dados e feedbacks.

O projeto de extensão FAMED de Portas Abertas se desenvolverá em dois ciclos semestrais, com alunos de no mínimo, quatro escolas do Alto Vale do Jequitinhonha convidadas. Dentro desse contexto, cada ciclo, que contará com no mínimo duas escolas, irá se desenvolver em quatro etapas: (1) visita as escolas e reconhecimento de seus territórios, (2) plenajamento para a visita ao Campus JK (3) visita ao Campus JK e (4) discussão e divulgação de resultados; A metodologia do projeto inicia-se com (1) visitas às escolas parceiras deste projeto de extensão em comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, com o objetivo de mapear as realidades locais e identificar as demandas específicas da população. Nosso objetivo é promover transformações sociais significativas nas comunidades atendidas. A interação dialógica entre os discentes da UFVJM e os alunos das escolas da região contribuirá para a formação de um vínculo de confiança e empatia, essencial para a compreensão das desigualdades sociais e educacionais de nosso território. Os estudantes da graduação em Medicina participam ativamente desse processo, realizando diálogos com educadores e líderes comunitários para compreender as principais necessidades de saúde, educação e bem-estar. Durante essas visitas, os discentes têm a oportunidade de compreender aspectos econômicos, sociais e culturais, sendo possível a coleta de informações sobre os determinantes sociais que impactam a saúde da população local, como acesso à educação, condições de moradia e oferta de serviços de saúde. Essa fase é crucial para garantir que as ações subsequentes do projeto sejam relevantes e alinhadas às necessidades da comunidade. Além disso, são realizadas oficinas com metodologias ativas e dinâmicas de grupo com os estudantes do ensino fundamental e médio, abordando temas relevantes e demandas relatadas pela própria escola, como saúde mental, educação em saúde, prevenção de doenças e vestibulares, tornando a interdisciplinaridade um ponto relevante neste projeto. Essas atividades não apenas proporcionam um espaço para o diálogo e a troca de saberes entre os discentes da UFVJM e a comunidade escolar, mas também permitem que os estudantes universitários compreendam as realidades e os desafios enfrentados por essas populações, fortalecendo a conexão entre a universidade e a comunidade. As informações coletadas durante essas visitas servirão como base para o planejamento das atividades que ocorrerão na visita ao Campus JK, garantindo que as ações sejam adequadas e pertinentes às necessidades locais. No segundo momento, com base nas informações coletadas nas visitas às escolas e comunidades, os estudantes universitários se envolvem no (2) planejamento da visita ds estudantes matriculados nestas localidades ao Campus JK. Essa etapa inclui a organização de reuniões quinzenais onde são discutidas as atividades a serem desenvolvidas, a definição do cronograma e a atribuição de responsabilidades a cada membro da equipe. Os estudantes colaboram na elaboração de materiais didáticos, como apostilas que acompanharão os alunos visitantes durante a experiência no campus, assegurando que o conteúdo seja acessível e atrativo. Além disso, questões logísticas, como transporte e infraestrutura, são cuidadosamente planejadas para garantir uma experiência fluida e enriquecedora para todos os envolvidos. Nesta etapa cada escola convidada selecionará entre 15 e 20 alunos para participação na visita ao Campus JK. Tais estudantes podem estar matriculados do 8º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, a depender da disponibilidade da própria escola. Os métodos de seleção destes estudantes serão determinados pela direção da escola, podendo ser feito sorteio, ranking de comportamento ou notas. Por fim, em colaboração com a escola, os responsáveis de todos os alunos participantes deverão assinar uma autorização para o deslocamento até a UFVJM e um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) para uso de imagem. Caso a equipe da comissão organizadora do projeto ainda seja insuficiente, nesta etapa também acontecerá um processo seletivo para que novos discentes da UFVJM possam participar da organização. Por conseguinte, em uma data agendada os alunos das escolas, acompanhados por seus professores e pelos discentes da UFVJM, (3) chegam ao Campus JK para participar de uma série de atividades práticas e uma imersão no curso de Medicina e da Pós Graduação em Ciências da Saúde. Durante a visita, os estudantes universitários, juntamente com docentes e técnicos administrativos da UFVJM, assumem papéis ativos, conduzindo atividades relacionadas à anatomia, histologia, semiologia e primeiros socorros nos Laboratórios de Habilidades Clínicas, de Simulação, Morfofuncional I e Biotério. O envolvimento direto dos discentes na condução das atividades propicia um aprendizado significativo, permitindo que a teoria se conecte à prática. Além disso, os estudantes universitários oferecem suporte e orientação aos visitantes, promovendo um ambiente acolhedor e estimulante. O dia culmina com a aplicação de questionários, tanto no início quanto no final da visita, para avaliar as percepções dos alunos sobre a universidade e a experiência vivida. Uma destas atividades é desenvolvida pelo projeto de extensão Jornadas de Mentoria entre Pares, que ofertará conhecimentos acerca do ingresso na Universidade por estes alunos visitantes. A Atlética do curso de Medicina ficará responsável por uma apresentação cultural com música e outras dinâmicas. A participação dos estudantes será acompanhada por meio de observações e feedbacks dos professores e coordenadores do projeto, que avaliarão a eficácia das abordagens e a interação dos estudantes com os visitantes Para fins de pesquisa, ao chegarem no Campus JK, os estudantes das escolas responderão a um questionário sobre a percepção acerca da UFVJM, sobre dados socioeconômicos e perspectivas profissionais no futuro. Ao final do dia, um novo questionário será aplicado para compreendermos a avaliação do projeto e uma mudança na perspectiva dos estudantes. As (4) discussões sobre os feedbacks e sugestões dos alunos visitantes serão fundamentais para a avaliação do impacto do projeto. O acompanhamento da eficácia das ações será feito por meio de relatórios que sintetizarão os resultados obtidos e as recomendações para futuras edições do projeto. O projeto respeitará todas as diretrizes éticas, garantindo a privacidade e o consentimento dos participantes. O compromisso com a ética e o respeito à diversidade serão fundamentais em todas as etapas do projeto, assegurando que as ações promovam um ambiente inclusivo e acolhedor para todos os envolvidos. No segundo semestre, um novo ciclo se completa com, no mínimo, duas escolas diferentes do primeiro ciclo. Essa metodologia não só incentiva a interação entre a comunidade universitária e a externa, mas também garante que a proposta seja viável logisticamente, tecnicamente e operacionalmente, em conformidade com a infraestrutura da UFVJM e dos parceiros do projeto.

ALMEIDA, Marcilene Maria. O desafio de reduzir a reprovação na Escola Estadual Dona Zaíde em Diamantina–Minas Gerais. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora. Juiz de Fora, 2018. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2016. CAFARDO, R. Quase 40% dos brasileiros não sabem o que faz a universidade pública, aponta estudo. O Estado de São Paulo, São Paulo, nov 2021. Disponível em https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,quase-40-dos-brasileiros-nao-sabem-o-que-faz-a-universidade-publica-aponta-estudo,70003909021?utm_source=estadao:app&utm_medium=noticia:compartilhamento. DURHAM, Eunice R. As universidades públicas e a pesquisa no Brasil. São Paulo: NUPES, 1998. (Texto do Núcleo de Pesquisas sobre Ensino Superior e Centro Brasileiro de Análise e Planejamento apresentado na reunião da Academia Brasileira de Ciências e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). FERNANDES, Marcelo Costa et al. Universidade e a extensão universitária: a visão dos moradores das comunidades circunvizinhas. Educação em Revista, v. 28, p. 169-194, 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE]. Censo Demográfico 2022 - população e domicílios: primeiros resultados. Rio de Janeiro: Autor, 2023. OLIVEIRA, R; ZHOURI, A. Paisagens Industriais e Desterritorialização de Populações Locais: conflitos socioambientais em projetos hidrelétricos. Teoria & Sociedade, v. 12, n. 2, p. 10-28, 2005. PAULA, C. H.; ALMEIDA, F. M. O programa Reuni e o desempenho das Ifes brasileiras. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 28, n. 109, p. 1054–1075, 2020. PAULA, M. DE F. A formação universitária no Brasil: concepções e influências. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior, v. 14, n. 1, p. 71–84, 2009. SAVI, Claudinéia Lucion; DE LOURDES BERNARTT, Maria; DE MELLO, Nilvania Aparecida. Cotas raciais na Universidade: estudo de caso sobre o acesso à Educação Superior em uma Instituição Federal. Práxis Educativa, v. 17, p. 1-20, 2022. SCOTT, Juliano Beck et al. O conceito de vulnerabilidade social no âmbito da psicologia no Brasil: uma revisão sistemática da literatura. Psicologia em Revista, v. 24, n. 2, p. 600-615, 2018. UFVJM: 70 anos de tradição em ensino e 18 anos de Universidade. Portal UFVJM, Diamantina, 2024. Disponível em: https://portal.ufvjm.edu.br/a-universidade. Acesso em: 15 de outubro de 2024. VIVEIRO, Alessandra Aparecida.; DINIZ, Renato Eugênio da Silva. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar. Ciência em Tela, v. 2, n. 1, 2009. ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre, RS.: Editora Artes Médicas, 1998.

O projeto “FAMED de Portas Abertas” é uma iniciativa que favorece a formação integral dos estudantes da graduação em Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da UFVJM, permitindo que sua participação seja uma experiência enriquecedora tanto para os alunos quanto para a comunidade atendida. Nesse sentido, os estudantes universitários são protagonistas em todas as etapas previstas na metodologia do projeto: perpassando-se pelo planejamento, execução e avaliação do projeto. Inicialmente, é importante ressaltar a importância da formação acadêmica do estudante para a realização das ações, pois os conhecimentos teóricos sobre anatomia, semiologia e saúde mental, os capacita para atuar nas atividades do projeto. Além disso, a vivência prática em laboratórios de habilidades clínicas durante a execução do FAMED de Portas Abertas também proporciona uma experiência de aprendizado significativa, preparando-os para futuras atuações profissionais. Os estudantes universitários visitarão as escolas vinculadas ao projeto de extensão e participarão de todas as atividades de reconhecimento de território e de educação em saúde. Nesse sentido, as visitas proporcionam um espaço para o diálogo entre os estudantes e a comunidade, permitindo uma troca de saberes enriquecedora para ambos os lados. Ao conhecer as realidades das comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, os discentes são sensibilizados para as desigualdades sociais e os desafios enfrentados por essas populações. Por conseguinte, de acordo com as demandas da própria escola, garantindo-se o impacto e a relevância da proposta, os estudantes promoverão atividades de educação em saúde, levando-se em conta a interdisciplinaridade, de modo a fortalecer vínculos entre a comunidade escolar e a universidade e fomentar a formação integral dos alunos do ensino fundamental e médio. Já na etapa da visita ao Campus JK pelos alunos escolares, os estudantes participarão de todas as etapas: planejamento, execução e avaliação. Nesse sentido, a participação ativa no planejamento da ação não apenas enriquece o processo, mas também oferece aos estudantes universitários uma experiência prática de gestão e coordenação, desenvolvendo habilidades essenciais para sua formação acadêmica e profissional, de modo interdisciplinar. Nesta etapa, os estudantes participam da criação de um cronograma detalhado que abrange todas as etapas da visita, incluindo horários, atividades programadas e responsabilidades de cada membro da equipe. Ademais, é de responsabilidade dos estudantes a confecção de apostilas e materiais de apoio que serão utilizados pelos alunos visitantes durante a experiência no campus, assegurando que os conteúdos sejam didáticos e atrativos. Os estudantes universitários também são inseridos nas questões logísticas relacionadas à visita, garantindo que todos os aspectos operacionais estejam bem organizados, incluindo o transporte e a preparação do espaço. Durante a visita, são variadas as funções desempenhadas e as habilidades adquiridas pelos discentes membros da comissão organizadora. Os estudantes da UFVJM assumem papéis ativos na condução de atividades práticas nos laboratórios e salas de aula. Essa imersão permite que eles coloquem em prática as metodologias discutidas durante o planejamento e contribuem para a formação dos alunos do ensino fundamental e médio. Ademais, durante o dia da visita, os estudantes universitários oferecem orientação e suporte aos visitantes, assegurando que todos se sintam confortáveis e participativos nas atividades. Após o término da visita ao Campus JK, os estudantes participam da coleta e análise dos dados dos questionários que serão aplicados aos alunos visitantes, ajudando a entender suas percepções sobre a experiência na UFVJM. Além disso, colaboram nas discussões sobre os resultados e as sugestões dos alunos, utilizando essa informação para aprimorar o planejamento das próximas visitas. Durante todo o desenvolvimento do projeto, os estudantes serão capacitados nas metodologias do projeto por meio de reuniões de planejamento e de capacitações práticas e teóricas. Nesse sentido, sob a orientação do Coordenador do projeto, os estudantes participação de reuniões mensais, onde discutirão as atividades e abordagens a serem adotadas. Essa colaboração permite que eles desenvolvam uma compreensão profunda do processo de extensão universitária. Além disso, capacitações serão fornecidas aos estudantes que visitarão as escolas e/ou participarão da visita ao Campus JK, de modo a ofertarem as atividades propostas neste projeto com êxito e compreendendo as demandas de cada região abordada. Tais atividades oferecidas por docentes e técnicos-administrativos da UFVJM, fortalecerão o vínculo entre os profissionais e estudantes da Universidade.

Diamantina é uma cidade com população de 47.924 pessoas, segundo dados do IBGE (2021). Segundo o último censo (2010), 38,4% dessa população tem rendimento nominal mensal per capita de até ½ salário mínimo. Nesse sentido, este trabalho pretende investigar qual a relação das crianças e jovens matriculados em algumas escolas públicas do município com a UFVJM. Inicialmente, todas as atividades previstas para serem realizadas no projeto serão apresentadas aos funcionários das escolas convidadas e os alunos serão questionados sobre temas que gostariam de conhecer na Universidade. Por conseguinte, são muitos os saberes trazidos pela comunidade até os discentes, que terão a oportunidade de conhecer a realidade educacional, social e cultural das crianças de modo a fomentar o desenvolvimento pessoal dos discentes.