Visitante
BORDARTE – o bordado e suas linguagens: da ornamentação doméstica e utilitária à linguagem artística e póetica
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Procarte
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
maria neudes sousa de oliveira
2021102202118085
departamento de agronomia
Caracterização da Ação
linguística, letras e artes
cultura
cultura
artes integradas
regional
não é vinculado a nenhum programa.
Não
Membros
michely cristina dos passos santos
Voluntário(a)
melissa monteiro guimaraes
Vice-coordenador(a)
erika viviane costa vieira
Voluntário(a)
julia eduarda araujo
Bolsista
Artistas e coletivos vêm cada vez mais se apropriando do ato de bordar como manifestação artística, de modo que nos últimos anos a proximidade do bordado com as artes plásticas vem cada vez mais se estreitando. O grupo Bordarte usa da prática do bordado,
BORDADO E BEM ESTAR, ARTES INTEGRADAS, DÊ UMA CAMJA, GRUPO BORDARTE, BORDADO E LITERATURA/POESIA, BORDADO E MÚSICA
O bordado, que é a arte de decorar figuras utilizando fio e agulha, tem sua origem na pré-história. Desde a Grécia antiga, percebemos que o bordado é referenciado, inclusive em músicas, como na de Chico Buarque, no trecho: ... Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos Poder e força de Atenas Quando eles embarcam soldados Elas tecem longos BORDADOS Mil quarentenas... (Chico Buarque - Mulheres de Atenas) Uma arte perpetuada em muitas gerações, utilizada por muito tempo na ornamentação doméstica utilitarista, vem ganhando força nos últimos anos, sendo assimilada nos dias de hoje como produto sofisticado em tempos de modernidade, conferindo atualidade e imprimindo novos conceitos e significados à arte milenar praticada anonimamente pelas mulheres em sua vida diária e costumeira. Em Minas Gerais especialmente, movimenta a economia do estado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bordado está presente em 74% dos municípios brasileiros como fonte de renda, e Minas ocupa o terceiro lugar em número de bordadeiras. Para Morace (2009), o espírito do lugar representado pelas culturas locais deve ser trabalhado para produzir estímulos únicos e ao mesmo tempo universais. No Brasil, os bordados herdados pelos imigrantes eram utilizados na confecção de produtos de uso doméstico, principalmente direcionados ao preparo dos enxovais. Atualmente, muito utilizado na produção de vestuário e peças de decoração, o bordado feito à mão é um diferencial que por si só, ou agregado a produtos industrializados, preserva identidade cultural de comunidades, capacita profissionalmente, gera emprego e renda, mobiliza grupos de mulheres, agrega valor, e motiva programas e tecnologias de desenvolvimento social. O bordado - do convencional às artes plásticas Artistas e coletivos vêm cada vez mais se apropriando do ato de bordar como manifestação artística. O bordado vem se multiplicando em rodas coletivas de artistas e deixando cada vez mais a alcunha de mero enfeite para firmar-se também como expressão artística, ganhando novos significados. Na superfície vazia dos tecidos, as linhas passaram a ganhar formas e compor objetos e telas levados ao público em exposições ou mesmo em espaços urbanos das cidades, de modo que nos últimos anos a proximidade do bordado com as artes plásticas vem cada vez mais se estreitando. Em Minas Gerais são vários os grupos que utilizam do bordado com a perspectiva de utilização de elementos artesanais tradicionais e do cotidiano para incorporar novos significados. Considerada como celeiro de talentos no ofício de bordar, Minas Gerais se destaca por exemplo com o grupo Matizes Dumont, de Pirapora, cujo trabalho do bordado, transgeracional, enveredou-se para as artes visuais, por meio de telas e ilustrações de livros, além de ser usado como instrumento de mobilização, inclusão social e responsabilidade ambiental. Suas telas ilustram histórias e obras de grandes autores brasileiros como Jorge Amado, Ziraldo, Manoel de Barros, Rubens Alves, e hoje chegam em forma de livros para todas as idades. O Instituto de Promoção Cultural Antonia Diniz Dumont (ICAD), que tem como proposta a inclusão social, vinculando geração de emprego e renda com valorização do patrimônio cultural, reúne 185 bordadeiras de Buritizeiro e Pirapora (MG) e já capacitou outras 14000 em todo o Brasil. As telas do grupo Dumont ganharam notoriedade na exposição "Guerra e Paz" do artística plástico Cândido Portinari, e na exposição "Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga: Cultura popular, Moda e História", do renomado estilista brasileiro Ronaldo Fraga. Uma outra participação que revela o bordado mineiro enquanto expressão artística, foi a exposição "Janelas Contemporâneas". Viabilizada pela Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e também com o papel de inclusão social e agente de transformação, a exposição combinou telas de pintores famosos recriadas pela artista Elisa Lobo e artesãs bordadeiras, ex coletoras de café, da cidade mineira de Carmo da Cachoeira. No panorama nacional são vários os grupos e artistas que, sustentados pela perspectiva do bordado como linguagem e expressão artística, vem incorporando o bordado em outros segmentos da arte. Um exemplo é projeto de extensão Iluminuras, da Universidade Federal do Ceará, que propõe o encontro entre bordado, literatura e artes visuais. Um grupo liderado pela artista Lúcia Fátima tem adaptado técnicas do bordado a diferentes materiais para levá-los a obras da arte urbana. A artista visual Simone Barreto se expressa por meio de desenhos que une grafite às linhas do bordado. Por sua vez, o trabalho da artista plástica Ana Lúcia Gonçalves, do Espírito Santo, permeia entre a artesania histórica do bordado e a arte contemporânea, produzindo telas que misturam diferentes linguagens artísticas, levantando e enfatizando as questões de gênero. Já no Ceará, as telas bordadas do famoso artista Leonilson, com cores e combinações inusitadas, ganham figurativismo pop. Nas suas obras, o bordado deixa de ser ornamento para virar personagens de sua própria história, criando uma linguagem artística própria, com uma amplitude de significados, enunciados, entre tecidos, palavras e imagens. O bordado tem sido pensado também no contexto da arte educação. São vários os trabalhos de artistas contemporâneos que utilizam o bordado como linguagem, o que tem permitido sua inserção no ensino extra curricular. "Bordar é escrever com linhas palavras, imagens e conceitos. É dar corpo aos afetos no tecido". "A palavra feita de linha ganha intensidade e força no silêncio dos grandes espaços vazios que surgem nas obras do artista". (Leonilson - artista cearense) No panorama internacional o bordado como expressão artística também tem se fortalecido, a exemplo da pintora norte-americana Cayce Zavaglia, que produz trabalhos bem peculiares de retratos bordados. Outra artista americana, Megan Whitmarsh produz trabalhos bordados feitos à mão, que fazem referência à cultura pop, bem conhecida pelos seus murais bordados. Em Portugal, a artista Dona Carmo Faxabore realiza o projeto "Agulha inquieta", por meio do qual dá ao bordado cunho político em frases e desenhos bordados com verve crítica. O Bordado e suas linguagens na contemporaneidade O bordado tem sido usado amplamente nas artes visuais como um reflexo da produção artística contemporânea que tem lançado mão de diversas iniciativas que destacam e reavaliam o papel das artes têxteis nas produções visuais, tais como o tecido, a costura, o tricô, o bordado e a tapeçaria. Compreende-se o bordado, hoje, como uma mídia que fornece uma base de discurso sobre o qual subjetividades diversas podem ser expressas. Para Claus Clüver (2011), a palavra mídia se refere aos meios físicos ou à modalidade material utilizada para produzir significados. Por outro lado, a interação entre artes visuais e poesia denota uma situação de intermidialidade que, para Clüver (2011) e Rajewsky (2012), é um termo recente que implica todo tipo de interrelação e interação entre as mídias. Dessa forma, ao tratarmos de uma expressão artística que usa linha colorida e tecido no lugar de uma tela para escrever e ilustrar, entende-se ser esta também uma forma de intermidialidade, ou seja, de um processo de ressignificação por meio de uma expressão artesanal que era usada como ornamentação doméstica e que agora é usada também como expressão artística. Historicamente, os estudos interartes não contemplavam as artes têxteis por estarem distantes de valores e convenções culturais que as reconhecesse como “Arte” e mais próximas de suas funções decorativas e utilitaristas. Consequentemente, pouco se teorizou sobre o uso de têxteis nas artes visuais ou sobre o uso da materialidade dos fios para escrever, de maneira que esta proposta vem a preencher esta lacuna. Objetiva-se promover o bordado livre como linguagem artística e poética. “A Arte tem a capacidade de mandar-nos à lua. Como um foguete, pode fazer nossos corações baterem mais rápido, pode fazer-nos corar, pode criar um sentimento, um ímpeto, que é a sua própria recompensa”. Elliot Eisner “Cantar seja lá como for Esse se a dor for maior que o peito Cantar bem mais forte que a dor”. Paulinho Pedra Azul Nas civilizações mais antigas a música foi parte essencial na educação e formação do homem como atividade integradora e geradora de bem-estar. A música, no sentido mais amplo, estava intimamente ligada à vida emocional, intelectual e social dos antigos gregos, que consideravam que a arte tinha uma relação fundamental com o bem-estar dos indivíduos, da mesma forma que o meio social e físico onde vivem (ALVIN 1990). Sócrates já dizia que na educação dos jovens devia-se partir de um currículo equilibrado em música para o espírito e ginástica para o corpo. Segundo Stefan Koelsch, neurocientista e professor de psicologia da música, da Freie Universität Berlin, a música tem a capacidade de evocar estruturas cerebrais responsáveis e criadoras do nosso universo emocional. Pode ser usada como terapia para ajudar pessoas que sofrem de transtornos cerebrais, como a depressão, além de transtornos provocados por estresses traumáticos e por ansiedade, uma vez que a música ativa áreas como o hipocampo (que poderia ter relação com a depressão) (KOELSCH 2010). Soma-se aos benefícios da música o estudo de Aljohani (2016), que revisou os vários modelos de estudos de retenção de estudantes no ensino superior desenvolvidos a partir da década de 70. Entre as inúmeras razões de evasão, a qualidade da experiência institucional do aluno e o seu nível de integração ao sistema acadêmico e social da instituição foram as variáveis mais relevantes. Para Tinto (2006) um estudante com dificuldades acadêmicas pode persistir se integrado com sucesso no ambiente universitário. Segundo o autor, o estudante aplica a teoria da troca para determinar sua integração acadêmica e social. Se ele perceber que os benefícios que recebe são maiores do que os custos, ele permanece. Caso contrário, ele se vai. Da mesma forma, quanto mais elevado o seu nível de integração acadêmica e social, menor a probabilidade de evasão. Segundo Koelsch (2010), um dos grandes poderes da música é promover a coesão social, unir as pessoas. “Há experiências que mostram que depois de cantar juntos, todos se sentem mais felizes que antes”, e o resultado de toda essa coesão social é que ficamos mais unidos que antes, confiamos mais uns nos outros, pensamos que o outro nos ajudará quando sentirmos sós ou tivermos algum problema”. Pretende-se que a ação proposta “Dê uma camja” seja um espaço musical que promova interação musical e coesão social entre discentes, de modo a estimular o bem-estar, a vivência, e, com isso, atuar como uma possível ação estimuladora de permanência e mitigadora de evasão. Experiências da proponente na área de bordados e técnicas afins: -Iniciou na prática de bordados aos 13 anos de idade, participando de oficinas de aprendizagem de bordados manuais, iniciando com estilo Bainha aberta e Bordado livre ou espontâneo. Sempre foi praticante do aprendizado. -Participou de curso de bordados à máquina, no qual aprendeu, entre outros tipos, o Richelieu, uma das mais lindas e tradicionais técnicas de bordados à máquina. -Participou de oficinas de Bordado livre ou espontâneo com instrutoras do grupo Dumont, de Pirapora, MG. -Participou da oficina de Bordado livre ou espontâneo “Linha e fios” e “Fios da Memória”. -Participou da oficina “Linhas e Fios – Memórias que guardo”, como atividade do Festival de Inverno de Diamantina – 2016 -Participou de oficinas da técnica do Frivolité e de Renda renascença. -Participou da Oficina “Bordação no quintal da Chica”, realizada em Diamantina, MG – 2017. -Visitou a exposição “Linha”, realizada em Belo Horizonte, MG, 2016. -Visitou a exposição “Borda!”, realizada no Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, 2017. -Visitou a exposição “Linhas e fios: memórias que guardo”, Museu do Diamanta, Diamantina, MG, 2018. -Realizou expedição com membros do grupo Bordarte na Maria Arte e Ofício, em Belo Horizonte, MG, 2017. - Realizou expedição com membros do grupo Bordarte ao Grupo de Bordadeiras de Paracatu, em Paracatu, MG, 2017. -Ministrou oficinas de bordado, estilo Bainha Aberta, na comunidade de Capivari, distrito do Serro, MG. -Ministrou oficina de bordado, estilo Bordado livre ou espontâneo, na comunidade de Bom Sucesso, distrito de Diamantina, MG. -Organizou o “Dê uma camja”, um espaço de interação musical mantido durante a Semana do Produtor Rural e Diamantec, realizadas em 2018, como uma ação de extensão do grupo Bordarte. -Coordena o grupo Bordarte, criado em 2015 na UFVJM. -Coordenou os seguintes projetos PROCARTE: “Bordarte - oficinas motivacionais de bordado”, aprovado no edital PROCARTE-PROEXC-2015.2 e 2016.1 “Bordarte – “Incorporando novos estilos e técnicas e resgatando saberes”, aprovado no edital PROCARTE-PROEXC-2016.2. “Bordarte – bordando e andando”, aprovado no edital PROCARTE-PROEXC-2018-2. -Visitou a exposição “Natividade Bordada”, realizada em Diamantina, MG, 2018. -Participou e atuou no projeto “Do isolamento social ao abraço poético: saúde corpo-mente-mundo através da dança, das artes manuais e da poesia”, da Proexc UFVJM, que integra arte e saúde, 2020. -Coordenou o “Tecendo afetos bordando arte”, com produção de material áudio visual sobre bordado, em 2020.
Contexto de criação do grupo BORDARTE e da elaboração da proposta A evasão universitária e a realidade local A evasão estudantil no ensino superior é um problema internacional que afeta o resultado dos sistemas educacionais (CUNHA et al. 2014). "As perdas de estudantes que iniciam mas não terminam seus cursos são desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos. No setor público, são recursos públicos investidos sem o devido retorno. No setor privado, é uma importante perda de receitas. Em ambos os casos, a evasão é uma fonte de ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e espaço físico” (FILHO et al. 2007). Dentre alguns estudos em que objetivam levantar as causas de universitários abandonarem o curso de graduação, Smitina (2009) observou que 34% dos respondentes apresentaram intenção de abandono em razão, principalmente, de ordem vocacional e sócio-econômica. A região do Vale do Jequitinhonha apresenta em algumas comunidades urbanas alta vulnerabilidade sócio-econômica que reflete na formação dos jovens, que são alijados, precocemente, do acesso à informação e formação, e às diversas formas de saberes acumulados pela sociedade contemporânea. Muitos desses jovens encontram dificuldades para ingressarem na universidade, o que se constata pelo número de vagas ociosas. Os motivos para tais ocorrências são muitas vezes ocasionados por fatores econômicos pois estes têm, ainda muito cedo, de buscar trabalho para colaborar com o sustento da família, podendo também ocorrer por falta de informação quanto aos meios de acesso à universidade e às condições oferecidas pelo governo - como bolsas - objetivando possibilitar a sua permanência. É premente a necessidade da universidade se organizar para divulgar tais possibilidades (de entrada e de permanência). Por outro lado, também é premente a necessidade da universidade se instrumentalizar para fazer as intervenções necessárias no tempo e espaço universitário cuidando de atender, com qualidade, esse jovem que chega à sua esfera, objetivando possibilitar a sua inclusão nos espaços que lhes são consagrados. Para Freire (1980) não devemos chamar o povo à escola para receber instrução, postulados, receitas, ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura experiência, que leva em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-se em sujeito de sua própria história. Na UFVJM, algumas iniciativas trabalham na busca de solução para a evasão e a retenção. Nesse sentido, a criação do grupo BORDARTE se apresenta como uma proposta de socialização e inclusão que pode se traduzir em alternativa motivadora e de mitigação de evasão. Pensou-se em uma abordagem de inclusão envolvendo o fazer solidário e lúdico em processo cultural, artístico e criativo, de modo que os participantes se sintam muito mais do que pessoas assistidas, mas protagonistas de suas próprias histórias. O bordar, além de representar um aspecto da cultura regional, portanto de transmissão de valores, permite o exercício da arte entre os afazeres domésticos ou às atividades dos cursos de graduação, paralelo e sem prejuízo às atividades acadêmicas. Representa um espaço de diálogo, com a possibilidade de vivência em um exercício que permite a circulação de afetos e ideias, e pode gerar trabalho e renda. "O bordado é um encontro para muitos questionamentos: sobre o tempo que dedicamos às coisas, sobre o encontro com uma atividade do passado, que estamos representando com referências atuais". "É um processo terapêutico. É como se fosse uma meditação". "É mais uma técnica para se expressar". (Bordadeiras do Clube do bordado). Pretende-se que, sempre que possível a aprovação de projetos do grupo em editais Procarte, ou afins, novos significados sejam incorporados ao simples ato de bordar, de modo a explorar as diversas possibilidades dessa prática enquanto linguagem e aproximar o bordado de outras artes. Assim sendo, especula-se que o BORDARTE, num momento posterior, possa se firmar enquanto grupo organizado, institucionalizado, de caráter permanente, e autossustentável para a finalidade que se propõe: um fazer manual lúdico, criativo e afetivo agregado à geração de renda.
Objetivos gerais: -Oferecer à comunidade interna e/ou externa da UFVJM oficinas da técnica do bordado; -Promover o “Poesilinha”, que utiliza do bordado livre como linguagem artística e poética; -Promover o “Dê uma camja”, um espaço musical itinerante nos diversos espaços coletivos da UFVJM como ação motivadora e estimuladora de permanência e mitigadora de evasão. Objetivos específicos: -Contribuir no fomento de uma atividade de exercício coletivo, que possa atuar como mitigadora de evasão universitária e motivadora de permanência, por agregar o fazer à possibilidade de geração de renda associada à promoção da inclusão social e afetiva; -Oportunizar a vivência prática de atividades artesanais envolvendo o bordado ou outras manifestações artísticas e segmentos das artes visuais como ferramenta de construção-socialização de pensares e falares; -Transformar o “Dê uma camja” num espaço musical capaz de promover interação musical e coesão social entre discentes, de modo a estimular o bem-estar, a vivência, e, com isso, atuar como uma possível ação estimuladora de permanência e mitigadora de evasão; -Estimular a externização e socialização de habilidades e espírito artístico dos participantes, não somente às relativas às propostas pelo grupo Bordarte, mas também às percebidas nos participantes durante os encontros do grupo, por se pretender o estreitamento entre o bordado e outras manifestações artísticas e segmentos das artes; -Estimular/oportunizar que cada membro do grupo (equipe e participantes) seja, ao mesmo tempo ou alternadamente, aprendiz e mestre; -Contribuir com a formação pessoal e profissional dos participantes.
No prazo de execução da proposta: - Capacitar participantes na técnica do bordado, com a realização de 12 oficinas; - Realizar 12 oficinas na execução da ação “Poesilinha”; - Realizar exposições semanais ou quinzenais do “Dê uma camja” em espaços coletivos da UFVJM.
Ação 1: Divulgação do projeto e abertura de chamada para participantes A divulgação de projetos do grupo Bordarte e a chamada para participação normalmente ocorre no portal da UFVJM e via Rádio Universitária, após envio de um texto, produzido pela equipe, aos respectivos setores. Para participar os interessados farão suas inscrições via e-mail do grupo ou via preenchimento de formulário eletrônico, informados no portal ou rádio. Exceto as oficinas práticas, quando julgadas pertinentes pela equipe, todas as ações ligadas às demais etapas serão divulgadas nos meios já citados e abertas à participação da comunidade acadêmica. Ação 2: Tecendo afetos bordando arte: oficinas de bordado para comunidade interna e/ou externa à UFVJM "A oficina de bordado pode também se constituir em um exercício formativo, considerando-se formação, processo formativo, em especial, o formar cidadãos". "Sentados em roda, o tecido no colo, linha e agulha na mão, os participantes têm a oportunidade de vivenciar o fazer manual em um exercício que permite a circulação dos afetos e as escutas das vozes". (Grupo de bordadeiras de Campinas, SP) O público-alvo dessa ação incluem pessoas com vulnerabilidade econômica e/ou social que fazem parte de instituições indicadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Diamantina, como os Centros de referência de Desenvolvimento Social (CRAS) em Diamantina e seus distritos, a Vila Educacional de Meninas (VEM), Escola Profissionalizante Epil, Amparo à Juventude de Inserção Rápida (AJIR) e a Fundação Municipal do Bem estar do Menor (FUMBEM). Com o objetivo de valorizar, ensinar e confeccionar serão realizadas oficinas práticas de aprendizagem, execução de exercícios com apreciação de resultados, elaboração de produtos/protótipos com mostra/exposição e possível comercialização dos produtos finais. Para isso, normalmente são realizados encontros mais comumente nas dependências da UFVJM, mas que poderão ser em local externo ao campus, a depender da demanda. Os encontros referentes a essa ação serão alternados com os encontros referentes à execução da ação “Poesilinha” (Ação 3). No entanto, além dos encontros quinzenais pré-determinados, as atividades poderão acontecer em horários livres. Ressalta-se que embora as atividades estejam sistematicamente planejadas, a equipe terá o cuidado de ajustar o plano inicial de acordo com a necessidade do grupo, respeitando, principalmente, o perfil dos envolvidos (participantes e equipe). Numa etapa inicial, procurar-se-á identificar/conhecer o potencial da equipe e dos participantes para atividades relativas ao perfil da proposta, não somente às voltadas às habilidades manuais, principalmente ao bordado em si, mas para outras habilidades afins, que no decorrer do processo poderão ser incorporadas. Parte-se da premissa que, dependendo do que for desenvolvido pelo grupo, outras habilidades poderão ser necessárias, buscando não somente agregar valor, mas por se pretender o estreitamento entre o bordado e outras manifestações artísticas/segmentos das artes. O aprendizado por novas mãos requer conscientização, paciência e força de vontade. Para que estas novas mãos aprendam a “escrever” e se tornem tão habilidosas, quanto aquelas que as ensinaram, há necessidades de folhas de um caderno específico que será o local da primeira experiência do aprendiz. Caderno este que não é de papel e nem tão pouco será escrito a grafite ou à tinta. Este caderno de aprendizagem do bordado chama-se “pano de amostra”; será escrito não com lápis ou caneta, mas com agulha, terá no lugar da grafita ou tinta, a linha, a qual possibilitará uma diversidade inimaginável de letras que vão compor palavras, frases e textos que contam histórias e preservam a memória. (Braga, 2006) Cada participante receberá "seu caderno e seu lápis" (um pedaço de tecido e agulha) para registrar seu aprendizado. Buscando desenvolver o potencial e a habilidade dos participantes, evitando apenas o aspecto instrumental do ato de bordar, estes serão estimulados para a livre expressão da imaginação, com a criação e inserção de novos estilos de bordados ou materiais, de forma a expressar um significado próprio no fazer. Buscar-se-á, efetivamente, o participativo, a troca de saberes, a soma de ideias e de energias. O grupo bordarte, pensado para ser duradouro e com um propósito nobre, buscará oportunizar que cada membro do grupo (equipe e participantes) seja, ao mesmo tempo ou alternadamente, aprendiz e mestre. É essa linha de pensamento que, de forma coesa, os membros de equipe buscarão transferir aos participantes. "O risco é um caminho a arriscar, a escolher ou refazer. O círculo do bastidor passa a limitar a criação, e o dedal tira os movimentos. O avesso transforma-se em novas possibilidades". (Ângela, Marilu, Marta e Sávia, do Grupo Matizes Dumont, referindo-se ao pressuposto para a liberdade de criação). A partir do domínio do ponto básico, cada participante confeccionará seu próprio mostruário, de modo que, no final dessa fase, considerando a capacidade de criação de cada um, cada mostruário, com sua peculiaridade e beleza, seja personalizado, emprestando à amostra a marca de quem a executou. No final da fase de aprendizagem, cada participante terá construído o seu próprio mostruário de pontos, que, juntamente com os dos demais (mostruário de todos os participantes), serão utilizados para a montagem de um "painel", compondo finalmente uma exposição visual, que representará o produto final dessa fase de Aprendizagem. Ressalta-se que durante todo o período de execução do BORDARTE serão estimulados a criação do novo e a troca de saberes, além de saudável relacionamento entre os envolvidos, buscando sempre que o ambiente seja acolhedor, havendo auxílio mútuo entre os participantes, pressupondo serem essas as premissas para o entusiasmo e continuidade desses no processo. Numa etapa final propõe-se que sejam discutidas as possibilidades de produtos que poderão ser elaborados com as técnicas adquiridas e que, somados aos já desenvolvidos em projetos anteriores, poderão constituir material para uma mostra e, se possível, comercialização. Pretende-se que os recursos financeiros resultantes da comercialização dos produtos possam ser revertidos em novos materiais que serão incorporados ao BORDARTE, melhoria da infraestrutura do grupo e/ou em benefícios dos discentes participantes, visando a sustentabilidade do grupo, independente que a continuidade de ações do projeto estejam, ou não, vinculadas a um edital. Ação 3: Poesilinha Objetiva-se, por meio de oficinas de curta duração (8 horas), promover oficinas de bordado livre como linguagem artística e poética. Em um primeiro momento, na etapa de sensibilização, iremos mostrar como o bordado aparece nas artes visuais da contemporaneidade, principalmente como materialidade artística em obras literárias e poéticas. Em um segundo momento, na parte prática, iremos proporcionar um momento de bordado livre no papel ou no tecido. Os participantes terão a liberdade para criar seus objetos artísticos tendo como materiais básicos agulha, linha, papel e tecido. Terão como base poesias ou obras literárias a serem selecionados de acordo com temática a ser definida. O propósito é que as palavras possam ser bordadas ou ilustradas. Por fim, os trabalhos integrarão uma exposição visual. As oficinas ocorrerão uma vez por mês, mas podem ser requisitadas por demanda. Ação 4: Dê uma camja No entanto, outros estudantes, gradativamente, serão convidados e estimulados a participar da ação, de foram a contribuir para a sua continuidade. A expressão “Dê uma camja” surgiu em São Paulo no Clube dos AMigos do JAzz – CAMJA. Diversos instrumentos musicais eram expostos no local e quem passava podia desfrutá-los, fazendo apresentações improvisadas. A ideia ganhou força e, de “tocar no Camja passou para Dê uma camja”. Objetivo da ação “Dê uma camja” Organizar, com frequência a ser definida (semanal ou quinzenal), o “Dê uma camja”, um espaço de interação musical que busca estimular o bem-estar, a vivência afetiva, e, com isso, atuar como possível estimulador de permanência e de mitigação à evasão. Incialmente a ação será proposta para o espaço do jardim do departamento de agronomia (no qual a coordenadora está lotada), mas pretende-se que o “Dê uma camja” seja itinerante, e que no intervalo de execução da proposta seja exposto no espaço da praça de alimentação da UFVJM e nos pavilhões de aula, sempre nos intervalos entre aulas ou do almoço. Propõe-se que a ação seja de frequência semanal. Visando uma interação entre essa ação e a prática do bordado, todos os cartazes referentes ao evento serão elaborados utilizando-se das técnicas de bordado. Ação 5: Interação do grupo Bordarte com outros grupos artísticos Normalmente, a cada proposta aprovada com recurso (por depender de veículo da UFVJM para deslocamento), o grupo Bordarte interage com grupos de bordadeiras de Diamantina e de comunidades/municípios circunvizinhos à Diamantina, como ocorreu com o museu “Maria Arte e Ofício”, de Belo Horizonte, e o grupo de Bordadeiras de Paracatu, MG. Para o período de vigência da atual proposta o grupo Bordarte propõe interagir com outros grupos como o grupo de artesãs do Nuvac (Núcleo de apoio aos cancerosos de Diamantina e seus familiares), de Diamantina, o grupo de bordadeiras de Andrequiçé, no município de Datas, o de Barra da Cega, no município de Serro, as bordadeiras de Cordisburgo, no município de mesmo nome, e o Museu do Bordado, em Belo Horizonte. Além desses, deixa-se em aberto a possibilidade de interação com outros grupos, que possam ser sugeridos por membros de equipe ou participantes, de perfis afins às demais ações propostas (“Poesilinha” e “Dê uma camja”) e que não estão relacionadas à prática do bordado propriamente.
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Não restringindo a inserção de discentes apenas na presente proposta, mas nas atividades desenvolvidas pelo grupo Bordarte, que envolvem a comunidade interna, logo discentes, e a comunidade externa à UFVJM. Além de discentes bolsistas, sejam os vinculados a projetos da Proexc ou os detentores de cotas de bolsa permanência, também os discentes participantes das oficinas e das atividades do grupo como um todo.
O grupo Bordarte foi criado em 2015 na UFVJM e desde então realiza ações que utilizam o bordado nas suas mais variadas formas de expressão e de integração com outras artes. Nesse peculiar momento de enfrentamento ou de “quase” (tomara!) pós-enfrentamento ao novo coronavírus, as ações previstas nesse projeto além de promoverem a saúde e o bem estar físico e emocional através dos alicerces interdisciplinares da arte (bordado/poesia/música), as oficinas motivacionais de bordado podem constituir um processo de formação/profissionalização de pessoas com vulnerabilidade econômica e/ou social. Observação: No campo PERIODICIDADE DAS ATIVIDADE, por não existir a opção para as atividades realizadas uma única vez, para as ações com essa periodicidade foi selecionada a opção ANUALMENTE.
Público-alvo
As instituições de vínculo pontual ou contínuo do público-alvo foram sugeridas pela Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Diamantina, em encontro promovidos entre seus representantes e equipe. São pessoas, de várias idades, com v
Municípios Atendidos
Diamantina
Presidente Kubitschek
Datas
Serro
Outros Circunvizinhos à Diamantina, Cujos Habitantes Integram O Público-alvo
Parcerias
A Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura Municipal de Diamantina é a mediadora entre a equipe e os gestores das instituições às quais está vinculada o público-alvo. Embora a equipe já tenha se reunido com alguns gestores de algumas dessas in
Cronograma de Atividades
A divulgação de projetos do grupo Bordarte e a chamada para participação normalmente ocorre no portal da UFVJM e via Rádio Universitária, após envio de um texto, produzido pela equipe, aos respectivos setores. Também é publicado no portal uma chamada para seleção de bolsista.
A SDS será comunicada por email sobre o deferimento da proposta e, por meio do seu representante, será providenciado um encontro com gestores de instituições do público-alvo participante.
Entre o encontro com os gestores e o início das oficinas, será providenciado o material por parte das instituições. As oficinas acontecerão na sede da instituição beneficiada, com frequência a ser estabelecida (pretende-se que seja quinzenal, mas dependerá dos participantes).
O "Poesilinha" é uma ação que integra bordado e literatura/poesia, pensada para as meninas da Vila Educacional de Meninas - VEM, que atualmente atende 92 crianças/adolescentes. Ocorrerá na sede da VEM, entre março e dezembro de 2021. Equipe e gestores da instituição já estão se mobilizando para essa ação.
O "Dê uma camja" é uma ação que integra bordado e música, um espaço de interação musical. Pretende-se que o “Dê uma camja” seja itinerante, e que durante todo o período de execução da ação, este espaço seja exposto nos ambientes coletivos da praça de alimentação da UFVJM e nos pavilhões de aula, sempre nos intervalos entre aulas ou do almoço. Propõe-se que a ação seja de frequência semanal ou quinzenal.
Será elaborado após seis meses de início de execução das atividades. Para isso serão compiladas as informações constantes nos relatórios mensais elaborados pelo bolsista, subsidiado pelos professores membros de equipe.
Embora informadas datas de início e final dessa atividade para efeito de preenchimento do campo, essa ocorrerá na data do Sintegra UFVJM ou evento externo similar.
Seguirá o de praxe. Esse relatório representa uma compilação resumida de todos os relatórios mensais elaborados pelo bolsista com a orientação de professores da equipe.