Visitante
Geração cultura: somos todos diferentes, mas somos todos iguais! (fase 2)
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Procarte
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
ezequiel redin
20221022022457
instituto de ciências agrárias-unaì
Caracterização da Ação
ciências agrárias
cultura
trabalho
desenvolvimento rural e questão agrária
nacional
campo, saberes e conexões
Não
Membros
laura rosa correa
Bolsista
gabriela de almeida santos
Voluntário(a)
janice queiroz de pinho gonçalves
Voluntário(a)
romário da silva santana
Voluntário(a)
giovani guilherme onzi
Voluntário(a)
katia vieira souto lepesqueur
Voluntário(a)
michele weber lorenzoni
Voluntário(a)
thiago vasconcelos melo
Voluntário(a)
diego azevedo mota
Voluntário(a)
anderson alvarenga pereira
Voluntário(a)
luciane da costa barbé
Voluntário(a)
maurício cezar resende leite junior
Voluntário(a)
kemmily lima de almeida
Voluntário(a)
O projeto objetiva construir um conjunto de esforços no sentido de valorizar as diferentes abordagens culturais em múltiplas comunidades rurais relacionadas ao meio rural brasileiro. Para tanto, a equipe focará na reconstituição das memórias das pessoas envolvidas na tradição, na etnia e na alimentação herdada pelas famílias de geração em geração, congregando diferentes experiências de vida. Nosso esforço foca em dar visibilidade as diferentes comunidades, pessoas com saberes locais que estão ligadas aos assentados da reforma agrária, os povos indígenas, os remanescentes de quilombos e os demais povos e comunidades tradicionais. Nesse sentido, o projeto oportuniza que tais populações possam apresentar suas histórias de vida e experiências com a produção de notícias, posts e lives nas redes sociais (Instagram/youtube) para a sociedade, através do intermédio da comunidade universitária. Abrir um espaço para os povos marginalmente excluídos configura-se um compromisso social da universidade como uma instituição incentivadora das ações locais e, além disso, pode contribuir para o desenvolvimento social.
Cultura, experiências de vida, histórias de vida, rural, tradição
Ao longo da história, as pessoas que moravam no meio rural, com baixas condições de hipossuficiência econômica, foram marginalizadas da sociedade. Isso gerou um uma caricatura depreciativa da realidade social em que desvalorizou culturas e histórias de vida que não estavam relacionadas aos centros urbanos ou vinculados aos circuitos de mercado de capitais. O meio rural brasileiro é um lugar eclético, ou seja, ocupam esse espaço pessoas descendentes de diversas origens étnicas e condições socioeconômicas, com especificidades regionais muito peculiares. Boa parte dessa herança étnico-cultural tem relação com as estratégias de reprodução das famílias mineiras, paulistas, paranaenses, catarinenses, gaúchos, até mesmo de famílias de outros países, como por exemplo, descendentes de japoneses e holandeses. Essa miscigenação cultural está presente na Mesorregião Noroeste do estado de Minas Gerais em que, tradicionalmente, criaram raízes no local e estabeleceram suas tradições. Uma dessas tradições envolvem reprodução da culinária, das suas origens étnicas e identidades geográficas. Associando esta grande diversidade cultural, em boa parte dos casos, estudada pela antropologia e sociologia rural, a sociedade criou tipologias ideais entre os grupos sociais, entre aquele que tem e aquele que não tem visibilidade, ou seja, a exclusão acontece quando não aparece em forma de um agente de produção de mercadorias e capital. Esse comportamento de valorização/desvalorização ou visibilidade/invisibilidade dos grupos sociais causou uma série de problemas na compreensão dos processos de desenvolvimento no país. No entanto, os grupos sociais excluídos não perderam suas identidades, seus saberes e suas tradições, apenas, estão ocultos e marginalizadas pela sobreposição da lógica de reprodução dominante de outros grupos. Há, nesse contexto, a preservação da cultura e herança geracional, mas também existe a criação social de um circuito econômico em torno da cultura. Vale destacar que o turismo rural se apropria dessas questões quando lhe convém e associa-as como locais importantes para a ordem econômica do território. No entanto, é preciso ir além do interesse local e meramente especulativo do capital sobre essas comunidades rurais. Diante desse problema social das comunidades marginalizadas no meio rural, a partir das últimas duas décadas, iniciou-se uma preocupação com a identidade e uma tentativa de mudança de percepção da sociedade, como por exemplo, mudanças de terminologia de “pequeno agricultor” para “agricultor familiar”, estabelecido em Lei da Agricultura Familiar em 2006 (BRASIL, 2006). A Lei da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PNATER) traz a visibilidade e legitima os serviços de extensão rural no país para os assentados da reforma agrária, os povos indígenas, os remanescentes de quilombos e os demais povos e comunidades tradicionais (BRASIL, 2010). Essa série de iniciativas no país, corrobora a necessidade de valorizar o direito das pessoas ao acesso as políticas públicas e ao espaço enquanto pessoas de direito na sociedade. Redin (2015) pontua que o meio rural brasileiro ainda permanece a percepção por parte das famílias rurais sobre a carência de sua valorização identitária e também a desvalorização da produção agrícola que está atrelada ao fato da desvalorização do trabalho rural. Diante disso, a cultura rural, apesar de todo esforço, ainda preserva o saber fazer construído no coletivo (convenção cívica) pelas famílias que fortalecem sua identidade social, política, cultural e produtiva. Diante de tal problemática, esse projeto tem como propósito estimular e valorizar a cultura rural, interagindo com a sociedade, resgatando os saberes tradicionais em relação as suas diferentes estratégias, trabalhos e ações sociais, sejam eles do passado e presente, com o objetivo de sistematizar as experiências no meio virtual para fortalecer um Brasil rural quase esquecido em tempos modernos.
Embora haja um avanço recente na valorização das identidades das famílias marginalizadas no rural brasileiro ainda há resquícios pejorativos ao longo da história das pessoas que moram e vivem no meio rural em condições de vulnerabilidade social. O forte enraizamento social, os comportamentos da sociedade tipificando produtores de pequena escala, indígenas, quilombolas sempre colocam essas comunidades como improdutivas, incapazes de sair da sua realidade, inoperantes a lógica da reprodução econômica guiada pelo capital. Assim, seu trabalho é desprezado, seu saber e conhecimento desvalorizado e, muitas vezes, reproduz-se um discurso preconceituoso vinculando essas pessoas a completa ignorância. Em função dessas questões, ainda presentes no rural brasileiro, que esse projeto se propõe dar visibilidade virtual para esses grupos sociais. Em 2010, o Brasil aprovou a Lei n. 12.343, de 2 de dezembro de 2010, em que instituiu o Plano Nacional de Cultura (PNC) e criou o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC). Nesta Lei, restou sedimentada no capítulo II, Das atribuições do poder público, foi estabelecido uma série de estratégias e ações. No item IV, assinala-se: “proteger e promover a diversidade cultural, a criação artística e suas manifestações e as expressões culturais, individuais ou coletivas, de todos os grupos étnicos e suas derivações sociais, reconhecendo a abrangência da noção de cultura em todo o território nacional e garantindo a multiplicidade de seus valores e formações”. Diante desse alinhamento é que esse projeto de justifica, uma vez que promover ações que respaldam as orientações do Estado no que tange ao resgate tradicional da cultura aliado as orientações da Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, a qual instituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (PNATER). Nessa Lei em seu Art. 3º, inciso VI, restou sedimentada a compreensão sobre os Princípios da PNATER envolvem, entre outros, a “adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública”. Além disso, considera-se como um dos públicos-alvo da PNATER em seu art. 5: “os assentados da reforma agrária, os povos indígenas, os remanescentes de quilombos e os demais povos e comunidades tradicionais”. Diante disso, as ações relacionadas ao direito as políticas públicas podem ser encontradas na Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 70 anos em 2018. O documento - que defende a igualdade, a dignidade das pessoas e reconhece os direitos humanos e as liberdades fundamentais de cada indivíduo - foi aprovado em 1948 durante a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948, atesta no Artigo 25, inciso I: “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”. De certa forma, há uma necessidade de respeitar a diversidade cultural, as formas de tradicionais de vida, as étnicas, a autonomia das famílias em produzir e reproduzir sem que estejam dependentes de formas padronizáveis pelo mundo moderno. Nessa linha analítica, resgatar essa diversidade através de uma série de iniciativas protagonizadas pela Universidade é um papel importantíssimo da universidade em termos de reconhecimento do saber acadêmico ao saber cultural das comunidades rurais.
Objetivo Geral: • Construir uma série de experiências virtuais com a produção de notícias, posts e lives no sentido de valorizar as diferentes abordagens culturais em múltiplas comunidades rurais relacionadas ao meio rural brasileiro, com foco na reconstituição das memórias das pessoas envolvidas na tradição, na etnia e na alimentação herdada pelas famílias de geração em geração, congregando diferentes experiências de vida. Objetivos Específicos: • Resgatar e valorizar as tradições das populações rurais relacionadas a origem étnica, de lugar, da família e de todas as influências que as famílias rurais carregam ao longo de sua história. • Auxiliar na sistematização de experiências escritas, através de notícias, valorizando as diferentes abordagens culturais em múltiplas comunidades rurais no Brasil. • Contribuir na elaboração de postagens nas redes sociais, impulsionando a divulgação das diferentes abordagens culturais em múltiplas comunidades rurais no Brasil. • Organizar lives com pessoas que representam as distintas identidades sobre as diferentes abordagens culturais como foco nos assentados da reforma agrária, os povos indígenas, os remanescentes de quilombos e os demais povos e comunidades tradicionais.
• Valorização das comunidades tradicionais através da elaboração das notícias mensais para a popularização de saberes das populações rurais nas mídias digitais da área de Extensão Rural. • Publicação semanal de conteúdos nas redes sociais sobre assuntos relacionados as tradições geracionais das famílias rurais. • Elaboração de lives em redes sociais vinculadas as temáticas de identidades sociais, problemas relacionados ao mundo rural contemporâneo e demais conteúdos pertinentes relacionados aos interesses do público-alvo. • Aproximar e estabelecer parcerias entre as comunidades rurais para construção de um elo importante entre o saber rural e os saberes da comunidade universitária com professores, técnicos-administrativos e estudantes das Universidades, em especial da UFVJM, potencializando futuros projetos de cultura; • Envolver os estudantes da graduação e pós-graduação da UFVJM de forma a despertar o interesse da comunidade universitária para a valorização de informações, experiências, saberes, tradições e demais elementos culturais das comunidades rurais marginalizadas do processo de desenvolvimento.
O projeto de cultura visa o fortalecimento e valorização das comunidades tradicionais, dos assentados, das comunidades quilombolas e de qualquer comunidade rural que não possua suas ações reconhecidas e valorizadas. Nesse sentido, serão realizadas as seguintes ações de sistematização das experiências e saberes das populações rurais: a) busca e sistematização das experiências em contato com as comunidades rurais; b) organização do material (conteúdo digital) para construção de notícias em portais online; c) organização e elaboração dos principais pontos relacionados aos saberes e tradições locais para posts de rede social; d) condução, caso seja de comum acordo, de lives com representantes das comunidades para valorização das identidades e lutas sociais do campo; e) criação de um espaço virtual para valorização dos saberes locais, tradicionais e étnicos para a comunidade universitária; f) proporcionar espaços na universidade para que o público acadêmico conheçam as experiências das populações rurais. Para tanto, a metodologia empregada para o projeto será a pesquisa de campo/participativa, que irá contribuir para o desenvolvimento coletivo e horizontal dos saberes e resgate das tradições. Além disso, com a parceria da revista Extensão Rural, será possível identificar diferentes pesquisas no Brasil sobre o público-alvo deste projeto, bem como, criar a partir dessa bagagem de pesquisa um sistema de reconhecimento legítimo das populações rurais. A participação da comunidade acadêmica (alunos), com o resgate da cultura rural, traz consigo além de uma interação com a região e os moradores do campo uma parte da cultura meio esquecida ao longo do tempo. Semanalmente os estudantes e professores farão uma análise e seleção dos assuntos relevantes para a divulgação, em seguida, serão montados textos, organizados espaços virtuais e postagens com linguagens simples para a abordagem dos temas escolhidos. Em seguida serão postados nos portais (website), redes sociais e divulgados pelos alunos, técnicos-administrativos e professores e sociedade. A Extensão Rural procura valorizar as identidades dos povos, bem como, dar visibilidade e conhecimento deles para a sociedade e, sua função, como uma área interdisciplinar no meio acadêmico, ajuda na articulação deste projeto para contemplar os princípios da multidisciplinariedade e interdisciplinaridade, portanto, também realizando o tripé da indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão com potencial de promover o impacto e transformação social de toda a comunidade acadêmica, bem como, das famílias rurais. Com relação ao acompanhamento e os indicadores de avaliação este projeto será contemplado com êxito com as seguintes métricas: número de publicação de notícias da proposta; b) número de postagem sobre o tema do projeto; c) número de lives realizadas; d) número de engajamento do público acadêmico (alunos, professores, técnicos-administrativos), Em relação, as notícias publicadas no portal, para garantir a ética e a autoria, em todas as etapas do projeto será solicitado a concordância e a anuência para a divulgação das experiências pelas comunidades. A não aceitação desse processo de divulgação por um determinado grupo social do meio rural implicará no respeito dos integrantes do projeto sobre sua decisão e, de certa forma, recondução para outras experiências. Esse processo ético é importante para respeito da decisão coletiva e da imagem das famílias rurais. Portanto, todos os trabalhos realizados implicarão em autorização prévias. As atividades do projeto sempre serão analisadas e monitoradas pelo coordenador. Durante as ações desenvolvidas busca-se obter um impacto relevante, direto e indireto, envolvendo as comunidades internas (discentes, docentes e técnicos) e externas, de forma interdisciplinar. Em razão da situação de emergência em saúde decorrente da pandemia da COVID-19, com restrição de contato pessoal, o projeto buscará sua operacionalização de forma não presencial. Desse modo, como o projeto se configura, em sua grande maioria, no meio digital, é possível realizar as atividades de forma remota. Portanto, as atividades que envolvem a criação de conteúdo digital e a sistematização de experiências, bem como, a produção de conhecimento sobre a cultura da população rural acontecerão por meio de websites, redes sociais e as reuniões serão realizadas por aplicativos de videoconferência. Nesse sentido, a sua viabilidade logística, técnica e operacional está garantida para o seu desenvolvimento. Reforça-se, ainda, que as atividades estão em consonância com as metodologias participativas de Extensão Rural, bem como, orientadas pelas novas ações da Extensão Rural em tempos de pandemia que indica aos extensionistas o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para realização de suas atividades.
O processo de estigmatização no rural brasileiro é correlacionado com a baixa escolaridade das populações rurais. Em 2017, os dados do Censo Agropecuário apontam que, em pleno século XXI, 15,45% dos estabelecimentos agropecuários possuem produtores que nunca frequentaram a escola, 12,61% enquadram-se na classe de alfabetização, 1,52% possuem alfabetização de jovens e adultos; 23,77% dos estabelecimentos agropecuários possuem produtores com apenas o antigo primário (elementar); 5,97% possuem o antigo ginasial; 19,13% regular do ensino fundamental (1 grau); 0,39% educação de jovens e adultos e supletivo do ensino fundamental; 0,52% antigo científico, clássico (2º ciclo); 12,68% com regular do ensino médio ou do 2º grau; 1,51% técnico de ensino médio ou de 2º grau; 0,24% % educação de jovens e adultos e supletivo do ensino médio ou do 2º grau, conforme dados registrados no Censo Agropecuário divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017). Nesse sentido, além da estimatização nata atrelada a origem, etnia e condição de lugar atribuída para essas famílias, aguça a questão da escolaridade das famílias rurais que estão a margem do processo educacional no campo. No município de São Luís do Paraitinga, interior do estado de São Paulo, Brandão (1990) pesquisou as relações entre a cultura camponesa e a escola rural. Nessa investigação, o antropólogo apontou as dissonâncias da educação rural das séries iniciais, as quais se configuram, ainda, em problemas atuais como o ensino escolar rural distante da prática cotidiana das pessoas, a educação como estratégia de fuga do rural, a cultura erudita escolar, a dissonância da formação dos educadores, entre outros problemas que Brandão cita ao longo de sua obra. Em outra publicação, Brandão (1999) investigando sobre a cultura camponesa e a escola, analisou o sistema presencial de ensino na década de 1980, apontou que, somente o fato de o camponês aprender a ler e soletrar o nome já o separava entre o estigma do “caipira” e do trabalhador rural letrado (BRANDÃO, 1999). Vale ressaltar que as pesquisas sobre a educação rural sustentam que as pessoas que escolhem, desde cedo por permanecem no rural, possuem a tendência de abandonar os estudos, pois existe uma dissonância entre o que a escola ensina (inclusive, as escolas que estão inseridas no rural) e o que as pessoas vivenciam e trabalham no meio rural (MARTINS, 1975, 2005; ANTUNIASSI, 1983; BRANDÃO, 1999). Essa desvalorização da escola em função da sua crítica social sobre a forma como conduz seus conteúdos traz problemas as próprias famílias que, futuramente, ficam a margem do processo de desenvolvimento em função que não conseguem interpretar e compreender as informações do mundo letrado. Em 2015, a Organização das Nações Unidas divulgou os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável sendo que o objetivo 4 sustenta: “assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. Garantir a educação para toda a sociedade, inclusive, para as comunidades rurais será um salto importante para uma agenda de desenvolvimento até 2030, conforme informações da Plataforma Agenda 2030. É importante ressaltar que cada grupo social possui suas normas culturais e lógicas de reprodução ou, nas palavras de Wolf (2003, p. 88), “[...] formas ou mecanismos culturais que diferem de cultura para cultura”, com especificidades vinculadas às famílias rurais que possuem características distintas da unidade de produção, bem como, especificidades históricas relacionadas a sociedade que a compõe (SHANIN, 2005). Com essas delimitações teóricas, é possível pensar na forte dimensão cultural que contribuiu para a formação da identidade social, trazendo consigo diferentes culturas e tradições das comunidades rurais foco deste projeto voltado para a valorização cultural. Referências bibliográficas AGENDA 2030. Objetivo 4: educação de qualidade. 2015. Disponível em: http://www.agenda2030.org.br/ods/4/. Acesso em: 19 out. 2020. ANTUNIASSI, M. H. R. Trabalhador infantil e escolarização no meio rural. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. BRANDÃO, C. R. O trabalho de saber. Porto Alegre: Sulina, 1999. BRANDÃO, C. R. O trabalho de saber: cultura camponesa e escola rural. São Paulo: FTD, 1990. BRASIL. Lei n. 11.326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Congresso Nacional, DF, 24 jul. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11326.htm. Acesso em: 10 set. 2021. BRASIL. Lei nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010. Institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária - PNATER e o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária - PRONATER, altera a Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências. Congresso Nacional, DF, 11 jan. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12188.htm. Acesso em: 10 set. 2021. BRASIL. Lei nº 12.343, de 2 de dezembro 2010. Institui o Plano Nacional de Cultura - PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e IndicaAcesso em: 10 set. 2021. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo agropecuário 2017: produtores – escolaridade. 2017. Rio de Janeiro. Disponível em: https://censoagro2017.ibge.gov.br/templates/censo_agro/resultadosagro/produtores.html. Acesso em: 10 set. 2021. MARTINS, J. S. Cultura e educação na roça, encontros e desencontros. Revista USP, São Paulo, n. 64, p. 28-49, 2005. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 2009. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2018/10/DUDH.pdf. Acesso em: 10 set. 2021. REDIN, E. Família rural e produção de tabaco: estratégias de reprodução social em Arroio do Tigre/RS. 305 f. Tese (Doutorado em Extensão Rural) – Programa de Pós-graduação em Extensão Rural, Centro de Ciências Rurais, Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2015. SHANIN, T. A definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho e o novo em uma discussão marxista. Revista NERA. Presidente Prudente, v 8, n. 7, p. 1-21, jul./dez. 2005. WOLF, E. Aspectos das relações de grupos em uma sociedade complexa: México. In: FELDMAN-BIANCO, B.; RIBEIRO, G. L. (Orgs.) Antropologia e poder. Brasília: Editora da UNB: São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Editora UNICAMP, 2003.
As Ciências Agrárias é uma grande área do conhecimento em que possuem diversas técnicas que são assimiladas e apreendidas para operacionalização prática. No entanto, nem sempre os estudantes conseguem refletir sobre os processos que estão imersos. Este projeto de Apoio à Cultura coloca-os em confronto com as técnicas modernas de produção de alimentos que apreendem em sala de aula para um repensar sobre como a herança cultural e os saberes da população rural são fortes aspectos que precisam ser valorizados e fazem parte das estruturas sociais de determinado território. Nesse sentido, ao longo do desenvolvimento do projeto, a busca por informação junto as famílias rurais será um processo riquíssimo de troca de saberes e cultura, um confronto de aprendizados e diálogos que podem frutificar novas ações da comunidade acadêmica na região. Para atender estas premissas, este projeto se propõe que hajam reuniões para alinhamento das ações entre os integrantes do projeto (professores, bolsistas e estudantes de graduação e pós-graduação voluntários e técnicos-administrativos), também estratégias de comunicação com grupos em redes sociais, e-mails e outras ferramentas de comunicação para que se possa exercer o verdadeiro poder de diálogo e construção de saberes de forma participativa em um projeto que envolve compreender muito mais que um processo técnico, mas uma análise social e histórica de práticas sociais que são distintas em uma região que abraça diferentes etnias. O projeto ainda possibilitará aos alunos a troca de saberes, estimulará a capacidade de pensamento crítico, o contato com as famílias rurais, a autonomia intelectual e o espírito inovador fora da universidade. O discente bolsista terá a oportunidade de entrar em contato com diferentes grupos extensionistas, agentes de desenvolvimento local, formadores de opiniões, famílias rurais fazendo assim uma rede de contatos e troca de saberes. O bolsista de Apoio a Cultura, bem como, os demais integrantes participarão de todas as reuniões, grupos de estudos para debater os temas, dividirá a organização de espaços públicos e participará ativamente das ações que serão realizadas em relação ao resgate das tradições, saberes e práticas culturais das comunidades rurais. O projeto será capaz de fortalecer a formação acadêmica do aluno em teorias, metodologias e práticas que fundamentam os processos de produção científica e social, aperfeiçoando todo o conhecimento teórico adquirido em sala de aula e no campo. Os membros da equipe serão avaliados mensalmente de acordo com conhecimento adquirido ao longo do projeto, bem como assiduidade, proatividade, dinamismo, criatividade, entre outros aspectos relevantes.
A proposta possui alto impacto na área que estuda as questões da cultura das comunidades rurais no Brasil, em especial, nas novas estratégias de Desenvolvimento Rural que possuem conexão com a realidade das famílias rurais. Os baixos indicadores de educação das famílias do campo também trouxeram resquícios negativos e marginalização do processo de desenvolvimento, aliado a valorização do saber técnico erudito, promoveram um impacto muito negativo na valorização saber das populações rurais. A ação da comunidade universitária busca a valorização dos saberes das populações rurais, a valorização, o estímulo e protagonismo das famílias, o reconhecimento social e a motivação enquanto pessoas que pouco tem espaço nas notícias produzidas para o agronegócio, em especial, os portais de comunicação, muitas vezes, ocultam ou ignoram esses grupos sociais. É uma ação altamente inovadora e que a universidade poderá colher frutos futuros com a emancipação das pessoas no meio rural brasileiro.
Público-alvo
De maneira direta as famílias rurais serão envolvidas na valorização dos elementos culturais, em especial, sendo agentes participes da construção da cultura rural.
Os discentes (entorno de 600) do Instituto de Ciências Agrárias (UFVJM) também serão beneficiados indiretamente, com a leitura e conhecimento dos saberes das populações tradicionais no meio rural, através da compreensão dos depoimentos sistematizados pelo projeto sobre as experiências das famílias no campo e suas particularidades.
a participação despertará motivação em suas pesquisas e trabalhos envolvendo a cultura das comunidades rurais, com potencial de se tornarem futuros protagonistas na vida das famílias rurais na região e no Brasil.
Com a sua participação é possível envolvê-los em futuros projetos de cultura e extensão que trabalhem com populações marginalizadas.
a popularização sobre das experiências de vida das comunidades rurais podem ampliar a percepção da sociedade sobre as dificuldades vividas por eles, bem como, sensibilizá-los para pensar políticas públicas municipais para as comunidades rurais.
Municípios Atendidos
Brasil
Estado De Minas Gerais
Unai, Minas Gerais
Parcerias
o portal extensionista contribuirá com a disponibilidade de espaço para publicação de notícias produzidas pelos membros da equipe sobre a temática foco do projeto.
o periódico científico contribuirá com a formação teórica e de pesquisa sobre as questões culturais em torno das diferentes famílias rurais que estão a margem do desenvolvimento rural no país.
Cronograma de Atividades
Estabelecimento das estratégias de imersão na cultura local e formas de trabalho.
Reunião com as entidades parceiras para viabilização da atividade de resgate cultural das futuras comunidades rurais envolvidas.
Levantamento de informações de campo com a elaboração de notícias sobre a diversidade cultural das famílias que vivem no campo.
Elaboração e publicação de postagens nas redes sociais sobre as experiências de vida sistematizadas com as comunidades rurais.
Organização de lives com representantes das comunidades sobre temáticas sociais relevantes para a sua visibilidade social.
Elaboração de relatórios e possíveis sistematizações da experiência.
Produção de conteúdo para sites e redes sociais
Participação em eventos científicos e publicação de resumos do projeto.