Detalhes da proposta

Milho Crioulo: Multiplicação e Conservação de Variedades Tradicionais

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    josimar rodrigues oliveira

    Número de inscrição:

    2022101202220318

    Unidade de lotação:

    diretoria de administração - proad

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências agrárias

    Área temática principal:

    tecnologia e produção

    Área temática secundária:

    meio ambiente

    Linha de extensão:

    desenvolvimento rural e questão agrária

    Abrangência:

    regional

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

henrique martins faula Bolsista

paulo eduardo rabelo Vice-coordenador(a)

fablícia costa santana Voluntário(a)

Resumo

O Projeto Milho Crioulo surgiu no ano de 2015, por iniciativa de Técnicos responsáveis pelas atividades da Fazenda Experimental Rio Manso, quando foi realizada a primeira multiplicação de sementes crioulas de milho nas dependências da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Desde então, tem atuado na promoção de cursos de capacitações, dias de campo, feiras de troca de sementes, roda de conversas, apoio a criação de banco de sementes e nos dois últimos anos devido a pandemia teve uma forte atuação na confecção de materiais didático-instrucionais para extensão rural virtual que foram difundidos aos agricultores familiares em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais e Secretarias de Agricultura dos municípios de atuação do projeto. Além disso, as atividades de multiplicação de sementes são contínuas na Fazenda Experimental Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas, desde o ano da sua criação, para manutenção de algumas variedades de sementes crioulas em um banco que tem servido para dar apoio a atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos de ciências agrárias e engenharia de alimentos do Campus Diamantina. O projeto está vinculado ao Programa de multiplicação de sementes crioulas e variedades melhoradas para agricultura familiar. Registro Proexc 001.1.045-2016.


Palavras-chave

milho crioulo, sementes, sustentabilidade, agricultura familiar, agroecologia


Introdução

A agricultura moderna é pautada nos pacotes tecnológicos ofertados pelas grandes multinacionais aos empresários agrícolas, que trabalham com tecnologia de ponta. No entanto, não se pode esquecer a importância da agricultura familiar em nosso país. Dados do Censo Agropecuário de 2017, mostram que 3.897.408 estabelecimentos atenderam aos critérios da Lei n. 11.326, de 24 de julho de 2006 e foram classificados como agricultura familiar, o que representa 77% dos estabelecimentos agropecuários levantados pelo censo (BRASIL, 2006; IBGE, 2017). Além disso, a agricultura familiar ocupa 23% da área total das terras dos estabelecimentos agropecuários brasileiros, além do empego e renda gerados, uma vez que trabalhavam na Agricultura Familiar cerca de 10,1 milhões de pessoas, ou 67% da mão de obra dos estabelecimentos agropecuários (IBGE, 2017). Em algumas regiões mineiras, como o Vale do Jequitinhonha, há a predominância do modelo agrícola familiar. Em Diamantina, 58 % dos estabelecimentos agropecuários são classificados como agrícolas familiares e em Couto de Magalhães de Minas, são 52 % das propriedades rurais (IBGE, 2017), sendo este o principal público-alvo que o Projeto Milho Crioulo vem trabalhando desde a sua criação. Uma das características predominantemente comuns na maioria dos modelos agrícolas familiares é o baixo nível tecnológico. Nesse sentido, torna-se importante o resgate e conservação das sementes crioulas que podem ser multiplicadas e armazenadas para novos plantios, sem a necessidade de adquirir novas sementes todos os anos, como acontece com aqueles produtores que optam pelo cultivo de sementes híbridas, que são altamente exigentes em tecnologia de produção. Segundo Oliveira (2015), o grão produzido a partir de um determinado híbrido não serve como semente para uma nova safra, pois, perde sua qualidade genética devido ao fenômeno conhecido como perda do vigor híbrido. Além disso, Brito et al. (2011) destacam que as populações crioulas são materiais importantes para o melhoramento pelo elevado potencial de adaptação, que apresentam para condições ambientais específicas. As sementes crioulas, de modo geral, foram selecionadas pelos agricultores ao longo de muitos anos para adaptar-se as condições climáticas e de fertilidade locais, de modo que uma planta advinda de uma semente crioula tem uma resistência muito mais elevada às adversidades quando comparada a um híbrido de alto potencial produtivo. Mesmo sendo menos produtivas que as cultivares comerciais, são de grande variabilidade genética, resistentes, adaptadas, e o próprio agricultor tem condições de obter a sua semente (Sandri e Tofanelli, 2008). O milho é um produto alimentar base em nosso país, sendo largamente utilizado na alimentação animal e humana. O IBGE (2017) destacou que a agricultura familiar é responsável por cerca de 12 % da produção de milho grão no Brasil e que mais de 80 % das propriedades recenseadas produziam milho com alguma finalidade, o que mostra a relevância da cultura dentro desse modelo produtivo. No ano de 2015, por iniciativa dos servidores responsáveis pelas atividades da Fazenda Experimental Rio Manso, foi realizada a primeira multiplicação de sementes crioulas de milho nas dependências da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Desta maneira, surgiu o Projeto Milho Crioulo, que está se consolidando a cada dia e completará sete anos de atuação no Alto Jequitinhonha em 2022.


Justificativa

A maior parte dos agricultores familiares brasileiros está localizado em regiões onde é empregado um baixo nível tecnológico e áreas de plantio com problemas que dificultam adequado manejo fitotécnico das culturas trabalhadas (Carpentieri-Pípolo et al., 2010). Dentre as diversas culturas produzidas pela agricultura familiar, destaca- se o milho (Zea mays L.) que tem uma elevada importância econômica, social e cultural. O milho pode ser utilizado como alimento para o gado na época da seca, por meio do armazenamento na forma de silagem, para formulação de ração ou fornecido na forma de grão para galinhas poedeiras, por exemplo. Além disso, o milho está tradicionalmente inserido na culinária local seja na forma de milho verde, fubá ou na produção de quitandas como bolo, pamonha, cural, entre outros. Entretanto, nos dias atuais, uma das grandes problemáticas enfrentadas pelo agricultor familiar é a obtenção de sementes de milho adaptadas regionalmente e que podem ter suas sementes utilizadas para uma nova safra. As denominadas sementes crioulas estão praticamente extintas em muitas comunidades rurais brasileiras, graças a introdução dos híbridos com alto potencial produtivo e dos materiais geneticamente modificados resistentes a pragas e aplicação de herbicidas. Brito et al. (2011) destaca que as sementes híbridas por serem mais produtivas foram tomando o espaço das sementes crioulas. No entanto, as sementes melhoradas, sejam por meio da genética convencional ou por meio da transgenia são exigentes em termos de fertilidade e física do solo, precipitação (ou irrigação) adequada, rigoroso controle de plantas espontâneas, pragas e doenças, entre outros. Dentro desse aspecto, Oliveira (2015) salienta que um milho crioulo adaptado a uma região mais árida terá uma perda de produtividade entre 20 e 40 %, caso aconteça um veranico na época de enchimento de grãos, enquanto a semente híbrida, devido suas exigências serem mais elevadas pode ter perdas entre 80 a 100 % da lavoura. As sementes híbridas comercializadas não podem ter seus grãos utilizados como semente para a safra subsequente, pois, há uma grande queda de produtividade e enorme variabilidade entre as plantas pela perda do vigor híbrido. Desta forma, os agricultores ficam “reféns” das empresas que comercializam sementes de milho, sendo necessário adquirir a cada safra um novo lote de sementes, o que eleva substancialmente os custos de produção. Atualmente, no mercado, o preço de um saco de semente híbrida com transgenia para controle de lagarta e resistência a aplicação do herbicida glifosato custa em torno de R$ 620,00 um saco que contem 60 mil sementes (aproximadamente 20 kg de sementes), enquanto um saco de 50 kg de milho grão está ao custo de R$ 80,00 (CONAB, 2021; CEPEA, 2021). Portanto, um agricultor familiar que planta um saco de milho híbrido de 20 kg, a esse custo, tem que produzir no mínimo 390 kg de milho grão para pagar o investimento somente gasto com a compra da semente. Brito et al. (2011) destacam que as sementes crioulas são uma saída que o pequeno agricultor encontra para manter a sua produção, não ficando assim dependente das sementes distribuídas pelo Governo. Portanto, o resgate das variedades crioulas, a sua multiplicação, conservação e compartilhamento assume um papel de grande relevância, principalmente em regiões como no Alto Vale do Jequitinhonha, onde se tem a predominância de agricultores familiares que dispõem de poucos recursos para investimento em suas lavouras. Resultados obtidos pelo Projeto Milho Crioulo e importância da sua continuidade: Dentre as atividades propostas pelo projeto, foi implementado e inaugurado o primeiro Banco Comunitário de Sementes Crioulas no município de Couto de Magalhães de Minas e mantivemos o funcionamento do Banco de Sementes Crioulas da Fazenda Experimental Rio Manso. Para garantir que a genética resgatada não seja perdida, uma amostra de cada variedade crioula reproduzida está armazenada em câmara fria, no Campus JK. Por meio desse projeto, foi estabelecido o Banco Ativo de Germoplasma (BAG), que é mantido em áreas ociosas definidas pelos Técnicos responsáveis da Fazenda Experimental para reprodução de sementes. Na safra de 2019/20, plantamos pela primeira vez uma extensa área de cultivo de milho crioulo roxo na Fazenda Experimental Rio Manso, cerca de 5 hectares, com sementes reproduzidas por meio do Projeto Milho Crioulo, sendo uma faixa de 1.000 metros quadrados destinada a semente e o restante foi colhido para silagem, para alimentação de animais criados pelo Departamento de Zootecnia. Na safra 2020/21, repetimos este feito com uso da semente de Milho Crioulo Amarelo Bateias. Nos anos anteriores, as áreas plantadas com milho crioulo para fins de reprodução de sementes foram, no máximo de 3.000 metros quadrados. Por isso, o plantio das duas últimas safras foram os maiores cultivos de milho crioulo que já conduzimos dentro das condições da Universidade. Nesta safra de 2021/22, será plantado agora em novembro de 2021, novamente 5 hectares de milho crioulo para a produção de silagem e uma área destinada a reprodução de sementes. Será utilizado novamente o Milho Crioulo Amarelo Bateias, também resgatado na Comunidade Rural de Água Espalhada, reproduzido na última safra nas dependências da Fazenda Experimental Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas e que está adaptado na região, salvo por Guardiões de Sementes Crioulas a mais de 30 anos. Nas áreas de reprodução de sementes são desenvolvidas atividades educativas e divulgação das tecnologias de plantio de milho crioulo por meio da realização de cursos e oficinas, dias de campo, além de estudos morfoagronômicos e de sanidade vegetal das variedades, que são realizados pelo bolsista. Antes da Pandemia, a equipe do projeto realizou diversas atividades educativas, de capacitação e troca de saberes, no Alto Jequitinhonha, como: *Couto de Magalhães de Minas: Troca de Sementes Crioulas na Feira Livre Municipal e difusão das tecnologias de plantio e manejo da cultura; Organização do AgroCouto – II Dia de Campo da Fazenda Experimental Rio Manso; Curso “Sementes Crioulas e Sustentabilidade Ambiental” ministrado na escola municipal Tancredo de Almeida Neves; Divulgação de atividades e ações do projeto no Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS); Oficina sobre “Armazenamento de Sementes” no CMDRS; Visitas a propriedade dos agricultores Guardiões de Sementes de Milho Crioulo nas Comunidades de Amendoim e Água Espalhada; Oficinas de Capacitação para continuidade das atividades do Banco Comunitário de Sementes Crioulas, criado na Comunidade de Amendoim. *Diamantina: Realização de oficinas sobre cultivo e conservação de sementes de milho crioulo realizadas durante a reunião do CMDRS de Diamantina; realização da III Feira de Troca de Sementes Crioulas de Diamantina, durante a programação da V Feira Regional da Economia Popular Solidária do Vale do Jequitinhonha e da Troca de Sementes Crioulas da Feira da Economia Popular Solidária da Cáritas, ambas no Mercado Velho. Com a pandemia, as atividades de campo dos bolsistas foram suspensas, mas os técnicos da equipe continuaram as atividades de reprodução de sementes crioulas, controle do Banco de Sementes Crioulas e contato telefônico com os agricultores familiares vinculados ao projeto, até que o Conselho de Extensão e Cultura autorizou a adaptação do projeto para a modalidade remoto. Reiniciamos as atividades a partir de agosto de 2020, onde estamos produzindo conteúdo para divulgação online, como vídeos curtos e cartilhas, abordando temáticas de interesse dos agricultores familiares, sendo encaminhado por meio telefônico, para as famílias que tem essa possibilidade de acesso. Além disso, o bolsista tem trabalhado na criação de conteúdo para montagem de um Curso de Capacitação Online do Projeto Milho Crioulo na Modalidade EaD. Nesse sentido, torna-se importante a continuidade desse projeto com apoio do PIBEX para que tenhamos condições de seguir desenvolvendo ações como essas que foram apresentadas. O apoio de um estudante bolsista foi fundamental para alcançar as metas estipuladas no projeto submetido, tendo em vista o conhecimento que o mesmo pode agregar a equipe coordenadora e pelo seu interesse de difundir o conhecimento sobre o assunto. Por meio deste projeto, apesar das dificuldades impostas pela própria Universidade em termos de infraestrutura e transporte, inúmeros produtos foram gerados dentro do período de atuação do bolsista do PIBEX, criando uma grande contribuição para os três pilares que sustentam nossa instituição: ensino, pesquisa e extensão. O presente projeto está vinculado a área temática de Tecnologia e Produção e Meio Ambiente, na linha de extensão de Desenvolvimento rural e questão agrária e atende a todas as diretrizes pactuadas pelo Forproex (2012) e constantes na Política Nacional de Extensão Universitária, tendo em vista que existe Interação Dialógica; Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade; Indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão; Impacto na formação do estudante e Impacto e transformação social. O presente projeto também está vinculado ao Programa de multiplicação de sementes crioulas e variedades melhoradas para agricultura familiar. Registro Proexc 001.1.045-2016. O referido Programa de Extensão ainda não foi migrado para o Sistema SIEXC, constando registrado em formulário manual na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, conforme numeração de registro apresentada acima.


Objetivos

Objetivo Geral: Resgatar, multiplicar e conservar diferentes variedades de milho que tenham potencial para utilização pelos agricultores familiares do Alto Jequitinhonha e capacitar agricultores e difusores de informação sobre as tecnologias de cultivo da cultura do milho. Objetivos Específicos: * Resgatar as variedades de milho tradicionalmente cultivadas por agricultores familiares, indígenas e quilombolas na região do Alto Jequitinhonha; * Reproduzir sementes de milho crioulas advindas de outras regiões do Brasil e analisar seu potencial para cultivo na região do Alto Jequitinhonha; * Contribuir para a preservação da diversidade genética de milhos não-hibridizados que podem ter suas sementes reproduzidas e armazenadas anualmente por agricultores familiares; * Manter em funcionamento o Banco de Sementes Crioulas na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) que poderá ser utilizado para projetos de ensino, pesquisa e extensão; * Compartilhar sementes e promover feiras de troca de saberes nos municípios do Alto Jequitinhonha; * Capacitar agricultores e demais interessados para atuar como multiplicadores-guardiões das sementes de milho crioulo e incentivar a criação de bancos de sementes comunitários nas comunidades rurais; * Dar apoio técnico para a consolidação do primeiro “Banco Comunitário de Sementes Crioulas” de Couto de Magalhães de Minas; * Promover ações de extensão remotamente, enquanto perdurar a pandemia de Covid-19 e as restrições para evitar a contaminação e disseminação do novo coronavírus e suas variantes.


Metas

* Promover ações de extensão remota voltada para agricultores familiares, extensionistas rurais e demais interessados, para difundir o conhecimento em plataformas e mídias digitais; * Manter o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de milho crioulo na Fazenda Experimental Rio Manso, no município de Couto de Magalhães de Minas que servirá para reprodução das diferentes variedades; * Manter um banco de sementes crioulas, com no mínimo seis variedades de sementes de milho que serão armazenadas em temperatura ambiente na Fazenda Experimental e em câmara fria, no Campus JK; * Consolidar o primeiro “Banco Comunitário de Sementes Crioulas” em Couto de Magalhães de Minas; * Conservar materiais genéticos com potencial para serem utilizados em projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFVJM; * Promover Dias de Campo e cursos de capacitação para agricultores familiares em assuntos relacionados a Boas Práticas para Reprodução de Sementes; Técnicas de Armazenamento Sustentável de sementes; Tipos de sementes de milho disponíveis no mercado e importância da manutenção das variedades crioulas; entre outras; * Promover visitas técnicas com produtores rurais e estudantes de Ciências Agrárias para conhecerem as diferentes variedades de milho que serão reproduzidas no campo; * Promover e apoiar feiras de troca de sementes nas cidades do Alto Jequitinhonha; * Compartilhar parte das sementes reproduzidas com agricultores familiares das cidades do Alto Jequitinhonha, de modo a incentivar a criação de bancos de sementes comunitários e a preservação das diferentes variedades recuperadas.


Metodologia

1) Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Fazenda Experimental Rio Manso (FERM): O BAG será mantido em áreas ociosas definidas pelos técnicos responsáveis da Fazenda Experimental Rio Manso. O plantio e condução das variedades de milho crioulo em campo seguirão as recomendações do Comunicado Técnico da Embrapa “Boas Práticas na Manutenção de Germoplasma e Variedades Crioulas de Milho” (Teixeira et al., 2005). O BAG poderá ser utilizado por professores da área de Ciências Agrárias para realizar cursos de extensão e visita técnica para aulas práticas, mediante agendamento prévio com os técnicos responsáveis. Serão registrados os índices técnicos e históricos de reprodução de todas as variedades. As variedades serão classificadas conforme a prioridade de reprodução, dando-se preferência para aquelas que tenham menos de dois litros de sementes armazenadas no Banco de Sementes ou que apresente germinação inferior a 70% ou baixo vigor, mediante testes realizados semestralmente, em laboratório. 2) Banco de Sementes da FERM: O Banco de sementes da Fazenda Experimental Rio Manso será mantido em temperatura ambiente, em uma das salas do Prédio FINEP. As sementes serão armazenadas em garrafas PET que serão acondicionadas armário de aço, em local seco, arejado e protegido da radiação solar direta, conforme proposto por Parrella (2011). Cada garrafa terá uma etiqueta identificando o número de registro da variedade no banco, nome comum atribuído na região, o local de origem da primeira semente, peso e a data da colheita. Por meio de uma planilha de gerenciamento do banco de sementes será realizado o controle de estoque e histórico de produção, época de reprodução e finalidade que tem sido utilizada. Amostras de cada material genético serão encaminhadas para conservação em câmara fria, no Campus JK, em Diamantina. 3) Banco Comunitário de Sementes Crioulas: A equipe do Projeto Milho Crioulo ajudou a criar, de maneira participativa, o primeiro “Banco Comunitário de Sementes Crioulas” que é gerenciado pelos próprios agricultores familiares em Couto de Magalhães de Minas, estimulando o trabalho coletivo a fim de criarem sua soberania alimentar e não ficar reféns de sementes comerciais ou doação de programas governamentais. Além disso, os agricultores familiares tornam-se atores principais no papel de resgatar e multiplicar, não somente sementes crioulas de milho, mas também variedades de feijão, fava, adubos verdes, hortaliças e outras espécies. O Banco Comunitário de Sementes agora necessita de um acompanhamento e apoio do Projeto Milho Crioulo no próximo ano, para capacitação continuada dos agricultores familiares para fazer o registro de entrada e saída de sementes, sua catalogação, dinâmica de reprodução e cuidados na seleção e no armazenamento das sementes, entre outras atividades. Esse acompanhamento pós-implementação é fundamental para consolidação do Banco Comunitário de Sementes. 4) Dia de Campo: Será realizada a terceira edição do AgroCouto, em 2022, provavelmente no segundo semestre. O Dia de Campo será realizado na Fazenda Experimental Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas, onde os produtores rurais e demais interessados terão a oportunidade de conhecer esse setor da Universidade e ver de perto as técnicas de reprodução de sementes, observar as diferentes variedades plantadas no campo, o desenvolvimento e produção de algumas variedades, entre outros aspectos. O estudante bolsista contará com o apoio técnico da equipe coordenadora do projeto. Auxiliará no preparo da área de campo para visitação, atentando-se para detalhes como a correta identificação das unidades demonstrativas com placas indicativas, manter uma trilha com vegetação rasteira para o caminhamento das pessoas pela área e organizar os materiais necessários para o evento. Durante a apresentação das áreas de campo, serão discutidos temas importantes como amostragem de solo; importância das análises químicas e físicas do solo; técnicas de plantio; manejo da lavoura; técnicas de colheita e algumas dicas de armazenamento de sementes em temperatura ambiente. As discussões serão realizadas com o perfil de “troca de saberes”, onde todos os envolvidos assumem um papel participativo aprendendo e ensinando, não ignorando o conhecimento e a cultura de cada pessoa envolvida na atividade. 5) Cursos de Capacitação EaD e Presenciais: Os cursos de capacitação, sob demanda da comunidade, serão elaborados pelo estudante bolsista do projeto, que buscará aplicar os conceitos na prática, ministrando esses treinamentos aos produtores rurais e demais interessados. Os cursos elaborados serão prioritariamente ofertados para interessados do município de Diamantina e Couto de Magalhães de Minas, onde as ações de extensão desse projeto já encontram-se em andamento. Os cursos serão realizados na modalidade de Educação à Distância, até o término das restrições da pandemia do Covid-19. Após esse período crítico de saúde pública, serão realizados cursos presenciais preferencialmente nas comunidades rurais, com grupos de agricultores e na forma de troca de saberes, ou seja, não apenas levando o conhecimento técnico gerado nas universidades e instituições de pesquisa, mas valorizando os saberes locais e a forma como são expressados pelos agricultores. Os treinamentos também poderão ser ofertados no Campus JK, em Diamantina, na Fazenda Experimental Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas e em outras localidades mediante solicitação da comunidade ao coordenador do projeto. Os treinamentos serão realizados apresentando conceitos básicos relacionados a produção vegetal, na forma de troca de saberes, de modo que venham a motivar e estimular a produtividade agrícola para a comercialização e geração de renda. 6) Certificação e acompanhamento técnico de Guardiões de Sementes: Produtores rurais da região do Alto Jequitinhonha que ainda preservam sementes crioulas resistentes as condições edafoclimáticas e bióticas locais, que apresentem expressiva produtividade, receberão por meio do Projeto Milho Crioulo, o Certificado de Guardião de Sementes Crioulas. Essa certificação, como forma de reconhecimento, motiva os agricultores familiares que a recebem a continuar preservando a variedade de milho crioulo existente em sua propriedade. Além disso, os agricultores familiares certificados serão beneficiados com o acompanhamento técnico e assistência da equipe do projeto milho crioulo, que promoverá ações de extensão rural junto a esses produtores com a finalidade de auxiliar a melhoria das suas condições produtivas, bem como nos manejos necessários para manter a pureza da variedade crioula no momento da multiplicação. Além disso, tendo em vista a limitação de áreas da Universidade para reprodução das sementes crioulas, esses agricultores Guardiões de Sementes Crioulas que forem certificados, contribuirão para a multiplicação e conservação dessas espécies no âmbito de sua propriedade.


Referências Bibliográficas

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Inserção do estudante

O estudante que será indicado para participar do projeto deverá estar ligado às áreas de ciências agrárias, visto que atuará principalmente na linha da produção vegetal. Há uma preferência por acadêmicos do curso de Agronomia, que tenha conhecimentos específicos relacionados à cultura do milho, fertilidade do solo, aptidão agrícola de terras, controles alternativos de pragas e doenças, manejo agroecológico e orgânico de culturas agrícolas, entre outras. A formação do estudante na área agronômica favorece a sua participação, pois, trabalhará diretamente com produtores rurais e necessita de um conhecimento prévio para realizar tanto das atividades nas comunidades rurais quanto as atividades de manutenção do Banco Ativo de Germoplasma e dos Bancos de Sementes. O projeto contribui de forma efetiva para a formação do estudante envolvido com esse trabalho, tendo em vista a oportunidade de adquirir novos conhecimentos, colocar na prática os conceitos adquiridos em sala de aula, promover e divulgar a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri por meio do seu trabalho no campo e por meio da publicação de artigos técnicos e de extensão que poderão ser gerados a partir desse projeto para publicação em eventos e revistas de nível nacional. O estudante será capacitado nas metodologias do projeto com a orientação do coordenador e sua equipe que acompanharão o desenvolvimento de suas atividades. Haverá reuniões com a equipe do projeto e poderá ser promovido curso prévio de capacitação do estudante para melhorar seu nível de atuação nas atividades propostas. Além disso, será disponibilizado livros, apostilas e demais materiais necessários para dar suporte. O estudante dará apoio as atividades para consolidação do Banco Comunitário de Sementes Crioulas, de manutenção do Banco Ativo de Germoplasma que será montado no campo; manutenção e montagem de novas áreas demonstrativas, na Fazenda Experimental Rio Manso, no município de Couto de Magalhães de Minas e com isso terá a oportunidade de acompanhar na prática todo o ciclo de desenvolvimento da cultura do milho, desde a época de plantio até a fase de colheita e armazenamento de algumas das variedades reproduzidas. Além disso, o estudante será responsável pela elaboração de cartilhas técnicas, folders, banners, vídeos ou materiais educativos que serão utilizados nas atividades de extensão vinculadas a esse projeto. Serão elaboradas também revisões de literatura que visem dar aporte a publicação de artigos advindos dos resultados do presente projeto e agregar conhecimento sobre a temática para sua atuação efetiva no campo. O estudante terá a oportunidade de organizar visitas técnicas, dia de campo, feira de troca de sementes e cursos voltadas aos produtores rurais. Outras atividades nas quais o estudante será inserido será elaborar os relatórios de atividades; elaborar revisões de literatura, artigos e resumos expandidos com resultados parciais e/ou finais do projeto para a publicação em eventos ou revistas de nível nacional. O estudante também será peça fundamental na fundação e funcionamento da Casa Comunitária de Sementes de Couto de Magalhães de Minas, na qual estará diretamente inserido dando apoio aos agricultores familiares. O acompanhamento e avaliação do estudante será realizado pelo coordenador do projeto que estará sempre auxiliando-o e orientando-o na realização das atividades propostas. O estudante deverá apresentar um relatório mensal e ao final do projeto apresentar os resultados por meio de um resumo simples ou expandido que deverá ser apresentado no SINTEGRA da UFVJM, no Simpósio do Noroeste Mineiro de Ciências Agrárias ou outro evento que tenha a possibilidade de participar.


Observações

O Projeto Milho Crioulo está vinculado ao Programa de multiplicação de sementes crioulas e variedades melhoradas para agricultura familiar. Registro Proexc 001.1.045-2016. O registro deste Programa de Extensão ainda não foi migrado para o SIEXC pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura. No ano de 2022, o projeto completará sete anos de atuação no Alto Jequitinhonha. Ao longo desse tempo, nossa equipe já atendeu mais de 500 pessoas diretamente, além de incontáveis pessoas indiretamente por meio de eventos como Feira de Troca de Sementes Crioulas e ações de difusão do conhecimento e troca de saberes. Desde a criação do Projeto Milho Crioulo, nossa equipe já realizou ações de extensão nos municípios de Couto de Magalhães de Minas, Datas, Diamantina, Felixlândia, Itamarandiba, Serro (Comunidade de São Gonçalo do Rio das Pedras), Turmalina e Viçosa. Entre as ações realizadas destacam-se inúmeras palestras, cursos, dias de campo e cursos de capacitação realizados em comunidades rurais e na Fazenda Experimental Rio Manso, bem como Feiras de Troca de Sementes Crioulas, Rodas de Conversas, Visitas Técnicas a Agricultores Familiares e acompanhamento de Guardiões de Sementes, participação de atividades em Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável, resgate e multiplicação de sementes crioulas em municípios do Alto Jequitinhonha, desenvolvimento de estudos e experimentos com uso dos milhos crioulos resgatados pelo projeto, fornecimento de sementes para docentes da Universidade realizarem atividades de ensino, pesquisa e extensão, entre outras. O maior marco do nosso projeto, foi a criação da primeira Casa Comunitária de Sementes Crioulas de Couto de Magalhães de Minas, em 2019, em funcionamento na Associação Comunitária do Desenvolvimento Rural do Amendoim, na zona rural do referido município e que tem beneficiado cerca de 80 famílias. A Fazenda Experimental Rio Manso, Prefeitura Municipal de Couto de Magalhães de Minas e a Prefeitura Municipal de Diamantina sempre foram parceiras do Projeto Milho Crioulo desde a sua criação, independente do gestor que está a frente. Portanto, as cartas de anuência apresentadas continuam vigentes em prol da parceria para o desenvolvimento das ações do projeto. Tais parcerias são fundamentais para a realização de diversas atividade de extensão, principalmente aquelas realizadas nas comunidades rurais, onde muitas das vezes temos um apoio logístico para o estudante bolsista deslocar e realizar suas ações nestas comunidades.


Público-alvo

Descrição

Agricultores Familiares atendidos por meio das ações de extensão do Projeto Milho Crioulo no Alto Jequitinhonha

Municípios Atendidos

Município

Couto De Magalhães De Minas-mg

Município

Diamantina-mg

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

Parceira para multiplicação de sementes crioulas resgatadas; manutenção de um Banco de Sementes; manutenção de um Banco Ativo de germoplasma; ponto de apoio para os bolsistas e local de realização de diversos capacitações e dias de campo.

Participação da Instituição Parceira

O objetivo da parceria é a promoção e oferta de cursos e oficinas de capacitação (Carta de Anuência em Anexo), Dias de Campo e demais tipos de atividades de extensão rural promovidas pelo projeto para agricultores familiares do município de Diamantina-MG.

Participação da Instituição Parceira

Parceira que tem sido fundamental dando apoio logístico; apoio na criação do banco comunitário de sementes crioulas; na criação de eventos e capacitações que aproximam a Universidade da Sociedade.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Reunião com o coordenador do projeto para alinhamento das ações de extensão planejadas

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Orientação sob demanda dos estudantes envolvidos, para realização das ações propostas

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Organizar as sementes crioulas no Banco de Sementes da Fazenda Experimental Rio Manso e na câmara fria do Campus JK, realizando controle de estoque, data de validade, etiqueta de identificação, entre outras ações.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Caso seja autorizado o retorno das atividades presenciais no âmbito da UFVJM, os estudantes envolvidos no projeto realizarão avaliações periódicas de desenvolvimento e produção do milho crioulo que estará plantado na Fazenda Experimental Rio Manso.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

O plantio de pequenas áreas com diferentes milhos crioulos para multiplicação de sementes será realizado de dois em dois meses, para não ter cruzamento entre diferentes variedades, desde que tenha disponibilidade de irrigação complementar na época seca.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Atividade será realizadas nas visitas técnicas realizadas a agricultores familiares, bem como nas áreas de multiplicação de sementes mantidas na Fazenda Experimental Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Será uma atividade realizada a cada dois meses, nas pequenas parcelas de reprodução de sementes crioulas da Fazenda Experimental Rio Manso

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Visita mensal na reunião da Associação do Desenvolvimento Rural do Amendoim, para continuar as ações frente ao Banco Comunitário de Sementes Crioulas, ajudando a comunidade para consolidar o Banco de Sementes Recém Criado.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Realizar mais uma edição do Dia de Campo da Fazenda Experimental Rio Manso, em Couto de Magalhães de Minas. Levando a sociedade para dentro da Universidade, para troca de conhecimento e saberes.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Realizar cursos de capacitação sob demanda, com temáticas pautadas pelas comunidades atendidas pelo Projeto Milho Crioulo, podendo ser ofertados cursos presenciais ou online, caso ainda estejamos na situação de pandemia da Covid-19

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Enquanto perdurar a pandemia, a equipe do Projeto Milho Crioulo realizará atividades remotas para o público-alvo do projeto. Portanto, produziremos vídeos, podcasts, cartilhas e demais materiais educativos que podem ser compartilhados por aplicativos de telefones e smartphones.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Promover e apoiar feiras de troca de sementes crioulas, após o final da pandemia

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Realizar visita técnica nas propriedades rurais de agricultores familiares Guardiões de Sementes Crioulas, após a pandemia de Covid-19,

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Doar sementes para estudantes e professores usarem para trabalhos de ensino, pesquisa ou extensão, bem como para a comunidade externa que deseja multiplicar e conservar estas sementes em suas propriedades rurais, sítios ou mesmo em espaços urbanos.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Esta é uma atividade que poderá ser realizada remotamente enquanto vivemos esse tempo de pandemia. O bolsista atualizará as informações das cartilhas já produzidas, bem como elaborará novas cartilhas educativas para distribuição nas ações do projeto.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

O estudante bolsista deverá encaminhar relatório mensal para anuência do coordenador, que encaminhará para a Proexc, conforme Edital.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

O estudante bolsista deverá entregar o relatório parcial ao coordenador do projeto junto com o relatório mensal de junho, para as devidas correções e encaminhamento na data correta, atendendo ao disposto no Edital.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

O estudante poderá redigir revisões de literatura sobre temáticas relacionadas ao Projeto Milho Crioulo, para sua capacitação quanto a escrita científica e atualização pessoal, sendo estimulado a buscar novidades para o projeto.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

A equipe do projeto poderá redigir e publicar trabalhos em eventos institucionais ou externos, com ações, relatos de experiências ou dados do projeto.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

O estudante bolsista deverá entregar o relatório final antecipado ao coordenador do projeto junto com o relatório mensal de dezembro, para as devidas correções e encaminhamento na data correta, atendendo ao disposto no Edital que rege a entrega via Sistema SIEXC de 02 a 31/01/2023.