Trata-se de um projeto de extensão universitária onde o tema 'Saúde Humana x Saúde Ambiental' será discutido em formato de mini-programas de audio com duração de até 7 minutos a serem executados em radio da cidade de Diamantina (98,5FM) com alcance regional e em canal de Podcast no Spotify. Cada miniprograma terá como norte uma Palavra-chave (verbete) que será discutida no ambito da Ecologia Humana e Antropologia da Saúde. As palavras-chaves serão definidas e trabalhadas pela equipe do projeto e terão escritas orientadas pela linguistica cognitiva em reunições periódicas com professores da Faculdade de Letras da UFVJM, destacando a interdiciplinaridade do projeto. Os mini-programas constarão de: (1) 'single' inicial produzido pela própria equipe, uma rápida apresentação do projeto de extensão e seus objetivos; (2) leitura de texto de até 100 a 200 palavras conceituando, definindo e exemplificando o contexto daquele verbete, sua importancia e interação com a Saúde Humana; (3) Declamação de um pequeno trecho de um poema letra de música que se relacione com o verbete descrito; (4) execução da música a qual teve seu trecho declamado; (5) execução do 'single' final e finalização com oferecimento e agradecimentos do programa e projeto. Tal iniciativa se justifica na necessidade de maior envolvimento da Faculdade de Medicina de Diamantina com o população regional, que poderá participar indicando verbetes a serem estudados e transformados em novos programas. Acreditamos que a comunicação em linguagem simples de temas relevantes para a saúde e sua vinculação com uma música poderá gerar uma memória afetiva. Está memória pode modificar habitos de vida, tornando a pessoa conhecedora das origens e prevenções de agravos e doenças e assim mais saudável e replicadora de sua saúde. Ciência, música, memória e saúde.

Memoria afetiva musical, Atenção Primária a sáude, musica, ecologia humana

No Brasil a partir dos anos 1990 políticas públicas foram implementadas para promoção à saúde voltadas à Atenção Primária à Saúde (APS), enfatizando a importância do trabalho junto as famílias e populações locais (Aquino, 2014). Muitas doenças crônicas não transmissíveis, doenças transmissíveis e agravos a saúde humana tem origem nos hábitos de vida dos indivíduos assim como no ambiente em que vivem. Contudo, já percebemos que ações voltadas à promoção de saúde onde o foco é apenas o estímulo a mudanças de hábitos de vida do indivíduo não são tão positivas quanto como desenvolver ações onde uma reflexão sobre a importância dos determinantes gerais das condições de saúde seja estimulada (Pelegrini Filho et al 2014). Inovações no âmbito de promoção à saúde, tanto em sua dimensão individual e como coletiva devem buscar a realização de ações de educação e comunicação em saúde dirigidas ao incentivo do entendimento de autocuidado e dá importância dos determinantes sociais que propiciam a saúde de cada população (Brasil, 2011). A Linguistica cognitiva, um ramo recente da linguagemsurge em meados de 1980 impulsionada, tanto pelo interesse pelo fenómeno da significação quanto pela investigação psicolinguística que estava emergindo na época (Rosch 1978). A Linguística Cognitiva é uma abordagem da linguagem perspectivada como meio de conhecimento e em conexão com a experiência humana do mundo. As unidades e as estruturas da linguagem são estudadas, não como se fossem entidades autónomas, mas como manifestações de capacidades cognitivas gerais, da organização conceptual, de princípios de categorização, de mecanismos de processamento e da experiência cutural, social e individual. São temas de especial interesse da Linguística Cognitiva os seguintes: as características estruturais da categorização linguística (tais como prototipicidade, polissemia, modelos cognitivos, metáfora e imagens mentais), os princípios funcionais da organização linguística (iconicidade e naturalidade), a interface conceptual entre sintaxe e semântica, a base pragmática e ligada à experiência da linguagem-no-uso e a relação entre linguagem e pensamento (incluindo questões sobre o relativismo e sobre os universais conceptuais).(Silva 2019). A seguir, e depois de uma confrontação com outras teorias linguísticas e da especificação da sua posição dentro da Ciência Cognitiva, os conceitos fundamentais e aos principais domínios de investigação da Linguística Cognitiva se aracterizaram como sendo a categorização e protótipos, metáforase metonímias conceptuais, esquemas imagéticos, modelos cognitivos e culturais e processos cognitivos da gramática (Silva, 2019). Nas últimas décadas avanços das neurociências tem possibilitado uma maior compreensão entre a relação da música com o sistema nervoso central. Imagens de ressonância magnética tem demonstrado como a música tem influência em diferentes áreas do sistema nervoso central como cerebelo, corpo caloso, córtex motor e auditivo. A música é capaz de evocar emoções e registrar momentos na memória. A memória musical funciona como outros tipos de memória no sistema nervoso central contudo estudos tem demonstrado que a música ativa áreas como o hipocampo que também se relaciona com resgates de conhecimentos aprendidos o que tem trazido contribuições para intervenções em doenças como Alzheimer (Rocha et al 2013). A importância da comunicação radiofônica nos dias atuais têm sido esclarecida por alguns trabalhos que demonstram a evolução e convergência da rádio tradicional com as plataformas e redes sociais como o Facebook ou YouTube além do Spotify e portais na internet onde pode se ouvir rádios do mundo todo ao vivo. Atualmente o termo rádio hipermidiático defini as estações onde diversas linguagens e distintos suportes atraem o público ainda assim mantendo no áudio seu foco (Bertoncello, 2019). Assim, respaldado em bibliografias atuais o presente projeto pretende trabalhar com os tópicos de promoção à saúde a partir da definição de verbete ecológico humano e antropológico de saúde, em linguagem simples e contemporânea com textos orientados pela linguistica cognitiva, associando este verbete a uma música popularmente conhecida, gerando assim, uma possibilidade de memória afetiva musical e fixando o conteúdo trabalhado vinculando-o ao sentimento que a música desperta na pessoa ouvinte, objetivando modificar hábitos de vida a partir da reflexão e auto-cuidado.

Desde sua criação a Faculdade de Medicina de Diamantina - Famed - UFV JM tem suas raízes na inserção regional e de seus projetos de ensino, pesquisa e extensão indissociavelmente. Buscando reafirmar este compromisso o presente projeto utiliza o meio de comunicação Rádio 98,5 fm Diamantina e canal na plataforma Podcast do Spotify para levar educação em saúde para a população regional. O projeto PALAVRA SAÚDE visa gerar hábitos saudáveis de auto-cuidado e saúde coletiva a partir da criação de uma memória afetiva e uma vinculação de um conceito de relevância em saúde à uma música conhecida. A grande extensão de ouvintes regionais e sua multiplicação pelo Alto Jequitinhinha e Vale fazem da Radio 98,5fm Diamantina um importante meio de comunicação com profunda inserção na comunidade acadêmica e não acadêmica e que precisa ser fortalecido. A utilização de verbetes definidos em linguagem simples como sintetizadores de conceitos fundamentais em saúde definem este projeto, que apesar do baixo custo, pretende gerar na população ouvinte uma reflexão sobre a importância dos determinantes gerais nas condições de saúde humana, despertando sentimentos contidos nas memórias musicais. Além de ouvir as opiniões dos ouvintes e comentários nas redes sociais do projeto sobre as sugestões de temas e musicas a serem trabalhadas. Ainda, o estudante envolvido com a produção e escritas dos miniprogramas exercitará habilidades e competencias de comunicação e linguagem orientada a realidade da população . A Interdisciplinaridade esta presente na relação dos estudantes de Medicina com estudantes de Letras, assim como dos docentes e tecnicos envolvidos.

Geral Gerar a reflexão e fixação de um conceito de relevância para a saúde humana, a partir da criação ou despertar de uma memória afetiva musical. Específicos Contruir uma EQUIPE de discussão ativa sobre os temas Saúde e Ecologia Humana Individual e Coletiva com estudantes da Faculdade de Medicina e Faculdade de Letras da UFVJM de Diamantina. Criar definições contemporâneas para palavras chaves (verbetes) de relevância para a Saúde Humana e Saúde Ambiental com até 200 palavras orientados pela linguistica cognitiva. Relacionar tais definições à letras e melodias de músicas populares. Produzir Miniprogramas de audio de curta duração onde as definições dos verbetes sejam vinculadas à poesia e melodia de músicas popularmente conhecidas. Veicular os mini-programas em radios regionais e plataforma digital como Podcasts. Receber sugestões de temas a serem trabalhados a partir de verbetes propostos pelos ouvintes. Avaliar junto aos ouvintes a efetividade da criação de memórias afetivas e seus respectivos efeitos em suas reflexões e hábitos de vida e saúde.

Impacto direto: Equipe 20 pessoas 1- Construir uma equipe multidiciplinar para discussão e formação coletiva do conceito de Linguagem cognitiva para educação em saúde entre estudantes, professores e técnicos das faculdades de Medicina e Letras da UFVJM. 2 - Produzir ao menso 10 miniprogramas no formato mp3 de no máximo 7 min, sobre ecologia e saúde humana . 3 - Veicular esses miniprogramas, em série, em plataformas digitais (“Spotify”) e rádio comunitária regional, recebendo sugestões de temas e músicas. 4 - Avaliar, a partir do envio de questionários aos ouvintes, a efetividade e qualidade do projeto. 5 - Obter exito na comunicação cognitiva efetiva de conceitos importantes para a saúde e ecologia humana. Impacto direto: 10 mil ouvintes 1- Gerar uma memória afetiva musical, lixando o conteúdo trabalhado vinculando-o ao sentimento que a música desperta na pessoa ouvinte promovendo mudanças atitudinais de promoção á saúde. Impacto indireto: familia e convives do ouvinte - 20mil pessoas 1 - A detenção do conhecimento pelo ouvinte o fará em dialogos com os seus, multiplicar o aprendizado disponibilizado em cada mini-programa.

Etapas do Projeto PALAVRA SAÚDE 1- Preparação dos programas PALAVRA SAÚDE -Realização de reuniões semanais com a equipe de professores e pelo menos 20 alunos da FAMED e do curso de Letras UFVJM para discussão e seleção de verbetes a serem descritos como termos de relevância para a saúde humana e ambiental. - Divisão da equipe em SUB-EQUIPES para preparação de textos de até 200 palavras sobre os verbetes a serem conceituados e descritos, sendo que serão descritos um total de 2 a 4 verbetes por mês. - seleção pela equipe da musica popularmente conhecida para associação e vinculação com o tema em questão, a ser proposta por cada sub-equipe em reunião semanal. - antes iniciarmos as gravações dos miniprogramas devemos ter pelo menos 4 verbetes preparados. 2- Execução do Programa PALAVRA SAÚDE Cada mini-programa terá a duração de 6-7 minutos e constará das seguintes etapas: (1) 'Dingle' inicial produzido pela própria equipe, uma rápida apresentação do projeto de extensão e seus objetivos - 20'; (2) leitura de texto de até 100 a 200 palavras conceituando, definindo e exemplificando o contexto daquele verbete, sua importancia e interação com a Saúde Humana - 2'; (3) declamação de um pequeno trecho de poema letra de música que se relacione com o verbete descrito - 20'; (4) execução da música a qual teve seu trecho declamado - 3-5'; (5) execução do 'dingle' final e finalização com oferecimento e agradecimentos do programa e projeto - 20'. A leitura que vai ao ar do texto do verbete deverá ser feita pela sub-equipe responsável por sua escrita com os alunos se identificando antes da leitura. A proposta inicial é de que sejam veiculados na Rádio a 98,5 FM diamantina um miniprogramas semanais com reprizes duas ou três vezes por semana. Alem de disponibilizados como Podcasts na plataforma Spotify e Instagram (@palavra.saude). 3- Avaliação do Projeto A avaliação da efetividade do programa de rádio na criação de memórias afetivas será realizada a partir de questionário aplicado junto a população de Diamantina Minas Gerais, submetido por emailing. Tal questionário será aplicado no quinto mês e no décimo mês de execução do projeto. Adequações no formato e conteúdo deverão ser realizadas a partir das sugestões e avaliações no sexto e o décimo primeiro mês com o objetivo de melhorar sua efetividade. Nas reuniões semanais da equipe do projeto, avaliações constantes serão realizadas e documentadas no intuito de melhor adequar os resultados parciais aos objetivos pretendidos. Os ouvintes poderão enviar a numero de Whatsapp disponibilizado pela radio, sugestões de verbetes e feedbacks sobre efeitos e formatos dos programas.

Bertoncello, Marcos Notari. A convergência no radiojornalismo : uma análise das transmissões da rádio Jovem Pan de São Paulo através do facebook. Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, PUC-RS, 2019. Acessado 20/09/2019 em: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8566 Brasil, 2011. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2011. PELLEGRINI FILHO, A.; BUSS, P. M.; ESPERIDIÃO, M. A. Promoção da Saúde e seus fundamentos: determinantes sociais da saúde, ação intersetorial e políticas saudáveis. In: PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. (Org.). Saúde coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Med Book. 2014. p. 305-326. ROCHA, Viviane Cristina da; BOGGIO, Paulo Sérgio. A música por uma óptica neurocientífica. Per musi, Belo Horizonte , n. 27, p. 132-140, June 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-75992013000100012&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Sept. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-75992013000100012. Silva, Augusto Soares. A LINGUÍSTICA COGNITIVA UMA BREVE INTRODUÇÃO A UM NOVO PARADIGMA EM LINGUÍSTICA. Universidade Católica - Faculdade de Filosofia de Braga. Fonte: http://www.facfil.ucp.pt/lingcognit.htm TEIXEIRA, C. F.; VILASBÔAS A. L. Q. Modelos de Atenção à Saúde no SUS: Transformação, Mudança ou Conservação? In: PAIM, J. S.; ALMEIDA FILHO, N. (org.). Saúde Coletiva: teoria e prática. Rio de Janeiro: Med Book. 2014. Pag. 287-302.

A equipe consta de professores dos cursos de Medicina e de Letras que orientarão os estudantes em todas as stapas do projeto. Contudo, os estudantes irão realizar sobre supervisão do coordenador todas as etapas do projeto. Ficando responsáveis pela criação e seleção dos verbetes, elaboração dos textos em equipes, leitura e gravação do texto (sempre uma aluna e um aluno), seleção da musica tema e envio ao coordenador para finalização do mini-programa. Os estudantes irão ter seus nome divulgados em cada programa e acompanharão as avaliações do projeto por parte dos ouvintes. Este projeto de extensão possui suas raízes na indissociabilidade da relação entre pesquisa, ensino e extensão, visto que os alunos de graduação envolvidos na equipe de execução terão de participar da elaboração dos textos a serem lidos no programa que necessariamente passarão pela correção e orientação do docente coordenador. Ainda a discussão entre os estudantes de diferentes áreas do conhecimento gerarão visões ampliadas sobre a importancia do dialogo interdisciplinara para a solução de problemas tanto de saúde como na educação. A pesquisa em revistas científicas, livros atuais, bibliografias médicas e não médicas envolvidas na definição do verbete exigirá da equipe afinco no método científico, o que posteriormente poderá embasar publicações de seus resultados. O braço extensionista do projeto é o seu mais forte legado, visto que o grande público ouvinte das rádios, das plataformas digitais e dos meios de comunicação virtual receberão orientações e educação em saúde além dos muros da universidade e poderão contribuir com sugestões.

A associação das ciências das Letrase Linguística á área da Saúde é algo inusitado, mas possível além de extremamente necessário nesse momento de isolamento social e pandemia, onde a comunicação efetiva de hábitos de saúde é fundamental. A lingistica cognitiva e a educação em saúde podem gerar frutos e aprendizados para a equipe assim como para a população ouvinte e participante.