Um dos principais fatores que se torna uma ameaça para saúde humana, o meio ambiente e os recursos naturais relacionados as atividades agrícolas são a utilização de métodos convencionais de manejo de pragas, sobretudo o uso de agrotóxicos. Diante deste ce

agricultura, agrotóxico, controle, diagnose, tomada de decisão

A agricultura é uma atividade essencial para a humanidade e grande parte do sucesso dessa atividade se deve aos investimentos em tecnologia e aplicação de métodos e práticas desenvolvidas pelas Universidades e Empresas públicas e privadas de pesquisa. No entanto, na maioria das vezes o conhecimento e tecnologias desenvolvidas gerados nas universidades e centros de pesquisas não são conhecidos pelos setores da sociedade, sobretudo os pequenos agricultores. Um dos principais fatores que se torna uma ameaça para saúde humana, o meio ambiente e os recursos naturais relacionados as atividades agrícolas são a utilização de métodos convencionais de manejo de pragas, sobretudo o uso de agrotóxicos. Diante deste cenário o Manejo Integrado de Pragas (MIP) nos cultivos agrícolas constitui um dos agentes de geração de conhecimentos que podem ser difundidos como ferramenta mais adequada para o manejo das pragas. Este sistema objetiva a preservação ou incremento dos fatores de mortalidade natural, através do uso integrado dos métodos de controle selecionados com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos. O MIP nos cultivos agrícolas constitui de inúmeras técnicas e produtos gerados. Entre as técnicas geradas estão programas de MIP em hortaliças, culturas de fruteiras, grandes culturas, plantas ornamentais e outros. Outra linha de pesquisa dentro do MIP são as pesquisas direcionadas prospecção de métodos alternativos que constituem ferramenta de controle de problemas fitossanitários tanto na agricultura convencional como na orgânica (Bacci et al, 2007 ab). Assim, neste projeto propõe a capacitação de técnicos, agricultores, trabalhadores rurais e estudantes nas técnicas de MIP, de modo a fortalecer sua capacidade em controlar tecnicamente, economicamente pragas de forma adequada, reduzindo assim os riscos à saúde humana, o meio ambiente e os recursos naturais.

O ataque de pragas leva a ocorrência de perdas na produção e por causa deste fato os agricultores utilizam medidas artificiais de controle. Entretanto, muitas vezes, isto tem sido realizado de forma não planejada através de sistema convencional de controle. Neste sistema são adotadas medidas de controle (geralmente se utiliza o método químico), quando for constatada a presença por exemplo de artrópodes na cultura ou, com base na utilização de calendários, estabelecendo dias para a aplicação de agrotóxicos. A utilização deste sistema se deve, principalmente, a falta de informações, a simplicidade de sua adoção por técnicos e produtores, a falta de processo educativo dos produtores sobre as técnicas de manejo integrado e os altos riscos e investimentos da atividade (Bacci et al., 2007ab; Heather, 2008). Apesar do sistema convencional ser predominante no Brasil, seu uso acarreta problemas de ordem econômica, uma vez que os problemas fitossanitários podem estar ocasionando prejuízos, os quais muitas vezes não são percebidos pelo agricultor, ou mesmo pelo fato deste estar controlando pragas quando estas estão causando pequenos prejuízos, os quais são inferiores aos benefícios advindos do seu controle. Além disto, o uso inadequado dos métodos de controle pode poluir o ambiente e causar intoxicações ao homem (Dent, 1993; Picanço & Guedes, 1999). Os pesticidas organossintéticos são os principais produtos usados no controle de problemas fitossanitários. Este sucesso ocorre devido a estes produtos serem eficientes, terem baixo custo e serem de fácil uso pelos agricultores (Soderlund, 1995; Aktar et al. 2009). Entretanto, a utilização inadequada desses produtos afeta o ambiente e a saúde humana além de selecionar populações resistentes a estes produtos (Kamaraj et al., 2009). Nos últimos anos o uso de pesticidas organossintéticos tem sido relacionado como possível causa de doenças respiratórias como asma e doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson (Hoppin, 2014; Casida and Durkin, 2013). Entre os problemas ambientais causados pelos pesticidas estão os impactos sobre organismos não-alvo como os inimigos naturais e polinizadores (Park et al. 2009; Bhat et al. 2012). O risco associado ao uso de pesticidas tem estimulado a busca de alternativas sustentáveis no controle de pragas como o uso métodos alternativos, por exemplo o uso de caldas alternativas que geralmente são considerados mais seguros do que os produtos sintéticos por apresentarem mais rápida degradação tendo assim uma menor persistência no ambiente (Cloyd 2004; Duke et al. 2010). Outro aspecto importante sobre os produtos naturais é o seu uso na agricultura orgânica cuja área de cultivo tem aumentado nos últimos anos (Willer, 2014). Neste sistema de cultivo é proibido o uso de produtos sintéticos e nele o uso de produtos botânicos se apresenta como uma alternativa mais adequada no controle de pragas (Isman, 2006). Na adoção de sistema de manejo integrado de pragas (MIP), um ácaro ou inseto fitófago só é considerado praga quando causa danos econômicos. Um sistema de manejo integrado de pragas é composto de quatro componentes básicos: a avaliação do agroecossistema, a tomada de decisão de controle e as estratégias e táticas de manejo (Pedigo, 1996; Picanço et al., 2008; Picanço et al., 2014). Na avaliação do agroecossistema são monitoradas as populações de pragas; inimigos naturais das pragas; estádio fenológico das plantas e fatores que influenciam o ataque de pragas e suscetibilidade das plantas às pragas. Na avaliação das pragas é necessário que se conheça quais os organismos são pragas e quais são inimigos naturais. Dentro deste contexto verifica-se que a grande maioria das espécies de ácaros e insetos fitófagos presentes nas lavouras/pomares não causam qualquer prejuízo, não sendo considerados como pragas. Algumas espécies raramente causam prejuízos, sendo consideradas como pragas secundárias ou ocasionais. Já algumas poucas espécies são consideradas como pragas-chave por frequentemente estarem presentes em intensidades de ataque que causam prejuízos econômicos aos agricultores (Pedigo, 1996; Dent, 2000; Picanço & Guedes, 1999; Fernandes et al., 2008; Picanço et al., 2014). A tomada de decisão de controle é baseada no monitoramento das densidades populacionais das pragas e seus inimigos naturais, as quais são comparadas com índices de tomada de decisão. A decisão de controle baseada nas populações das pragas deve ser tomada com base no nível de dano econômico ou no nível de controle, sendo que a praga só deve ser controlada quando sua intensidade de ataque for igual ou maior que estes índices. O nível de dano econômico corresponde a intensidade de ataque da praga que causa prejuízos de igual valor ao custo de seu controle. O nível de controle ou de ação corresponde a intensidade de ataque da praga em que devemos adotar medidas de controle, para que esta não cause danos econômicos (Picanço et al., 2004; Bacci et al., 2007ab; Heather, 2008). A decisão pode se basear também na densidade dos inimigos naturais, neste caso além do nível de dano econômico ou do nível de controle é também considerado o nível de não-ação, que corresponde a densidade populacional do inimigo natural capaz de controlar a população da praga. Portanto, deve-se controlar as pragas quando a sua intensidade de ataque for igual ou maior que o nível de dano econômico ou do nível de controle e a população dos inimigos naturais for inferior ao nível de não-ação (Pedigo, 1999; Dent, 2000; Picanço & Guedes, 1999; Moreira et al., 2007). A amostragem das populações de pragas e inimigos naturais é realizada para avaliação das intensidades de ataque de pragas às culturas e das densidades populacionais de inimigos naturais. As estratégias adotadas no MIP correspondem aos objetivos ou metas que visam minimizar os danos causados por ácaros e insetos-praga. Já as táticas constituem os métodos empregados para a implementação das estratégias dos programas de manejo integrado de pragas (Chant, 1964, Pedigo, 1996; Dent, 2000; Picanço & Guedes, 1999; Picanço et al., 2007; Guedes et al., 2008).

Objetivo Geral: Capacitação online do público alvo nas técnicas de manejo integrado de pragas, de modo a fortalecer sua capacidade em controlar tecnicamente, economicamente as pragas de cultivos agrícolas da região do Alto do Jequitinhonha de forma sustentável. Para tanto, haverá a integração entre os docentes, discentes e técnico através dos conteúdos multidisciplinares que estão envolvidos na capacitação do público alvo. Objetivos específicos Capacitação online em programa de manejo integrado de pragas utilizando métodos alternativos de controle; Capacitação em Manejo Integrado de Pragas em cultivos agrícolas da região do Alto do Jequitinhonha. Capacitação online programas de MIP de Morango Capacitação online programas de MIP de Milho

Espera-se que as ações desenvolvidas por este projeto possibilitem o controle mais adequado das pragas em bases econômicas e adaptadas socialmente a situação do público-alvo das ações do projeto. Neste contexto a meta é a realização de cursos, palestras, publicações de divulgação técnica e que seja contemplado pelo menos 100 pessoas do público alvo. As atividades desenvolvidas possibilitarão ao público envolvido o domínio dos componentes de programas de manejo integrado de pragas e métodos alternativos de pragas. As atividades ocorrerão de forma remota com a: 1. Realização de cursos de Manejo Integrado de Pragas em milho e morango (vídeos e podcasts). 2. Produção de cartilhas de divulgação dos programas (material digital). 3. Produção de materiais de divulgação técnica de programas de Manejo Integrado de Pragas no Morango e no Milho (material digital).

Atividades envolvendo a equipe do projeto Serão realizadas reuniões por vídeo conferência entre a equipe de execução do projeto (docentes, discentes e técnico). Nas reuniões serão discutidas e avaliadas as atividades e treinamentos realizados levantando os pontos positivos e negativos destas, e haverá abertura para sugestões visando a otimização das atividades do projeto. Será discutido também com os integrantes da equipe a sua atuação no projeto. E em todas as reuniões haverá um questionário a ser preenchido pelos integrantes visando a avaliação das atividades do projeto. As atividades propostas serão realizadas para as regiões do Alto do Jequitinhonha. Para tanto, iremos procurar parcerias junto às secretarias de agricultura dos municípios, sindicatos rurais e Emater para o oferecimento das atividades propostas. Produção de cartilhas de programas de Manejo Integrado de Pragas Serão produzidos cartilhas de programas de manejo integrado de pragas para os cultivos do morango e milho e café da região do Alto do Jequitinhonha. As cartilhas produzidos serão sobre o controle alternativo de pragas. As cartilhas conterão informações sobre: identificação dos insetos praga e de seus inimigos naturais; fatores favoráveis ao ataque dos insetos praga; uso de planos de amostragem e de índices de tomada de decisão de controle de pragas, planejamento de técnicas de controle de pragas de modo eficiente, econômico e ambientalmente sustentável com proposta de métodos alternativos e receitas de caldas alternativas para o controle de pragas. Cursos de Manejo Integrado de Pragas Serão realizados cursos online de Manejo Integrado de Pragas. O conteúdo destes cursos contará de: identificação dos insetos praga e de seus inimigos naturais, informações sobre os fatores favoráveis ao ataque dos insetos praga, uso de planos de amostragem e de índices de tomada de decisão de controle de pragas e planejamento de técnicas de controle de pragas de modo eficiente, econômico e ambientalmente sustentável com proposta de métodos alternativos e receitas de caldas alternativas para o controle de pragas. Atividades de avaliação das atividades do projeto envolvendo o público alvo do projeto Durante os eventos o público-alvo (técnicos, produtores, trabalhadores rurais, alunos e donas de casa) preencherá questionários digitais (formulários do google) e serão entrevistados remotamente para levantamento pontos positivos e negativos das atividades, bem como sugestões para aperfeiçoar as atividades do projeto.

Bacci, L.; Picanço, M.C; Fernandes, F.L.; Silva, N.R.; Martins, J.C. Estratégias e táticas de manejo dos principais grupos de ácaros e insetos-praga em hortaliças no Brasil. In: Zambolim, L.; Lopes, C.A.; Picanço, M.C.; Costa, H. (Eds.). Manejo Integrado de Doenças e Pragas-Hortaliças. Viçosa, MG: DFP-UFV, 2007, p.423-462. Bacci, L.; Picanço, M.C; Queiroz, R.B.; Silva, E.M. Sistemas de tomada de decisão de controle dos principais grupos de ácaros e insetos-praga em hortaliças no Brasil. In: Zambolim, L., Lopes, C.A., Picanço, M.C., Costa, H. (Eds.). Manejo Integrado de Doenças e Pragas: Hortaliças. Viçosa, MG: UFV-DFP, 2007, p.423-462. Chant. D.A. Strategy and tactics of insect control. The canadian Entomologist, 96: p.182-201, 1964. Crocomo, W.B. O que é manejo de pragas. In: CROCOMO, W.B. (Ed.). Manejo integrado de pragas. Jaboticabal: UNESP, 1990, p.9-34. Dent, D. Insect pest management. Wallingford: Cab International, 2000, 632p. Guedes, R.N.C.; Picanço, M.C; PEREIRA, Eliseu José Guedes; Silva, E.M.; Silva, G.A.; Souza, Fernanda Freitas. Características dos principais grupos de inseticidas e acaricidas. In: Zambolim, L., Picanço, M.C., Antônio Alberto da Silva. (Eds.). Fungicidas, Inseticidas, Acaricidas e Herbicidas Empregados no Controle de Doenças, Pragas e Plantas Daninhas. Visconde do Rio Branco: Suprema, 2008, p.182-206. Heather, N. W. & Hallman, G. J. Pest Management And Phytosanitary Trade Barriers. CABI Publishing, 2008, p. 267. Moreira, M.D.; Picanço, M.C; Martins, J.C.; Campos, M.R.; Chediak, M. Uso de inseticidas botânicos no controle de pragas. In: Zambolim, L.; Lopes, C.A.; Picanço, M.C.; Costa, H. (Eds.). Manejo Integrado de Doenças e Pragas-Hortaliças. Viçosa, 2007, p.577-606. Pedigo, L.P.; Zeiss, M.R. Analyses in insect ecology and management. Ames: Iowa State University, 1996. 168p. Picanço, M.; Guedes, R.N.C. Manejo integrado de pragas no Brasil: situação atual, problemas e perspectivas. Ação Ambiental, 2: p.23-27, 1999. Picanço, M.C; Bacci, L.; Silva, E.M.; Morais, E.G.F.; Silva, G.A.; Silva, N.R. Manejo integrado das pragas do tomateiro no Brasil. In: Silva, D.J.H; Vale, F.X.R. (Eds.). Tomate: tecnologia de produção. Viçosa: UFV, 2007, p.199-232. Picanço, M.C; Fernandes, F.L.; Morais, E.G.F.; Campos, M.R.; Xavier, V.M. Manejo integrado das pragas. In: Sediyama, T. (Ed.). Tecnologias de produção e uso da soja. Londrina: Mecenas Ltda, 2008, p.119-132. Picanço, M.C; Pereira, J.L.; Gonring, A.H.R.; Silva, A.A; Barros, E.C. Impacto da integração agricultura-pecuária do manejo integrado de pragas. In: Zambolim, L.; Silva, A.A.; Agnes, E.L. (Eds.). Manejo integrado: integração agricultura-pecuária. Visconde do Rio Branco: Suprema, 2004, p.171-206.

A formação dos estudantes em agronomia irá favorecer a execução deste projeto, uma vez que terão conhecimento amplo e profundo das atividades agrícolas relacionados deste projeto. Além disso, os estudantes estarão envolvidos em atividades de transferência de tecnologia. Para tanto, irei desenvolver treinamento em capacidade de organização das atividades propostas, comunicação oral e escrita. Nas atividades de cursos e palestras os estudantes irão organizar e terão a oportunidade de ministrarem parte dos conteúdos das atividades de forma remota. Já nas atividades de escrita, os estudantes irão elaborar materiais para a produção de materiais de divulgação técnica e elaboração de relatórios das atividades de avaliação do projeto envolvendo o público alvo. Os estudantes serão acompanhados semanalmente e avaliados de acordo com as atividades propostas desenvolvidas.

Apesar do sistema convencional ser predominante no Brasil, seu uso acarreta problemas de ordem econômica, uma vez que os problemas fitossanitários podem estar ocasionando prejuízos, os quais muitas vezes não são percebidos pelo agricultor, ou mesmo pelo fato deste estar controlando pragas quando estas estão causando pequenos prejuízos, os quais são inferiores aos benefícios advindos do seu controle. Além disto, o uso inadequado dos métodos de controle pode poluir o ambiente e causar intoxicações ao homem. Os cultivos de milho e de morango são culturas de importância econômica nas regiões próxima a Diamantina. No entanto, o morango é um dos cultivos que apresentam o uso mais elevados de uso de agrotóxico no Brasil, colocando em risco assim os produtores e consumidores. A utilização deste agrotóxicos se deve, principalmente, a falta de informações, a simplicidade de sua adoção por técnicos e produtores, a falta de processo educativo dos produtores sobre as técnicas de manejo integrado e os altos riscos e investimentos da atividade. Assim este projeto, é uma excelente oportunidade para a formação dos estudantes, capacitação online do publico alvo e para consolidar parcerias entre a UFVJM, a Emater-MG e pequenos produtores rurais da região.