Detalhes da proposta

Acender do barro

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    rodrigo guimarães silva

    Número de inscrição:

    20211012021408154

    Unidade de lotação:

    fih

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências humanas

    Área temática principal:

    cultura

    Área temática secundária:

    tecnologia e produção

    Linha de extensão:

    artes integradas

    Abrangência:

    nacional

    Vinculado a programa de extensão:

    não é vinculado a nenhum programa.

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

uliana franco medina procópio Bolsista

Resumo

O projeto intitulado “Acender do barro” propõe efetuar atividades em duas esferas correlacionadas, quais sejam: 1) Elaborar e disponibilizar, nas plataformas on line e em outros espaços de audiovisual, tais como mostras de cinema e festivais culturais, um


Palavras-chave

Filmografia, Instrumentos musicais de cerâmica, Ateliê-laboratório


Introdução

Você sabe que, na verdade, o que o oleiro faz é cobrir o vento, o nada, porque a peça de barro é isso: uma separação no vazio. Medinho Barrista Vale do Jequitinhonha O presente projeto “Acender do Barro”, em uma de suas interfaces de videografia, vale-se da experiência fílmica adquirida no projeto “Narradores do Vale do Jequitinhonha”, aprendizado este que se estendeu por mais de quatro anos no que diz respeito aos processos de roteirização, filmagens (domínio técnico e linguagem fílmica) e edições (imagética, projeto sonoro) cujo apoio e financiamento parcial da UFVJM/Proexc foi fundamental (Registro PROEXC Nº: 048.2.057-2015 - Procarte). No projeto citado, já finalizado, foram produzidos doze curtas-metragens sobre as tradições do garimpo, das parteiras, da Folia de Reis, entre outras, no Município de São João da Chapada e Quartel do Indaiá (todo esse acervo encontra-se disponível na Plataforma Youtube: “Narradores do Vale do Jequitinhonha: São João da Chapada”). Esse processo foi de suma importância para a ampliação da formação cultural e capacitação técnica do coordenador desta proposta e de sua equipe, tanto no sentido de amadurecimento de uma linguagem fílmica quanto no de aprofundamento do contato com as tradições locais e seus guardiões. No projeto que aqui se perfaz, “O acender do barro”, planejamos produzir um curta-metragem que será veiculado nas plataformas on line e em outros espaços relacionados à videografia. De maneira sucinta, o curta-metragem irá abordar as atividades do Espaço Tejucos. Trata-se de um ateliê-laboratório de instrumentos musicais feitos de cerâmica que já se encontra em fase de implementação. O curta-metragem abordará todas as etapas do processo de construção dos instrumentos, desde a escolha das argilas, os modos de modelagem e secagem das peças, e as variadas formas dos processos de queima em fornos à lenha, à gás e elétrico. Também receberá destaque o campo antropológico e cultural da relação dos instrumentos musicais com seu solo de origem (muitos deles oriundos da África, como o udu/moringa, da etnia Igbo, Nigéria). Acrescenta-se ainda a elucidação dos processos de incorporação de ritmos e sonoridades desses instrumentos na cultura regional e local, sendo que muitos deles já estão alicerçados nas referências culturais vigentes no Vale do Jequitinhonha, muito bem exemplificado por alguns toques inteiramente autóctones (tambores Rei Tiago, de Minas Novas, por exemplo, ou o “toque do prato”, em São João da Chapada). Cabe ressaltar que essa proposta é inédita no Brasil, no entanto, iremos nos valer de referencias de trabalhos já consolidados em outros países e que dispõem de ampla pesquisa e alentado acervo de instrumentos de cerâmica, como se vê nos laboratórios experimentais de construção e inovação de instrumentos musicais realizados na França, pelo grupo Terre et Son e, de maneira ainda mais pungente, no México, pelos percussionistas/ceramistas do “Barromadre”. Salientamos também o trabalho experimental e de criação de instrumentos não convencionais que ganhou repercussão internacional, o grupo Uakti (1978-2015), de Belo Horizonte, embora não tenham se dedicado aos instrumentos cerâmicos, pois elegeram o PVC, a madeira e o vidro como suas principais matérias primas e de pesquisa sonora, seus processos de investigação e experimentação sonora, assim como a elaboração de oficinas de construção de instrumentos musicais, constitui uma referência fundamental para o trabalho que visamos desenvolver neste projeto. Em relação a alguns saberes sobre o “barro”, a contribuição dos ceramistas que residem em Diamantina e cidades próximas, será de extrema valia para a nossa proposta. Para tanto, já estabelecemos parcerias que se encontram em fase de consolidação, esse é o caso do grupo Terra Queimada, de Diamantina. A professora de artes plásticas e de cerâmica Giovana Reis, disponibilizou seu ateliê para atuarmos e efetivarmos pesquisas pontuais, assim como seus equipamentos para modelação, secagem e queima das peças cerâmicas (forno à lenha e forno elétrico). Essa parceria será de fundamental importância e poderá, entre outras possibilidades, mediar alianças com os artesãos locais que já trabalham o barro há décadas no Vale do Jequitinhonha, mesclando técnicas indígenas de identificação da argila, modelagem e queima com processos desenvolvidos exclusivamente no Médio e Baixo Vale do Jequitinhonha, região que abriga uma “vivência” cerâmica regional e local nas figuras de alguns de seus principais expoentes, tais como Lira Marques, de Araçuaí; Zezinha (Maria José), de Minas Novas; Amaury Aparecido, de Capelinha; Ana do Baú (Ana Fernandes), de Campo Grande/Turmalina; Valdete Fernandes, de Cachoeira do Fanado e tantos outros já retratados, com competência e sensibilidade narrativa, no documentário “Do pó da terra” (2016), de Maurício Nahas. O que está em nosso horizonte propositivo é a relação indissociável entre o barro/argila, a confecção de instrumentos musicais e a dimensão rítmica, cultural e antropológica em que muitos desses instrumentos estão inseridos. Essas relações entre música, repertórios rítmicos e narrativos, já foram amplamente abordados por teóricos inseridos no âmbito acadêmico com especial olhar para o diálogo da música brasileira e seu enraizamento nas comunidades de origem, como se dá nas obras escritas por Luiz Tatit e José Miguel Wisnik e, na perspectiva de feição mais universalizante, nas reflexões da Paul Zunthor, principalmente em relação às formas de narrativas tradicionais e suas modulações imagéticas e rítmicas. Numa outra vertente, o conhecimento técnico sobre argilominerais e seus processos de confecção, secagem e rampa de queima, obras de outros matizes poderão nos auxiliar, a saber: Introdução à tecnologia cerâmica e Tecnologia das Argilas, de Frederick H. Norton e Pérsio de Souza Santos. No entanto, ampla pesquisa ainda deve ser feita no que concerne, sobretudo, a alguns aspectos, tais como: 1) investigar as propriedades “percussivas/sonoras” dos argilominerais, pois as pesquisas sobre diferentes tipos de argilas e seus componentes químicos, majoritariamente endereçam seus objetivos para a indústria de cerâmica de pisos, azulejos, tijolos e telhas, ou seja, quase tudo que diz respeito às propriedades de plasticidade, resistência mecânica, porosidade, condução térmica e comportamento da “massa” ao calor. Verifica-se uma grande escassez de pesquisas teóricas ou investigações empíricas direcionadas à relação dos tipos de argilas (e suas propriedades químicas, os óxidos de ferro, manganês e/ou matéria-orgânica) e as variadas temperaturas e rampas de queima para fins de construção de objetos musicais, o que demanda um corpo cerâmico com características bem específicas para propagar bem as ondas sonoras e manter maior sustentação do som; 2) os variados formatos dos instrumentos não convencionais a serem criados que funcionam como caixa de ressonância de ondas sonoras, portanto, ainda não estudadas; 3) a possibilidade de captação de frequência sonora com receptores elétricos diretamente acoplados no corpo cerâmico, isto é, não utilizando a forma do instrumento como caixa acústica, mas valendo-se da capacidade percutiva do matéria em questão. Diante de algumas dessas formulações acima apresentadas e de uma proposta com traço teórico, empírico e vivencial, sustentado pelas investigações sobre os arquivos do patrimônio cultural material e imaterial concernente aos ritmos e saberes musicais do Médio e Alto Jequitinhonha, o projeto que aqui delineamos apresenta um amplo potencial no sentido de agregar pessoas de campos e formações plurais: discentes da UFVJM (Cursos de Humanidades, Geologia e Ciências dos Materiais), alunado do Conservatório Estadual Lobo de Mesquita, ceramistas do Alto Jequitinhonha e parte do público alvo das regiões periféricas de Diamantina, possibilitando, assim, ampliarmos, no espaço universitário, uma reflexão crítica e uma práxis ancorada na dimensão dialogal coletiva o que possibilita a construção de um saber em que os sujeitos se veem implicados, de maneira existencial, em seus objetos de estudo. Por fim, em relação à atuação no campo social, à possibilidade de realização de oficinas de construção de objetos musicais de forma presencial, sobretudo nas comunidades da Palha, do Rio Grande e da Gruta, dependerá do contexto de biossegurança das possíveis janelas que poderão ser abertas em relação à situação pandêmica de Covid 19 ao longo de 2021.


Justificativa

Pensar e implementar ações na área da cultura que coadunam com os preceitos de segurança e novas formas de sociabilidade que a situação atual de pandemia de Covid 19 nos apresenta, tornou-se um desafio aos educadores e aos sistemas epistemológicos e conceituais que alicerçaram os processos educativos até o presente momento. Partindo dessas premissas, buscamos relacionar conteúdos que possam ser disponibilizados on line, (o curta-metragem já referido) e o espaço de pesquisa e experimentação, o ateliê-laboratório de construção de instrumentos musicais, mas sem perder de vista a inserção desses sujeitos em uma esfera social permeada pela memória coletiva construída por gerações no Vale do Jequitinhonha (mediante suas músicas, ritmos e saberes sobre o amplo processo da “lida” com a cerâmica). Nesse sentido, os ritmos musicais e a apresentação dos mesmos no curta-metragem que almejamos elaborar se constituirão como mediação entre os sujeitos e as culturais locais e regionais, abrangendo não só linguagens rítmicas socialmente referenciadas, mas também possibilitando a ampliação e fortalecimentos de elementos identitários que são agregados nos processos de formação de sujeitos tanto em sua esfera individual quanto no âmbito coletivo. Concomitantemente, a pesquisa e construção de objetos musicais de cerâmica (outro desdobramento do projeto) possibilitará agregar saberes regionais e locais consolidados há muito no Vale do Jequitinhonha, conhecimentos que dizem respeito a identificação da argila, as formas de modelagem (algumas delas advindas das tradições indígenas), os processos de secagem das peças cerâmicas e o amplo repertório das formas de queima (que abrange desde a construção de fornos, respostas dos argilominerais à temperatura, rampa de aquecimento, temperatura de queima, entre outros). Cabe destacar que a cultura ceramista e seus fazeres são profundamente enraizados nas dimensões coletivas de trabalhos em mutirão ou cooperativos, pois o acesso às argilas, aos fornos, aos ensinamentos dos “mestres” e aos sistemas de disponibilização e comercialização das peças, sejam elas utilitárias ou artesanais, demandam a construção de uma ampla rede social de trocas e ajuda mútua. Nesse sentido, as parcerias firmadas, ainda de forma incipiente, com os artesãos e ceramistas locais, são de interesse ímpar para o projeto. Por fim, destacamos ainda que um espaço de investigação, pesquisa, construção e disponibilização de objetos musicais eminentemente feitos de cerâmica e a criação de instrumentos nesta perspectiva é inédito no Brasil.


Objetivos

Geral: Propiciar, mediante a produção e veiculação de um curta-metragem sobre a construção de instrumentos musicais de cerâmica em Diamantina, o aprendizado de alguns ritmos percussivos culturalmente referenciados no Vale do Jequitinhonha, bem como uma introdução aos saberes autóctones dos oleiros, artesão e ceramistas do Alto Jequitinhonha. Elaborar e criar um ateliê-laboratório de pesquisa sobre instrumentos musicais de cerâmica convencionais e inovadores, ampliando o patrimônio material e imaterial do Vale do Jequitinhonha. Específico: Pesquisar, produzir, filmar, editar, divulgar e disponibilizar (nas mídias on lines tais como youtube, instagram e facebook) um curta-metragem sobre a confecção de instrumentos musicais e ritmos percussivos ancorados nos saberes locais do Vale do Jequitinhonha; Elaborar e implementar o ateliê-laboratório de instrumentos musicais de cerâmica; - Investigar e pesquisar argilominerais nos arredores de Diamantina que apresentem, após o processo de modelagem e queima, propriedades satisfatórias de resistência mecânica e boa capacidade percussiva de propagação de ondas sonoras; Promover oficinas presenciais de construção de instrumentos musicais e introdução de alguns ritmos percussivos regionais e locais nos bairros periféricos de Diamantina tais como Rio Grande, Palha, e Gruta (este item dependerá de inúmeras variáveis de biossegurança relativas à situação de pandemia de Covid 19 ao longo de 2021); - Crias um Stand para apresentação dos instrumentos musicais que serão produzidos pelo ateliê-laboratório de instrumentos musicais de cerâmica; - Apresentar e discutir, em eventos acadêmicos e festivais culturais (tais como Sintegra-UFVJM, festivais de inverno, Festvale, Festival de Milho Verde ), o curta-metragem referido acima e os instrumentos produzidos pelo ateliê-laboratório de instrumentos musicais de cerâmica; - Municiar e enriquecer, com material inédito, o acervo do patrimônio i-material do Alto Jequitinhonha.


Metas

- Estima-se uma participação direta, nas plataformas digitais, de adolescentes, jovens e adultos que residem nas comunidades periféricas de Diamantina, valendo-se de uma rede de contatos já estabelecida com músicos e rappers locais que participaram do curta-metragem “Vozes da Resistência”, dirigido pelo proponente desta proposta, e que alcançou milhares de visualizações no Facebook e no Youtube; - Estima-se um significativo interesse e maior capilarização de acessos, nas redes sociais, sobretudo na Plataforma Youtube, devido à escassez de vídeos que tratam da temática em questão e o elevado número de acessos nos vídeos que apresentam temáticas relacionadas a instrumentos de percussão feitos de maneira artesanal; - Considerando o grande fluxo de discentes, docentes e técnicos administrativos no Sintegra e outros eventos universitários realizados na UFVJM, estima-se um número significativo de pessoas que serão acessadas mediante projeções fílmicas e acesso direto aos stands de instrumentos musicais que serão disponibilizadas nesses eventos; - Estima-se que parte expressiva da população da região que reside ou frequenta as regiões periféricas de Diamantina, bem como a população jovem fidelizada às Plataformas Digitais, será impactada direta e indiretamente pelo projeto através de futuras ações e produtos da produção fílmica e atividades realizadas ao longo do projeto; Estima-se alcançar um grupo significativo de ceramista, artesãos e pessoas afins com as atividades artesanais e/ou musicais desenvolvidas no Vale do Jequitinhonha no que diz respeito à segunda etapa do presente projeto, qual seja, a produção e criação de instrumentos musicais de cerâmica e instrumentos híbridos (estruturados em cerâmica, mas acrescido de outros componentes, como membranas/peles e metais).


Metodologia

Para a realização deste projeto será necessário o cumprimento de várias e diferenciadas etapas metodológicas, cada uma delas exigindo direcionamentos e instrumentais específicos: 1) Selecionar o bolsista do projeto e colaboradores voluntários; 2) Discussão e aprimoramento estético e conceitual da proposta do projeto com o bolsista e os potenciais voluntários; 3) Levantamento e investigação de possíveis ritmos musicais locais e regionais que poderá integrar o curta-metragem; 4) Elaborar, juntamente com o bolsista e voluntários, um Plano de Trabalho com as diretrizes de possíveis objetos e ritmos musicais a serem trabalhados; 5) Efetivar o processo de filmagem do curta-metragem; 6) Análise e discussão com o bolsista e os voluntários sobre o material fílmico; 7) Seleção de cenas, músicas e processo de edição; 8) Finalização do curta-metragem e veiculação do mesmo nas plataformas on line (youtube, facebook, instagram, etc); 9) Discussão com toda a equipe e implementação do ateliê-laboratório de pesquisa de instrumentos musicais de cerâmica; 10) Ampliar parcerias para utilização de fornos de queima (as queimas em um forno elétrico já nos foi concedida por uma parceira colaboradora do projeto); 11) Indicadores de avaliação: em relação ao bolsista, será considerado as suas propostas e atuações na elaboração do Plano de Oficinas; no levantamento e apresentação ao coordenador do acervo de ritmos musicais regionais e locais; na montagem dos instrumentos musicais e na participação efetiva de construção do curta-metragem (de fundamental importância será também a veiculação e divulgação dos curta-metragem nas Plataformas on line. Em relação ao Público Alvo, os acessos nas Plataformas on line, as visualizações e “comentários” registrados nas plataformas configuram um eficiente indicativo de participação e envolvimento com os mesmos, sobretudo nos casos em que ocorrem feedback escritos. Outros procedimentos também serão adotados, tais como acesso aos stands de instrumentos musicais que serão montados em Festivais de Cultura e eventos Acadêmicos; Os parceiros do projeto, que atuarão na área de consultoria de videografia (Michel Becheleni), consultoria técnica e teórica sobre a confecção de objetos cerâmicos (Giovana Reis), poderão nos auxiliar, de maneira efetiva, nos processos em curso, com a metodologia e a concepção de work in progress, balizando ações e possíveis redirecionamentos em cada etapa do processo construtivo; Apresentação do curta-metragem em eventos institucionais afins e mostras culturais.


Referências Bibliográficas

ABCERAM. Associação Brasileira de Cerâmica. Disponível em <https://abceram.org.br/> acessado em 22/10/2020 EMICIDA et al. Os filhos deste solo: olhares sobre o povo brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Noise, 2011. EVARISTO, Conceição. Olhos D’água. Rio de Janeiro: Pallas Fundação, 2016. FERREZ. Capão pecado. São Paulo: Labor texto, 2000. FIGUEIRÓ, Lori. Acender do barro. Belo Horizonte: Ramalhete, 2018. FIGUEIRÓ, Lori. Louvores, louvores, os tambores do Rosário. Belo Horizonte: Ramalhete, 2019. FIGUEIRÓ, Lori. Sementes da terra maturada. Belo Horizonte: Ramalhete, 2017. LINS, Paulo. Desde que o samba é samba. Rio de Janeiro: Editora Planeta, 2012. NORTON, Frederick H. Introdução à tecnologia cerâmica. São Paulo: Edgard Blucher, 1973. PAZ, Octavio. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. SANTOS, Pérsio de Souza. Tecnologia das Argilas. São Paulo: Edgard Blucher, 1975. TATIT, Luiz. O século da canção. São Paulo: Ateliê, 2004. VLACK, Lawrence H. Van. Propriedades dos materiais cerâmicos. WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. ZUNTHOR, Paul: Introdução à poesia oral. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. Sites e endereços on line: Barro e cordas: http://www.barroecordas.com.br/barro/enviado.asp Acessado em 25 do 10 de 2020; Barromadre: https://www.instagram.com/barromadre/?hl=pt-br https://www.instagram.com/barromadre/?hl=pt-br MAGRINI, Amanda. @amandamagrini_ceramica Terre et son: https://www.terreson.com/pages/_frame.html https://www.instagram.com/barromadre/?hl=pt-br


Inserção do estudante

Observação: algumas das atividades abaixo elencadas dependerão dos processos e normas de biossegurança vigentes ao longo de 2021 no que diz respeito à pandemia de Covid 19. PROJETO PARTE 01: Produção de curta-metragem sobre a produção, em Diamantina, de instrumentos musicais feitos de cerâmica e introdução a alguns ritmos percussiovos locais e regionais executados com os instrumentos elencados na referida videografia. O discente da área de Humanidades possui formação acadêmica adequada para contribuir significativamente com o presente projeto tendo em vista sua formação interdisciplinar ou em narratividade (seja ela literária ou fílmica) através da qual poderá construir reflexões teóricas e propor atividades práticas de abordagem de sujeitos acerca da temática das tradições e vivências ritmo-corporais e seus desdobramentos de expressão artística ou comunitária. A temática do projeto dialoga diretamente com diferentes áreas epistemológicas do conhecimento e diversos saberes presentes propiciados no curso de Humanidades e na Licenciatura em Letras: História, Geografia, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Pedagogia, Ciências Políticas, Psicologia e Letras (sobretudo a literatura de tradição oral que se vale do ritmo e da performance como elementos fundamentais de sua expressão). O projeto possibilita a práxis necessária para contribuir significativamente com a formação do possível bolsista ao permiti-lo associar, através das atividades realizadas, teorias e práticas em um intrincado tecido existencial e de contato direto com os narradores rítmicos (no sentido de valer-se de diferentes ritmos nos processos narrativos em que sonoridades, ritmos melódicos, harmônicos ou percussivos configuram um grande mosaico de saberes locais e regionais). A construção, no cotidiano acadêmico, da integração entre os pilares ensino-pesquisa-extensão permitirá ao estudante, neste projeto, ampliar seu horizonte interpretativo incorporando em seu fazer e reflexão artística e sociopolítica, a diversidade de interesses, olhares e perspectivas presentes em diferentes grupos sociais da região de Diamantina. Conhecer outros “dizeres rítmicos”, subjetividades e visão de mundo, bem como variadas formas de organização artística, discursiva, identitária e de poder, todas essas possibilidades, poderão ampliar os pressupostos intelectuais, epistemológicos, artísticos e os campos afetivos e de fruição estética dos discentes participantes do projeto (bolsista e colaboradores). O projeto efetuará reuniões frequentes com o discente bolsista e eventuais colaboradores nas quais as atividades serão planejadas e avaliadas; os materiais bibliográficos serão debatidos permanentemente, assim como as vivências de campo serão compartilhadas e problematizadas em constante relação com a teoria. Em todas as atividades do projeto, distribuídas ao longo do período de um ano, o bolsista e colaboradores serão capacitados pelo coordenador da presente proposta para fins de compreender e refletir teoricamente sobre a temática trabalhada, tanto quanto no quesito planejamento, organização e execução de atividades de campo. O discente bolsista participará da realização de todas as atividades do projeto efetuando as seguintes atividades: 1) Reflexão teórica sobre a temática dos saberes e ritmos musicais regionais; 2) Planejamento do curta-metragem que será produzido e divulgado nas plataformas on line; 3) Execução das apresentações dos produtos do projeto nos festivais e eventos acadêmicos afins, (resolver questões práticas associadas a preparação de Stands para a apresentação dos instrumentos musicais feitos de diversos materiais; 5) O discente será acompanhado pelo coordenador do projeto que analisará comprometimento, frequência nas reuniões (virtuais e presenciais), dedicação à realização das atividades e, em especial, desenvolvimento da capacidade de associação entre ensino, pesquisa e extensão; 6) O estudante produzirá, juntamente com o coordenador da proposta, os relatórios parcial e final referente às etapas, desenvolvimento e resultados alcançados pelo projeto. PROJETO PARTE 02: ATELIÊ-LABORATÓRIO. A criação e implementação de uma ateliê-laboratório de instrumentos musicais de cerâmica demandará uma atitude pró-ativa do discente da UFVJM que poderá estar cursando Engenharia Geológica ou Engenharia de Materiais. A diversidade dos argilosminerais presentes no “barro”, da família dos Caulinitas, Ilitas e Esmectitas e a complexidade de suas interações após o processo de queima das “massas” em alta temperatura (entre 1200 a 1400º.C), possibilitará ao estudante de Engenharia Geológica um instigante campo de investigação e atuação em relação aos produtos cerâmicos. Como já nos referimos, as propriedades térmicas, ópticas, eletromagnéticas e de resistência mecânica dos produtos cerâmicos após a queima, são amplamente estudadas, no entanto, a relação do sistema argila-água, composição de argilominerais, rampa de queima e propriedades acústicas do produto cerâmico destinados à instrumentos musicais, é um campo pouco investigado e que colocará desafios bastante instigadores para os discentes que atuam na área de Engenharia de Materiais. Os outros quesitos relacionados ao acompanhamento teórico e prático dos discentes por parte do coordenador, bem como as formas de participação no projeto, já se encontram descritas na Parte 01, variando apenas em relação ao conteúdo estudado e a atuação na pesquisa de campo.


Observações

A presente proposta está inteiramente inserida no contexto de pandemia de Covid 19, no entanto, não se restringe ao caráter de lives e encontros em plataformas on line que vem se configurando como uma ferramenta corrente de sociabilidade no período pandêmico. A dimensão coletiva de saberes consolidados no Vale do Jequitinhonha no que tange ao amplo repertório de ritmos e músicas que fazem parte de muitas das tradições religiosas do Vale do Jequitinhonha, é um dos destaques deste projeto, qual seja, relacionar a dimensão ancestral coletiva autóctone com os instrumentos musicais que lhes conferem “voz”. Dessa forma, pode-se propiciar o acesso a saberes consolidados nas manifestações culturais do Vale do Jequitinhonha em diálogo com atividades lúdicas em suas dimensões percussivas no âmbito dos objetos musicais de cerâmica. Outro desdobramento do projeto, proposta que poderá ser estendida para uma segunda fase do que aqui apresentamos, diz respeito à construção de um espaço de pesquisa sonora e musical dedicado a instrumentos de cerâmica, perfazendo etapas que implicam no estudo das argilas (especialmente a caulinita, pois identificamos a presença da tabatinga nos fogões à lenha de Quartel do Indaiá), na construção dos instrumentos cerâmicos e inserção dos mesmos nas comunidades periféricas. Ainda nessa perspectiva, objetivamos também o estudo, pesquisa e criação de instrumentos musicais não convencionais, à maneira do grupo francês Terreson, dos ceramistas/percussionista do espaço Barromadre (México) e do extinto grupo de Belo Horizonte, Uakti. Sabemos que chocalhos, tambores e pios (instrumentos de sopro) feitos de cerâmica são produzidos por algumas etnias indígenas brasileiras, embora a madeira, o bambu, as cabaças e os ossos de animais, constituem as matérias-primas mais utilizadas. No entanto, a presente proposta, em relação à construção de instrumentos musicais de cerâmica, está inserida nos parâmetros de investigação científica que aborda um amplo espectro de campos a serem investigados, tai como os argilominerais adequados, sua estrutura, propriedades, maneiras de processamento; formas e formatos de caixa para ressonância acústica e os meios de propagação de ondas sonoras em tubos, enfim, uma ampla gama de possibilidades que possam instigar os discentes a uma atitude investigativa na construção pró-ativa de novos saberes, com aporte e recursos analíticos e tecnológicos disponíveis aqui na UFVJM, sobretudo nos cursos de Engenharia de Materiais (IECT) e Engenharia Geológica (ICT), que habilita seus discentes a atuarem em campos interdisciplinares. Em suma, a proposta do ateliê-laboratório de instrumentos musicais de cerâmica, nos escopo que aqui apresentamos, ainda não foi realizada no Brasil, e traz a possiblidade ímpar de operacionalizar uma campo do saber-fazer que possa cotejar, a um só tempo, pesquisa experimental e laboratorial com a dimensão social e comunitária entrelaçada por músicas e ritmos.


Público-alvo

Descrição

Adotaremos aqui algumas referências concretas de curtas-metragens que já produzimos em Diamantina e municípios próximos: Narradores do Vale do Jequtinhonha, Berilo (2016): alcançou 2700 acessos na plataforma Youtube; “Negra sim” (2017), mais de 10000 aces

Municípios Atendidos

Município

Diamantina, Mg

Município

São João Da Chapada, Mg

Parcerias

Nenhuma parceria inserida.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Produção do curta-metragem sobre as atividades do ateliê-laboratório de instrumentos musicais de cerâmica, elucidando todas as etapas do processo de confecção dos mesmos, desde a escolha das argilas, processos de modelagem, secagem das peças cerâmicas, rampas de queima nos fornos e as possibilidades sonoras dos instrumentos alicerçadas nos ritmos musicais do Vale do Jequitinhonha.