Visitante
FermentAção: biotecnologia para inclusão e emancipação feminina
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
ana paula de figueiredo conte vanzéla
20221012022397168
departamento de farmácia-bioquímica
Caracterização da Ação
ciências biológicas
educação
trabalho
emprego e renda
municipal
Não
Membros
suedali villas boas coelho barata
Voluntário(a)
leida calegário de oliveira
Vice-coordenador(a)
ana carolina ferreira maia
Voluntário(a)
paola aparecida alves ferreira
Voluntário(a)
joana sarah santos oliveira
Voluntário(a)
gean torres dos santos
Voluntário(a)
vítor rodrigues neri
Voluntário(a)
leonardo gomes de carvalho
Voluntário(a)
frederico silva santos
Voluntário(a)
leonardo gomes de carvalho
Voluntário(a)
andre soares de oliveira
Voluntário(a)
geovanna bonfim de souza
Voluntário(a)
ilmara aparecida oliveira ferreira
Voluntário(a)
joão paulo silva meira
Voluntário(a)
juliane dias barroso
Voluntário(a)
lumma taynara ferreira de paula
Voluntário(a)
milena kristhie nascimento
Voluntário(a)
nathália souza carvalho
Voluntário(a)
vitor otávio ferreira assunção
Voluntário(a)
vitória leite lages
Voluntário(a)
daniele das graças silva
Voluntário(a)
aline moreira cunha monteiro
Voluntário(a)
maria amélia vieira toledo sampaio
Voluntário(a)
nathalia silva malveira
Voluntário(a)
daniele sabrina de fátima
Voluntário(a)
nathalia cristina barbosa nogueira
Bolsista
Os tempos atuais mostram um aumento da violência doméstica e um retrocesso das visões sobre o papel da mulher na sociedade. A crise sanitária e humanitária dos últimos tempos agravou a vulnerabilidade social e econômica, especialmente para as mulheres que acumulam o cuidado e o sustento dos filhos, com poucas condições de trabalho e dificuldade de quebrar o ciclo da pobreza e do preconceito. Apesar de toda a crise, um aspecto que se tornou evidente é a popularização do tema biotecnologia e suas contribuições para a produção de vacinas e o enfrentamento da crise pandêmica. Se por um lado a ciência está sendo discutida por todos, por outro, as pessoas possuem pouco conhecimento para argumentar quando são veiculadas informações falsas, que colocam em risco a saúde e o desenvolvimento. Além disto, existe uma necessidade de impulsionar a educação no próprio ambiente familiar, como meio de se vencer as barreiras sociais, abrir perspectivas de melhoria das condições de vida e munir as pessoas de conhecimento suficiente para enfrentar o movimento anticiência. É papel da universidade extrapolar seus muros e agir conjuntamente com os grupos sociais para transformação da sociedade, para enfrentamento ao preconceito e redução das desigualdades, o que passa pela valorização de todos os indivíduos, pelo reconhecimento da igualdade de direitos e oportunidades e, no contexto atual, pela respeito à autonomia feminina e ao seu direito de produzir. A autonomia passa também pela independência financeira, sem a qual, as mulheres muitas vezes se submetem à situações de violência. Deste modo, a capacitação para a iniciativa no mundo do trabalho e para gerar sua própria fonte de renda é uma estratégia eficaz para enfrentamento a situação de vulnerabilidade. A biotecnologia tem muito a contribuir neste sentido, pois é uma área aplicada da ciência em diversos aspectos da sociedade. Embora seja atualmente muito discutido o seu papel na produção de vacinas e medicamentos, sua contribuição para a produção de alimentos é ancestral, tendo acompanhado a humanidade desde os princípios das civilizações, tendo sido fundamental para a sedentarização humana. É possível que as pessoas se apropriem deste conhecimento para gerar produtos fermentados de qualidade, que possam ser comercializados, gerando uma fonte de renda e uma alternativa de trabalho. Assim, a FermentAção é uma ação pensada para fermentar o conhecimento de forma aplicada para capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade, a fim de que possam produzir alimentados com princípios biotecnológicos, fazendo crescer suas oportunidades. Além disto, pretende aproximar ciência e educação pelo envolvimento dos jovens e das crianças nos aspectos científicos da produção destes alimentos.
Biotecnologia; Fermentação; Popularização da ciência; Renda; Emancipação feminina; Produção; Educação
A violência contra a mulher tem aumentado nos últimos tempos, gerando um retrocesso das visões sobre o feminino, sobre seu papel social e seu direito como indivíduo. Esta violência foi agravada pelas questões sanitárias e econômicas que atingiram o mundo durante a crise pandêmica, prejudicando a geração de renda, as oportunidades de trabalho e criando situações mais conflituosas no ambiente familiar. Neste ciclo vicioso, as mulheres em situação de vulnerabilidade são mais atingidas, tendo dificuldade de encontrar trabalho e de conciliar a educação e proteção de seus filhos. Uma situação que requer ação efetiva da sociedade para minimizar as desigualdades, gerando oportunidade de renda e de trabalho que possam ser conciliados e adequados às suas necessidades, já que muitas destas mulheres não puderam ter acesso à capacitação profissional e ficaram por muito tempo fora do mundo do trabalho e têm dificuldade de conciliar a jornada em um turno comercial ou distante de casa. Apesar de toda a crise, um aspecto que se tornou evidente é a popularização do tema biotecnologia e suas contribuições para a produção de vacinas e o enfrentamento da crise pandêmica. Se por um lado a ciência está sendo discutida por todos, por outro, as pessoas possuem pouco conhecimento para argumentar quando são veiculadas informações falsas, que colocam em risco a saúde e o desenvolvimento. Além disto, existe uma necessidade de impulsionar a educação no próprio ambiente familiar, como meio de se vencer as barreiras sociais, abrir perspectivas de melhoria das condições de vida e munir as pessoas de conhecimento suficiente para enfrentar o movimento anticiência. É papel da universidade extrapolar seus muros e agir conjuntamente com os grupos sociais para transformação da sociedade, para enfrentamento ao preconceito e redução das desigualdades, o que passa pela valorização de todos os indivíduos, pelo reconhecimento da igualdade de direitos e oportunidades e, no contexto atual, pela respeito à autonomia feminina e ao seu direito de produzir. A autonomia passa também pela independência financeira, sem a qual, as mulheres muitas vezes se submetem à situações de violência. Deste modo, a capacitação para a iniciativa no mundo do trabalho e para gerar sua própria fonte de renda é uma estratégia eficaz para enfrentamento a situação de vulnerabilidade. A biotecnologia tem muito a contribuir neste sentido, pois é uma área aplicada da ciência em diversos aspectos da sociedade. Embora seja atualmente muito discutido o seu papel na produção de vacinas e medicamentos, sua contribuição para a produção de alimentos é ancestral, tendo acompanhado a humanidade desde os princípios das civilizações, tendo sido fundamental para a sedentarização humana. Os princípios que balizam a obtenção de produtos fermentados são anteriores ao surgimento do pensamento científico, pois muitos produtos como queijos, fermentados lácteos ou cárneos e bebidas fermentadas como o vinho, a cerveja e até mesmo a fermentação do pão foram produzidos de forma artesanal desde 5.000 aC. Somente muito tempo depois, com a elucidação dos princípios microbiológicos e do processo de fermentação, é que os aspectos científicos da produção biotecnológica de alimentos foram elucidados. Inclusive, foi o interesse pela fermentação que impulsionou os estudos de Pasteur sobre seus aspectos microbiológicos. Assim, a biotecnologia é um conhecimento humano, um saber que essencialmente derivou do ambiente popular nas primeiras civilizações, de suas necessidades de criar alimentos mais duráveis e de melhor conservação e sabor. Estes alimentos passaram a ser produzidos artesanalmente e, segundo o saber de cada família, tornaram-se parte de sua cultura e modo de vida, sendo transmitidas de geração em geração a sua forma de produção e as "sementes" capazes de produzi-los, ou seja, os micro-organismos que dão origem aos novos lotes de produtos. Embora sem conhecimento dos princípios científicos envolvidos, este saber perpetuou-se durante milênios e deu origem aos conhecimentos sobre microbiologia e fermentação que impulsionaram a produção industrial de vinagre, ácidos orgânicos e mais tarde de medicamentos como a penicilina. É possível que as pessoas se apropriem deste conhecimento para gerar produtos fermentados de qualidade, que possam ser comercializados, gerando uma fonte de renda e uma alternativa de trabalho. Assim, a FermentAção é uma ação pensada para fermentar o conhecimento de forma aplicada para capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade, a fim de que possam produzir alimentados com princípios biotecnológicos, fazendo crescer suas oportunidades. Além disto, pretende aproximar ciência e educação pelo envolvimento dos jovens e das crianças nos aspectos científicos da produção destes alimentos. Nesta ação, pretende-se formar grupos de mulheres para discutir formas de oportunidade, refletir sobre o papel da mulher na sociedade, perspectivas de futuro e emancipação e as formas pelas quais podem tornar realidade uma vida melhor. A partir destes grupos, serão conduzidos treinamentos para gerar uma biotecnologia na massa, ou seja, aplicada aos produtos cotidianos que possam gerar pão, pizzas, fermentados de frutas, queijos, iogurtes ou outros fermentados lácteos que possam ser introduzidos para uma alimentação mais saudável ou comercializável, trabalhando desde as técnicas de produção, mas também a questão da precificarão, do marketing, da higiene, da inovação que possam valorar seu produto e aumentar suas chances de inserção no mercado. Ao mesmo tempo, no convívio familiar, prentende-se incluir crianças e jovens para participar das discussões sobre os conhecimentos aplicados, como ciências biológicas, microbiologia e transformações microbianas, o processo saúde/doença, imunidade, nutrição e o valor da educação de forma prática, para gerar interesse pelos estudos e aproximá-los do ambiente universitário. A aproximação dos filhos nestas reflexões também pode gerar seu engajamento nas questões familiares, para sua conscientização sobre a situação econômica da família, sobre a luta de seus pais e leva-los à compreensão de que o estudo pode ser um meio de transformação e melhoria das oportunidades, gerando perspectiva mais concreta de seu protagonismo enquanto indivíduo e agente de mudança de sua própria vida.
A educação e a ciência precisam estar unidas para gerar conhecimento válido e aplicável em prol da transformação social. Esta é uma afirmação que, apesar do caráter óbvio, precisa ser trazida novamente à tona diante das tendências negacionistas do momento atual. Talvez seja inédita a magnitude do alcance da discussão científica nestes últimos tempos, permeando as redes sociais, as mídias impressas e televisivas, as rodas de conversa e o ambiente familiar. Porém, também nunca houve tanta necessidade de que as discussões sejam pautadas por critérios qualificadores, pois paradoxalmente ao valor que se evidencia à ciência para a geração de soluções humanitárias e de saúde, também se evidencia a disseminação de informações falsas, que geram insegurança e instabilidade social. A FermentAção, enquanto ação que une reflexões sociais sobre os direitos da mulher, sobre sua qualidade de vida e de oportunidades, sobre a necessidade de se prover ações para vencer o ciclo de violência doméstica e abrir perspectivas de construir conhecimento aplicável, valorizando saberes populares ancestrais e unindo a aplicação de princípios técnico-científicos à discussão de aspectos educativos no ambiente familiar, leva a universidade a agir fora de seus muros, em conjunto com a sociedade e para sua transformação. Esta é por si só, uma definição de seu caráter extensionista. A abordagem educacional incluída nesta proposta pretende extrapolar a apresentação de princípios prontos ou conceitos teóricos de forma tradicionalista e expositiva. Pretende dialogar com os envolvidos a partir de suas próprias experiências de vida, resgatando conhecimentos familiares normalmente encontrados na cultura e nas tradições populares, que produziram ao longo do tempo o Kefir, o queijo, os iogurtes, o pão ou fermentados alcoólicos em seu processo artesanal. Este conhecimento e tradição são, por vezes, interrompidos na sua transmissão de geração para geração por questões que envolvem as crises familiares, muitas vezes oriundas da pobreza, da falta de oportunidade, de trabalho, da necessidade de sair do campo e ocupar espaços urbanos sem infraestrutura, gerando ruptura cultural. Tendo como foco a mulher em situação de vulnerabilidade, é preciso dialogar e refletir sobre as possíveis reconstruções, retomadas e caminhos que ela pode definir para sua vida, vencendo a relação tóxica dos relacionamentos familiares para construir uma situação que valorize sua dignidade e liberdade. A violência doméstica a que a mulher e seus filhos estão submetidos decorre, frequentemente, de sua dependência econômica e falta de oportunidade de trabalho e perspectiva de geração de renda. Para vencer o ciclo, não basta fornecer fórmulas de produção, é necessário antes gerar reflexão sobre potencialidades do feminino e seu valor. A tomada de decisão para resgatar e ampliar os processos aplicáveis na produção de alimentos comercializáveis precisa partir desta reflexão para a ação, um passo inicial desta proposta de fermentar pensamento e mudança de atitude, antes de fermentar a massa em si. Precisa desta forma, envolver todo o contexto familiar, abrindo participação para todos os membros do seu convívio, inclusive crianças e jovens, mas também os parceiros desta mulher que estiverem dispostos. A partir das reflexões e perspectivas geradas, serão conduzidas iniciativas de formação para a produção, primeiro resgatando elementos do cotidiano e do histórico de vida das mulheres e seus grupos familiares, para definição do que desejam produzir, do que sabem produzir e agregando valor ao seu saber, pela capacitação com os princípios de fermentação para melhorar a qualidade, durabilidade, valor nutricional e procedimentos de higiene, administração de recursos, elaboração de preços, publicidade. O painel de produtos poderá ser ampliado pela formação de grupos de mulheres reunidas de uma mesma comunidade/bairro que se fortalecem pela troca de saberes, suporte emocional e amizade, contribuindo para experiências humanas significativas, transformadoras e para ações mais duradouras. Deste modo, serão aliadas a reflexão, a tomada de consciência para agir e a instrumentalização para gerar renda a partir da implementação de tecnologia de fermentação para produzir e comercializar alimentos. Por isto, a ação tem caráter educativo e para a geração de tecnologia de produção unindo conhecimento de produção artesanal de alimentos aos princípios científicos que permitem valorizar o produto e melhorar sua possibilidade de comercialização, gerando alternativa de renda familiar. Deste modo se insere nas áreas de Educação, Trabalho e geração de renda. Uma vez iniciada a relação de trabalho e geração de renda pela elaboração, resgate ou melhoria dos processos artesanais de produção, estes grupos poderão ser utilizados para trabalhar aspectos científicos inerentes a cada produto, de forma condizente com o contexto, mas valorando o processo educativo informal e formal nas suas inter-relações e procurando aprofundar tais aspectos, já que aprender é também avançar, evoluir. Este avanço engloba o prático, mas também o teórico, pois o pensamento científico se constrói com observações e interpretação de fatos e, desta forma, ações educativas também se inserem no contexto produtivo. Por esta razão, a inserção de crianças e jovens durante os momentos de fermentAção será conduzida para que possam opinar, discutir, duvidar e perguntar sobre as transformações que ocorrem e geram alimentos modificados. Isto é ciência em prática, é educação aplicada. Os membros da equipe proponente atuarão como mediadores destas discussões, procurando inserir elementos da base nacional comum curricular que levem a pensar sobre ciência, microbiologia, transformações químicas e biológicas, saúde, imunidade, vacinas, nutrição. Por isto espera-se também que a FermentAção contribua para modificar as perspectivas educacionais destes jovens e para melhorar suas possibilidades de acesso ao ambiente universitário.
A FermentAção tem por objetivo geral contribuir para que mulheres em situação de vulnerabilidade social se apoderem de perspectivas de emancipação, por meio da aplicação de tecnologia das fermentações na produção e melhoria de alimentos fermentados que possam ser implementados no seu cotidiano para geração de renda. Objetivos específicos 1 - Acessar por meio de associações de bairro, grupos religiosos, estratégias de saúde da família ou centros de assistência social as mulheres em situação de vulnerabilidade social que desejem/ necessitem integrar a proposta de FermentAção 2 - Constituir os grupos envolvendo mulheres de uma mesma vizinhança ou com relações próximas que se disponham a agir em conjunto 3 - Definir o local mais adequado à liberdade de expressão, público ou nas casas das mulheres envolvidas, a fim de realizar reuniões 4 - Elaborar materiais de reflexão trazendo elementos da atuação transformadora das mulheres nas artes, na ciência, na educação, na política e no mundo do trabalho, abordando o protagonismo feminino e suas contribuições 5 - Realizar reuniões para pensar o valor do feminino, suas formas de expressão, sonhos e perspectivas de atuação 6 - Realizar reuniões de resgate dos elementos da cultura de produção alimentar presentes no histórico de vida destas mulheres, oportunizar momentos de discussão de memórias familiares destes elementos no contexto familiar e suas possibilidades de resgate/ continuidade de produção 7 - Verificar os processos produtivos/produtos que as mulheres definirem como objeto da ação a fim de aprender com seus saberes para planejar a aplicação de conhecimentos de tecnologia da fermentação para melhorar a produção, qualidade e valor de mercado 8 - Elaborar e realizar os encontros de treinamento para desenvolvimento e implementação da produção com critérios de padronização da qualidade, higiene, definição de embalagens, logomarca, divulgação, elaboração de preços e formas de comercialização 9 - Envolver crianças e jovens para acompanhar de forma segura os processos produtivos e as análises sensoriais dos produtos, oportunizando sua manifestação de conhecimento dúvidas e a relação com conteúdos da educação escolar, inclusive de princípios matemáticos nos cálculos de custo e venda, quantidade de insumos adicionados na produção, princípios de microbiologia e transformação microbiana, relação entre micro-organismos benéficos e saúde versus infecção, nutrição, imunidade 10 - Inserir discussões sobre ciência, educação superior e tipos de cursos, áreas do conhecimento e oportunidades de acesso, envolvendo estudantes universitários das disciplinas de biologia molecular aplicada e biotecnologia para analisar as oportunidades de atuação nestas áreas 11 - Promover ações de publicidade do projeto, dos grupos produtores e auxiliar na divulgação dos produtos elaborados 12 - Produzir material bibliográfico compilando os produtos, suas características e as experiências vividas na sua construção, para fins de registro e arquivo memorial dos grupos constituídos 13 - Emancipar os grupos para que possam seguir com suas ações, prestando ações de formação sob demanda ou auxiliando na busca de treinamento formal
Meta 1 - Constituir grupos de mulheres produtoras de alimentos utilizando tecnologia das fermentações - abranger dois bairros e formar dois grupos produtores constituídos por ao menos 5 mulheres, totalizando a participação de 10 mulheres ou mais > O cumprimento da meta será acompanhado por meio do número de participantes engajadas nestes grupos, pelo tempo de sua permanência e pela quantidade de processos produtivos implementados Meta 2 - Instrumentalizar estas mulheres sobre seus direitos sociais e a tomada de consciência sobre ações para libertação de situações de opressão e violência - atingir pelo menos 10 núcleos familiares para melhoria da segurança e respeito aos direitos humanos a partir das mulheres participantes dos grupos constituídos > O cumprimento da meta será avaliado a partir da qualidade das discussões e pelas iniciativas apresentadas para vencer a situação de violência e pobreza, como denúncias de abuso, ações para melhoria no ambiente familiar, proteção aos direitos das crianças, engajamento na escola, busca por educação Meta 3 - Instrumentalizar estas mulheres para gerar renda familiar a partir de suas ações produtivas - atingir pelo menos 10 núcleos familiares com o aumento da renda familiar > O cumprimento desta meta será mensurado pelo quantitativo de renda gerado a partir dos produtos comercializados e pela contribuição destes na alimentação familiar como meio de reduzir o gasto com alimentos industrializados caros e prejudiciais à saúde, pela aceitação progressiva destes produtos nos mercados ou pela população local e turistas, pela qualidade alcançada, pela emancipação destas mulheres na proposição de novos produtos e processos, na definição de custos e valores, proposição de ações de marketing, embalagem e iniciativas de cooperação e comercialização Meta 4 - Fomentar o crescimento educacional e científico dos grupos envolvidos - atingir pelo menos 10 mulheres e seus núcleos familiares para a busca contínua de formação, cursos e treinamento, bem como para a aplicação na melhoria dos seus processos de produção > O cumprimento da meta será avaliado pelas iniciativas de treinamento/capacitação, ações educativas, reuniões, cursos em que as mulheres se dispuserem a participar e pelos seus relatos de experiências acerca dos benefícios gerados em suas vidas, pelo grau de felicidade que relatarem a partir de suas iniciativas Meta 5 - Melhorar o rendimento escolar das crianças e jovens do núcleo familiar por meio da sua inserção no projeto - atingir jovens e crianças de pelos menos 10 núcleos familiares, com perspectiva de envolvimento de ao menos 20 destes membros > O cumprimento da meta será avaliado a partir das experiências destes jovens e crianças sobre seu engajamento na realização de atividades escolares, no tempo dedicado ao estudo, ao rendimento nas avaliações, retorno/continuidade dos estudos nos níveis seguintes e e seus relatos quanto à perspectiva de futuro, inclusive quanto ao ensino superior Meta 6 - Melhorar a qualidade alimentar e as condições de saúde dos grupos familiares envolvidos a partir das reflexões sobre qualidade nutricional, higiene, microbiologia, imunidade e saúde > O cumprimento da meta será avaliado a partir das experiências familiares quanto a alimentos saudáveis inseridos no cotidiano em substituição aos alimentos industrializados de pouco valor nutricional, quanto ao uso dos alimentos caseiros fermentados, quanto à introdução de procedimentos de conservação dos alimentos, tratamento da água e higienização de insumos no preparo Os impactos diretos estimados nas metas acima preveem um quantitativo de grupos (2), mulheres envolvidas (10), seus núcleos familiares (10 núcleos, 30 pessoas ou mais) e crianças/ jovens (20 ou mais) totalizando ao menos 40 pessoas. Porém, os impactos indiretos podem atingir outros membros e núcleos familiares próximos, com relações de amizade ou parentesco, bem como a vizinhança e os bairros envolvidos. Considerando que cada indivíduo possui um mínimo de 5 relacionamentos pessoais fora de seu núcleo familiar, as ações podem atingir ao menos 200 pessoas, além da clientela que for constituída como consumidores de produtos familiares e socialmente benéficos. A divulgação destas ações pode conscientizar para a valorização da mulher, para seu respeito, para ressignificação do direito ao protagonismo da própria vida, para fomentar a iniciativa emancipado em outras mulheres, um processo em cadeia que pode se estender muito além do mensurável. Assim como a fermentação bioquímica transforma a massa e a faz crescer, a fermentAção pode conduzir transformações para muito além das estimativas acima.
Etapa 1 - Reunião da equipe para capacitação prévia à constituição dos grupos de FermentAção A reunião será mediada pela coordenação, que deverá em conjunto com a equipe elencar previamente temas relevantes ao contexto social em que a ação será executada. A reunião deverá ser auxiliada por profissionais capacitados - experientes no trato com violência doméstica e social - que serão convidados pela coordenadora da proposta a fim de instrumentalizar a equipe quanto às questões humanas e éticas envolvidas, bem como acerca dos impactos emocionais que precisam ser trabalhados entre os membros da equipe para lidar com situações conflituosas. Indicador de meta: cumprimento da reunião e qualidade da discussão. Etapa 2 - Definição da estratégia de aproximação das mulheres em situação de vulnerabilidade Após a reunião de treinamento o grupo deverá observar as orientações dos profissionais das Estratégias de Saúde da Família, Segurança Pública e/ou Assistentes Sociais e definir a maneira de abordar o público alvo. Ao decidir participar, as mulheres alvo da ação serão ouvidas na sua proposição de locais onde sentem mais seguras e livres à expressão de pensamento, sendo decidido em cada grupo o local público ou doméstico, que poderá sofrer rodízio, segundo necessário. Indicador de meta: quantitativo e frequência de mulheres engajadas. Etapa 3 - Reflexão sobre o papel feminino na sociedade e suas contribuições Será realizado um encontro de reflexão, em ambiente descontraído e informal, para que as mulheres possam sentir-se acolhidas. O ambiente deverá ser favorável à comunicação, partilha de ideias e experiências de vida, durante o qual serão trazidos na forma de teatro, dinâmicas, apresentações poéticas ou pequenos textos e imagens a vida e obra de mulheres brasileiras. Todos poderão relatar experiência significativas com mulheres que fizeram parte da sua história de vida e que lhes trouxeram contribuições significativas. Ninguém será induzido ou constrangido a falar, a menos que queira, sendo pactuado, desde o início o sigilo acerca das reflexões realizadas. Indicador de meta: qualidade e abrangência da reflexão, ações tomadas para por fim à violência, para proteção das crianças e melhoria do ambiente familiar. Etapa 4 - Resgate de produtos fermentados a partir do histórico familiar Durante a reunião da etapa 3, ou se preciso por demanda de tempo, em nova reunião, será feito o resgate de produtos alimentares fermentados que marcaram a história familiar, que fizeram parte do cotidiano e que cujo processo tenha sido transmitido ao longo das gerações. As mulheres alvo da ação apresentarão suas lembranças destes produtos e poderão manifestar o interesse em resgatar o processo de sua obtenção, definindo em grupo quais destes têm interesse em comercializar. O estudante e a equipe farão a análise do processo de obtenção a fim de verificar os processos fermentativos envolvidos, se existem registros dos micro-organismos produtores, se existem fontes para sua obtenção, forma de condução do processo e todos os aspectos técnico-científicos que podem auxiliar para implementar uma produção com qualidade e a custo viável. Após a busca destes conhecimentos, o grupo deve reunir-se novamente com o público alvo, levando proposta de produção em linguagem clara e considerando as informações/orientações prestadas pelas mulheres que os propuseram, bem como os tipos de recursos disponíveis, custo e seu acesso. Indicador de meta: existência de produtos definidos para a etapa de desenvolvimento. Etapa 5 - Desenvolvimento de processos e produtos Nesta etapa, que permeará toda a ação, serão conduzidos encontros quinzenais, a fim de conduzir a padronização dos processos de obtenção, realizar o treinamento para manipulação segura dos alimentos, para higienização dos materiais, insumos e vestimenta adequada durante a produção, definir embalagens a partir de materiais recicláveis e de baixo custo, desenvolver a forma de marketing, precificação e inserção no mercado. As mulheres alvo da ação serão incentivadas a adquirir autonomia em toda a cadeia do processo, desde a elaboração e análise de custo das matérias-primas, conservação/seleção dos micro-organismos fermentadores, condução do processo fermentativo, embalagem, divulgação e venda. Ao longo de 12 meses de ação, espera-se que o grupo possa ir gradativamente adquirindo independência da equipe extensionsita, tornando-se mais ativo na proposição e definição de novos produtos. Para isto, a equipe deverá ser assídua nas reuniões quinzenais, bem como deverá buscar constante atualização acerca dos produtos, prestando orientação e auxiliando na busca de treinamento extra quando necessário, por exemplo no SEBRAE ou outras fontes de formação. Indicador de meta: estabelecimento de processos produtivos, gerando produtos comercializáveis, inclusão de alimentos mais saudáveis na alimentação familiar, alcance da inserção dos produtos no mercado e renda gerada, iniciativas emancipadas de introdução de novos produtos, de busca por formação e implementação de novas ações de marketing e comercialização. Etapa 6 - Engajar crianças e jovens do convívio familiar Os jovens e crianças serão sensibilizados por meio de uma busca ativa, feita especialmente pelo estudante bolsista e outros colegas de graduação que serão convidados a participar das reuniões de desenvolvimento de produtos. O convite será preparado pelos próprios estudantes, na forma de material impresso acolhedor e divertido, que será entregue pelas suas mães no convívio familiar. Os membros que comparecerem serão ativamente engajados e poderão discutir o processo e as transformações que ocorrem. Para facilitar sua participação, a cada reunião de desenvolvimento, um experimento científico simples será conduzido no início, para ilustrar conteúdos de ciência e tecnologia das fermentações, a partir do qual será fomentada uma discussão e análise das causas para os resultados observados, bem como para saber como se aplica aos processos microbiológicos, de saúde, nutrição, produção. As crianças e os jovens serão estimulados a trazer perguntas sobre os conteúdos estudados na escola que se relacionem com os temas científicos, bem como sobre suas dúvidas, exemplos no cotidiano, seus usos e aplicações. Poderão trazer dúvidas sobre conteúdos escolares que requerem auxílio para aprendizado e a equipe se mobilizará segundo sua formação para contribuir. Indicador de meta: aumento do rendimento e da frequência escolar, participação nas reuniões da ação, contribuições nas discussões científicas e planejamento de estudo para ingresso em níveis posteriores de ensino. Etapa 7 - Registro memorial da ação Serão realizadas entrevistas com relatos de experiências das mulheres participantes e membros do seu convívio familiar, os quais serão registrados sem identificação pessoal, para preservação da privacidade e liberdade de expressão. Para fins de indicadores e acompanhamento das metas e objetivos, os relatos serão solicitados quanto ao impacto da ação na sua perspectiva de vida, no grau de satisfação pessoal/felicidade, na geração de renda, quanto ao convívio social e familiar, quanto ao bem estar emocional dos membros da família, qualidade nutricional, quanto à frequência e rendimento escolar dos jovens e crianças envolvidos na ação. Para produção de registro memorial, fotos do portfolio de produtos gerados, da equipe produtora das embalagens construídas e das iniciativas dos grupos de mulheres serão impressas em material bibliográfico para campanha e manutenção da ação, após a emancipação do grupo e prestação de contas à Proexc. Resumos e publicações extensionistas serão feitas em eventos próprios da universidade, respeitando-se o direito à imagem dos envolvidos, bem como sua liberdade de não participar. Indicador de meta: material impresso e audiovisual das ações, portfolio de produtos, participação e apresentação dos resultados em eventos ou periódicos de extensão.
oA fermentação é um processo biotecnológico utilizado amplamente nos dias atuais, entretanto não é um processo recente. Conforme citado por Duarte (2014), há muito tempo o homem percebeu que poderia utilizar-se de reações que ocorriam na natureza de forma espontânea, trazendo facilidades ao seu dia-a-dia. A partir de então ele poderia conservar e preparar alimentos, inclusive bebidas que geravam um efeito inebriante e facilitavam suportar as baixas temperaturas, de modo que essas descobertas contribuíram para a sedentarização. Vivenciando as experiências, observando os resultados, o homem conseguiu, mesmo sem compreender ao certo o processo, dominar a técnica de fermentação. Existem achados arqueológicos que mostram o uso de alimentos fermentados desde 5000 a.C. Outros alimentos, como o pão tornaram-se fundamentais na alimentação humana desde tempos imemoriais e, decorrentes dos processos fermentativos, acabaram por tornar-se indispensável até hoje. Damaris e Couri (2021) conceituam a fermentação como um mecanismo anaeróbico de produção de energia sem o envolvimento da cadeia respiratória. Entretanto um conceito mais abrangente “consiste no processo que ocorre quando o microrganismo se reproduz, a partir de uma fonte apropriada de nutrientes, visando a obtenção de um bioproduto”. Neste processo, os substratos são transformados e ocorrem alterações na sua constituição, gerando moléculas que fornecem propriedades sensoriais e aromáticas agradáveis, além de melhorar a conservação dos alimentos. Por isto, o domínio das técnicas de criação de animais e agricultura juntamente com o estabelecimento de processos fermentativos contribuiu para a sedentarização humana. A fermentação está relacionada com processos desenvolvidos na indústria farmacêutica, na indústria química, na agricultura, na indústria de alimentos. O domínio da técnica de fermentação nos permitiu a produção de uma série de alimentos utilizados até hoje, como por exemplo os pães, iogurtes, queijos, vinhos, além de outras bebidas fermentadas. Como se trata de uma técnica simples, pode ser empregada em prol da geração de renda, de modo a contribuir para o enfrentamento das vulnerabilidades socioeconômicas vivenciadas, principalmente, mas não exclusivamente, nesse contexto pandêmico. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, houve um avanço em relação ao Índice de Vulnerabilidade Social, subíndice Capital Humano, (IVS Capital Humano) para muitos municípios brasileiros, sobretudo nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e no norte do Rio Grande do Sul, assim como em diversos municípios da Região Centro-Oeste, quando se comparam dados de 2010 com aqueles de 2000 (IPEA, 2015). Entretanto, como apontado nesse mesmo estudo, isso não acontece para a maior parte das regiões Norte e Nordeste e dos vales do Mucuri, do Rio Doce e do Jequitinhonha, além do norte do estado de Minas Gerais, que mantêm elevado IVS Capital Humano, demonstrando uma grave situação que precisa ser enfrentada pelo país, não só para garantir melhores condições de vida para a população residente nessas regiões, mas também para promover redução da desigualdade interna no país. O subíndice referente ao capital humano expressa as fragilidades das pessoas, no que diz respeito ao seu estoque de capital humano e ao seu potencial de construção deste capital junto às novas gerações, combinando elementos do capital familiar com o capital escolar. Os indicadores utilizados medem os seguintes fatores: a mortalidade infantil; crianças e adolescentes até 14 anos fora da escola; mães precoces; mães chefes de família, com baixa escolaridade e com filhos menores de idade; baixa escolaridade domiciliar estrutural; e a presença dos jovens que não trabalham e não estudam (IPEA, 2015, p.34). Mas esse não é o único problema que aflige essa população. De acordo com Dahalberg e Krug (2002), estima-se que uma das principais causas de morte de pessoas entre 15 e 44 anos em todo o mundo se deva às diversas violências. Estima-se que, a cada ano, mais de um milhão de pessoas perdem a vida, e muitas mais sofrem ferimentos não fatais resultantes de autoagressões, agressões interpessoais ou violência coletiva. Doria (2020) afirma que a violência doméstica ou violência intrafamiliar é aquela que ocorre entre os parceiros íntimos e entre os membros da família. É a violência infligida pelo parceiro íntimo, o abuso infantil e abuso contra os idosos. Ela pode ser definida como toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física e a psicológica, ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família (DORIA, 2020). Segundo Peterman e colaboradores (2020), houve um agravamento de alguns indicadores relativos à violência doméstica, em virtude do isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19. Estes autores afirmam que estes dados são ainda incipientes, há evidências que apontam para o aumento desse tipo de violência. De acordo com relatório produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2020), os dados apontam para uma redução dos casos de violência doméstica, porém estes números parecem não refletir a realidade, acreditando-se que tem ocorrido uma subnotificação em virtude da dificuldade de realizar a denúncia durante o isolamento. Neste cenário, as vítimas mais frequentes do abuso são as mulheres e as crianças que, além da violência física, são obrigadas a conviver constantemente com o agressor, gerando impactos emocionais, perda de autoestima, da perspectiva de realização pessoal e de futuro. As Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU MULHERES, 2020) relatam que a crise econômica agravada pela pandemia da Covid-19 tem contribuído para a ocorrência da violência doméstica. Os dados notificados em Diamantina, mostram a necessidade de ações para proteção à mulher, à criança e aos adolescentes. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, citados por Dória (2020), foram computados 94 casos de violência doméstica, sexual ou outros casos em 2019 na cidade de Diamantina, 135 casos em 2018 e 108 casos em 2017. Segundo estes dados, a violência doméstica poderia ter diminuído, entretanto, a diminuição de casos registrados não significa diminuição de ocorrências, conforme apontado por outros autores. E quando se compara com dados de 2013, os casos saltaram de 17 para 94 em 2019. Além disto, houve aumento de violência contra crianças e adolescentes, concentrando-se os casos na faixa etária de 10 a 14 anos. Os dados da secretaria de Saúde de Minas Gerais (apud Doria, 2020) também mostram que a mulher se encontra em imensa desigualdade de vulnerabilidade em Diamantina. Um índice de 86% dos casos de violência doméstica em 2019 atingiram o sexo feminino, havendo também maior incidência de violência contra indivíduos da cor parda (54,8%) e preta (17,2%) que somados superam um índice de 17,2% de casos de violência contra indivíduos brancos. Diante da situação de violência é preciso prover meios para supera-la, pois os mecanismos legais que garantem o direito à denúncia, não são eficazes se a mulher continuar a depender do seu agressor para o sustento familiar, ou se não encontrar meios de emancipação. O processo de educação e capacitação para o mundo do trabalho está intimamente ligado ao processo de desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia, não apenas pelo ato de pensar, mas pelo desenvolvimento de competências para tomar decisões e sentir segurança para agir. No caso da violência doméstica, um dos fatores necessários ao desenvolvimento de autonomia e liberdade é a possibilidade de garantir o seu próprio sustento, de atingir um grau de independência financeira suficiente para deixar a situação de opressão. Por esta razão, é preciso gerar alternativas de trabalho que sejam empoderadoras, não apenas na repetição dos papeis impostos à mulher, mas pela capacitação para iniciativas que valorizem o seu potencial empreendedor a partir de sua visão de mundo. A FermentAção pretende agir neste contexto, a fim de fomentar reflexões, instrumentalização e propiciar pensamento autônomo e iniciativas de emancipação feminina para quebrar o ciclo de violência doméstica, ressignificando seu protagonismo de vida, a visão do feminino e suas contribuições para uma sociedade mais justa e fraterna. Se fermentar é transformar, a tecnologia das fermentações, uma área da biotecnologia, pode ser apropriada pela economia familiar, onde teve e mantém suas origens, para produzir alimentos mais saudáveis, de maior valor agregado, com potencial para gerar renda, aprendizado e mudança social. Referências bibliográficas são inseridas neste campo devido à ausência de campo específico DAMASO, M.C.T; COURI, S. Árvore do conhecimento – tecnologia de alimentos. Agência Embrapa de Informação Tecnológica – Ageitec. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/tecnologia_de_alimentos/arvore/CONT000fid5sgif02wyiv80z4s4737dnfr3b.html. Acesso em 17 set. 2021. DUARTE, F.T.B. A Fermentação alcoólica como estratégia no ensino de transformação química no nível médio em uma perspectiva interdisciplinar. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências) – Faculdade UnB Planaltina, Universidade de Brasília. Brasília, p. 192. 2014. Disponível em: https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/17042/4/2014_FlaviaTocciBoeingDuarte.pdf. Acesso em 17 set. 2021. DAHLBERG, L. L.; KRUG, E. G. Violence: a global public health problem. In: KRUG, E. G. et al. (Eds.) World report on violence and health. Geneva: World Health Organization, 2002. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/42495/9241545615_eng.pdf. Acesso em 17 set. 2021. DORIA, G.A. Um olhar além dos números: análise do perfil epidemiológico da violência interpessoal e autoprovocada notificada do município de Diamantina, Minas Gerais. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Saúde) – Programa de Pós-graduação em Ensino em Saúde, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais. 135p. 2020. Disponível em: http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/handle/1/2536?mode=full. Acesso em: 17 set. 2021. FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Violência doméstica durante a pandemia de Covid-19. Nota técnica. São Paulo, 16 abr. 2020. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2018/05/violencia-domestica-covid-19-v3.pdf. Acesso em: 17 set. 2021. IPEA. Atlas da vulnerabilidade social nos municípios brasileiros / editores: Marco Aurélio Costa, Bárbara Oliveira Marguti. – Brasília. p.77. 2015. Disponível em: http://ivs.ipea.gov.br/images/publicacoes/Ivs/publicacao_atlas_ivs.pdf. Acesso em 17 set. 2021. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Tabulador de informações de saúde - TABNET. Belo Horizonte: SES-MG, 2020. ONU MULHERES. Gênero e Covid-19 na América Latina e no Caribe: dimensões de gênero na resposta. Brief Março 2020. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2020/03/ONU-MULHERES-COVID19_LAC.pdf. Acesso em: 17 set. 2021. PETERMAN, A. et al. Pandemics and violence against women and children. Center for Global Development, Working Paper 528. Washington, DC: CGD, 2020. Disponível em: https://www.cgdev.org/sites/default/files/pandemics-and-violence-against-women-and-girls.pdf. Acesso em: 17 set. 2021.
O estudante bolsista será preparado para a atuação no projeto mediante prévias análises juntamente com a equipe do projeto sobre indicadores sobre situação de violência familiar e indicadores de educação, renda e trabalho no município de Diamantina, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde, Secretaria de Educação e IBGE. Deverá atuar juntamente com a equipe do projeto para a proposição e construção das estratégias de aproximação das mulheres em situação de vulnerabilidade social segundo orientações obtidas a partir nas reuniões preparatórias da equipe, para as quais serão convidadas mulheres que atuam na área de segurança pública e assistentes sociais. Essa capacitação contribui para uma formação mais ética, reflexiva e humanista como preconizam as diretrizes curriculares dos diversos cursos de graduação, especialmente os da área da Saúde. Estudantes do curso de Farmácia, frequentemente se veem desvinculados ou pouco ligados à prática profissional durante o seu curso, que tradicionalmente tinha um caráter de excessiva carga horária em sala de aula. Com as mudanças nas diretrizes curriculares, é favorecida a sua inserção precoce nas situações reais do cotidiano, onde um dia deverão atuar na promoção, proteção e recuperação da saúde integrando uma equipe multidisciplinar. Para isto devem construir competências necessárias, que envolvem lidar com as questões humanas e sociais de seu tempo, perceber desafios e fomentar mudanças, valorizando a democracia, a diversidade de pensamentos e considerando a realidade onde está inserido o seu fazer. Por isto, a inserção no projeto permitirá ao estudante trabalhar conteúdos teóricos da área de biotecnologia e biologia molecular, presentes em disciplinas do seu curso de graduação, áreas estrategicamente voltadas para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social, mas, sobretudo de forma aplicada à melhoria da qualidade de vida e dos indicadores sociais. Esta ação também contribuirá para consolidar a revisão de conteúdos das disciplinas básicas do curso, como citologia, genética, bioquímica, fisiologia, microbiologia, cujos componentes se vinculam a elementos da educação básica e com ela se conectam nesta proposta pela inserção dos estudantes, crianças e jovens, do núcleo familiar das mulheres que atuarão nos grupos de FermentAção. O estudante deverá: 1 - participar das reuniões preparatórias, contribuindo significativamente para as decisões sobre a abordagem de aproximação que será adotada para reunir as mulheres e convidá-las a participar do projeto, recebendo para tanto, capacitação pela equipe da proposta e por profissionais convidados. > Sua avaliação se dará pela qualidade da participação nas discussões, contribuições apresentadas e maturidade desenvolvida ao longo do projeto 2 - Agir, juntamente com a equipe, contactando associações de bairro, estratégias de saúde da família ou centros de assistência social para divulgar a ação e entrar em contato com as mulheres que serão convidadas a participar da proposta. > Sua avaliação será efetuada pelo desenvolvimento de habilidades interpessoais demonstradas no respeito à cultura e na forma de tratamento com o público envolvido 3 - Auxiliar, sob orientação, na pesquisa de informações biográficas e da obra de mulheres brasileiras que protagonizaram nas áreas de artes, ciências, política, educação ou outras, cujo exemplo possa contribuir para instigar autoestima e perspectiva de ação > A avaliação será quantitativa e qualitativa, segundo a qualidade dos dados e das fontes pesquisadas 4 - Elaborar, sob orientação, material com linguagem acessível acerca das histórias femininas de sucesso, que será utilizado em reuniões de reflexões, sob a forma de poesias, textos, artes, dinâmicas, jograis e impresso, a fim de criar um registro. > A avaliação será feita com base na dedicação e qualidade do material produzido 5 - Participar das reuniões reflexivas e nas reuniões que serão conduzidas para apontar os alimentos fermentados que têm parte nas memórias familiares das mulheres envolvidas e que elas definirem como produtos para comercialização > O estudante será avaliado de forma atitudinal, considerando a ética e o respeito aplicados ao utilizar de seus conhecimentos vivenciados no curso de Farmácia, especialmente nas disciplinas de biotecnologia e biologia molecular, para apresentar sugestões, sem imposição e de forma democrática, pelo diálogo, por meio do qual espera-se também que aprenda com os saberes populares 6 - Participar no processo de implementação dos processos produtivos, no treinamento para higienização das mãos, aplicando seus conhecimentos de microbiologia, saúde e imunidade, de fermentação e tecnologia para contribuir no desenvolvimento de processos e produtos melhorados e mantendo sua característica artesanal > A avaliação será realizada pela contribuição crítica, pela busca ativa de conhecimento e pela aplicação de conhecimentos adquiridos durante o curso, teóricos e práticos 7 - Auxiliar na inserção de jovens e crianças do contexto familiar das mulheres envolvidas no grupo de FermentAção, ajudando na sua acolhida, na sua aproximação e liberdade para questionamento, sendo oportunizado ao estudante mostrar de forma prática os princípios que regem a fermentação, as transformações microbianas, suas relações com saúde/doença/infecção/imunidade, nutrição e componentes curriculares estudados na educação básica > A avaliação se dará pela condução de princípios práticos a partir de experimentos simples que ilustram os processos e conteúdos descritos 8 - Auxiliar na sensibilização dos colegas de curso, matriculados nas disciplinas de biotecnologia, biologia molecular e outras correlatas, para aproximação e contribuição com o projeto, não apenas para que computem créditos de extensão, mas para que vivenciem uma experiência real de formação extramuros > A avaliação será atitudinal, de acordo com a qualidade de acolhida aos colegas que visitarem ou se dispuserem a auxiliar no projeto, bem como pela forma de partilhar e multiplicar a formação recebida 9 - Auxiliar na elaboração de registro bibliográfico, contribuindo para a construção do relato memorial de cada grupo, na apresentação de ideias de divulgação, marketing, do registro impresso que será o memorial da ação e na elaboração de resumos/publicações em eventos > A avaliação se dará pela qualidade das contribuições ao material produzido em grupo Durante toda a ação o estudante será acompanhado pela coordenação, de forma prévia às reuniões que serão realizadas com os grupos de mulheres, para orientação quanto às suas contribuições, formas de se preparar, buscar conhecimento e material de referência para aprendizado e aplicação nas ações do projeto.
Diante do cenário atual, em que se agrava a crise econômica e a violência doméstica, a sociedade precisa se organizar por meio de suas instituições para intervir em favor de um modelo mais justo e democrático, onde o valor da pessoa humana e seus direitos sejam respeitados. A universidade pública e seus servidores não podem ser eximir desta ação, visto que a extensão universitária é um dos seus pilares. Neste modelo em que extensão, ensino de graduação e pesquisa interagem, se alimentam e se sustentam, os princípios técnico-científicos do ensino de graduação somente serão bem interpretados à luz das questões sociais e os estudantes somente estarão aptos a responder criticamente aos desafios profissionais, éticos, humanos e sociais de seu tempo, se participarem ativamente deste processo interativo ensino-pesquisa-extensão. As pesquisas científicas desenvolvidas pela equipe proponente tem se desenvolvido com foco na biotecnologia há mais de 10 anos, com participação de técnicos, docentes, estudantes de graduação e de pós-graduação. Nesta ação, o grupo pretende sair do laboratório e gerar conhecimento a partir de uma ação extensionista, inerentemente educacional no sentido mais significativo da palavra, o da emancipação dos sujeitos, e vinculada fundamentalmente à aplicação de princípios científicos, que integram o tripé universitário.
Público-alvo
Mulheres moradoras de dois bairros em Diamantina, aproximadas por meio de busca ativa a partir dos Centros de Referência de Assistência Social e/ou Estratégias de Saúde da Família. Espera-se integrar no mínimo 10 participantes.
Familiares, jovens e crianças do núcleo familiar das mulheres que vão compor os grupos de cooperação para produção de fermentados
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
Nenhuma parceria inserida.
Cronograma de Atividades
Reunião da equipe para capacitação prévia à constituição dos grupos de FermentAção A reunião será mediada pela coordenação, que deverá em conjunto com a equipe elencar previamente temas relevantes ao contexto social em que a ação será executada. A reunião deverá ser auxiliada por profissionais capacitados - experientes no trato com violência doméstica e social - que serão convidados pela coordenadora da proposta a fim de instrumentalizar a equipe quanto às questões humanas e éticas envolvidas, bem como acerca dos impactos emocionais que precisam ser trabalhados entre os membros da equipe para lidar com situações conflituosas.
Busca junto ao Centro de Referência em Assistência Social, Estratégias de Saúde da Família ou outros grupos e organizações para mulheres que se encontrem em situação de vulnerabilidade e precisem de uma oportunidade de geração de rena
Será realizado um encontro de reflexão, em ambiente descontraído e informal, para que as mulheres possam sentir-se acolhidas. O ambiente deverá ser favorável à comunicação, partilha de ideias e experiências de vida, durante o qual serão trazidos na forma de teatro, dinâmicas, apresentações poéticas ou pequenos textos e imagens a vida e obra de mulheres brasileiras. Todos poderão relatar experiência significativas com mulheres que fizeram parte da sua história de vida e que lhes trouxeram contribuições significativas. Ninguém será induzido ou constrangido a falar, a menos que queira, sendo pactuado, desde o início o sigilo acerca das reflexões realizadas.
Durante a reunião será feito o resgate de produtos alimentares fermentados que marcaram a história familiar, que fizeram parte do cotidiano e que cujo processo tenha sido transmitido ao longo das gerações. As mulheres alvo da ação apresentarão suas lembranças destes produtos e poderão manifestar o interesse em resgatar o processo de sua obtenção, definindo em grupo quais destes têm interesse em comercializar. O estudante e a equipe farão a análise do processo de obtenção a fim de verificar os processos fermentativos envolvidos, se existem registros dos micro-organismos produtores, se existem fontes para sua obtenção, forma de condução do processo e todos os aspectos técnico-científicos que podem auxiliar para implementar uma produção com qualidade e a custo viável. Após a busca destes conhecimentos, o grupo deve reunir-se novamente com o público alvo, levando proposta de produção em linguagem clara e considerando as informações/orientações prestadas pelas mulheres que os propuseram, bem como os tipos de recursos disponíveis, custo e seu acesso.
Reuniões para discussão científica e técnica da viabilidade de desenvolvimento de tecnologia produtiva a partir dos produtos definidos pela mulheres que integraram os grupos de cooperação e desejam implementar produção comercial. A coordenação, estudante e equipe do projeto unirão esforços e conhecimento para gerar propostas sustentáveis e economicamente viáveis que possam ser implementadas nas reuniões de treinamento para estabelecer um processo produtivo.
Nesta etapa, que permeará toda a ação, serão conduzidos encontros quinzenais, a fim de conduzir a padronização dos processos de obtenção, realizar o treinamento para manipulação segura dos alimentos, para higienização dos materiais, insumos e vestimenta adequada durante a produção, definir embalagens a partir de materiais recicláveis e de baixo custo, desenvolver a forma de marketing, precificação e inserção no mercado. As mulheres alvo da ação serão incentivadas a adquirir autonomia em toda a cadeia do processo, desde a elaboração e análise de custo das matérias-primas, conservação/seleção dos micro-organismos fermentadores, condução do processo fermentativo, embalagem, divulgação e venda. Ao longo de 12 meses de ação, espera-se que o grupo possa ir gradativamente adquirindo independência da equipe extensionsita, tornando-se mais ativo na proposição e definição de novos produtos. Para isto, a equipe deverá ser assídua nas reuniões quinzenais, bem como deverá buscar constante atualização acerca dos produtos, prestando orientação e auxiliando na busca de treinamento extra quando necessário, por exemplo no SEBRAE ou outras fontes de formação.
Os jovens e crianças serão sensibilizados por meio de uma busca ativa, feita especialmente pelo estudante bolsista e outros colegas de graduação que serão convidados a participar das reuniões de desenvolvimento de produtos. O convite será preparado pelos próprios estudantes, na forma de material impresso acolhedor e divertido, que será entregue pelas suas mães no convívio familiar. Os membros que comparecerem serão ativamente engajados e poderão discutir o processo e as transformações que ocorrem. Para facilitar sua participação, a cada reunião de desenvolvimento, um experimento científico simples será conduzido no início, para ilustrar conteúdos de ciência e tecnologia das fermentações, a partir do qual será fomentada uma discussão e análise das causas para os resultados observados, bem como para saber como se aplica aos processos microbiológicos, de saúde, nutrição, produção. As crianças e os jovens serão estimulados a trazer perguntas sobre os conteúdos estudados na escola que se relacionem com os temas científicos, bem como sobre suas dúvidas, exemplos no cotidiano, seus usos e aplicações. Poderão trazer dúvidas sobre conteúdos escolares que requerem auxílio para aprendizado e a equipe se mobilizará segundo sua formação para contribuir.
Serão realizadas entrevistas com relatos de experiências das mulheres participantes e membros do seu convívio familiar, os quais serão registrados sem identificação pessoal, para preservação da privacidade e liberdade de expressão. Para fins de indicadores e acompanhamento das metas e objetivos, os relatos serão solicitados quanto ao impacto da ação na sua perspectiva de vida, no grau de satisfação pessoal/felicidade, na geração de renda, quanto ao convívio social e familiar, quanto ao bem estar emocional dos membros da família, qualidade nutricional, quanto à frequência e rendimento escolar dos jovens e crianças envolvidos na ação. Para produção de registro memorial, fotos do portfolio de produtos gerados, da equipe produtora das embalagens construídas e das iniciativas dos grupos de mulheres serão impressas em material bibliográfico para campanha e manutenção da ação, após a emancipação do grupo e prestação de contas à Proexc. Resumos e publicações extensionistas serão feitas em eventos próprios conforme datas definidas pela universidade, respeitando-se o direito à imagem dos envolvidos.
Preparação de materiais de divulgação, relatórios parciais e finais, resumos e artigos para publicação. Durante o período de execução da ação, preparação de oficinas com experimentos científicos para crianças e de processos produtivos para as mulheres engajadas. Ao final, elaboração do portfolio e registro documentado da ação.