Detalhes da proposta

A construção comunitária de objetos musicais feitos de barro local

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Procarte

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    rodrigo guimarães silva

    Número de inscrição:

    20221022022153154

    Unidade de lotação:

    fih

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    linguística, letras e artes

    Área temática principal:

    cultura

    Área temática secundária:

    trabalho

    Linha de extensão:

    artes integradas

    Abrangência:

    municipal

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

rafael alves de oliveira Bolsista

Resumo

O projeto intitulado “A construção comunitária de objetos musicais feitos de barro local” propõe consolidar e ampliar um espaço comunitário no bairro Rio Grande (Diamantina) para a produção de instrumentos musicais feitos exclusivamente de uma massa cerâmica com argilas e matérias-primas oriundas dos arredores de Diamantina. A investigação e produção desses instrumentos moldados no barro (nome popular das argilas), tais como gathan, udu (moringa sonora), flautas, ocarinas, pandeiros e tambores, sendo estes presentes nas Folias de Reis, Congadas, Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (que configuram muitos dos festejos do Vale do Jequitinhonha), já se encontra em andamento de forma incipiente. Para tanto, buscar-se-á valer-se dos saberes materiais e imateriais em relação aos processos de escolha do “barro”, preparação da matéria-prima, modelagem, oleios (engobes/tinturas) e formas de queima efetuados, sobretudo, nas cidades do Médio e do Baixo Vale do Jequitinhonha. Na Etapa II do projeto, segundo semestre de 2022, serão realizadas, no bairro Rio Grande, as oficinas comunitárias de produção de instrumentos musicais de barro. A proposta que aqui se perfaz trata-se de desdobramento de um projeto anterior vinculado ao Edital Pibex 012021 (inscrição 20211012021408154) ainda em vigência. Decorre-se daí toda a infraestrutura já montada para a construção dos instrumentos supracitados (detalhado no item “ Introdução”) e a qualificação já em andamento do coordenador desta proposta.


Palavras-chave

Oficinas comunitárias; Instrumentos musicais; cerâmica; barro local


Introdução

O Vale do Jequitinhonha, sobretudo no Médio e Baixo Vale, é nacionalmente conhecido, dentre outras questões, pelos seus saberes materiais e imateriais no que diz respeito ao trabalho com as argilas locais e as peças cerâmicas produzidas por muitos de seus artesãos, sendo alguns deles já reconhecidos no âmbito nacional, tais como Dona Isabel (Ponto dos Volantes), Ulisses Mendes (Itinga), Lira Marques (Araçuaí), Dona Zézinha (Turmalina), João Alves (Taiobeiras), Amaury Aparecido (Capelinha), entre outros. A região de Campo Alegre, Coqueiro Campo e Campo Buriti, que fica entre as cidades de Minas Novas e Turmalina, abriga um destacado grupo de mulheres que se organizaram em Associações de Artesãos com produções de peças variadas, tais como bonecas, moringas, vasos, materiais refratários e outros objetos utilitários e decorativos feitos de argilas e matérias-primas locais. A pintura de flores, folhas e formas arredondadas é feita manualmente com pigmentos naturais obtidos do oleio (barro diluído com água): o tauá dá o tom avermelhado e a tabatinga, a coloração branca. As artesãs do Vale do Jequitinhonha relatam que suas antepassadas aprenderam a arte ceramista com as indígenas que ali viviam e criavam cumbucas para uso doméstico e urnas funerárias, salientando o longo processo de enraizamento de seus “saberes e fazeres”. O destacado documentário de Maurício Nahas, lançado em 2016, intitulado “Do Pó da Terra: a arte de gente feita do barro”, filmado no Médio e Baixo Vale do Jequitinhonha, contribuiu para colocar, em pé de igualdade, a cerâmica do Vale do Jequitinhonha com as peças produzidas na Ilha de Marajó, a centenária cerâmica marajoara. Os oleios (tinturas e engobes naturais) do Vale do Jequitinhonha são citados nos cursos de formação de cerâmica da USP e da UNICAMP, pois o amplo leque tonal e as colorações inusitadas, bem como o alto grau de aderência ao corpo cerâmico colocam os oleios do Vale em posição de destaque nacional no campo dos saberes ancestrais relacionados à técnica de construção de objetos cerâmicos. O projeto “A construção comunitária de objetos musicais feitos de barro local”, em uma de suas interfaces de pesquisa sobre argilas locais (advindas da região de São João da Chapada, Quartel do Indaiá, Sopa e Curralinho) vale-se da experiência adquirida no projeto Acender do Barro (Pibex, Edital 01/2021)”, aprendizado este que foi construído mediante formação teórica e prática em cursos sobre Argila, Engobe, Moldes, Queimas e Torno Elétrico com Amanda Magrini e Karina Ignácio (O proponente desta proposta finalizou todas as etapas dos referidos cursos ao longo de um ano, cujos ensinamentos apresentam conteúdos no campo teórico e técnico, assim como no campo empírico: práticas de construção de moldes de gesso, modelagem de argila e técnicas de torneamento em torno elétrico para cerâmica (conhecido popularmente como “roda de oleiro”). Decorre-se também, como um dos resultados do projeto Acender do Barro, a construção de dois espaços em Diamantina inteiramente dedicados à cerâmica. Um ateliê, com perfil para trabalho comunitário, situado na Escola Profissionalizante Irmã Luiza (EPIL), com infraestrutura completa: forno elétrico profissional (para queima até 1300 graus celsius), torno elétrico para cerâmica, tanques para armazenamento de argilas locais, placas em gesso para reciclagem de argilas, armários, estecas e debastadores específicos, e um segundo espaço com perfil de pesquisa e laboratório de testes de material cerâmico, construído na casa do proponente desta proposta, contendo forno elétrico (para queima até 1260 graus celsius), forno em barril de metal para queima de raku (até 1000 graus celsius), torno elétrico e torno manual, balança de alta precisão, paquímetro, maçaricos para auxiliar na modelagem, plaqueiras, aparelhos de medição de impacto (para analisar a resistência mecânica das peças cerâmicas), discos para acabamento de peças, estoque com mais de 300 kilos de argilas comerciais para pesquisa (com 30 variedades de massas cerâmicas diferenciadas). No campo teórico e reflexivo, o “pensamento ceramista” da relação do “sujeito com o barro” presente em obras como Introdução à tecnologia cerâmica e Tecnologia das Argilas, de Frederick H. Norton e Pérsio de Souza Santos, bem como nos cursos de formação em cerâmica com Amanda Magrini e Karina Ignácio, alicerçam alguns dos fundamentos que nos guiarão nas investigações e práticas aqui delineadas, que contará também com os arquivos do patrimônio cultural material e imaterial concernente aos artesãos do Vale do Jequitinhonha.


Justificativa

No Brasil há apenas um trabalho já consolidado no sentido de efetuar uma construção ampla de instrumentos musicais orgânicos inteiramente feitos do barro. Trata-se do Projeto Uirapuru, Orquestra de Barro criado em 2009 pelo artista plástico e luthier Tércio Araripe. Situado no Povoado de Moita Redonda, Ceará, polo tradicional de feitura de objetos de cerâmica, Tércio voltou-se para e recuperação, diante da população jovem, do interesse pelas tradições dos artesãos que trabalhavam o barro de maneira artesanal. Tércio Araripe vinculou à dimensão de construção dos objetos musicais de barro com a participação na Orquestra do Barro, utilizando-se da música como fio genealógico para a aproximação dos jovens com suas ancestralidades ligadas ao artesanato cerâmico local. Embora o Vale do Jequitinhonha tenha uma ampla tradição ligada ao artesanato oriundo do barro, a confecção de instrumentos musicais com argilas locais ainda não se encontra presente. A proposta aqui apresentada, vale-se de referencias do legado de Tércio Araripe e dos trabalhos do grupo Terreson, na França, e do Espaço Cultural Barromadre, no México, que dispõem de uma ampla pesquisa e de um alentado acervo de instrumentos de cerâmica elaborados em ateliês-laboratórios experimentais. Diferentemente da proposta da Orquestra de Barro, no Ceará, que se volta para os instrumentos musicais de suas tradições regionais, propomos, no horizonte desta pesquisa, o processo de recriação de alguns instrumentos e da invenção de outros, à maneira do extinto grupo Uakti, de Belo Horizonte, que escolheu os tubos de PVC como a principal via em suas explorações musicais sonoras. Considerando que os artesãos e ceramistas de Diamantina trabalham com massas cerâmicas comerciais compradas em Belo Horizonte ou no Sul de Minas (argilas Terra Nova), almejamos também efetuar uma pesquisa para confeccionarmos uma massa cerâmica local, com a combinação de diferentes tipos de argilas da região, com propriedades de plasticidade, refratariedade e resistência mecânica (sendo as duas primeiras já encontradas por nós na região de Qualtel do Indaiá e de Curralinho), para que possamos oferecer aos oficineiros uma matéria-prima totalmente gratuita, sendo que fornos e tornos já foram adquiridos. Vale destacar que a cultura ceramista e seus fazeres são profundamente enraizados nas dimensões coletivas de trabalhos em mutirão ou cooperativos, pois o acesso às argilas, aos fornos, aos ensinamentos dos “mestres” e aos sistemas de disponibilização e comercialização das peças, sejam elas utilitárias ou artesanais, demandam a construção de uma ampla rede social de trocas e ajuda mútua. Enfim, com a infraestrutura alicerçada, a qualificação do coordenador no campo cerâmico, o espaço comunitário já assegurado pelo Epil (pareceria a ser formalizada ainda neste ano), a experiência adquirida dos projetos anteriores, as alianças e relações de confiança conquistadas com alguns ceramistas do Vale do Jequitinhonha, acreditamos que a proposta deste projeto já angariou os principais elementos para iniciarmos, de forma qualificada e segura, um projeto com a dimensão de ineditismo no âmbito nacional que este carreia. Cabe ressaltar ainda que a proposta aqui delineada apresenta um amplo potencial no sentido de agregar pessoas de campos e formações plurais: discentes da UFVJM, do Conservatório Estadual Lobo de Mesquita, ceramistas de Diamantina e parte do público alvo das regiões periféricas de Diamantina, sobretudo os adolescentes e jovens, possibilitando, assim, ampliarmos, no espaço universitário, uma reflexão crítica em diálogo visceral com o acervo cultural regional e local. Observação: A possibilidade de realização de oficinas de construção de objetos musicais de forma presencial, sobretudo na comunidade Rio Grande, dependerá do contexto de biossegurança das possíveis janelas que poderão ser abertas em relação à situação pandêmica de Covid 19 ao longo de 2022.


Objetivos

OBJETIVOS GERAIS: Propiciar, mediante as atividades que serão desenvolvidas no ateliê de cerâmica estabelecido no Rio Grande, oficinas de confecção de instrumentos musicais feitos integralmente de argilas locais. Almeja-se cotejar esses processos de trabalhar o “barro” com as tradições dos artesãos e de seus saberes produzidos no Baixo e Médio Jequitinhonha, ampliando, dessa forma, o patrimônio material e imaterial da região e possibilitando um acesso ampliado e plural às referências socioculturais do Vale do Jequitinhonha. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: - Investigar, nos arredores de Diamantina, argilas com características de plasticidade, refratariedade e resistência mecânica com fins de elaborar uma massa cerâmica apropriada à confecção de instrumentos musicais; - Efetuar testes com argilas locais e compará-las com o desempenho de argilas comerciais (massas cerâmicas da Pascoal, Nova Farias e Terra Nova); - Fazer testes de queima (refratariedade) com as argilas locais em alta temperatura (acima de 1200 graus celsius), bem como teste de resistência mecânica; - Confeccionar os instrumentos musicais de barro: moringa sonora (udu), gatham, tambores de corpo cerâmico, entre outros; - Iniciar processsr de invenção de instrumentos sonoros; - Divulgar o projeto nas escolas de Ensino Médio Mandacaru e Gabriela Neves; - Desenvolver as oficinas de criação de instrumentos musicais com os adolescentes e jovens, sobretudo dos Bairros Rio Grande e Palha (o formato das oficinas, inteiramente gratuito, facilitará a acessibilidade aos adolescentes e jovens em situações sociais mais vulneráveis); - Ensinar aos jovens oficineiros alguns ritmos e “levadas” das tradições regionais e locais; - Apresentar e discutir, em eventos acadêmicos e festivais culturais (tais como Sintegra-UFVJM, festivais de inverno, Festvale, Festival de Milho Verde ), os resultados do projeto; - Municiar e enriquecer, com material inédito, o acervo do patrimônio i-material do Alto Jequitinhonha.


Metas

- Estima-se uma participação direta, nas oficinas mensais (a partir do segundo semestre de 2022), de 48 indivíduos (8 oficineiros mensais); - Estima-se uma participação direta de 400 discentes por intermédio da apresentação do projeto nas Escolas de Ensino Médio de Diamantina, tais como Mandacaru, Gabriela Neves, Isabel Mota; - Estima-se alcançar um público de 100 pessoas no Conservatório Estadual de Musica Lobo de Mesquita (Diamantina) com a apresentação dos instrumentos; - Estima-se alcançar centenas de pessoas por intermédio do programa em que será apresentado o projeto na TV Vale em Diamantina; - Considerando o grande fluxo de discentes, docentes e técnicos administrativos no Sintegra e outros eventos universitários realizados na UFVJM, estima-se um número significativo de pessoas que serão acessadas mediante stands que apresentarão os resultados do projeto, bem como os próprios instrumentos musicais que serão disponibilizados nesses eventos; - Estima-se alcançar um grupo significativo de ceramista, artesãos e pessoas afins com as atividades artesanais mediante a apresentação do projeto e de seus instrumentos em eventos e Festivais Culturais (presenciais ou on line, a depender da situação pândemica de Covid 19).


Metodologia

Para a realização deste projeto será necessário o cumprimento de várias e diferenciadas etapas metodológicas, cada uma delas exigindo direcionamentos e instrumentais específicos: 1) Selecionar o bolsista do projeto e colaboradores voluntários; 2) Discussão e aprimoramento estético e conceitual da proposta do projeto com o bolsista e os potenciais voluntários; 3) Levantamento e investigação de possíveis instrumentos musicais presentes nas festividades locais e regionais, tais como Folia de Reis, Congadas, Tambores da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, entre outras; 4) Elaborar, juntamente com o bolsista e voluntários, um Plano de Oficinas com as diretrizes de possíveis instrumentos musicais a serem construídos e a pedagogia a ser utilizada; 5) Análise e discussão com o bolsista e os voluntários sobre as estratégias de divulgação do projeto nas escolas de Ensino Médio de Diamantina, com o objetivo de divulgar o projeto e convidar/selecionar os oficineiros; 6) Contatar alguns artesãos locais e conhecer seus processos e saberes em relação ao manuseio do “barro”; 7) Finalização dos instrumentos musicais e divulgação dos resultados do projeto mediante as diferentes mídias (TV Vale, facebook, instagram, etc); 8) Apresentar o resultado do projeto nas Escolas de Ensino Médio de Diamantina; 9) Indicadores de avaliação: em relação ao bolsista, será considerado as suas propostas e atuações na elaboração do Plano de Oficinas; no levantamento e apresentação ao coordenador do acervo de saberes dos artesãos regionais e locais; na montagem dos instrumentos musicais e na participação efetiva nas oficinas. De fundamental importância será também a veiculação e divulgação dos resultados do projeto nas Plataformas on line. Em relação ao Público Alvo, os acessos nas Plataformas on line, as visualizações e “comentários” registrados nas plataformas configuram um eficiente indicativo de participação e envolvimento com os mesmos, sobretudo nos casos em que ocorrem feedback escritos ou sinalizados (Likes, joinhas, etc). Outros procedimentos também serão adotados, tais como participação direta de alunos do Ensino Médio nas atividades que serão propostas, bem como de indivíduos que terão acesso aos stands de instrumentos musicais que será montado em Festivais de Cultura e eventos Acadêmicos. Também será registrado a participação direta dos estudantes nas oficinas de produção de instrumentos musicais. A viabilidade da proposta já foi detalhada no item Introdução, qual seja, infraestrutura completa para as oficinas (já efetivada no espaço comunitário do Rio Grande - Epil) e para os experimentos com as argilas locais (laboratório montado na casa do proponente deste projeto). Observação: Observação: Certas ações do projeto voltadas para um contato presencial com o público alvo serão balizadas levando em considerações as orientações científicas nacionais de biossegurança no que diz respeito à situação pandêmica de Covid 19. .


Referências Bibliográficas

ABCERAM. Associação Brasileira de Cerâmica. Disponível em <https://abceram.org.br/> acessado em 22/10/2020 BARBAFORMOSA. A Olaria. São Paulo: Editorial Estampa, 1999. FIGUEIRÓ, Lori. Acender do barro. Belo Horizonte: Ramalhete, 2018. FIGUEIRÓ, Lori. Sementes da terra maturada. Belo Horizonte: Ramalhete, 2017. GIARDULLO, Pascoal. O Nosso Livro de Cerâmica. São Paulo: Pascoal Massas, 2017. IGNÁCIO, Karine. Ateliê do Quintal. Cursos de Formação em Torno Elétrico para cerâmica. Disponível em http://ateliedoquintal.com.br/ceramica/ MAGRINI, Amanda. @amandamagrini_ceramica NORTON, Frederick H. Introdução à tecnologia cerâmica. São Paulo: Edgard Blucher, 1973. SANTOS, Pérsio de Souza. Tecnologia das Argilas. São Paulo: Edgard Blucher, 1975. VLACK, Lawrence H. Van. Propriedades dos materiais cerâmicos.


Inserção do estudante

O discente da área de Humanidades, Letras ou Geologia e campos afins possui formação acadêmica adequada para contribuir significativamente com o presente projeto tendo em vista sua formação interdisciplinar (no caso da Humanidades) através da qual poderá construir reflexões teóricas e propor atividades práticas de abordagem de sujeitos acerca da temática das tradições orais vinculadas ao artesanato voltado para o manuseio do barro e vivências ritmo-corporais e seus desdobramentos de expressão artística ou comunitária. A temática do projeto dialoga diretamente com diferentes áreas epistemológicas do conhecimento e diversos saberes presentes propiciados no curso de Humanidades e na Licenciatura em Letras: História, Geografia, Antropologia, Sociologia, entre outras. O projeto possibilita a práxis necessária para contribuir significativamente com a formação do possível bolsista ao permiti-lo associar, através das atividades realizadas, teorias e práticas em um intrincado tecido existencial e de contato direto com os artesãos locais e regionais, assim como os estudantes de Ensino Médio de Diamantina ou redes de pessoas configuradas nos espaços on line. A construção, no cotidiano acadêmico, da integração entre os pilares ensino-pesquisa-extensão permitirá ao estudante, neste projeto, ampliar seu horizonte interpretativo incorporando em seu fazer e reflexão artística e sociopolítica, a diversidade de interesses, olhares e perspectivas presentes em diferentes grupos sociais da região de Diamantina. Conhecer outros “dizeres e fazeres das construções identitária do artesão voltado para a “lida com o barro”, aspectos de suas subjetividades e visão de mundo, bem como variadas formas de organização artística, discursiva, identitária e de poder, todas essas possibilidades, poderão ampliar os pressupostos intelectuais, epistemológicos, artísticos e os campos afetivos e de fruição estética dos discentes participantes do projeto (bolsista e colaboradores). O projeto efetuará reuniões frequentes com o discente bolsista e eventuais colaboradores nas quais as atividades serão planejadas e avaliadas; os materiais bibliográficos serão debatidos permanentemente, assim como as vivências nas oficinas de confecção de instrumentos musicais serão compartilhadas e problematizadas em constante relação com a teoria. Em todas as atividades do projeto, distribuídas ao longo do período de um ano, o bolsista e colaboradores serão capacitados pelo coordenador da presente proposta para fins de compreender e refletir teoricamente sobre a temática trabalhada, sobretudo no quesito planejamento, organização e execução de atividades de campo. O discente bolsista participará da realização de todas as atividades do projeto efetuando as seguintes atividades: 1) Reflexão teórica sobre a temática dos saberes regionais e locais dos artesãos; 2) Planejamento das oficinas de confecção de instrumentos; 3) Execução das apresentações dos produtos do projeto nos festivais e eventos acadêmicos afins, (resolver questões práticas associadas a preparação de Stands para a apresentação dos instrumentos musicais estruturados em cerâmica; 4) O discente será acompanhado pelo coordenador do projeto que analisará comprometimento, frequência nas reuniões (virtuais e presenciais), dedicação à realização das atividades e, em especial, desenvolvimento da capacidade de associação entre ensino, pesquisa e extensão; 5) O estudante participará, juntamente com o coordenador da proposta, do relatório final referente às etapas, desenvolvimento e resultados alcançados pelo projeto.


Observações

A dimensão coletiva de saberes consolidados no Vale do Jequitinhonha no que tange ao amplo repertório dos artesãos que trabalham o barro numa “lida diária” é um dos destaques deste projeto, qual seja, relacionar a dimensão ancestral coletiva autóctone regional e local com oficinas e atividades urbanas periféricas que ressignificarão esses conhecimentos, propiciando saberes consolidados nas manifestações culturais dialogarem com atividades lúdicas e percussivas no âmbito pessoal-coletivo das oficinas. Outro possível desdobramento do projeto diz respeito à possibilidade de manufaturarmos uma massa cerâmica local, de qualidade e de ampla acessibilidade para que artesãos de Diamantina e arredores (que não dispõem de condições financeiras para comprar as argilas comerciais, situação presente hoje no Alto Jequitinhonha) possam trabalhar o barro de maneira a garantir uma atividade laborativa com rendimento mais eficaz. Por fim, valendo-se da tradição musical de Diamantina, encontra-se no horizonte, assim como o trabalho de Tércio Araripe no Ceará, a possibilidade de efetivar um grupo musical de jovens e adultos reunidos em torno de instrumentos musicais confeccionados exclusivamente do barro, moldados por eles mesmos, com argilas locais, ou seja, a contribuição para a ampliação efetiva do acervo material e imaterial do Vale do Jequitinhonha.


Parcerias

Nenhuma parceria inserida.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

A produção dos instrumentos musicais de cerâmica acontecerá durante todo o ano de 2022 a partir de março.

Periodicidade Quinzenalmente
Descrição da Atividade

A divulgação do projeto nas Escolas de Ensino Médio ocorrerá nos primeiros meses do projeto com o objetivo de apresentar o mesmo e fazer a seleção dos oficineiros.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

A divulgação das atividades do projeto permanecerá após o término do projeto durante todo o ano de 2023, considerando ainda a possibilidade de renovação do mesmo.