Visitante
RED LIGHT: A luz da visibilidade sobre as profissionais do sexo
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
patrick wander endlich
20221012022346110
faculdade de medicina do mucuri - fammuc
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
direitos humanos e justiça
saúde e proteção no trabalho
regional
Sim
Membros
rhaiza colares franco
Voluntário(a)
barbara mendes guimaraes
Voluntário(a)
clarice guimarães miglio
Vice-coordenador(a)
tâmaro chagas mendes
Voluntário(a)
júlia de souza brasil da silva
Voluntário(a)
maryellen silva pereira
Bolsista
danilo pereira bispo
Bolsista
A prostituição não é legalizada no Brasil. Entretanto, dadas as condições socioeconômicas de uma parcela da população, muitas mulheres se submetem à essa atividade. Em Teófilo Otoni-MG, existem inúmeros pontos e “casas de tolerância”, onde se pode encontrar mulheres cis, trans e travestis, se prostituindo. Contudo, não existe nenhum dado acerca das condições socioeconômicas e epidemiológicas dessa parcela da população da cidade de Teófilo Otoni-MG. Em estudos realizados com profissionais do sexo de outras regiões do Brasil, pôde-se perceber que essas mulheres vivem em condições de vulnerabilidade socioeconômica, como renda abaixo de um salario mínimo e baixo nível de escolaridade. Também existem inúmeros estudos mostrando que há uma alta incidência de uso e abuso de drogas e de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), entre as profissionais do sexo. Partindo desse pressuposto, o projeto ora proposto tem como objetivo aproximar alunos/as e profissionais de diversas áreas das profissionais do sexo (prostitutas) visando a promoção do cuidado integral da saúde, assim como promover a qualidade de vida dessas pessoas, o incentivo ao exercício da cidadania e à promoção do bem-estar social e mental, dessa população em situação de vulnerabilidade. Para efetivação desse propósito serão utilizados métodos como educação popular em saúde para indivíduos e coletivos; educação baseada em projetos; construtivismo educacional; interprofissionalidade; intersetorialidade e intergeracionalidade. Sendo assim, pretende-se melhorar a qualidade das profissionais do sexo, resgatar a dignidade e também, estimular a adoção de políticas públicas visando diminuir a transmissão de IST, por meio de educação em saúde.
Profissionais do sexo; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Direitos Humanos Fundamentais
A prostituição é conhecida pelo senso comum, como a profissão mais antiga do mundo, sendo mencionada em diversas passagens da Bíblia. No Brasil, essa profissão não está regulamentada; embora, exista um Projeto de Lei com esse propósito, Projeto de Lei 4211/2012 - Lei Gabriela Leite. O Brasil adota somente o Abolicionismo para punir a prostituição, previsto no Capítulo V da Lei Nº 2.848/1940, que estabelece o Código Penal. Assim, a prostituta é uma vítima e só exerce a atividade por coação de um terceiro, o “explorador” ou “agenciador”, que receberia parte dos lucros obtidos pelos profissionais do sexo - lenocínio (Profissionais do sexo e o Ministério do Trabalho, 2008). Embora, existam Associações de Prostitutas, como a Associação de Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG), a ilegalidade da profissão no Brasil dificulta estudos para conhecimento de dados oficiais acerca dessa população. De fato, as profissionais do sexo, estão expostas constantemente a diversos fatores de risco, como a submissão e, sobretudo, uso abusivo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas. Além disso, vivenciam, um cenário cercado por agressões, abusos, humilhações e ofensas, fato que colocam essas pessoas no grupo dos vulneráveis. Embora para alguns indivíduos a prostituição seja uma opção, para a grande maioria, essa é a única forma de sobrevivência dada as suas condições socioeconômicas. Em um estudo conduzido por Salmeron et al. (2012), no qual foi investigado o perfil socioepidemiológico de profissionais do sexo da zona sul do Município de São Paulo, os dados mostraram que mais de 50% das 50 entrevistadas encontravam-se na faixa etária entre 21 e 25 anos de idade, apenas 10% tinham ensino superior e 86% das entrevistadas possuíam renda familiar distribuídas nas seguintes faixas: 10% até R$500; 30% de R$501,00 a R$1.000,00 e 46% de R$1.001,00 a R$3.000,00. Não obstante, em uma Revisão realizada por Leal et al. (2017), concluiu-se que as profissionais do sexo apresentam prevalência do Papilomavírus Humano (HPV), seguido de Chlamydia Trachomatis e da Treponema Pallidum e ainda, cerca de 55,9% das profissionais do sexo estudadas afirmaram ter sido infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e 38,8% possuíam alguma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Em Teófilo Otoni-MG, existem inúmeros locais, onde pode se observar a presença de mulheres cis, mulheres trans e travestis se prostituindo, expostos como em uma vitrine social, nas inúmeras rodovias que perpassam o município, assim como em “casas de tolerância”. Contudo, não há nenhum tipo de informação das condições socioeconômicas e de saúde dessas pessoas. No entanto, partindo do pressuposto dos dados dos estudos prévios, acredita-se que essa situação socioeconômica e epidemiológica, seja similar ou até mesmo pior em Teófilo Otoni. Sendo assim, o objetivo do projeto ora proposto é aproximar alunas(os) e servidores da Fammuc das profissionais do sexo, visando promover a melhoria da qualidade de vida, por meio de ações que repercutam sobre a conscientização do cuidado à saúde e promover ganhos de competências sociais, comunicacionais e clínicos das(os) alunas(os) voltados a assistir às necessidades de saúde, de maneira integral, dessa população. Desta forma, o projeto foi elaborado em observância ao que preconiza a Política Nacional de Extensão Universitária (2012) e a Política de Extensão da UFVJM em suas Diretrizes, por meio de ações de Impacto e Transformação Social, de forma a diminuir as desigualdades de nossa Sociedade.
De acordo com o Dicionário Aurélio “prostituição” significa: ação de prostituir; Comércio profissional do sexo; [Figurado] Uso degradante de uma coisa. No Brasil, a prostituição não está regulamentada. Desta forma, os profissionais do sexo, não tem nenhum amparo legal sobra a atividade que desenvolvem. Assim, uma forma de garantia de alguns direitos se deve a formação de Associações, como a Associação de Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG). O Código Civil, estabelecido pela Lei Nº 10.408, de 10 de janeiro de 2002, em seu Art.53, dispõe que as associações constituem-se pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos. Ao consultar a página da APROSMIG em uma rede social, pode-se constatar que grande parte das mensagens fazem menção à valorização da dignidade humana, conforme exemplo a seguir: “Você se ofende quando te chamam de puta? Sabe de uma coisa...eu também me sentia ofendida antes, mas fui percebendo que puta é uma palavra que toma o significado que eu quiser. O preconceito de toda sociedade não pode ser maior do que o que (sic) eu sei de mim. Hoje não me importo de ser chamada de puta, inclusive me sinto uma PUTA MULHER, PUTA TRABALHADORA, PUTA DE ALEGRIA E DE VIDA...e sou PUTA TAMBÉM COM AQUILO QUE NOS INVISIBILIZA E OPRIME. Tem muita coisa que me faz puta!!!” (Mensagem postada na página da APROSMIG em uma rede social em 3 de junho de 2020). Pode-se perceber a partir dessa mensagem a presença de sentimentos como preconceito, opressão e a violação de direitos fundamentais à dignidade humana, mesmo esses sendo garantidos a todo cidadão brasileiro, por meio do Art. 1º, Inciso III da Constituição Federal de 1988. Embora, existam inúmeras postagens relacionadas a medidas de prevenção de IST, mesmo nesse momento de pandemia, no qual as medidas de distanciamento social, sabidamente são as mais efetivas para se evitar o contágio pelo novo coronavírus, Sar-CoV-2, causador da COVID-19; pode-se perceber que tais medidas não são praticadas pelas profissionais do sexo, uma vez que a prostituição é a fonte de recursos para a sobrevivência dessas mulheres e de suas famílias. Para tanto, destacamos a seguinte postagem: Nesse momento de pandemia, temos que estar atentas! Nos cuidarmos e nos protegermos contra o corona vírus – usar máscara, camisinha e ter sempre álcool á (sic) mão álcool gel 70%. Reinventar formas de PUTA REXISTIR nossa voz e luta por direitos e visibilidade! (Mensagem postada na página da APROSMIG em uma rede social em 4 de junho de 2020). Pode-se notar por essa postagem, que há um equívoco no cuidado com a própria saúde por parte das profissionais do sexo, visto que as medidas profiláticas apresentadas na página da APROSMIG, não são efetivas, considerando que a transmissão do novo coronavírus ocorre de pessoa a pessoa, pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos, ou seja, seria impossível o ato sexual de forma segura, independente das medidas tomadas. Não obstante, em uma revisão realizada por Leal et al. (2017), foi reportado a ocorrência das IST nas profissionais do sexo, com prevalência do Papilomavírus Humano (HPV), seguido de Chlamydia Trachomatis e da Treponema Pallidum. Esse estudo sistematizado, ainda mostrou que cerca de 55,9% das profissionais do sexo estudadas afirmaram ter sido infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e 38,8% das mesmas possuem alguma IST, sendo estas HPV, Sífilis, Herpes Simples (HSV) e Neisseria Gonorrhea. Importante ressaltar, que as profissionais do sexo que trabalham em pontos de rua, foram associadas com maior risco de ao HIV (Damacena et al., 2014). Além disso, a gravidez indesejada, seguida do aborto, parece estar presente na vida das profissionais do sexo. Em um estudo conduzido por Madeiro e Rufino (2012), os resultados mostraram que mais das metade das 310 (trezentas e dez) prostitutas entrevistadas, induziu o aborto pelo menos uma vez ao longo de suas vidas. Estudos que analisaram aspectos socioeconômicos, mostraram que as profissionais do sexo podem estar dentro do grupo de pessoas em situação de vulnerabilidade. Madeiro e Rufino (2012) mostraram que a maior parte das mulheres que compunham seu estudo tinha ensino fundamental incompleto (80,6%), seguido de ensino médio (12,9%) e apenas 6,5% tinham ensino superior. Importante ressaltar que no estudo realizado por Damacena et al. (2014), quando compararam a escolaridade entre profissionais do sexo que trabalham em locais fechados e em pontos de rua, os resultados mostraram que esse último grupo apresentava maior proporção de mulheres com ensino fundamental incompleto e menor com ensino médio completo ou mais; resultados similares foram encontrados para as profissionais do sexo que trabalham em locais fechados, entretanto essas apresentaram quase dobro da proporção de mulheres com ensino médio completo ou mais (comparada às profissionais de rua). Outra informação que chama atenção nesse estudo são os dados relativos à renda mensal e frequência de consumo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas das profissionais do sexo que trabalham em pontos de rua. A estratificação da renda mensal mostrou que 32% e 31% das profissionais do sexo, respectivamente, contavam com renda mensal entre R$1,00 a R$299,00 e R$300,00 a R$599,00 (Damacena et al., 2014). Já em relação ao uso de bebidas alcoólicas, 42% dessas profissionais do sexo faziam o uso pelo menos uma vez por semana ou menos, enquanto 12,8% faziam uso de crack ou merla uma vez por semana ou mais, assim como 18,5% faziam uso de cocaína uma vez por semana ou mais (Damacena et al., 2014). Embora a falta de regulamentação seja um dos fatores que dificultam os estudos com profissionais do sexo, os dados dos trabalhos observados nos mostram que essas mulheres ainda carecem de noções básicas sobre cuidados com exposição e contaminação por IST, resgaste da dignidade, entre outros. Além disso, a falta de orientação e de conhecimento, pelas condições socioeconômicas impostas, podem ser um percalço para a recondução dessas mulheres ao mercado de trabalho formal. Nesse sentido, algumas ações têm sido exitosas em alcançar esses objetivos. A Organização Não Governamental Associação Agentes da Cidadania – Mulheres da Luz, busca promover a cidadania e a garantia de direitos humanos das mulheres em situação de prostituição do Parque da luz e entornos, por meio de atividades relacionadas às áreas de educação e cultura, além da promoção de saúde e bem-estar social. As ações de saúde são realizadas por meio de parceria com uma Universidade privada, na qual por meio de um calendário regular é provido uma assistência integral a saúde, contando com fisioterapia, nutrição, saúde bucal, oftalmologia, além da disponibilidade de um médico de família e serviços de psiquiatria. Além disso, essa ONG conta com psicoterapia, importante espaço de escuta para os problemas dessas profissionais em questão (ONG Mulheres da Luz). A ausência de políticas públicas específicas para as profissionais do sexo, principalmente no que concerne ao cuidado integral à saúde, gera uma situação de altas taxas de IST nesse grupo, que pode ter um efeito em cascata considerável, visto a rotatividade de pessoas que praticam sexo com as mesmas. Aliado a essa situação, vem a maior propensão à utilização de álcool e drogas ilícitas, muitas vezes funcionando como escape das condições sociais a que estão expostas. Ainda, a própria atividade sexual praticada por essas mulheres, como trabalho e forma de sobrevivência, pode afetar a sua dignidade. Teófilo Otoni é uma cidade sediada no Nordeste de Minas Gerais, contando com rodovias com alto fluxo de automóveis. Quem trafega à noite por essas vias, principalmente na BR-116, pode notar uma alta concentração de profissionais do sexo e de “casas de tolerância”. Contudo, não existe nenhum tipo de informação oficial acerca dessas mulheres, quer seja de condições socioeconômicas, tampouco de condições de saúde. Sendo assim, esse projeto propõe ações para elucidar questões relacionadas à saúde e condições socioeconômicas dessas mulheres, de forma a promover melhoria na qualidade de vida; debater aspectos relacionados à saúde, principalmente no que tange à saúde mental, violência e utilização de drogas, resultando em proposição conjunta, entre as profissionais do sexo e membros do projeto, visando superação dos problemas resultantes dessas questões; aprimorar a relação médico-paciente orientando os encaminhamentos a serem dados no Sistema Único de Saúde, desta forma proporcionando o benefício decorrente do acompanhamento integral nos cuidados à saúde. Em conjunto essas ações, visam aproximar alunas(os) dessas mulheres para dar visibilidade sobre as suas necessidades, promovendo ganhos de competências sociais, comunicacionais e clínicas voltados às necessidade dessa população em situação de vulnerabilidade. Em observância às Diretrizes para a extensão universitária na UFVJM, previstas na Resolução Nº 06 Consepe, de 17 de abril de 2009, esse projeto se fundamenta na indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão, de forma que suas ações, levando em consideração a realidade local, promovam impacto e transformação na vida dessas mulheres que vivem marginalizadas. É importante ressaltar, que como o objetivo desse Projeto é promover ações voltadas à integralidade da saúde das profissionais do sexo, a equipe será formada por profissionais de diversas áreas de formação, possibilitando a interdisciplinaridade como fator imprescindível para o êxito dessas ações.
Objetivo Geral Aproximar alunos/as e profissionais de diversas áreas das profissionais do sexo (prostitutas) visando a promoção do cuidado integral da saúde, assim como promover a qualidade de vida dessas pessoas, o incentivo ao exercício da cidadania e à promoção do bem-estar social e mental, dessa população em situação de vulnerabilidade. Objetivos Específicos Promover ações com objetivo de conscientizar as profissionais do sexo sobre os cuidados relativos a prevenção de IST; Viabilizar o acesso por parte das profissionais do sexo a um acompanhamento de saúde integral, por meio de orientação aos serviços da rede pública de saúde, principalmente dos estabelecimentos conveniados com a UFVJM, que se fizerem necessários; Promover bem estar físico, social e mental e melhorar a perspectiva de vida das profissionais do sexo; Propiciar uma relação permanente com os serviços públicos de saúde, criando um cuidado integral da saúde estável e constante por parte das profissionais do sexo; Estudar uma estratégia de diminuição da transmissão de IST entre as profissionais do sexo no município de Teófilo Otoni; Estudar uma estratégia de diminuição de drogas entre as profissionais do sexo no município de Teófilo Otoni; Levantamento de dados das condições socioeconômicas e de cuidados com a saúde, das profissionais do sexo; Elucidar os desafios enfrentados pelas mulheres trans e travestis, no que tange às nuances da integralidade do cuidado à saúde, assim como direitos sociais, adotando estratégias para minimiza-los; Adotar ações que possam conscientizar e encorajar as profissionais do sexo tomar providências no combate a violência contra a mulher.
A estimativa do número pessoas beneficiadas diretamente pelas ações do Projeto, foi realizada randomicamente, tendo como fator balizador estudos de natureza similar realizadas em outras cidades brasileiras. Sendo assim, a partir das ações desse projeto em prol da efetivação dos seus objetivos, pretendese: - Ações visando aumentar a vacinação contra Hepatite B Impacto Direto (1) Vacinação contra a Hepatite B de 100 (cem) profissionais do sexo; (2) Prevenção do contágio e transmissão da Hepatite B em aproximadamente 100 (cem) mulheres profissionais do sexo; (3) Caso haja profissionais do sexo já contaminados com o vírus da Hepatite B, evitar qualquer complicação decorrente do desenvolvimento da doença, por meio do monitoramento, autocuidado ou até mesmo o tratamento (número inestimável); Impacto Indireto (1) Diminuição na transmissão do vírus causador da Hepatite B para um número inestimável de pessoas que buscam pelos serviços das prostitutas na cidade de Teófilo Otoni-MG.Considerase inestimável, pois presume-se que pessoas que encontram-se em trânsito são potenciais “clientes” dessas mulheres. - Ações visando aumentar a testagem para HIV Impacto Direto (1) Realização do teste para HIV em aproximadamente 100 (cem) mulheres profissionais do sexo; (2) Diminuir os agravos, em possíveis profissionais do sexo portadoras do vírus HIV, que não se submetem ao teste e por sua vez, ao tratamento; (3) Estabelecer a cultura da periodicidade na realização de testes para HIV por parte das profissionais do sexo da cidade de Teófilo Otoni-MG. Impacto Indireto (1) Diminuição na transmissão do vírus HIV para um número inestimável de pessoas que buscam pelas prostitutas na cidade de Teófilo OtoniMG. Considerase inestimável, pois presume-se que pessoas que encontram-se em trânsito são potenciais “clientes” dessas mulheres; (2) Diminuição dos gastos públicos com o tratamento de pessoas que desenvolvem a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS, do inglês Acquired Immunodeficieny Syndrome); (3) Diminuição da mortalidade pela AIDS. - Ações voltadas para aumentar a realização do exame preventivo para o câncer de colo de útero Impacto Direto (1) Aumentar a realização de exames preventivos para o câncer de colo uterino em aproximadamente 80 (oitenta) mulheres cis, profissionais do sexo; (2) Conscientizar e promover mudança de comportamento, por meio de rigoroso uso de preservativo, diminuindo a transmissão e contágio de HPV (e consequentemente de outras IST); (3) Estabelecer a periodicidade na realização do exame preventivo para o câncer de colo de útero por parte das profissionais do sexo da cidade de Teófilo Otoni-MG. Impacto Indireto (1) Espera-se que com o aumento na realização do exame preventivo para o câncer de colo de útero, aumente o diagnóstico precoce e assim, reduzindo a mortalidade, por essa doença. - Ações voltadas para coibir o aborto por parte das profissionais do sexo Impacto Direto (1) Redução da gravidez indesejada; (2) Redução da prática de aborto. Impacto Indireto (1) Redução da mortalidade por prática ilegal do aborto. - Ações voltadas para conscientizar sobre Direitos Humanos Fundamentais, Saúde Mental, Uso e Abuso de Drogas e prevenção de doenças, principalmente IST Impacto Direto (1) Melhoria da qualidade de vida de 100 (cem) mulheres profissionais do sexo. Impacto Indireto (1) Promoção de um sociedade mais justa e igualitária. - Levantamento de dados sobre aspectos socioeconômicos e epidemiológicos das profissionais do sexo Impacto Direto (1) Conhecimento de informações que viabilizam o entendimento do comportamento das profissionais do sexo, facilitando o cuidado integral a saúde, partindo da premissa que esse cuidado, parte da compreensão da integralidade humana. Impacto Indireto (1)Possíveis estabelecimentos de políticas públicas no município de Teófilo Otoni-MG, voltadas pra essa população específica.
O Projeto utilizará as seguintes metodologias: educação popular em saúde para indivíduos e coletivos; educação baseada em projetos; construtivismo educacional; interprofissionalidade; intersetorialidade e intergeracionalidade; conforme descrito nas etapas abaixo. 1a Etapa Partindo da premissa extensionista, a comunidade deve participar de todas as etapas do Projeto, desde a sua concepção, passando pelo desenvolvimento, até a sua avaliação. Sendo assim, a primeira etapa de ações terá como um de seus objetivos, estabelecer uma relação de confiança entre as profissionais do sexo e os membros da equipe do Projeto (composta por discentes, técnicos e docentes de diferentes áreas de formação). Para tanto, serão realizadas as seguintes ações: - A equipe executora do Projeto, irá elaborar um material gráfico para disponibilizar em locais próximos aos conhecidos “pontos de rua” (região das rodovias onde as profissionais do sexo permanecem durante o seu expediente de trabalho) e “casas de tolerância”, contendo informações do Projeto, como objetivo, ações previstas e contato. Importante ressaltar, que essa atividade respeitará toda a boa conduta para manutenção da limpeza urbana; - Como estratégia para dirimir qualquer desconfiança com o propósito do Projeto, será feita uma segunda panfletagem de material contendo instruções para realização de sexo seguro; - Após esses contatos, o(s) discente(s) juntamente e outros três membros da equipe, irão até os pontos de rua, convidar as profissionais do sexo para participar de um ciclo de roda de conversa que irá abordar os seguintes temas: prevenção de IST; violência; uso e abuso de drogas; Direitos Humanos Fundamentais. Por meio dessa última ação, espera-se interlocução com as profissionais do sexo visando conhecer seus problemas relacionados à integralidade no cuidado à saúde, assim como, estreitar o vínculo com os membros da equipe do projeto. Além disso, nesse momento será formalizada a adesão das profissionais do sexo ao Projeto e levantamento de dados de informações socioeconômicas e relacionadas aos cuidados de prevenção das IST dessas mulheres. Importante ressaltar, que poderão participar mulheres cis, mulheres trans e travestis. 2a Etapa A elaboração deste Projeto tomou como referência informações relativas às profissionais do sexo de outras regiões do país. No entanto, para maior efetividade das ações para alcançar os objetivos, faz-se necessário dados da realidade dessas mulheres que exercem suas atividades em Teófilo Otoni-MG, fato que será viabilizado após a conclusão da primeira etapa. Sendo assim, de posse das informações das condições socioeconômicas e relacionadas aos cuidados de prevenção das IST, assim como, tomando com referência as questões relatadas nas rodas de conversa, a equipe do projeto irá avaliar a necessidade de redefinição dos objetivos. A segunda etapa consistirá em ações diversas visando a integralidade no cuidado à saúde, as quais são relatadas a seguir: Estratégia para aumentar a vacinação A Hepatite B é uma doença caracterizada pela inflamação do fígado, causada por um vírus, contraído através de relações sexuais. A vacina para Hepatite B é disponibilizada gratuitamente para prostitutas no Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, a primeira estratégia para conscientizar acerca da importância da vacinação dessa doença, acontecerá por meio de uma roda de conversa, principalmente tentando abordar informações oriundas de estudos realizadas com profissionais de sexo. Além disso, será feita uma orientação sobre o acesso a essa vacina na rede pública de saúde de Teófilo Otoni-MG. Após um período estimado de 30 (trinta) dias, será analisado o número de mulheres que se vacinaram; entretanto, caso haja alguma(s) que não se vacinaram, será tentada uma nova abordagem individual. Em relação ao HPV, será adotada uma estratégia similar à abordagem da vacinação para Hepatite B. Entretanto, previamente as orientações sobre a vacinação para HPV, será feita abordagem do teste para HIV, uma vez que essa vacina é disponibilizada gratuitamente no SUS, somente para indivíduos portadores de HIV. Estratégia para realização do teste para HIV É bem possível que as profissionais do sexo, tenham conhecimento de como realizar o teste para HIV por meio do SUS. Contudo, pode haver alguma resistência em fazer o teste, temendo o preconceito social, que essas pessoas sofrem e pela repercussão negativa que poderia ter sobre o trabalho. Sendo assim, previamente, serão feitas as seguintes ações como estratégia de aumentar a testagem para HIV: (1a) Oficina de preservativos e cuidados no ato do sexo, na qual por meio de atividades práticas será demonstrada a forma correta do uso de preservativos e cuidados a serem tomados no ato sexual de forma a evitar o contágio por IST; (2o) Roda de conversa com psicólogos buscando conscientizar sobre a importância dos cuidados a serem tomados por portadores de HIV e, principalmente, desmistificando aspectos relacionados a qualidade de vida dessas pessoas. Por conseguinte, haverá uma palestra realizada por um médico especialista da área, abarcando todas as questões de prevenção e cuidados relacionados ao HIV. Além disso, será dada toda orientação para que se realize os teste para HIV na rede pública de saúde de Teófilo OtoniMG. Não será dimensionado o número de mulheres que realizarão esse teste, mas os membros do Projeto se colocarão à disposição para escutá-las nas questões associadas à essa atitude. Estratégia para realização do preventivo de câncer de colo de útero A conscientização para prevenção do câncer de colo de útero será realizada por meio de duas atividades práticas. A primeira será a análise de lâminas histopatológicas, com o objetivo de observar a mucosa genital acometida pelo HPV. Em outro momento, as mulheres irão realizar em simuladores, os procedimentos do exame Papanicolau. Desta forma, essa estratégia tem o intuito de prover uma abordagem ampla sobre a importância de realizar o exame supracitado (principal exame preventivo e que deve ser realizado frequentemente em mulheres após os 25 anos) visto que a prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição de contagio pelo HPV, que ocorre principalmente por via sexual, presumidamente por meio de abrasões microscópicas na mucosa ou na pele da região anogenital. Estratégia para coibir a prática do aborto Poderá ser realizado um mutirão para inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU), visando evitar a gravidez indesejada e consequentemente, coibir a possível prática do aborto, assim como reduzir a mortalidade materna, por meio do planejamento. Além disso, as profissionais do sexo serão encaminhadas ao ambulatório de planejamento familiar, incentivando a utilização dos LARC’s (métodos contraceptivos reversíveis de longa duração). Contudo, tal ação será avaliada por uma equipe multidisciplinar, visto que esta ação poderá resultar em abandono do preservativo, podendo resultar em aumento na transmissão do HIV e/ou outras IST. Contudo, as ações de conscientização serão realizadas. Cabe ressaltar, que caso parte dessas estratégias não sejam efetivadas, em substituição serão adotadas estratégias para prevenção do câncer de mama. Rodas de conversa e sessões temáticas de filmes Essas atividades poderão ocorrer nos pontos de rua ou em suas adjacências, com frequência mensal, tendo como objetivo possibilitar a troca de ideias e informações entre as profissionais do sexo, de temas relacionados diretamente a saúde mental, direitos fundamentais humanos, uso e abuso de drogas e saúde da mulher trans. Quando pertinente serão convidados profissionais especialistas do assunto a ser discutido para participar dessa ação. Além disso, outra forma de abordar esses assuntos, poderá ocorrer por meio de filmes com temáticas de interesse; que ocorrerá na própria Universidade. Importante ressaltar, que ações dessa natureza criam um sentimento de pertencimento, minimizando os efeitos da marginalização social.
Damacena GN, Szwarcwald CL, Souza Júnior PRB. Práticas de risco ao HIV de mulheres profissionais do sexo. Rev Saúde Pública. Vol. 48 (3):428-437, 2014. Leal CBM, Souza DA, Rios MA. Aspectos de vida e saúde das profissionais do sexo. Rev enferm UFPE on line, 11 (11): 4483-91, 2017 (Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/22865/24743> acessado em 29 de setembro de 2020 às 15:26). Madeiro AP, Rufino AC. Aborto induzido entre prostitutas: um levantamento pela técnica de urna em Teresina-Piauí. Ciência&Saúde Coletiva. Vol. 17:7, 2012. ONG Mulheres da Luz. Disponível em: https://www.mulheresdaluz.com.br/copia-apoie/ . Acessado em 3 de novembro de 2020. Profissionais do sexo e o Ministério do Trabalho. 2008. (Disponível em: < https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-59/profissionais-do-sexo-e-o-ministerio-do-trabalho/> acessado em 29 de setembro de 2020 às 12:16). Salmeron NA, Pessoa TAM. Profissionais do sexo: perfil socioepidemiológico e medidas de redução de danos. Acta Paul. Enferm. Vol.25: 4, 2012. (Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000400011> acessado em 29 de setembro de 2020 às 15:30).
Este projeto tem como um de seus propósitos, despertar o compromisso do estudante em conhecer o ambiente acadêmico que o cerca, assim como o meio no qual o curso de Medicina da Fammuc está inserido. Desta forma, levando-os a dimensionar sobre os problemas das populações marginalizadas, como as profissionais do sexo da cidade de Teófilo Otoni-MG, e assim buscar em conjunto com essas mulheres e travestis, vias para promoção do cuidado integral a saúde e por sua vez, a promoção na qualidade de vida dessa população, tendo como fulcro o conhecimento científico. Por meio das ações desse Projeto ocorrerá a inserção do estudante na comunidade, levando o discente a aprimorar técnicas de abordagem de população vulnerável, bem como possibilitará evoluir o seu aspecto humano e biopsicossocial junto à população. Assim, essa consciência da realidade poderá promover um sentimento de empatia entre acadêmicos e população, assim como podendo resultar em projetos futuros visando melhorias nas condições de saúde das profissionais do sexo ou até mesmo a implantação de políticas públicas voltadas a essa população, a serem adotadas pelo município. Portanto, caberão aos discentes envolvidos no projeto: (1) Coletar e analisar os dados socioeconômicos, epidemiológicos e de cuidados com a saúde das profissionais do sexo. Importante ressaltar, que tanto a coleta, quanto a análise dos dados, será sempre feita em conjunto dos demais profissionais membros da equipe: técnicos e docentes; (2) O discente aprimorará técnicas de abordagem de população vulnerável; (3) Realização de atendimentos individuais sob supervisão médica para conhecimento dos cuidados na prevenção de IST, bem como avaliação de pressão arterial, glicemia e risco cardiovascular, para dimensionamento das condições de saúde das profissionais do sexo; (4) Atendimento relacionado a saúde mental, saúde da mulher cis, trans e travestis; (5) Distribuição de preservativos e material de higiene de pessoal para as profissionais do sexo; (6) Elaboração de material gráfico para abordagem das profissionais do sexo e delimitação dos temas a serem adotados nas primeiras abordagens de forma a estabelecer uma relação estreita entre os membros do Projeto e as profissionais do sexo; (7) Elaboração dos procedimentos e temas que serão adotados nas rodas de conversa, que deverá ser revisado pelos demais membros do Projeto; (8) Orientação das profissionais do sexo sobre os serviços de saúde pública que deverão ser acessados para efetivação das ações do projeto; (9) Elaboração de palestra para abordar cuidados relativos para evitar a transmissão de IST, diminuição do uso de drogas e gravidez indesejada, assim como, sistematizar a atividade em laboratório para explanar sobre o HPV, ambos sob supervisão; (10) Acompanhamento dos cuidados adotados com a própria saúde por parte das profissionais do sexo e discussão visando possíveis ajustes buscando maior efetividade desses cuidados; (11) Elaboração do material a ser adotado quanto aos cuidados a serem adotados pelas mulheres trans e travestis, visando à atenção integral à saúde. Acompanhamento O acompanhamento será feito pela presença nas atividades propostas e também, na participação das reuniões semanais com os membros da equipe do Projeto. Avaliação Os alunos serão avaliados pelo profissionalismo (pautados em aspectos éticos), criatividade, envolvimento e qualidade das ações efetivadas no âmbito desse projeto. Ademais, a avaliação dessa ação consistirá em (1) produção científica que deverá ser submetida à revistas e congressos; (2) produção da declaração das atividades mensais, relatório semestral e final, contendo as percepções do aluno e aprimorada pelas considerações dos demais membros do Projeto. Por fim, as profissionais do sexo farão um relato de experiência de sua participação no Projeto, que servirão para que os membros possam avaliar a efetivação dos objetivos e metas e indiretamente, das ações realizadas pelos alunos.
A proposta desse Projeto caracteriza-se como original, sendo um ação de extensão que pode gerar dados e servir como referência para implementar políticas públicas, visando a diminuição da contaminação por Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), por meio da educação em saúde entre as profissionais do sexo da cidade de Teófilo Otoni-MG.
Público-alvo
O público-alvo será das mulheres cis, trans e travetis que exercem a prostituição na cidade de Teófilo Otoni-MG. Ademais, os profissionais dos serviços da rede de saúde pública dessa mesma cidade e acadêmicos do curso de Medicina da Faculdade de Medicina
Municípios Atendidos
Teofilo Otoni
Parcerias
O Projeto contará com a parceria da Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina do Mucuri, para ações de construtivismo educacional, interprofissionalidade e intersetorialidade. Além disso, essa parceria será importante, para a realização das oficinas de ações preventivas no sentido de evitar o contágio por IST.
Cronograma de Atividades
Esclarecimento ao aluno bolsista e planejamento das atividades.
Discussão entre os membros da equipe para elaboração do material gráfico visando sensibilização da população-alvo.
Conforme consta no campo "nome da atividade" (desta proposta).
Primeiro de ciclo de roda de conversa buscando evidenciar as necessidades das profissionais do sexo.
Análise e interpretação dos dados socioeconômicos e epidemiológicos a fim de subsidiar as ações do Projeto.
Conforme consta no campo "nome da atividade".
As ações descritas detalhadamente no campo relativo à metodologia empregada nesse Projeto.
As ações estão descritas detalhadamente no campo "Metodologia".
Essas atividades acontecerão por meio de roda de conversa e há previsão para que ocorra uma palestra por meio de webconferência, ministrada por uma ONG do estado de São Paulo.
Elaboração do relatório parcial para fins de cumprimento de exigência do edital.
Tais ações estão previstas na seção "Metodologia" desta proposta.
Tais ações estão discriminadas na seção "Metodologia".
Tais ações estão detalhadas no campo "Metodologia".
Tais estratégias estão detalhadas na seção "Metodologia" desta proposta.
Tais ações estão bem delimitadas na seção "Metodologia".
Avaliação da equipe junto às profissionais para percepção da efetivação dos objetivos.
A ação será realizada conforme descrito em "nome da atividade".
Atividades visando cumprir com determinações dispostas no Edital Proexc 01/2022.