Detalhes da proposta

Tejucos: Barro-corpo em Passadiços Musicais

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Procarte

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    rodrigo guimarães silva

    Número de inscrição:

    20211022021442154

    Unidade de lotação:

    fih

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    linguística, letras e artes

    Área temática principal:

    cultura

    Área temática secundária:

    educação

    Linha de extensão:

    artes integradas

    Abrangência:

    regional

    Vinculado a programa de extensão:

    não é vinculado a nenhum programa.

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

rafael alves de oliveira Bolsista

Resumo

O projeto intitulado “Tejucos: Barro-Corpo em Passadiços Musicais” propõe elaborar e disponibilizar, nas plataformas on line, dez curtas-metragens que terão como objetivo alcançar algumas metas correlacionadas, quais sejam: 1) oficinas de construção de o


Palavras-chave

Oficinas de instrumentos musicais, ritmos do Vale do Jequitinhonha, instrumentos musicais de cerâmica


Introdução

O presente projeto “Tejucos: Barro, Corpo em Passadiços Musicais”, em uma de suas interfaces de videonarrativas, vale-se da experiência fílmica adquirida no projeto “Narradores do Vale do Jequitinhonha”, aprendizado este que se estendeu por mais de quatro anos no que diz respeito aos processos de roteirização, filmagens (domínio técnico e linguagem fílmica) e edições (imagética, projeto sonoro) cujo apoio e financiamento parcial da UFVJM/Proexc foi fundamental (Registro PROEXC Nº: 048.2.057-2015 - Procarte). No projeto citado, já finalizado, foram produzidos doze curtas-metragens sobre as tradições do garimpo, das parteiras, da Folia de Reis, entre outras, no Município de São João da Chapada e Quartel do Indaiá (todo esse acervo encontra-se disponível na Plataforma Youtube: “Narradores do Vale do Jequitinhonha, São João da Chapada”). Esse processo foi de suma importância para a formação cultural e capacitação técnica do coordenador desta proposta, tanto no sentido de linguagem fílmica quanto no aprofundamento do contato com as tradições locais e seus guardiões. No projeto que aqui se perfaz, Os Tejucos, planejamos produzir uma série de dez curtas-metragens que serão veiculados nas plataformas on line, visando a construção de instrumentos musicais com matérias acessíveis e sem nenhum custo financeiro (p.ex., garrafas pets), bem como oficinas introdutórias sobre percussão com propostas sonoras que dialoguem com os próprios objetos construídos nas oficinas, valendo-se da incorporação de ritmos e sonoridades que estão alicerçados nas referências culturais vigentes no Vale do Jequitinhonha. Outro possível desdobramento da proposta que aqui se configura, e que já se encontra em fase incipiente de execução, é a criação de instrumentos musicais feitos de cerâmica, tais como Udu (moringa sonora), pandeiros, tambor trovão, djembes (com corpo cerâmico), ocarinas (com formas e temáticas regionais), entre outros. Cabe ressaltar que essa proposta é inédita no Brasil, mas que parte de referencias de trabalhos já consolidados e que dispõe de uma ampla pesquisa e de um alentado acervo de instrumentos de cerâmica, como se vê nos trabalhos e laboratórios experimentais realizados na França, pelo grupo Terreson, e no México, pelos percussionistas/ceramistas do espaço cultural Barromadre. Os referidos instrumentos que almejamos construir são aqui denominados de Os Tejucos, palavra que carreia ressonâncias etimológicas ligadas ao barro e à história de Diamantina e arredores, destacando as lavras de diamantes, especialmente de São João da Chapada, tão estreitamente ligadas à massa e ao barro, dando nomes a regiões diamantíferas e as próprias lavras: Lavra do Barro Mole, Lavra do Barro Duro, Barrinho, entre outras, todas situadas aos arredores de São Joãoda Chapada). Em relação à contribuição dos saberes de ceramistas que residem em Diamantina e cidades próximas, já estabelecemos parcerias que se encontram em fase de consolidação, esse é o caso do grupo Terra Queimada. A professora de artes plásticas e de cerâmica Giovana Reis, disponibilizou o seu ateliê para atuarmos e efetivarmos pesquisas pontuais, assim como seus equipamentos para modelação, secagem e queima da peças cerâmicas (forno à lenha e forno elétrico). Essa parceria será de fundamental importância e poderá, entre outras possibilidades, mediar alianças com os artesãos locais que já trabalham o barro há décadas no Vale do Jequitinhonha, mesclando técnicas indígenas de identificação da argila, modelagem e queima com processos desenvolvidos exclusivamente no Médio e Baixo Vale do Jequitinhonha, região que abriga uma “vivência” cerâmica regional e local nas figuras de alguns de seus expoentes, tais como Lira Marques, de Araçuaí; Zezinha (Maria José), de Minas Novas; Amaury Aparecido, de Capelinha; Ana do Baú (Ana Fernandes), de Campo Grande/Turmalina e tantos outros já retratados, com competência e sensibilidade narrativa, no documentário “Do pó da terra” (2016), de Mauríco Nahas. A possibilidade de realização de oficinas de construção de objetos musicais de forma presencial, sobretudo nas comunidades da Palha, Rio Grande, e Gruta, dependerá do contexto de biossegurança das possíveis janelas que poderão ser abertas em relação à situação pandêmica de Covid 19 ao longo de 2021. Além da construção de instrumentos e introdução a alguns “toques e levadas” básicas de percussão, propõe-se também uma pesquisa musical de ritmos exclusivamente locais que carreiam sonoridades e aspectos culturais do Jequitinhonha, a exemplo da Dança-música Chula, de São João da Chapada, dos Vissungos (cantigas de trabalho e de ritos funerários dos povos escravizados da região de Quartel do Indaiá), acrescidos dos ritmos das Folias de Reis, das Congadas, dos tambores da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, de Minas Novas, ou seja, buscar-se-á uma inserção, nos curtas-metragens citados, dos saberes musicais regionais, locais e comunitários. Essas relações entre músicas, repertórios rítmicos e narrativos, já foram amplamente abordados por teóricos inseridos no âmbito acadêmico com especial olhar para o diálogo da música brasileira e seu enraizamento nas comunidades de origem, como se dá nas obras escritas por Luiz Tatit e José Miguel Wisnik e, na perspectiva de feição mais universalizante, nas reflexões da Paul Zunthor, principalmente em relação às formas de narrativas tradicionais e suas modulações imagéticas e rítmicas. Na esfera não acadêmica, consideraremos também os aportes vivenciais, poéticos e escriturais dos rappers advindos dos espaços comunitários periféricos, tais como Ferrez, em Capão Pecado, e Emicida, em Os filhos deste solo, ou ainda, numa outra vertente, o conhecimento técnico sobre argilominerais e seus processos de confecção e queima, alicerçados no “pensamento ceramista” da relação do “sujeito com o barro” presente em obras como Introdução à tecnologia cerâmica e Tecnologia das Argilas, de Frederick H. Norton e Pérsio de Souza Santos. Diante de algumas das formulações teóricas desses autores citados e de uma proposta com traço empírico e vivencial, sustentado pelas investigações sobre os arquivos do patrimônio cultural material e imaterial concernente aos ritmos e saberes musicais do Médio e Alto Jequitinhonha, o projeto que aqui delineamos apresenta um amplo potencial no sentido de agregar pessoas de campos e formações plurais: discentes da UFVJM, do Conservatório Estadual Lobo de Mesquita, ceramistas de Diamantina e parte do público alvo das regiões periféricas de Diamantina, possibilitando, assim, ampliarmos, no espaço universitário, uma reflexão crítica em diálogo visceral com o acervo musical regional, suas narrativas, dizeres e ritmos (destacando que ritmos, na acepção de Octavio Paz em O arco e a lira, também são visões de mundo).


Justificativa

Pensar e implementar ações na área da cultura que coadunam com os preceitos de segurança e novas formas de sociabilidade que a situação atual de pandemia de Covid 19 nos apresenta, tornou-se um desafio aos educadores e aos sistemas epistemológicos e conceituais que alicerçaram os processos educativos até o presente momento. Partindo dessas premissas, buscamos relacionar atividades on line de construção de instrumentos musicais, sem nenhum custo para os participantes e com matérias acessíveis para a construção dos instrumentos (como garrafa pet, por exemplo), mas sem perder de vista a inserção desses sujeitos em um espaço social permeado pela memória coletiva construída por gerações no Vale do Jequitinhonha. Nesse sentido, os ritmos musicais e a apresentação dos mesmos nos curtas-metragens que almejamos elaborar se constituirão como mediação entre os sujeitos e as culturais locais e regionais, abrangendo não só linguagens rítmicas socialmente referenciadas, mas também possibilitando a ampliação e fortalecimentos de elementos identitários que são agregados nos processos de formação de sujeitos tanto em sua esfera individual quanto no âmbito coletivo. Concomitantemente, a construção de objetos musicais de cerâmica (outro desdobramento do projeto) possibilita agregar saberes regionais e locais consolidados há muito no Vale do Jequitinhonha, conhecimentos que dizem respeito a identificação da argila, as formas de modelagem (algumas delas advindas das tradições indígenas), os processos de secagem das peças cerâmicas e o amplo repertório das formas queima (que abrange desde a construção de fornos, respostas dos argilominerais à temperatura, rampa de aquecimento, temperatura de queima, entre outros). Cabe destacar que a cultura ceramista e seus fazeres são profundamente enraizados nas dimensões coletivas de trabalhos em mutirão ou cooperativos, pois o acesso às argilas, aos fornos, aos ensinamentos dos “mestres” e aos sistemas de disponibilização e comercialização das peças, sejam elas utilitárias ou artesanais, demandam a construção de uma ampla rede social de trocas e ajuda mútua. Nesse sentido, as parcerias firmadas, ainda de forma incipiente, com os artesãos e ceramistas locais, são de interesse ímpar para o projeto. Por fim, destacamos ainda que um espaço de investigação, pesquisa, construção e disponibilização de objetos musicais eminentemente feitos de cerâmica é inédito no Brasil.


Objetivos

Geral: Propiciar, mediante a produção e a veiculação de dez curtas-metragens, oficinas de confecção de instrumentos musicais associadas ao aprendizado de alguns ritmos percussivos culturalmente referenciados no Vale do Jequitinhonha. Almeja-se cotejar esses ritmos musicais com as tradições e saberes produzidos no Médio e Alto Jequitinhonha, ampliando, dessa forma, o patrimônio material e imaterial da região e possibilitando uma acesso ampliado e plural às referências socioculturais do Vale do Jequitinhonha. Específico: Pesquisar, produzir, filmar, editar, divulgar e disponibilizar (nas mídias on lines tais como youtube, instagram e facebook) dez curtas-metragens sobre confecção de instrumentos musicais e ritmos percussivos ancorados nos saberes locais do Vale do Jequitinhonha já estabelecidos; Promover oficinas on line (e se possível, presenciais) de construção de instrumentos musicais e introdução de alguns ritmos percussivos regionais e locais nos bairros periféricos de Diamantina tais como Rio Grande, Palha, e Gruta (no aspecto de oficinas presenciais, a proposta dependerá de inúmeras variáveis de biossegurança relativas à situação de pandemia de Covid 19 ao longo de 2021); - Apresentar e discutir, em eventos acadêmicos e festivais culturais (tais como Sintegra-UFVJM, festivais de inverno, Festvale, Festival de Milho Verde ), os curtas-metragens referidos acima e os instrumentos produzidos pelas oficinas; - Municiar e enriquecer, com material inédito, o acervo do patrimônio i-material do Alto Jequitinhonha.


Metas

- Estima-se uma participação direta, nas Plataformas digitais, de adolescentes, jovens e adultos que residem nas comunidades periféricas de Diamantina, valendo-se de uma rede de contatos já estabelecida com músicos e rappers locais que participaram do curta-metragem “Vozes da Resistência”, dirigido por Rodrigo Guimarães, e que alcançou milhares de visualizações no Facebook e no Youtube; - Estima-se um significativo interesse e maior capilarização de acessos, nas redes sociais, sobretudo na Plataforma Youtube, devido à escassez de vídeos que tratam da temática e o elevado número de acessos nos vídeos que apresentam temáticas relacionadas a instrumentos de percussão feitos de maneira artesanal; - Considerando o grande fluxo de discentes, docentes e técnicos administrativos no Sintegra e outros eventos universitários realizados na UFVJM, estima-se um número significativo de pessoas que serão acessadas mediante projeções fílmicas e acesso direto aos stands de instrumentos musicais que serão disponibilizadas nesses eventos; - Estima-se que parte expressiva da população da região que reside ou frequenta as regiões periféricas de Diamantina, bem como a população jovem fidelizada às Plataformas Digitais, será impactada direta e indiretamente pelo projeto através de futuras ações e produtos das produções fílmicas e atividades realizadas ao longo do projeto; Estima-se alcançar um grupo significativo de ceramista, artesãos e pessoas afins com as atividades artesanais e/ou musicais desenvolvidas no Vale do Jequitinhonha no que diz respeito a segunda etapa do presente projeto, qual seja, a produção e criação de instrumentos musicais de cerâmicas (os Tejucos) e instrumentos híbridos (estruturados em cerâmica, mas acrescido de outros componentes, como membranas/peles e metais).


Metodologia

Para a realização deste projeto será necessário o cumprimento de várias e diferenciadas etapas metodológicas, cada uma delas exigindo direcionamentos e instrumentais específicos: 1) Selecionar o bolsista do projeto e colaboradores voluntários; 2) Discussão e aprimoramento estético e conceitual da proposta do projeto com o bolsista e os potenciais voluntários; 3) Levantamento e investigação de possíveis ritmos musicais locais e regionais que poderão integrar os curtas-metragens; 4) Elaborar, juntamente com o bolsista e voluntários, um Plano de Oficinas com as diretrizes de possíveis objetos e ritmos musicais a serem trabalhados; 5) Efetivar os processos de filmagens das oficinas de construção de instrumentos musicais associados à ritmos musicais regionais e locais; 6) Análise e discussão com o bolsista e os voluntários sobre o material fílmico; 7) Seleção de cenas, músicas e processo de edição; 8) Finalização dos curtas-metragens e veiculação dos mesmos nas plataformas on line (youtube, facebook, instagram, etc); 9). Indicadores de avaliação: em relação ao bolsista, será considerado as suas propostas e atuações na elaboração do Plano de Oficinas; no levantamento e apresentação ao coordenador do acervo de ritmos musicais regionais e locais; na montagem dos instrumentos musicais e na participação efetiva de construção dos curtas-metragens e atuação nos mesmos na condição de oficineiro. De fundamental importância será também a veiculação e divulgação dos curtas-metragens nas Plataformas on line. Em relação ao Público Alvo, os acessos nas Plataformas on line, as visualizações e “comentários” registrados nas plataformas configuram um eficiente indicativo de participação e envolvimento com os mesmos, sobretudo nos casos em que ocorrem feedback escritos. Outros procedimentos também serão adotados, tais como acesso aos stands de instrumentos musicais que será montado em Festivais de Cultura e eventos Acadêmicos; participação direta nas oficinas de produção de instrumentos (que poderão ser presenciais ou on line, dependendo do contexto de pandemia do Covid 19). Os parceiros do projeto, que atuarão na área de consultoria de videografia (Michel Becheleni), consultoria técnica e teórica sobre a confecção de objetos cerâmicos (Giovana Reis), poderão nos auxiliar, de maneira efetiva, nos processos em curso, com a metodologia e a concepção de work in progress, balizando ações e possíveis redirecionamentos em cada etapa do processo construtivo; 10) Apresentação dos curtas-metragens em eventos institucionais afins e mostras culturais.


Referências Bibliográficas

ABCERAM. Associação Brasileira de Cerâmica. Disponível em <https://abceram.org.br/> acessado em 22/10/2020 EMICIDA et al. Os filhos deste solo: olhares sobre o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Noise, 2011. EVARISTO, Conceição. Olhos D’água. Rio de Janeiro: Pallas Fundação, 2016. FERREZ. Capão pecado. São Paulo: Labor texto, 2000. FIGUEIRÓ, Lori. Acender do barro. Belo Horizonte: Ramalhete, 2018. FIGUEIRÓ, Lori. Louvores, louvores, os tambores do Rosário. Belo Horizonte: Ramalhete, 2019. FIGUEIRÓ, Lori. Sementes da terra maturada. Belo Horizonte: Ramalhete, 2017. LINS, Paulo. Desde que o samba é samba. Rio de Janeiro: Editora Planeta, 2012. MAGRINI, Amanda. @amandamagrini_ceramica NORTON, Frederick H. Introdução à tecnologia cerâmica. São Paulo: Edgard Blucher, 1973. PAZ, Octavio. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. SANTOS, Pérsio de Souza. Tecnologia das Argilas. São Paulo: Edgard Blucher, 1975. TATIT, Luiz. O século da canção. São Paulo: Ateliê, 2004. VLACK, Lawrence H. Van. Propriedades dos materiais cerâmicos. WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. ZUNTHOR, Paul: Introdução à poesia oral. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.


Inserção do estudante

Observação: muitas das atividades abaixo elencadas dependerão dos processos e normas de biossegurança vigentes ao longo de 2021 no que diz respeito à pandemia de Covid 19. O discente da área de Humanidades ou de Letras possui formação acadêmica adequada para contribuir significativamente com o presente projeto tendo em vista sua formação interdisciplinar ou em narratividade (seja ela literária ou fílmica) através da qual poderá construir reflexões teóricas e propor atividades práticas de abordagem de sujeitos acerca da temática das tradições e vivências ritmo-corporais e seus desdobramentos de expressão artística ou comunitária. A temática do projeto dialoga diretamente com diferentes áreas epistemológicas do conhecimento e diversos saberes presentes propiciados no curso de Humanidades e na Licenciatura em Letras: História, Geografia, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Pedagogia, Ciências Políticas, Psicologia e Letras (sobretudo a literatura de tradição oral que se vale do ritmo e da performance como elementos fundamentais de sua expressão). O projeto possibilita a práxis necessária para contribuir significativamente com a formação do possível bolsista ao permiti-lo associar, através das atividades realizadas, teorias e práticas em um intrincado tecido existencial e de contato direto com os narradores rítmicos (no sentido de valer-se de diferentes ritmos nos processos narrativos em que sonoridades, ritmos melódicos, harmônicos ou percussivos configuram um grande mosaico de saberes locais e regionais). A construção, no cotidiano acadêmico, da integração entre os pilares ensino-pesquisa-extensão permitirá ao estudante, neste projeto, ampliar seu horizonte interpretativo incorporando em seu fazer e reflexão artística e sociopolítica, a diversidade de interesses, olhares e perspectivas presentes em diferentes grupos sociais da região de Diamantina. Conhecer outros “dizeres rítmicos”, subjetividades e visão de mundo, bem como variadas formas de organização artística, discursiva, identitária e de poder, todas essas possibilidades, poderão ampliar os pressupostos intelectuais, epistemológicos, artísticos e os campos afetivos e de fruição estética dos discentes participantes do projeto (bolsista e colaboradores). O projeto efetuará reuniões frequentes com o discente bolsista e eventuais colaboradores nas quais as atividades serão planejadas e avaliadas; os materiais bibliográficos serão debatidos permanentemente, assim como as vivências de campo serão compartilhadas e problematizadas em constante relação com a teoria. Em todas as atividades do projeto, distribuídas ao longo do período de um ano, o bolsista e colaboradores serão capacitados pelo coordenador da presente proposta para fins de compreender e refletir teoricamente sobre a temática trabalhada, tanto quanto no quesito planejamento, organização e execução de atividades de campo. O discente bolsista participará da realização de todas as atividades do projeto efetuando as seguintes atividades: 1) Reflexão teórica sobre a temática dos saberes e ritmos musicais regionais; 2) Planejamento dos dez curtas-metragens que serão produzidos e divulgados nas plataformas on line; 3) Participação direta nos curtas-metragens, atuando e apresentando os mesmos na condição de oficineiro; 4) Execução das apresentações dos produtos do projeto nos festivais e eventos acadêmicos afins, (resolver questões práticas associadas a preparação de Stands para a apresentação dos instrumentos musicais feitos de diversos materiais, além dos Tejucos (estruturados em cerâmica); 5) O discente será acompanhado pelo coordenador do projeto que analisará comprometimento, frequência nas reuniões (virtuais e presenciais), dedicação à realização das atividades e, em especial, desenvolvimento da capacidade de associação entre ensino, pesquisa e extensão; 6) O estudante produzirá, juntamente com o coordenador da proposta, os relatórios parcial e final referente às etapas, desenvolvimento e resultados alcançados pelo projeto.


Observações

A presente proposta está inteiramente inserida no contexto de pandemia de Covid 19, no entanto, não se restringe ao caráter de lives e encontros em plataformas on line que vem se configurando como uma ferramenta corrente de sociabilidade no período pandêmico. A dimensão coletiva de saberes consolidados no Vale do Jequitinhonha no que tange ao amplo repertório de ritmos, músicas e manifestações religiosas do Vale, é um dos destaques deste projeto, qual seja, relacionar a dimensão ancestral coletiva autóctone com oficinas e atividades que acontecerão na esfera domiciliar, propiciando saberes consolidados nas manifestações culturais dialogarem com atividades lúdicas e percussivas no âmbito doméstica. Outro desdobramento do projeto, proposta que poderá ser estendida para uma segunda fase do que aqui apresentamos, diz respeito à construção de um espaço de pesquisa sonora e musical dedicado a instrumentos de cerâmica, perfazendo etapas que implicam na construção dos instrumentos, nas oficinas de percussão relacionadas a eles, inserção dos mesmos nas comunidades periféricas e criação de instrumentos musicais não convencionais, à maneira do grupo francês Terreson, dos ceramistas/percussionista do espaço Barromadre (México) e do extinto grupo de Belo Horizonte, Uakti. Esta proposta, em relação aos instrumentos de cerâmica que venho denominando de Tejucos, ainda não foi realizada no Brasil (considerando que o Uakti não trabalhava a cerâmica).


Público-alvo

Descrição

Escolas de ensino médio de Diamantina: infere-se um potencial de 100 discentes por escola como público diretamente beneficiado. Ao todo, por volta de 500 alunos em cinco escolas de Diamantina. Adotamos a referência do curta-metragem intitulado “Vozes da

Municípios Atendidos

Município

Diamantina, Mg

Município

Minas Novas , Mg

Município

Chapada Do Norte, Mg

Município

São João Da Chapada, Mg

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

Devido a mais de quatro anos de videografia na região do Alto Jequitinhonha, parcerias informais com diversas comunidades e profissionais na área artística foram estabelecidss. Os fotógrafos Michael Becheleni, Eustáquio Neves, Lori Figueiró, p.ex., são pa

Cronograma de Atividades

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Produção de dez curtas-metragens, um ao mês, que iniciação em março de 2021 e terminarão em dezembro de 2021

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Os objetos musicais de cerâmica serão produzidos ao longo de todo o ano de 2021, iniciando em março de 2021.