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O CORPO E SUAS REDES: A PERSPECTIVA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SOCIEDADE E AMBIENTE (CTSA) NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E ENSINO DA ANATOMIA HUMANA
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
luana pereira leite schetino
2022101202219689
faculdade de medicina de diamantina - famed
Caracterização da Ação
ciências biológicas
educação
comunicação
espaços de ciência
local
Sim
Membros
ana carolina vieira goulart
Voluntário(a)
jackércia ranna de souza melo
Voluntário(a)
telma do socorro morais
Voluntário(a)
daviani vitória costa
Bolsista
A presença da ciência e da tecnologia se coloca no cotidiano e as questões mais amplas sobre o desenvolvimento científico e tecnológico têm repercussões diretas sobre a sociedade. A grande finalidade da educação numa perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA) é dar a Ciência uma visão integrada, relacionando-a com a Tecnologia e evidenciando seus impactos na Sociedade e no Ambiente, bem como a influência que a Sociedade/Ambiente tem no desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia. Agindo nesse sentido, o projeto aqui apresentado tem por objetivo divulgar a ciência do corpo humano nas suas diversas redes e na perspectiva CTSA, de modo a desenvolver melhorias na autopercepção corporal e no autocuidado, promovendo a cidadania e o bem estar pessoal e social. Para tanto, será usado o letramento científico por meio de uma sequência didática que desvenda o corpo em sua percepção física, individual e em seu contexto socio-cultural, tendo como público-alvo os alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda, em Diamantina- MG. Por fim, construiremos uma rede em conjunto aos estudantes e de maneira dialógica, ligando todos os conceitos abordados, na intenção de divulgar uma ciência contextualizada e em sincronia com o proposto pela Teoria Ator-Rede.
divulgação científica, anatomia humana, CTSA, teoria ator rede
A presença da ciência e da tecnologia se coloca no cotidiano e as questões mais amplas sobre o desenvolvimento científico e tecnológico têm repercussões diretas sobre a sociedade (MAMEDE; ZIMMERMANN, 2005). A grande finalidade da educação numa perspectiva Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente (CTSA) é dar a Ciência uma visão integrada, relacionando-a com a Tecnologia e evidenciando seus impactos na Sociedade e no Ambiente, bem como a influência que a Sociedade/Ambiente tem no desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia (FERNANDES, PIRES, DELGADO-IGLESIAS, 2018). Ademais, o letramento científico possibilita o uso do conhecimento científico e tecnológico no cotidiano em um contexto sócio-histórico específico, promovendo o pensamento crítico e argumentação científica, perpassando competências cognitivas e atingindo também as competências de cidadania. Destarte, ambas as técnicas constituem “uma estratégia importante de inclusão do indivíduo na vida social, de uma maneira ativa e não meramente na qualidade de espectador” (MAMEDE; ZIMMERMANN, 2005). Tais propostas procuram romper com a ênfase em uma educação conteudista sem valor para as suas vidas e para a sua formação enquanto cidadãos (COUTINHO; MATOS; SILVA, 2014). “A imagem corporal é um complexo fenômeno humano que envolve aspectos cognitivos, afetivos, sociais/culturais e motores” (ADAMI et al., 2005 apud ALVES et al., 2009, p.2,). Ou seja, o indivíduo formula um conceito de si próprio influenciado pelas interações com o meio em que vive, desde padrões culturais até econômicos, fato que na maioria das situações não condizem com a realidade corporal dotada pelo ser. Em relação a anatomia humana, apesar desta ser abordada nas instituições de ensino médio, Oliveira apud Moraes et al. (2016) relata que os livros didáticos insistem em tratar o corpo humano como um somatório de partes. E, “considerando que o indivíduo não vive isolado, mas constitui um grupo social a compreensão do seu corpo apenas nas dimensões anatômicas e fisiológicas não contribuiria para vincular a educação com as práticas sociais (AMORIM, 2001 apud STEFANELLO; MORAES, 2009, p.64). Desse modo, conclui-se a importância da consideração da argumentação de Bruno Latour, criador da Teoria Ator-Rede na qual discute sobre a impossibilidade de dissociar a natureza da cultura dentro da produção do conhecimento científico, fortalecendo a perspectiva CTSA. Assim, faz-se fundamentalmente necessário que a cultura científica esteja inserida à cultura geral. “Isso somente ocorre quando há acesso a informações e conhecimentos suficientes para possibilitar que os cidadãos os incorporem ao seu cotidiano” (ARAÚJO; CALUZI; CALDEIRA, 2006 apud OLIVEIRA, 2013, p.108). Nesse sentido, o presente projeto tem por objetivo divulgar a ciência do corpo humano nas suas diversas redes e na perspectiva CTSA, de modo a desenvolver melhorias na autopercepção corporal e no autocuidado, promovendo a cidadania e o bem estar pessoal e social. Para tanto, será usado o letramento científico por meio de uma sequência didática que desvenda o corpo em sua percepção física, individual e em seu contexto socio-cultural, tendo como público-alvo os alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda, em Diamantina- MG. Por fim, construiremos uma rede em conjunto aos estudantes e de maneira dialógica, ligando todos os conceitos abordados, na intenção de divulgar uma ciência contextualizada e em sincronia com o proposto pela Teoria Ator-Rede.
Na divulgação científica, os cientistas e jornalistas possuem a responsabilidade de transformar um conteúdo científico e de linguagem específica em um conteúdo que possa ser consumido e entendido por pessoas de fora daquele campo de conhecimento. Porém, é interessante democratizar o acesso ao conhecimento científico e criar condições para um letramento científico, em que os cidadãos tenham a capacidade de discutir assuntos que impactam de alguma forma na sociedade e de que outra forma poderiam ficar restritos à especialistas devido a termos e conceitos pouco conhecidos. (OLIVEIRA, 2017) O conceito de letramento científico, é “a capacidade de uma pessoa não somente entender a ciência e a tecnologia, mas usá-las em um contexto sócio-histórico” (MAMEDE; ZIMMERMANN, 2005). Esses autores consideram ainda a aproximação do letramento científico e a abordagem CTSA já que o ensino de ciências é um meio de inclusão social ativa do indivíduo. Fernandes, Pires e Delgado-Iglesias (2018) elencam os propósitos da educação na perspectiva CTSA como um meio de promover o pensamento crítico e o raciocínio para resolução de problemas. É uma educação em ciências contextualizada que torna os indivíduos capazes de interagir com o meio em que estão inseridos, formando cidadãos competentes para tomar decisões pautadas na ciência e tecnologia de modo democrático e responsável. Sobre o ensino e divulgação científica na perspectiva CTSA, define-se como o processo de “ensinar ciência enquanto processo e produção humana e, portanto, não como um conjunto de verdades eternas a serem recitadas como um mantra” (COUTINHO; MATOS; SILVA, 2014). Bruno Latour (2000) dialoga com a abordagem CTSA por fazer uma crítica a ciência moderna, que aborda a ciência desvinculada de interesses, uma ciência fria, sem interferência dos diversos atores e purificada. Na sua visão, a ciência deve ser abordada com todos os caminhos e interesses mapeados e as chamadas translações que provocam os desvios nas construções dos fatos. Dentre outros conceitos por ele defendido, é o de que a ciência é híbrida, dessa forma, não podemos considerar apenas a anatomia em si, a anatomia é relacionada a toda uma rede de construção política, econômica, biológica, química, física, equipamentos e tecnologia. Ciência, tecnologia, sociedade e ambiente estão relacionados e a essa crítica serviu como base para a criação da Teoria Ator-rede (ANT) se enquadrando, por sua vez, nos então chamados estudos sociais da ciência ou Science Studies. Nessa perspectiva, o ser e seu corpo são bio-objetos já que “o indivíduo molda suas ações em função daquilo que é “normal” e aceitável no seu meio social, na procura incessante de preencher os requisitos exigidos pela cultura à qual pertence” (ALVES et al., 2009, p.2). Assim, Foucault trata o sujeito como “elaborado, trabalhado e constituído segundo critérios de estilo por meio de tecnologias de saber, de poder e de si, por ele consideradas de tecnologias do eu” (FOUCAULT apud. SILVA, 2008, p.89). Dessa forma, cada sujeito faz aquilo que pode conforme a posição que ocupa na sociedade, obedecendo a instituições sociais e políticas. Nesse sentido, para Foucault a sociedade é formada por micro segmentos de poder, que se revelam em relações cotidianas de cada indivíduo, por exemplo, entre pai e filhos, professores e alunos e dessas relações emanam elementos capazes de fundamentar uma estrutura de poder maior, tal qual como o Estado (SILVA, 2008). As formas de poder são mantidas através da dominação dos corpos, “um corpo que se modifica, modela, se torna hábil, se treina e se obedece" (FOUCAULT apud SILVA, 2008, p.94). Na tentativa de adestrar, punir e corrigir surgiram ciências capazes de estudar o corpo que passou a ser "sujeitado a espaços e técnicas disciplinares que permitiram dar nascimento ao homem "objeto" (SILVA, 2008, p. 91). Nessa perspectiva, de forma silenciosa, ocorreu o assenhoramento e a automatização dos seus hábitos, de modo que, “de uma massa sem forma e de um corpo inapto construiu-se a máquina de que se precisa" (SILVA, 2008, p.94), em que o indivíduo não faz aquilo que deseja, mas sim aquilo que sua posição como sujeito na sociedade determina. Dessa forma, a concepção do sujeito como um objeto manipulável e moldável às intenções de quem detém o poder é elemento essencial à manutenção da soberania e da trama política da estrutura social, devendo, portanto, haver modificação de tal visão para que haja exaltação da autonomia individual. Analogamente, a imagem corporal também “pode ser influenciada por diversos fatores tais como sexo, idade, meios de comunicação, bem como pela relação do corpo com os processos cognitivos como crença, valores e atitudes inseridos em uma cultura” (DAMASCENO et al, 2004, p.82). De acordo com Alves et al. (2009) a imagem corporal relaciona-se com o conceito de si próprio e de ideal de estética, sendo que esse muda com as transformações dos valores, normas e comportamentos da sociedade, gerando insatisfação corporal e iniciando uma corrida em direção a dietas, exercício físico, medicamentos e procedimentos estéticos. Ressalta-se que além dos padrões estéticos que sempre existiram, agora há também o dever moral de ser belo (NOVAES, 2005 apud ALVES et al. 2009). Ademais, pela imersão em uma sociedade capitalista, o corpo é muitas vezes utilizado como meio de transmissão de mensagens mercadológicas que anseiam impor padrões de comportamentos para aquisição de determinados produtos. Logo, é importante que o estudante compreenda que em algumas situações “os valores impostos como verdades atendem a interesses do mercado e não correspondem a valores importantes para seu bom convívio em sociedade” (PINHEIRO, 2007 apud STEFANELLO; MORAES, 2009, p.70). Portanto, sendo o corpo usado em alguns contextos como via para a manutenção do controle e poderio social, podendo ser manuseado e considerado via de acesso à estruturação de poder, o presente projeto visa desdobrar as complexidades que o cercam, desbravando suas nuances e mitigando o posicionamento crítico sobre qual é nosso papel como sujeito e como podemos nos posicionar criticamente frente à imposição de valores, comportamento e padrões em muito contribui para que a comunidade avance do “ser” para o “saber-ser”. Para tanto, o projeto propõe inserção da perspectiva CTSA e a teoria Ator-rede para a divulgação científica da anatomia humana. Assim, pensamos expandir a visão dicotômica que permeia o ensino da anatomia, que enquadra o corpo humano na categoria natureza negando aos alunos as marcas da cultura sobre seus corpos, como as relações de gênero, étnico-raciais, padrões de beleza e tecnológicas. Destarte, fomenta-se a metodologia proposta por Paulo Freire em que “elenca-se a prática educativa como uma experiência direta, imediata e cultural do aluno apresentando-se fatores relacionados ao contexto concreto da experiência social do mesmo” (FARIAS, 2013). Ademais, como já afirmado pelo educador Dewey (1979) a educação é um processo social, é um desenvolvimento, logo é necessário que nós, enquanto sociedade, possamos intervir nessa realidade a fim de melhorá-lá. Com a execução do projeto, tanto os discentes da FAMED quanto os alunos das escolas públicas estarão amalgamando seus saberes e, ao mesmo tempo, estimulando a busca por mais conhecimento sobre a anatomia humana não apenas conteudista, mas em uma perspectiva CTSA com base em um letramento científico. Ainda, nas escolas públicas há espaço para ação das universidades por meio de atividades extensionistas como uma forma de respaldo para a educação suplementar, “sendo essa uma forma de intervenção por parte do ensino superior sobre a sociedade” (DINIZ; GUERRA, 2000 apud VALLINOTO et al. 2004). Logo, a extensão universitária por meio desse projeto, surge como alternativa para tal dilema, fortalecendo a teoria da circularidade proposta por Borges e Fontoura (2010) na qual exalta a necessidade de circulação de conhecimentos entre a universidade e a escola, consideradas como as duas fontes produtoras de saberes sendo ambas constituídas majoritariamente pelas juventudes que “estão em constante diálogo com outras categorias sociais, encontram-se imersas nas questões de seu tempo e têm importante função na definição dos rumos da sociedade” (BRASIL, 2018). Desse modo, o projeto apresenta consonância com a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCC-EM) que propõe, de acordo com Brasil (2018), a seguinte competência específica de Ciências da Natureza e suas Tecnologias: “Construir e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar decisões éticas e responsáveis”. Além disso, o projeto conflui com Foucault ao questionar qual é nosso papel como sujeito e “por quais meios nós podemos dizer o que somos na nossa mais ordinária cotidianidade, inclusive na nossa própria forma de pensar este nosso presente?” (SILVA, 2008, p.90). A presente proposta, se apresenta como projeto de extensão com interface em ensino ao propor atividades de divulgação científica juntamente com o ensino de ciências e biologia. Mas não obstante, se apresenta como futura proposta de pesquisa qualitativa, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, onde gostaríamos de avaliar as percepções dos estudantes e/ou professores acerca da proposta trabalhada para avaliar os resultados.
GERAL Divulgar a ciência do corpo humano nas suas diversas redes e na perspectiva CTSA, de modo a desenvolver melhorias na autopercepção corporal e no autocuidado, promovendo a cidadania e o bem estar pessoal e social para e com os estudantes do 8º ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública de Diamantina. ESPECÍFICOS ● Pesquisar sobre como as influências culturais repercutem em nosso corpo e como entendê-lo nos torna indivíduos de posicionamento crítico, ● Criar metodologia com a perspectiva CTSA e teoria ator-Rede que a aumente o conhecimento sobre o corpo humano em suas múltiplas perspectivas e ao mesmo tempo instigue o pensamento crítico sobre imposições sociais. ● Desenvolver a metodologia para e com os alunos do oitavo ano do ensino fundamental da Escola Estadual Leopoldo Miranda por meio da divulgação científica da anatomia humana e corpo humano, objetivando a percepção corporal numa dimensão filosófica e histórica para a sociedade. ● Desconstruir perspectivas corporais inconsistentes e resultantes de influências do meio social fomentando a prática do letramento científico do público-alvo promovendo o entendimento do corpo humano além de mecanismos biológicos. ● Promover o avanço da competência cognitiva do público-alvo para uma competência também cidadã combatendo a exclusão social por meio da educação científica com base na perspectiva CTSA ● Realizar integração entre o ensino superior e fundamental por meio da extensão universitária estimulando a divulgação científica e ampliando a inserção da cultura científica à cultura geral.
Previsão de impacto direto - para a população envolvida: almeja-se que os alunos do 8º ano adquiram um letramento científico no que tange a anatomia humana com base na concepção CTSA e, dessa forma, façam correlação desses aprendizados com o cotidiano, atuando e contribuindo para a construção de um ensino voltado ao bem estar social e a cidadania. Assim, esses alunos serão impactados diretamente pelo projeto, pois participarão ativamente do processo metodológico proposto pelos acadêmicos da UFVJM, despertando, então, o pensamento crítico sobre os paradigmas que regem o mundo e se colocando frente a eles como indivíduos formadores de opinião. Previsão de impacto indireto - Espera-se que os discentes da UFVJM que aplicarão o projeto tenham contato com uma anatomia contextualizada ao cotidiano dos jovens de Diamantina, fato que facilitará o entendimento do meio no qual estão inseridos. Ainda, ao ministrar as atividades, irão praticar o discurso e a linguagem corporal fundamental e diferencial para qualificação integral do ser, além de proporcionar a interação dialógica, em que todos aprendem ao mesmo tempo. A instituição de ensino superior também será beneficiada ao promover a inclusão social e o conhecimento dos estudantes do ensino fundamental público da cidade. Ainda, a respectiva instituição sede das atividades do projeto viabilizará um ensino da anatomia contextualizado e crítico aos seus alunos. Estes, por fim, beneficiarão suas famílias e a sociedade diamantinense, as quais terão uma juventude instruída e apta a utilizar os conhecimentos obtidos com o projeto para auxiliar, científica e tecnologicamente, a solucionar problemas do dia-a-dia. Indicadores numéricos ● Beneficiários diretos: 70 adolescentes na faixa etária de 13-16 anos da Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda, em Diamantina- MG. ● Beneficiários indiretos: A princípio serão beneficiadas 3 discentes do curso de Medicina da FAMED-UFVJM, a própria instituição de ensino superior e sua comunidade acadêmica. Ademais, serão beneficiadas as famílias dos adolescentes (média de 4 membros por família x 70 crianças = 280 pessoas). Além disso, a Escola Estadual Professor Leopoldo Miranda em que será aplicado o projeto e a população de Diamantina também serão contempladas por essa iniciativa. Cabe salientar que tais indivíduos correspondem a um público de difícil mensuração no momento.
Partindo da problematização sobre os múltiplos aspectos que circundam o corpo e suas importantes influências no indivíduo em si e suas ramificações sociais, a metodologia proposta pelo projeto é pautada na concepção da teoria Ator-rede e tem suas bases imbricadas na metodologia que abrange o movimento CTSA e proposta numa abordagem prática elaborada por (NUNES; ALMEIDA, 2016). Tal metodologia “expande as formas de ensinar ciências enquanto processo e produção humana e não como verdades prontas” (COUTINHO et al. 2014 apud NUNES; ALMEIDA, 2016, p.76). “Dessa forma, a aplicação da sequência didática propõe a percepção do corpo em suas redes, possibilitando a integração desse termo geralmente usado como ontologia pura (relacionado apenas ao orgânico) em forma de híbrido” (NUNES; ALMEIDA, 2016, p. 76). Abaixo se encontra o roteiro de atividades a ser realizado: a) Reuniões quinzenais com a equipe de trabalho. Pretende-se gerar discussões de aperfeiçoamento teórico dos temas trabalhados no projeto e planejamento das ações a serem executadas. b) Primeiro contato: estabelecer contato com a escola para planejamento da aplicação das atividades em conjunto por meio da Direção e professora colaboradora. c) Aplicação da sequência didática “O CORPO HUMANO” modificada segundo NUNES e ALMEIDA (2016) com os seguintes passos ou momentos que serão melhor descritos em seguida: a. Momento 1: CONSTRUINDO PERCEPÇÕES DE CORPO (3 encontros) b. Momento 2: CORPOS EM CONTEXTO (4 encontros) c. Momento 3: ANATOMIA HUMANA (3 encontros) d. Momento 4: ELABORANDO A REDE (2 encontros) Momento 1: CONSTRUINDO PERCEPÇÕES DE CORPO Encontro 1: Levantamento de conhecimentos prévios: Realizaremos atividade em grupo sugerindo discussões orientadas pelas seguintes perguntas: O que é corpo? O que constitui o corpo? Apenas o biológico compõe o corpo? Quais outras dimensões fazem parte do corpo? Encontro 2: Desenhando o autorretrato Propor aos estudantes a realização de um autorretrato a partir da observação utilizando espelhos.. A partir das imagens e dos comentários, deve-se propor uma conversa sobre as diferenças corporais expressas nos trabalhos, discutindo a seguinte questão: Quais elementos dos seus corpos aparecem nos desenhos e quais são invisibilizados? Encontro 3: Sensações corpóreas Os alunos experimentarão novas percepções de seus corpos em que serão divididos em grupos e nestes, alternadamente, cada um dos participantes será vendado e colocado para perceber objetos e o ambiente. Após a prática, haverá uma discussão sobre a percepção e a importância da visão com perguntas direcionadoras. Momento 2: CORPOS EM CONTEXTO Encontro 4: O corpo ideal Os integrantes do projeto poderão orientar o debate com base em imagens com as seguintes questões: O que é beleza? Como o padrão de beleza vem sendo construído? O que a busca pelo ideal de beleza desencadeia? O que é raça? Qual relação da raça com a beleza? O que é gênero? Qual relação do gênero com a beleza? Beleza está associada com uso de adornos? Quais tipos de adornos? Varia de acordo com a cultura? Qual a relação entre pessoas com deficiência e beleza? Qual relação de deficiência e uso de tecnologias? Encontro 5: Relações de Gênero Os integrantes do projeto poderão orientar o debate com base em imagens com as seguintes questões: O que vocês percebem sobre estas imagens? O que vocês pensam sobre as relações de gênero? Como vocês se percebem sob a perspectiva do gênero? A maneira como você se relaciona com as pessoas é afetada por questões de gênero? Em quais situações da sua vida cotidiana você percebe a presença de questões relacionadas ao gênero de maneira mais acentuada? Encontro 6: Relações étnico-raciais Apresentaremos um conjunto de imagens aos estudantes no intuito de despertar reflexões sobre a construção do conceito de raça e as relações étnico-raciais. Primeiramente as imagens serão mostradas e os integrantes do projeto ouvirão as impressões dos alunos. Em seguida indagaremos sobre o contexto no qual foram produzidas, quem produziu e os sentidos que podem ser atribuídos a elas buscando conexões com as falas dos alunos. As seguintes perguntas poderão orientar a discussão: O que vocês percebem sobre estas imagens? A noção de raça faz parte da sua concepção de corpo? A maneira como você se relaciona com as pessoas é afetada por questões étnico-raciais? Em quais situações da sua vida cotidiana você percebe a presença de questões étnico-raciais? Encontro 7: Tecnologias são corpo? Os integrantes do projeto farão uma exibição de um vídeo mostrando o uso de próteses, um exemplo é este: “Homem recupera movimentos do braço com prótese hi-tech” (Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=HOpixhU39zQ). Após, os alunos serão instigados a enumerem outras associações homem-máquina formados e discutindo como perceber o corpo nesses exemplos. Poderemos enumerar os exemplos no quadro discutindo os limites do corpo e suas novas concepções com os avanços tecnológicos. Alguns exemplos poderão ser usados, como o marca-passo, implante dentário, prótese de silicone, estimulação magnética transcraniana, hemodiálise, implante coclear, etc. Momento 3: ANATOMIA HUMANA Encontros 8, 9 e 10: Realizaremos 3 encontros onde trabalharemos com conceitos da anatomia humana no seu contexto biológico, no qual serão apresentados slides, modelos anatômicos, podendo ser dada tanto na escola como nos espaços da universidade como laboratórios. Momento 4: ELABORANDO A REDE Encontros 11: Desenhando o autorretrato: Propor aos estudantes a realização de um segundo autorretrato, desta vez sem a utilização de espelhos. Solicitar que eles busquem expressar nos desenhos as formas como percebem seus próprios corpos. Observar. Houve mudanças? Quais? O que os estudantes consideram que contribuiu para as diferenças nos desenhos? Encontro 12: Imagens em rede Envolverá a construção coletiva de uma rede sintetizando o que foi trabalhado sobre o corpo na sequência didática por meio da articulação das imagens utilizadas e produzidas nos 4 momentos, bem como os conceitos expressos nas palavras-chaves. A rede poderá ser digital, montada no computador utilizando um software como o Prezi ou poderá ser física, montada no chão, no centro do círculo, utilizando os desenhos, as imagens impressas, as palavras-chaves escritas em papéis coloridos e os barbantes para tecer as conexões. Nós iremos participar da elaboração da rede, auxiliando os estudantes a articularem os nós e os elos da mesma, de maneira que se possa ampliar a compreensão de corpo para as diversas interfaces. d) Desenvolvimento de projeto investigativo após submissão prévia do Projeto ao Conselho de Ética da UFVJM (CEP), pretende-se realizar pesquisa. e) Participação em eventos e escrita de relato de experiência.
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As últimas décadas são descritas por Moreira e Massarani (2002) como significativas para a ciência, que passa a considerada como um meio de sobressair-se ao subdesenvolvimento e as desigualdades sociais. Entretanto, os autores esclarecem que ainda existe uma divulgação mistificada da atividade científica em que predomina o “‘modelo do déficit’, que, de uma forma simplista, vê na população um conjunto de analfabetos em ciência que devem receber o conteúdo redentor de um conhecimento descontextualizado e encapsulado” (MOREIRA; MASSARANI, 2002, p.62) e que, “embora tenha havido um interesse crescente no meio acadêmico relativo às atividades de extensão ligadas à divulgação científica, o quadro geral ainda é frágil” (MOREIRA; MASSARANI, 2002, p.64) Ainda, em consonância a situação apresentada, “a relação entre o interesse de brasileiros em ciência e o acesso à informação sobre ciência e tecnologia deve ser problematizada” (CASTELFRANCHI et al. 2013, p.1170). Os autores chegam a essa afirmação ao analisar dados de uma enquete nacional de percepção pública da CeT realizada em 2010 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que demonstrava que 65% dos brasileiros entrevistados declaram-se muito interessado ou interessado em assuntos de CeT. Desses, apesar da maioria, 86%, consideram-se informados ou muito informados, 71% não conhecem instituições de pesquisa brasileiras e 82% não sabem o nome de cientistas brasileiros. Ainda, uma grande parte da população não busca ativamente informações ou não têm condições de fazê-lo: 29% dos entrevistados muito interessados se classificam como mais ou menos ou pouco informados, 11% dos interessados descrevem-se como muito informados e 20% pouco ou nada informados. Sendo assim, o papel do estudante no presente projeto constitui em transpor as fronteiras do conhecimento científico, expandindo-o da comunidade acadêmica para a população, abordando todos os aspectos que este demanda, sendo eles sociais, políticos, econômicos, etc. além do objetivo principal que é, mitigar o pensamento crítico sobre os aspectos que circundam o corpo humano. Além disso, com base na Estrutura Curricular contida no Projeto pedagógico da Faculdade de Medicina (FAMED) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, é obrigatório o aprendizado da anatomia humana durante o primeiro ano do curso, que corresponde ao primeiro e segundo período. Dessa forma, uma vez que o presente projeto será ministrado por acadêmicas do quarto período, entende-se que estas estão devidamente capacitadas para propagação do conteúdo assimilado durante sua formação e necessário para a execução das atividades de ensino teórico e dinâmico da anatomia, mas que pelas ementas, não são abordadas de maneira hibrida como se propõe aqui. Ainda, para a abordagem CTSA, principalmente no que tange às relações de gênero, étnico-raciais, padrões de beleza e tecnológicas, serão feitas pesquisas e estudos com o auxílio da professora orientadora e a utilização de metodologias já preparadas em estudos prévios sobre o tema, como as organizadas por Coutinho e Silva no livro “Sequências didáticas: propostas, discussões, e reflexões teórico-metodológicas”, o que permitirá não somente o divulgar a ciência, mas o aprender para divulgar e complementando o próprio ensino acadêmico curricular. Esses discentes da UFVJM serão beneficiados no que tange à sua capacitação profissional saindo da teoria dos livros e ampliando-a para uma visão biopsicossocial aplicada por meio da abordagem CTSA. Ao entender as ansiedades sobre o corpo humano dos jovens do ensino médio público de Diamantina, os acadêmicos realizarão uma troca de saberes, reestruturação do conhecimento adquirido até então, vivenciarão em uma busca ativa a solução de problemas reais e serão um instrumento direto e indireto de transformação social. Além disso, a proposta metodológica interdisciplinar (em que estudantes de medicina juntamente com professores que atuam no ensino médio escolar), propiciará o trabalho mútuo e a troca de conhecimentos e experiências uns aos outros; estes com conhecimento mais refinado da anatomia humana e a abordagem CTSA e aqueles com suas experiências pedagógicas que auxiliarão no processo de relacionamento com futuros pacientes e até mesmo alunos. Por fim, as acadêmicas serão avaliadas, de modo formal e informal, pelas docentes das próprias instituições às quais se destina o projeto, além de feedbacks dos próprios estudantes público-alvo das atividades que ocorrerão ao longo do curso do projeto e pelo coordenador do projeto.
A proposta é inovadora no campo da divulgação científica do corpo humano dentro uma abordagem híbrida, ou seja, não purificada. O corpo é um objeto sociotécnico, a partir dos conceitos de Bruno Latour e para tanto, uma abordagem que alcance grande parte de suas facetas é interessante no sentido de desenvolver uma consciência corporal para autocuidado e valorização, respeito a diversidades de corpos. bem como pensamento crítico sobre as redes construídas ao redor do mesmo para tomada de decisões.
Público-alvo
O presente projeto tem como público alvo alunos do 8º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Leopoldo Miranda, localizada no município de Diamantina-MG. Estes estudantes serão diretamente beneficiados pelo projeto, uma vez que participarão ativamente da metodologia a ser realizada pelos acadêmicos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Desse modo, pretende-se que esses alunos obtenham um letramento científico acerca da anatomia humana com base na perspectiva CTSA correlacionado-a com as situações cotidianas, interferindo e contribuindo assim para ensino voltado à cidadania e bem estar social. Nesse sentido, Oliveira (2013) defende a necessidade da alfabetização/letramento científico nas escolas tendo em vista que o desenvolvimento industrial, cultural e tecnológico na contemporaneidade demandam do cidadão um posicionamento crítico sobre o contexto em que ele vive. A alfabetização científica nesse contexto, “seria um processo pelo qual os estudantes, futuros cidadãos, compreendem os conhecimentos, procedimentos e valores relativos à ciência de modo a tomar decisões e a perceber tanto as utilidades da ciência quanto suas limitações e consequências negativas” (OLIVEIRA, 2013, p.109). Assim sendo, o aluno terá noções suficientes de como funciona o mundo e os paradigmas científicos, de modo a se situar de forma consciente nos debates polêmicos não sendo caudatário de correntes de opinião [...] alimentadas por interesses de grupos e facções interessadas” (EPSTEIN, 2002 apud OLIVEIRA, 2013, p.109). Ademais, sendo o conhecimento algo cumulativo e a educação um processo social, o projeto beneficiará diretamente seu público-alvo para presente e futuras atuações ao longo da formação pessoal e profissional dos mesmos. Em paralelo a isso, serão beneficiados indiretamente, primeiramente, os próprios discentes da UFVJM que necessitarão revisar o conteúdo de anatomia e aplicá-lo a perspectiva da CTSA, contextualizando e estabelecendo relações entre a ciência e o cotidiano. Ademais, haverá por parte dos mesmos a construção de contato com a população diamantinense que facilitará o entendimento do meio no qual estão inseridos e, ao ministrar as aulas, praticar o discurso e a linguagem corporal fundamental e diferencial para qualificação integral do ser, além de proporcionar a interação dialógica, em que todos aprendem ao mesmo tempo. Também será beneficiada a própria instituição de ensino superior que estará contribuindo de modo efetivo para a inclusão social e o conhecimento dos estudantes do ensino público, além do impulsionamento do aspecto crítico e indagativo dos mesmos. Outrossim, será beneficiada a respectiva instituição sede das atividades do projeto que integrarão as perspectivas da CTSA no ensino da anatomia que transpõe o conteúdo dos livros didáticos recorrentemente usados. Por fim, e não menos importante, as famílias e a sociedade diamantinense em geral serão indiretamente beneficiadas já que terão seus jovens instruídos e aptos a ultrapassarem o senso-comum e utilizar os conhecimentos obtidos com o projeto para auxiliar, científica e tecnologicamente, a solucionar problemas do dia-a-dia. Por fim, vale ressaltar que o currículo escolar é uma ferramenta de democratização e deve ser visto como “um espaço coletivo de compromissos, um estímulo à participação, uma oportunidade de reflexão e uma forma de desenvolver uma verdadeira educação moral” (MORGADO, 2013, p.433).
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
Sua atuação é imprescindível para que possamos ter acesso ao público alvo do projeto: adolescentes do oitavo ano do ensino fundamental.
Cronograma de Atividades
Pretende-se gerar discussões de aperfeiçoamento teórico dos temas trabalhados no projeto e planejamento das ações a serem executadas.
Realizamos as atividades descritas na metodologia nas escolas.
Realizaremos as atividades descritas na metodologia referentes ao segundo momento, na escola.
Realizaremos as atividades descritas na metodologia, na escola e possivelmente em laboratórios da universidade.
Realizaremos as atividades descritas na metodologia na instituição parceira.
Desenvolvimento de projeto investigativo após submissão prévia do Projeto ao Conselho de Ética da UFVJM (CEP), pretende-se realizar pesquisa.
Participação em eventos e escrita de relato de experiência.