Detalhes da proposta

Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    yuri elias gaspar

    Número de inscrição:

    20221012022352115

    Unidade de lotação:

    faculdade interdisciplinar em humanidades

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências humanas

    Área temática principal:

    cultura

    Área temática secundária:

    educação

    Linha de extensão:

    patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial

    Abrangência:

    regional

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

vinícius rodrigues oliveira Bolsista

túlio pereira alvarenga e castro Voluntário(a)

larissa paes toledo Voluntário(a)

luís fernando de freitas reis Voluntário(a)

ana carolina vieira goulart Voluntário(a)

joana lazzarini da silveira generoso Voluntário(a)

gabriel ferreira coelho de paula Voluntário(a)

tamara giovana mendes Voluntário(a)

júlia campos da costa pereira Voluntário(a)

alex sander dias machado Vice-coordenador(a)

maria claudia almeida orlando magnani Voluntário(a)

rodrigo lima de carvalho Voluntário(a)

josé francisco gonçalves Voluntário(a)

vinícius rodrigues oliveira Voluntário(a)

henrique césar lopes neves Voluntário(a)

henrique césar lopes neves Bolsista

Resumo

O projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha produzirá um Documentário sobre tradições, saberes do Alto Vale do Jequitinhonha com entrevistas de moradores e, posteriormente, o exibirá para crianças e adolescentes de escolas parceiras na região, de forma a suscitar a discussão de vivências e percepções do local pelos alunos das instituições.


Palavras-chave

Documentário, contação de históricas, Alto Vale do Jequitinhonha, escola


Introdução

O projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha busca valorizar e proteger tradições culturais do Alto Vale do Jequitinhonha através do desenvolvimento de um longa-metragem em formato de documentário com contações de histórias e sua posterior reprodução e discussão em escolas públicas de regiões retratadas no filme. O Alto Vale do Jequitinhonha é composto por 22 municípios distribuídos nas microrregiões de Diamantina e Capelinha, que levam consigo centenas de anos de história. Após a chegada das bandeiras paulistas no local a partir do século XVIII, predominou-se as atividades mineradoras (DE SOUZA, 2008), muito comuns até os dias atuais. Nesse sentido, são variadas as origens econômicas, sociais e culturais prevalecentes no nordeste de Minas Gerais. Mesmo com as riquezas minerais presentes no Vale do Jequitinhonha, a região foi intitulada em 1974 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como "Vale da Miséria" (MARQUES, et al, 2004, p.66), referindo-se aos baixos índices econômicos e sociais do local. Por outro lado, as riquezas musicais, poéticas, artesanais e históricas são reconhecidas nacionalmente. Entretanto, um dos principais desafios na tradição oral é sua perpetuação na sociedade em que está inserida. No Vale do Jequitinhonha não é diferente: em 1943, o autor diamantinense Aires da Mata, no livro "O Negro e o Garimpo em Minas Gerais" descreveu a perda dos vissungos, cantos de vocabulários de origem africana, com a morte dos únicos habitantes do distrito de São João da Chapada sabedores do dialeto. Para eternizar conhecimentos e valorizar as tradições orais, inclusive nas escolas ambientadas nos locais descritos, os filmes em formato de documentários estão enraizados na capacidade de transmitir uma impressão de autenticidade (NICHOLS, 2005). Por conseguinte, a contação de história em formato de documentário apresentado nas escolas, reforça o vínculo com a cultura local do Vale do Jequitinhonha, além de estimular a imaginação e a contação de novas histórias por parte das crianças e adolescentes.


Justificativa

Os documentários fazem parte de um gênero do cinema, capaz de explorar realidades. Segundo o trabalho de Nichols (2005, p.26), "todo filme é um documentário", dividindo-se entre os documentários de satisfação de desejos, que conhecemos normalmente como os de ficção, e os documentários de representações sociais, os de não-ficção. Esses últimos têm como característica o discurso sustentado por ocorrências do real, tratando-se efetivamente do que ocorreu antes ou durante as filmagens (SOARES et al., 2007). Ainda que existam diversas ramificações e tipificações do gênero, um elemento comum de todos os níveis de produção é a história: uma narrativa que conta acontecimentos de modo a suscitar o interesse do público (BERNARD, 2007). Nesse sentido, destaca-se no documentário proposto como primeira etapa do Projeto de Extensão, a manutenção de histórias, muitas vezes orais, que poderiam se perder com o passar do tempo. Para estudos na antropologia, a tradição oral se mostrou importante também na sociedade contemporânea, altamente mecanizada, pois a contação de histórias faz refletir sobre qualidades esquecidas, pois a valorização do conhecimento transmitido pela oralidade recompõe o valor das experiências coletivas (TORRES & TETTAMANZY, 2008). "Contar histórias é arte performática, em que se tenta retransmitir os contos pelos meios nos quais surgiram, ou seja, através de voz, corpo e gesto"(TORRES & TETTAMANZY, 2008). Observando-se aspectos culturais, econômicos, sociais, hídricos e ambientais, pode-se perceber a pluralidade populacional do Vale do Jequitinhonha, que por muitas vezes, remonta sua história através das tradições orais. Com precariedades de arquivos, histórias da população que tendem a se perder, se eternizam através de um documentário que valoriza as tradições orais. Para retratar tradições, lendas, manifestações e histórias do Alto Vale do Jequitinhonha deve-se realizar pesquisas e contatar moradores de diversas regiões para participação da narrativa apresentada. Tantos anos de história são relatados, de acordo com De Souza (2008) com duas fontes que alimentam o conhecimento histórico do Vale do Jequitinhonha: (1) as primárias, representadas por documentos escritos, objetos de uso pessoal e coletivo, instrumentos diversos inscrito em um contexto histórico e social e (2) as fontes secundárias que são as interpretações e leituras que diferentes profissionais realizam das fontes primárias. Entretanto, ainda segundo o pesquisador, "o Vale do Jequitinhonha se caracteriza pela dificuldade de acesso tanto a fontes primárias quanto secundárias. Há uma profunda carência de arquivos públicos."(De Souza, 2008). O local objeto do filme, o Alto Vale do Jequitinhonha, é composto pelos municípios de Alvorada de Minas, Angelândia, Aricanduva, Capelinha, Carbonita, Coluna, Couto Magalhães de Minas, Datas, Diamantina, Felício dos Santos, Gouveia, Itamarandiba, Leme do prado, Minas Novas, Presidente Kubistschek, Rio Vermelho, São Gonçalo do Rio Preto, Senador Modestino Gonçalves, Serra Azul de Minas, Serro, Turmalina e Veredinha. Mesmo sem a possibilidade de filmagem em todos os municípios, moradores contarão histórias relacionadas às peculiaridades econômicas, mineradoras, artesanais, sociais, antropológicas e festeiras do Vale do Jequitinhonha. O local é marcado por baixos índices econômicos e extremas riquezas culturais. Dentre os temas característicos da região abordados no filme, a atividade garimpeira, muito presente até hoje na região, foi um dos principais serviços desenvolvidos desde a formação de diversas cidades como Diamantina. Paradoxalmente, o Vale do Jequitinhonha apresenta índices socioeconômicos baixos, quando comparados a outras regiões de Minas Gerais. "Assim, embora o garimpo tenha sido basilar e tenha uma aparência rudimentar, ele apresenta essência conectada à lógica internacional, permeado por processos de exploração do trabalho e da natureza, exigentes de refinada técnica e conhecimento" (SULZBACHER et al., 2020). Aliada à mineração, "a abertura de uma nova frente de expansão econômica deu-se com base no trabalho escravo, dando continuidade a este que é um dos grandes traços característicos da colonização das Américas" (BOTELHO, 2016). Tal formato de mão de obra trouxe diversas tradições africanas para o Brasil, em especial Minas Gerais, as quais permanecem vivas até hoje e também serão abordadas no documentário proposto. Ademais, a relação da população com o imenso Rio Jequitinhonha, o cultivo de algodão para a arte de tear, o artesanato, referenciado pela mídia como uma das manifestações culturais mais expoentes na região (RAMALHO, 2010) e as festividades do Alto Vale do Jequitinhonha serão outros aspectos retratados no longa. Por fim, os saberes relacionados à saúde serão abordados e valorizados no filme, pois o grau de conhecimento que as pessoas, de toda comunidade, têm e, algumas em particular, como as benzedeiras, as parteiras, os raizeiros(as) é de uma complexidade que não deixa a desejar aos conhecimentos científicos. Os saberes das comunidades tradicionais são, atualmente, reconhecidos como patrimônio imaterial pelo IPHAN. Após o lançamento do filme, sua publicação será feita no Youtube, de forma gratuita e ilimitada para o público geral tenha acesso às tradições culturais do Vale. A plataforma na internet permite uma disseminação de conteúdo de forma ampla, além de ser de fácil utilização, de maneira a proporcionar uma convivência satisfatória e funcional na transmissão do vídeo pela Internet (FERREIRA & FRANÇA, 2014). A segunda parte do Projeto de Extensão contará com a reprodução de trechos do documentário em escolas de locais abordados no longa-metragem, seguida de uma dinâmica. Dessa forma, as crianças e adolescentes poderão escutar histórias regionais e posteriormente relatar quais se identificou ou gostou mais, além de contar suas próprias vivências, compartilhando-as com os integrantes do projeto e com seus colegas. Muitos educadores ainda não descobriram o quanto as histórias podem ajudá-los; muitos continuam utilizando as histórias, quando utilizam, apenas para acalmar os educandos e não vêem as várias possibilidades de uma boa história. O principal objetivo em contar uma história é divertir, estimulando a imaginação, mas, quando bem contada, pode atingir outros objetivos, tais como: educar, instruir, conhecer melhor os interesses pessoais, desenvolver o raciocínio, ser ponto de partida para trabalhar algum conteúdo programático, assim podendo aumentar o interesse pela aula ou permitir a auto-identificação, favorecendo a compreensão de situações desagradáveis e ajudando a resolver conflitos (TORRES & TETTAMANZY, 2008). As atividades desenvolvidas no Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha, são subdivididas em duas partes: a de execução do documentário e a de reprodução nas escolas. Na primeira etapa, a pré-produção do filme permitirá aos membros do trabalho identificar através de pesquisas online, em bibliotecas municipais ou de informantes nas comunidades, costumes, tradições e histórias possíveis de serem contadas no filme, associando-se ao âmbito da pesquisa. Além disso, os membros de funções técnicas de audiovisual passarão por formações sobre o gênero documentário e suas peculiaridades, obtendo-se o eixo do ensino. Em sua fase de produção, diversos moradores do Alto Vale do Jequitinhonha serão entrevistados e filmados pelos membros dos projeto, obtendo-se a interação com a comunidade. Na pós-produção, as filmagens serão roteirizadas, editadas e formatadas, de modo a fomentar o conhecimento técnico cinematográfico dos discentes participantes. Em sua segunda parte, de apresentação das histórias gravadas em escolas das regiões abordadas, crianças e adolescentes irão inicialmente exercer a virtude de interpretação. Posteriormente, em uma roda de conversa, os membros do projeto questionarão o entendimento dos contos e estimularão a contação de história pelos próprios alunos das escolas, obtendo-se um novo contato com as comunidades mostradas no filme. Tal espaço de troca é fundamental na Extensão Universitária e pode ser uma maneira de perpetuar a contação de histórias tradicionais do Alto Vale do Jequitinhonha para seus próprios habitantes que ainda estão presentes nas escolas. O hábito de ouvir histórias desde cedo ajuda na formação de identidades; no momento da contação, estabelece-se uma relação de troca entre contador e ouvintes, o que faz com que toda a bagagem cultural e afetiva destes ouvintes venha à tona, assim, levando-os a ser quem são (TORRES & TETTAMANZY, 2008). As respostas dadas pelas crianças e adolescentes após assistirem o documentário serão registradas por escrito e analisadas para fins de pesquisa. Diversas são as análises possíveis durante o desenvolvimento psicossocial de uma pessoa durante a infância e adolescência e os aspectos de tais fases devem ser analisados de acordo com as individualidades sociais e pessoais de cada criança e adolescente. De acordo com as justificativas abordadas, o projeto se identificará na área temática de Cultura, visando o desenvolvimento da memória, patrimônio, folclore, artesanato, tradições culturais de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, utilizando-se produção artística na área de fotografia, cinema e vídeo. A execução do documentário, somado à sua reprodução nas escolas, enquadra o projeto na linha extensionista de Patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial. Isso se dá devido à ações que visam a preservação, promoção e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico do Alto Vale do Jequitinhonha, mediante a proteção e promoção do folclore, do artesanato, das tradições culturais e dos movimentos religiosos populares e através da divulgação de material em vídeo na área. Em conclusão faz-se fundamental o tripé acadêmico no projeto apresentado, observando-se a indissociabilidade do ensino-pesquisa-extensão: no estudo sobre a região explorada e capacitações de questões técnicas sobre documentários; a procura e interação nas entrevistas com intuito de gravar histórias; a edição, roteirização e escolha de trilha sonora do filme; sua reprodução nas escolas, acompanhada de discussões de novos contos.


Objetivos

Objetivo geral - Preservação, promoção e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico do Alto Vale do Jequitinhonha, mediante a proteção e promoção do folclore, do artesanato, das tradições culturais e dos movimentos religiosos populares através da internet e em escolas da região. Objetivos específicos - Aprofundamento do conhecimento das histórias, tradições e manifestações de comunidades localizadas no Alto Vale do Jequitinhonha através de pesquisas, informantes chaves e indicações dos professores e técnicos colaboradores; - Aprofundamento do conhecimento acerca do gênero cinematográfico Documentário; - Capacitação e promoção do conhecimento acerca das técnicas de filmagem, direção, iluminação, fotografia, cenário, figurino, áudio e trilha sonora inseridas no gênero documentário; - Aprofundamento e desenvolvimento de técnicas de entrevistas para captação de histórias da comunidade estudada, junto ao Coordenador; - Obter conhecimentos de tradições, religiosidade, folclore e lendas através das histórias contadas diretamente por moradores do Alto Vale do Jequitinhonha; - Disseminar tradições orais do Alto Vale do Jequitinhonha para alunos de escolas públicas em locais abordados no filme; - Estimular a valorização da cultura regional e a contação de novas histórias por parte das crianças e adolescentes nas escolas. - Disseminar a cultura do Vale do Jequitinhonha através de plataformas na internet;


Metas

Impactos diretos - Capacitação de discentes da UFVJM na produção de conteúdo digital em formato de documentário, com parceria de técnicos e professores colaboradores; - Realização de pesquisa bibliográfica sobre saberes e tradições do Vale do Jequitinhonha e acerca das técnicas do gênero cinematográfico de documentário. - Realização de um documentário com histórias e vivências de habitantes de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha; - Utilização de metodologias ativas para discussão do documentário em, no mínimo, 5 (cinco) turmas do Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio de escolas localizadas nas regiões expostas pelo documentário; - Perpetuação e preservação de, no mínimo, 6 (seis) histórias orais gravadas e inseridas no longa-metragem; - Realização de, no mínimo, 10 (dez) entrevistas para contações de histórias e tradições orais, selecionadas posteriormente para integrarem o documentário, fomentando o intercâmbio de conhecimentos; - Otimização da comunicação com crianças e adolescentes com técnicas de entrevistas orientadas pelo Coordenador. Impactos indiretos - Ampliação das discussões sobre a preservação de tradições culturais, sobretudo de cunho oral, no Vale do Jequitinhonha, incluindo-se comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. - Valorização das tradições antropológicas do Vale do Jequitinhonha como o artesanato, a arte de tear, garimpo e a utilização do Rio Jequitinhonha. - Experimentação de modelos de gestão de equipes para os participantes do projeto, incluindo-se técnicos e professores colaboradores; - Estimular e a contação de histórias populares para as crianças e adolescentes participantes das rodas de conversa; - Projetar a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como interessada em difundir e preservar o conhecimento popular do Vale do Jequitinhonha. - Aprendizados sobre técnicas de comunicação e identificação de problemas/vivências vividos por crianças e adolescentes. - Difundir de forma gratuita e acessível as tradições do Vale do Jequitinhonha através do documentário disponibilizado na plataforma digital Youtube.


Metodologia

O projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha se desenvolverá em duas etapas: (1) execução do documentário (pré produção, produção e pós produção) e (2) sua reprodução e discussão em escolas no Alto Vale do Jequitinhonha. O desenvolvimento da primeira parte (1) representa a execução de um documentário com contações de histórias de moradores de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, mostrando a realidade cultural, socioeconômica e as tradições dos locais abordados. Segundo o trabalho de Soares et al. (2007, p.187) são várias as peculiaridades no gênero documental e, dentre elas, destaca-se o roteiro definido, muitas vezes, apenas após as filmagens, podendo ou não seguir a estrutura proposta pelo tratamento escrito na fase de pré-produção, texto que serviu como mapa para orientar as filmagens e definir os principais pontos de interesse do documentário. Pré-Produção Consiste na realização de pesquisas bibliográficas e conversas com informantes-chave com objetivos de localizar histórias interessantes que representam tradições e saberes do Vale do Jequitinhonha. Tal procura deverá ser realizada em materiais impressos, materiais de arquivo (filmes, fotos, arquivos de som, etc.), pré-entrevistas e pesquisas de campo nos locais de filmagem (SOARES et al., 2007). A etapa é fundamental para delimitar os personagens do filme, representados pelas próprias pessoas habitantes do local mostrado. Além disso, serão feitos estudos e capacitações indicadas por professores colaboradores para melhores técnicas de desenvolvimento de documentários, incluindo-se maior entendimento de filmagem, fotografia, mixagem de som, edição, iluminação e roteiro. Produção A produção dar-se-á nas filmagens e coletas de entrevistas em comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha. "A exploração do recurso da entrevista como principal ponto de sustentação da estrutura discursiva do filme vem a ser uma das características do documentário" (SOARES et al., 2007). Nesse sentido, conforme mencionado anteriormente, deverá ser feito um grande arquivo de imagens e histórias contadas pela comunidade, selecionadas posteriormente. As filmagens ocorrerão em formato de entrevista e de imagens que retratam o cotidiano do entrevistado e da comunidade em que ele está inserido. Todas as pessoas entrevistadas e/ou materiais pessoais apresentados no vídeo serão previamente autorizados para serem divulgados por meio de termo de concessão de imagem. Pós-Produção A pós-produção do documentário consiste na montagem do filme. Dessa forma, todos os arquivos de imagem, vídeo e áudios capturados durante a produção deverão ser organizados e roteirizados para mostrar a realidade do local abordado. "Em função de uma maior abertura para o registro de eventos do mundo, que escapam do controle da produção do filme no momento da filmagem e que, portanto, não podem ser roteirizados com antecedência, a etapa de montagem no documentário possui uma maior autonomia criativa se comparada à montagem do filme de ficção" (SOARES et al., 2007). O desafio de não se obter o roteiro no início das filmagens gera o sentimento de maior verossimilhança da localidade e da história por parte do espectador. Após a finalização do longa-metragem, o vídeo será disponibilizado gratuitamente no Youtube, de forma a popularizar o conhecimento acerca do Alto Vale do Jequitinhonha. Assim, dá-se início a segunda etapa (2), responsável pela discussão e fomento à cultura em escolas públicas de locais retratados no documentário. Assim, o filme inicialmente será exibido inteiramente ou em fragmentos de histórias independentes para alunos do Ensino Fundamental/Ensino Médio. Posteriormente, os integrantes do projeto formarão uma roda com os alunos da escola fomentando discussões sobre o documentário. Deverá ser desenvolvida metodologias ativas, com a participação das crianças e adolescentes por meio de perguntas instigadoras: - Qual história você mais gostou? - Vocês já passaram por histórias parecidas com alguma mostrada? - Algum de vocês gostaria de compartilhar uma outra história com nosso grupo e com os colegas? As informações obtidas dos relatos das crianças serão registradas por escrito para fins de pesquisa e comparativo entre os locais explorados. Tais dados poderão mostrar as relações do imaginário e das percepções dos estudantes com a condição socioeconômica e cultural do local em que estão inseridos. Portanto, uma criança que vive em um local muito marcado pelo garimpo, poderá ter conclusões diferentes da que reside em um local marcado quase exclusivamente por artesanato, por exemplo.


Referências Bibliográficas

BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto impacto. Elsevier Brasil, 2007 BOTELHO, Tarcísio Rodrigues. População e escravidão nas Minas Gerais, c. 1720. Anais, p. 1-20, 2016. DE BARROS LARAIA, Roque. Da ciência biológica à social: a trajetória da antropologia no século XX. Revista Habitus-Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, v. 3, n. 2, p. 321-345, 2007 DE SOUZA, João Valdir Alves. Fontes para uma reflexão sobre a história do Vale do Jequitinhonha. Unimontes Científica, v. 5, n. 2, p. 106-120, 2008. FERREIRA, Diego Lima; FRANÇA, Lilian Cristina Monteiro. 3. A história da Internet e a Popularização do Vídeo. Cadernos do Tempo Presente, n. 15, 2014. MARQUES, M.; KNOPPERS, B.; LANNA, A.E; ABDALLAH, P. R.;POLETTE, M. Brazil Current, GIWA regional assessment 39. University of Kalmar, Kalmar, Sweden, 2004. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. PAES, Silvia Regina; DE CÁSSIA PEREIRA, Rosana. Saberes silenciados Saúde e Ambiente das Comunidades Quilombolas do Alto Vale do Jequitinhonha. PÉRGOLA, Alessandra Campos. O cinema e a produção audiovisual: Um estudo preliminar sobre as novas formas de distribuição na Internet. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação. Disponível em: www. bocc. uff. br/pag/pergola-alessandradistribuicao-nainternet. pdf. Acessado em, v. 15, n. 05, p. 2014, 2004. RAMALHO, Juliana Pereira. Modelando a vida e entalhando a arte: O artesanato do Vale do Jequitinhonha. 2010. SOARES, Sergio Jose Puccini et al. Documentário e roteiro de cinema: da pré-produção à pós-produção. 2007. SULZBACHER, Aline Weber; LAGE, Nilmar; LOPES, Lucas Samuel. Mineração e questão agrária no Vale do Jequitinhonha. CAMPO-TERRITÓRIO: REVISTA DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, v. 15, n. 36 Jul., p. 400-429, 2020. TORRES, Shirlei Milene; TETTAMANZY, Ana Lúcia Liberato. Contação de histórias: resgate da memória e estímulo à imaginação. Nau Literária, v. 4, n. 1, 2008.


Inserção do estudante

Os estudantes membros do projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha terão diversas áreas de atuação devido às duas etapas de desenvolvimento do projeto. Em sua primeira fase, os discentes desenvolverão pesquisas para otimização do conhecimento em tradições do Vale do Jequitinhonha, orientados por professores colaboradores, além da capacitação em técnicas cinematográficas como filmagem, fotografia, iluminação, direção e edição, também auxiliados por professores e técnicos. No momento da produção, os discentes terão contato com inúmeras fontes de conhecimento popular em diversos locais do Alto Vale do Jequitinhonha, desenvolvendo habilidades de entrevista, em busca de informações importantes para o enredo de uma história. Além disso, destaca-se o desenvolvimento humano dos discentes ao entrar em contato com uma pluralidade de pessoas de diferentes condições e localidades. A equipe técnica colocará em prática os aprendizados de suas formações, fazendo as filmagens, adequando a iluminação, observando-se cenários e figurinos. Por fim, após o armazenamento das filmagens, os estudantes desenvolverão o roteiro final do trabalho, melhorando as técnicas de escrita e de montagem e edição de um filme. Em sua segunda fase, os discentes farão rodas de conversas com crianças e adolescentes de escolas públicas localizadas nas regiões retratadas no filme. Nesse sentido, os alunos da UFVJM poderão desenvolver habilidades de comunicação com o público na sala de aula, além de praticar a escuta de suas histórias e vivências. Por sua vez, o bolsista participará de todas as etapas de desenvolvimento do projeto, orientado pelo Professor Coordenador e demais Professores Colaboradores, de forma a conduzir o desenvolvimento de toda a equipe. Dessa forma, na primeira fase, o bolsista participará das pesquisas sobre o Alto Vale do Jequitinhonha e de conteúdos técnicos de documentários, dirigirá o filme orientando as entrevistas e suas gravações, e coordenará a montagem do mesmo, avaliado pelo Coordenador. Em sua segunda etapa, o bolsista também participará dos encontros nas escolas, de forma a contribuir com as discussões dando pontos de vistas da produção do documentário para as crianças. Todos os estudantes serão supervisionados e orientados pelo Professor Coordenador por meio de reuniões mensais para verificação do desenvolvimento do projeto. Como o projeto tem diversificações em seu desenvolvimento, devido à sua interdisciplinaridade, os Professores Colaboradores serão figuras essenciais na orientação historiográfica e cinematográfica, oferecendo fontes de pesquisa e cursos de capacitação para os discentes.


Observações

As atividades desenvolvidas no Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha, são subdivididas em duas partes: a de execução do documentário e a de reprodução nas escolas. Na primeira etapa, a pré-produção do filme permitirá aos membros do trabalho identificar através de pesquisas online, em bibliotecas municipais ou de informantes nas comunidades, costumes, tradições e histórias possíveis de serem contadas no filme, associando-se ao âmbito da pesquisa. Além disso, os membros de funções técnicas de audiovisual passarão por formações sobre o gênero documentário e suas peculiaridades, obtendo-se o eixo do ensino. Em sua fase de produção, diversos moradores do Alto Vale do Jequitinhonha serão entrevistados e filmados pelos membros dos projeto, obtendo-se a interação com a comunidade. Na pós-produção, as filmagens serão roteirizadas, editadas e formatadas, de modo a fomentar o conhecimento técnico cinematográfico dos discentes participantes. Em sua segunda parte, de apresentação das histórias gravadas em escolas das regiões abordadas, crianças e adolescentes irão inicialmente exercer a virtude de interpretação. Posteriormente, em uma roda de conversa, os membros do projeto questionarão o entendimento dos contos e estimularão a contação de história pelos próprios alunos das escolas, obtendo-se um novo contato com as comunidades mostradas no filme. Tal espaço de troca é fundamental na Extensão Universitária e pode ser uma maneira de perpetuar a contação de histórias tradicionais do Alto Vale do Jequitinhonha para seus próprios habitantes que ainda estão presentes nas escolas.


Público-alvo

Descrição

O público alvo direto na produção e exibição do documentário será inicialmente os entrevistados pela equipe para contação de histórias, no intuito de valorizar e disseminar a voz e os saberes dos moradores do Alto Vale do Jequitinhonha.

Descrição

Após a produção do filme, sua exibição para crianças e adolescentes das comunidades cenário do documentário contará com outro público alvo direto. Para melhor selecioná-los e encontrá-los, firmamos parceria com as instituições: Escola Municipal de Sopa, no distrito diamantinense de Sopa e a Escola Municipal de Maria Nunes em Maria Nunes, zona rural do distrito diamantinense de Inhaí. Dessa forma, 5 (cinco) turmas do Ensino Médio e/ou Fundamental de alunos dessas instituições e outras possíveis com parcerias futuras, com idades entre 7 e 16 anos assistirão o documentário e, posteriormente, relatarão suas percepções acerca das histórias retratadas no filme através de perguntas direcionadoras feitas pelos membros do projeto. Por fim, um novo espaço de fala permitirá o compartilhamento de novas histórias vivenciadas pelas próprias crianças e adolescentes em suas respectivas comunidades. As diferentes percepções, por escrito, entre os alunos servirá como material de pesquisa posteriormente ao encontro.

Descrição

A distribuição de produtos audiovisuais se modificou muito com o advento da internet. Atualmente, ela é um dos meios mais baratos e eficientes para distribuição de filmes e vídeos, principalmente para produtores independentes, que podem atingir maior público sem que isso signifique necessariamente acréscimo aos custos (PÉRGOLA, 2004). Nesse sentido, a disponibilização do documentário proposto poderá atingir os mais diversos públicos, no intuito de tornar valorizado e conhecido as tradições e manifestações culturais e históricas do Alto Vale do Jequitinhonha. Por conseguinte, o resultado final do longa-metragem proposto será disponibilizado gratuitamente no Youtube, de modo que todos possam ter acesso gratuito e ilimitado ao material. Entretanto, para se obter melhores resultados e adesão do público do próprio Alto Vale do Jequitinhonha, o documentário será reproduzido nas escolas, como descrito anteriormente, e se possível, em outros locais nas próprias comunidades retratadas no filme.

Municípios Atendidos

Município

Diamantina

Município

Serro

Município

Capelinha

Município

Turmalina

Município

Minas Novas

Município

São Gonçalo Do Rio Preto

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

A parceria com o Centro Acadêmico Livre de Medicina (CALMED-JK) se dará através da apresentação das famílias para entrevistas nos distritos de Diamantina e em outros municípios de atuação do CALMED-JK. Além disso, a marcação de conversas com informantes-chave também será auxiliada por este Centro Acadêmico. Por fim, todas as postagens de divulgação nas redes sociais acerca do projeto serão feitas através de perfis associados ao CALMED-JK, dando-se maior abrangência de público.

Participação da Instituição Parceira

Posteriormente a finalização do documentário, escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha sediarão discussões acerca das histórias abordadas no filme. Nesse sentido, a Escola Municipal de Sopa, com sede na Praça Santa Rita, 306 – Sopa, Diamantina - MG, 39102-000 é parceira do projeto, permitindo a conversa com, no mínimo 2 turmas de crianças e adolescentes entre 7 a 16 anos no Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio que relatarão suas percepções do filme e compartilharão novas vivências.

Participação da Instituição Parceira

Posteriormente a finalização do documentário, escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha sediarão discussões acerca das histórias abordadas no filme. Nesse sentido, a Escola Municipal de Maria Nunes, com sede na Praça Nossa Senhora Auxiliadora, sem número – Maria Nunes, Diamantina - MG, é parceira do projeto, permitindo a conversa com, no mínimo 3 turmas de crianças e adolescentes entre 7 a 16 anos no Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio que relatarão suas percepções do filme e compartilharão novas vivências.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Pesquisas em materiais impressos, materiais de arquivo (filmes, fotos arquivos de som, etc.) e pesquisa de campo nos locais de filmagem acerca de aspectos historiográficos, culturais, socioeconômicos, dentre outros do Alto Vale do Jequitinhonha. Além disso, realização de pré-entrevistas para seleção das histórias incluídas no documentário.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Realização de pesquisa em materiais impressos, materiais de arquivo (filmes, fotos arquivos de som, etc.) acerca das técnicas de documentário. Além disso, realização de cursos de capacitação gratuitos e/ou pagos pelos integrantes sobre as técnicas de filmagem, iluminação, direção, figurino, cenário, mixagem de som, dentre outras.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Realização de entrevistas gravadas em vídeo e som e captação de imagens da região para composição futura do documentário.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Assistir todas os materiais captados em campo, redigir o roteiro de sucessão de narração, imagens e entrevistas, e por fim, edição do filme conforme o roteiro.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Reprodução do filme para crianças e adolescentes em escolas parceiras e discussão com eles acerca das histórias e novas vivências.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Escrita e comparativo das respostas dadas pelos alunos acerca das histórias do Alto Vale do Jequitinhonha.