Visitante
Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência em Diamantina/MG
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
luciara leao viana fonseca
20231012023478120
departamento de odontologia
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
educação
pessoas com deficiências, incapacidades ou necessidades especiais
municipal
programa de atenção integral a saúde
Sim
Membros
simone gomes dias de oliveira
Vice-coordenador(a)
paula cristina pelli paiva
Voluntário(a)
bethânia neves de santtana
Bolsista
jairo evangelista nascimento
Voluntário(a)
ana laura pereira moreira
Bolsista
O Projeto “Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência em Diamantina/MG” é uma atividade de extensão vinculada ao “Programa de Atenção Integral à Saúde” da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), de abrangência municipal, cuja linha de extensão é Pessoa com Deficiência (PcD), existente desde o ano de 2013. O projeto foi desenvolvido no intuito de melhorar a condição de saúde bucal dos alunos da “Escola Estadual Professor Aires da Mata Machado” e da “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE”, complementando o serviço de saúde ofertado à PcD em Diamantina, representado principalmente, pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER). O objetivo da ação é a democratização do cuidado e a atenção integral à saúde, com foco principal na Atenção Primária em Saúde (APS), mas atuando também, no tratamento e reabilitação dos atendidos, segundo suas necessidades. As atividades são desenvolvidas majoritariamente em âmbito escolar, mas também são ativas na Clínica Integrada do departamento de Odontologia da UFVJM, sediada no Campus I. Como metas, cita-se o estabelecimento de uma boa condição de saúde bucal aos alunos atendidos; desenvolvimento de um conhecimento comum, integrado e interdisciplinar sobre higiene bucal e saúde geral da PcD, através de uma metodologia diversificada segundo o tripé ensino-pesquisa-extensão.
Saúde Bucal, Pessoas com Deficiência, Educação em Saúde
A Pessoa com Deficiência (PcD) pode ser definida, segundo a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/15), como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”. A alimentação pastosa, a ingestão frequente de carboidratos, o uso crônico de medicamentos, a inabilidade ou dificuldade em realizar e manter a própria higiene bucal e alterações no fluxo salivar dos pacientes com deficiência os tornam um grupo de alto risco para o desenvolvimento de cárie, doença periodontal e maloclusões (CASTRO, et. Al., 2010), fazendo que a Odontologia tenha papel crucial para a garantia de uma boa saúde a estes pacientes. O projeto de "Atenção aos Pacientes Especiais em Diamantina/MG" (antiga denominação), iniciado em 2013, surgiu com a proposta de melhorar a condição de saúde bucal de escolares do município com algum tipo de deficiência. Atualmente o projeto, sob a denominação de "Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência em Diamantina/MG", é vinculado ao "Programa de Atenção Integral à Saúde" e pauta-se na democratização do cuidado odontológico aos alunos matriculados nestas instituições, complementando o serviço público do município, neste contexto representado, principalmente, pelo Centro Especializado em Reabilitação (CER). Para que seus objetivos e metas sejam atingidos, o projeto atuará conjuntamente à "Escola Estadual Professor Aires da Mata Machado" e a "Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais", visando impactar diretamente todos os 220 alunos advindos destas instituições. Para tal, há adaptação de práticas integradas de ensino, pesquisa e extensão à realidade social e cultural em que estes alunos estão inseridos, bem como à cada necessidade apresentada em virtude da deficiência de cada indivíduo, exemplificando-se pela escovação supervisionada ou orientações em higiene oral e alimentação. Por fim, para que haja garantia de atendimento humanizado, integral e inclusivo a todos os alunos, todas as práticas desenvolvidas pelo projeto em âmbito escolar ou na Clínica Escola da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri são discutidas e definidas conjuntamente aos demais profissionais presentes em ambas as instituições, tais como nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos e outros, denotando ampla interdisciplinaridade, indispensável para o sucesso da ação. Como intervenção padrão-ouro do projeto, cita-se a adequação do meio bucal dos pacientes sem a necessidade de estabilização protetora, sedação ou anestesia geral e através da Odontologia Minimamente Invasiva, ou seja, máxima preservação de estrutura dentária sadia diante do possível, e manutenção da saúde oral por meio de acompanhamento periódico do paciente e orientações em higiene bucal (TUMENAS, et. al., 2014).
A Rede de Cuidados (RAS) para o atendimento da Pessoa com Deficiência (PcD) no Sistema Único de Saúde (SUS), pode ser delineada como uma estrutura organizacional para integralização do cuidado em saúde a partir diferentes densidades tecnológicas, definindo a organização de níveis de atenção em primária, secundária e terciária (BRASIL, 2014). Contanto, mesmo com a pactuação na Comissão Intergestores Tripartite datada em 2012, e a representação principal desta Rede na saúde bucal pelos Centros de Especialidades Odontológicas - CEOs, e os Centros Especializados em Reabilitação - CERs (BRASIL, 2014), a realidade do cuidado odontológico e em saúde geral à PcD ainda possui grande prevalência de serviços reabilitadores, visto o caráter de Atenção Secundária em saúde destes Centros, ou seja, o atendimento após a instalação da doença, ao invés da preferência por ações de orientação, promoção e educação em saúde. O conceito de Paciente com Necessidades Especiais dentro da odontologia, surge no contexto da PcD ou de qualquer usuário com limitações, temporárias ou permanentes, que o impeça de ser submetido a uma situação odontológica convencional. A maioria das pessoas com deficiência apresenta algum tipo de limitação que a impede, por exemplo, de realizar a higiene bucal de forma eficaz (BRASIL, 2019). Não obstante, o Vale do Jequitinhonha é uma região com muitos desafios sociais, especialmente pelos baixos níveis relativos de seus indicadores socioeconômicos, de grande influência para a saúde oral, uma vez que a população nele residente dispõe de menores recursos para custear a manutenção da higiene oral de forma satisfatória, aliado ao baixo nível de instrução social, que limita a busca por serviços de saúde (LEITE, et. al., 2013). De forma complementar, segundo Haddad, et, al. (2016), a desigualdade na saúde bucal é maior em pessoas com deficiência, devido a um nível de pobreza ainda maior que o experimentado pela sociedade em geral, o que se agrava à condição de saúde das PcD, que em suma, apresentam menos dentes, mais elementos dentais sem tratar e mais doença gengival em comparação às demais. Especificamente no Vale do Jequitinhonha, segundo um mapeamento da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência em Minas Gerais, feito por Maciel, et. al., em 2020, há detecção de um vazio assistencial nesta região, quando em comparação à distribuição de equipamentos e serviços desta RAS em outras regiões do mesmo estado. É neste contexto que o projeto de “Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência” se insere, complementando a Rede de Cuidados, representada no município, pelo CER. O papel da comunidade universitária na atenção odontológica a estes pacientes se dá, então, de forma a estabelecer uma fonte de conhecimento e orientações a todos os envolvidos, direta ou indiretamente com a ação, construindo hábitos e frequência de higiene adequados para a melhoria nos indicadores de saúde oral destes, segundo a Odontologia baseada em Evidências, ou seja, pautada em um bom embasamento científico. Adicionalmente, o projeto busca valorizar práticas da Atenção Primária em saúde, em contraposição a maior quantidade de ações curativas, normalmente oferecidas pelos CER, estimulando a prevenção de agravos odontológicos através de ações de promoção, orientação e educação em saúde. Quando necessário intervenção ambulatorial, há preferência pela maior conservação possível de estrutura dentária sadia (Odontologia Minimamente Invasiva) e pela não utilização de métodos como a estabilização protetora, sedação ou anestesia dos pacientes, buscando minimizar quaisquer traumas psicológicos de se estar em um ambiente hospitalar. O contato contínuo entre universidade e comunidade estabelece um vínculo entre o público alvo do projeto, que é a pessoa com deficiência, e os futuros profissionais da odontologia, auxiliando na superação das inseguranças de ambos, tanto em atender um paciente PcD, quanto de ser atendido, auxiliando no processo de reversão do elitismo e privatismo da odontologia, e da ideia de que apenas profissionais especializados em odontologia para pacientes com necessidades especiais conseguem fornecer um tratamento adequado a esta minoria social. A coesão entre extensão, ensino e pesquisa como fatores indissociáveis fomentam as bases do projeto para que se garanta um atendimento efetivo aos pacientes, por meio de um conjunto de ações articulado entre a Clínica Escola da “Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM”, a “Escola Estadual Professor Aires da Matta Machado”, e a “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE”. As ações de extensão consistem na prevenção de agravos em saúde e orientação de higiene oral ainda em âmbito escolar e atendimentos clínicos na clínica escola da UFVJM, tais como a escovação supervisionada e aplicação tópica de flúor. A pesquisa se dá pelo levantamento epidemiológico e coleta de dados dos pacientes. O ensino se faz presente em todas as reuniões entre os participantes - para discutir sobre a abordagem correta e individualizada aos pacientes, nas capacitações, mesas redondas, palestras e discussões de casos clínicos. Todas as atividades descritas são interdependentes, já que não se pode melhorar a condição de saúde oral destes pacientes sem ações na escola e orientações em higiene oral, ou sem triá-los através do levantamento epidemiológico. Ademais, não se pode mensurar os impactos sociais do projeto e adequar a metodologia sem a discussão dos resultados da coleta de dados, assim como não se pode melhorar a qualidade dos atendimentos e das demais atividades, sem um bom referencial teórico fornecido pelas atividades de ensino. A existência desta ação de extensão, se baseia, sobretudo, em democratizar o cuidado integral à saúde, construindo um projeto capaz de impactar socialmente a vida destes indivíduos e reconstruir a autoestima através do contato com a Odontologia. Vale ressaltar ainda, a importância de se trabalhar de forma interdisciplinar, conjuntamente ao corpo de apoio das duas instituições parceiras, para garantir ações inclusivas, diversificadas e que realmente façam com que a PcD seja vista diante de todas as suas necessidades, e não apenas sob a ótica restritiva da cavidade bucal, compreendendo práticas integradas à pedagogia, psicologia, nutrição e fonoaudiologia. A continuidade deste projeto se faz necessária para que se dê sequência ao objetivo de melhorar as condições de saúde bucal dos pacientes atendidos, provendo um vínculo entre estes e os futuros profissionais da odontologia da UFVJM, tornando-os aptos a reconhecer o direito à atenção integral e humanizada, e a reabilitação da pessoa com deficiência, rompendo a visão de exclusão social e valorizando este público na cidade de Diamantina/MG e região.
São objetivos gerais do projeto: I. Dar continuidade às ações que objetivam desenvolver no paciente com deficiência, pais e cuidadores, a consciência de que a manutenção de uma boa saúde oral contribui diretamente para melhoria da saúde geral do indivíduo, melhorando sua condição bucal; II. Atuar, prioritariamente, nos moldes da Atenção Primária em Saúde, complementando a Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência, através de ações de prevenção, educação, orientação e promoção de saúde; III. Realizar intervenções odontológicas baseadas na Odontologia Minimamente Invasiva (OMI) e no Tratamento Restaurador Atraumático (ART); IV. Democratização do cuidado odontológico inclusivo, integral e humanizado à Pessoa com Deficiência (PcD). São objetivos específicos do projeto: I. Capacitar os discentes do curso de Odontologia ao atendimento odontológico apropriado a todos os tipos de pacientes, de acordo com suas necessidades específicas; II. Desenvolver a capacidade de trabalho interdisciplinar dos discentes de graduação em Odontologia da UFVJM, através da produção de atividades em conjunto aos profissionais das instituições parceiras (fonoaudiologia, psicologia, pedagogia, nutrição); III. Capacitar os funcionários das instituições parceiras, pais e responsáveis, ao reconhecimento de agravos em saúde oral que necessitem de acompanhamento com o dentista; IV. Incentivar os discentes participantes à pesquisa, por meio de coleta de dados e levantamentos epidemiológicos; e ao ensino, através de palestras e outras atividades lúdico-educativas em âmbito escolar.
São metas da presente ação de extensão: .Realizar levantamento epidemiológico, ou seja, das necessidades específicas de cada um dos 220 alunos matriculados nas instituições parceiras; .Realizar atendimento clínico de, ao menos, 70 (30%) pacientes durante o ano de vigência do edital, respeitando as limitações de cada indivíduo; .Desenvolver, com 100% do público alvo, atividades de higiene bucal com foco no desenvolvimento de autonomia dos cuidados em saúde; .Desenvolver, com 100% dos pais/cuidadores e alunos, o incentivo às visitas regulares ao cirurgião-dentista, com foco na melhoria da saúde geral de todos os envolvidos com o projeto, direta ou .indiretamente; Minimizar o medo do dentista nos alunos atendidos, pela familiarização com o ambiente odontológico e práticas integradas de educação em saúde; .Minimizar a sensação de incapacidade de atendimento à pessoa com deficiência por parte dos discentes do curso de odontologia, através do contato contínuo com os alunos e da construção de um conhecimento conjunto ao corpo de funcionários presentes nas instituições, em suas diversas áreas de atuação. No que tange à previsão de impacto direto das ações do projeto, cita-se os 220 alunos matriculados nas instituições de ensino “Escola Estadual Aires da Mata Machado” e “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE”, e os 17 discentes de graduação em Odontologia atualmente vinculados ao projeto de extensão. Com relação à previsão de impacto indireto, cita-se todos os envolvidos no ambiente escolar em que os alunos estão inseridos (professores, pedagogos, psicólogos, nutricionistas, entre outros profissionais); os pais e/ou cuidadores dos alunos; e todos os alunos do curso de Odontologia, passíveis de participação em eventos abertos e mutirões para atendimento/levantamento epidemiológico.
Para que se atenda às metas e objetivos do projeto, os integrantes se organizarão em três frentes de ação, aplicando atividades diversas e de frequência variada durante todo o ano letivo. É válido ressaltar que, a cada período letivo, será confeccionada uma escala em que todos os discentes integrarão, em algum momento, todas as funções disponíveis para seu nível de desenvolvimento dentro do curso de graduação, sejam elas de atendimento ou auxílio aos atendimentos clínicos, prevenção, educação, promoção ou orientação em saúde. Cada aluno poderá desempenhar apenas uma função por semana. Segundo: 1) Atividades na clínica integrada da UFVJM: Todas as atividades clínicas serão ofertadas com frequência semanal, de maneira a que as escolas parceiras atuem como ponte entre a UFVJM e os pais/cuidadores dos alunos, para contato e monitoramento da participação destes. Descreve-se: .Atendimento clínico, com prioridade aos indivíduos mais necessitados, segundo seu índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-d), valendo-se de procedimentos de Odontologia Minimamente Invasiva, sempre que possível. .Adequação do meio bucal, com selamento de cavidades já existentes, profilaxia (limpeza) e aplicações tópicas de flúor; .Orientações em higiene oral e escovação supervisionada, antes e após o atendimento odontológico. 2) Atividades em âmbito escolar: Neste momento, as práticas serão ofertadas 2 vezes por semana em cada instituição, com escalas de duplas ou trios de alunos, segundo suas disponibilidades de horários no período letivo. Compete aos discentes da odontologia ações de Atenção Primária à Saúde que independam de consultório odontológico e produção de material didático de forma interdisciplinar, em conjunto aos profissionais presentes nas escolas parceiras; às instituições, supervisão e autorização do conteúdo didático a ser repassado aos alunos e avaliação do impacto da ação no cotidiano escolar, bem como dar suporte aos discentes participantes da ação de extensão no que for necessário; aos docentes participantes, supervisão e coordenação das ações, bem como avaliação das práticas. Para tanto, oferta-se: .Práticas lúdicas para contextualização da saúde oral no dia-a-dia, tais como gincanas, confecção de materiais educativos juntamente aos alunos e sessões “cinema”; .Distribuição de kits de higiene oral e escovação supervisionada; .Levantamento epidemiológico dos alunos, valendo-se da ficha do SBBrasil (Programa Brasil Sorridente) - Disponível em Anexo I, Outros; .Aplicação de questionários socioeconômicos, culturais e de saúde aos pais/cuidadores. Excepcionalmente: .Capacitação dos professores e demais funcionários das instituições parceiras à identificação e notificação de casos com necessidade de intervenção odontológica moderada a urgente, em caráter trimestral; .Produção de material didático para ações de saúde coletiva em conjunto aos profissionais da pedagogia e psicologia, a serem realizados mensalmente; .Oferta de oficinas e cursos para capacitação em libras e comunicação com a PcD, de maneira semestral, em parceria aos órgãos presentes nas instituições parceiras, tais como o CAS - Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez. 3) Atividade de ensino internas: Mensalmente ou bimestralmente, serão ofertadas atividades teóricas aos discentes participantes do projeto, que poderão ser abertas aos demais graduandos em Odontologia da UFVJM, no intuito de estimular a participação destes em atividades de pesquisa e ensino, indispensáveis à prática extensionista. Estas atividades poderão consistir em seminários, palestras, mesas redondas, aulas abertas, discussão de casos clínicos, a serem ofertados presencialmente ou à distância. Podem ser ministrados tanto por outros docentes da UFVJM quanto por profissionais de outras áreas e localidades. Os temas serão sempre relacionados à saúde e cuidados da PcD, definidos ao início de cada semestre letivo. Acerca do acompanhamento das ações, diz-se que todas serão monitoradas e supervisionadas tanto pelos diretores das instituições parceiras, quanto pelos docentes participantes (especialmente quando em clínica), com o preenchimento de fichas de avaliação mensal relacionadas à adequação da metodologia utilizada, sugestões e críticas. Com relação à avaliação da eficácia das intervenções odontológicas, serão realizadas reavaliações semestrais do Índice de Placa Bacteriana de 50%+1 dos pacientes atendidos, para mensurar a eficácia da abordagem de orientações em saúde do projeto, readequando-a, se necessário. Considere-se por Índice de Placa Bacteriana o instrumento pelo qual é possível medir o acúmulo de placa bacteriana em boca, fator essencial para a ocorrência da cárie (GOMES E SILVA, 2010). Por fim, sobre questões éticas, diz-se que não haverá, em nenhuma hipótese, divulgação de dados pessoais de nenhum paciente. O registro fotográfico dos casos clínicos ficará condicionado à autorização prévia do paciente ou responsável, assim como o acesso aos dados de prontuário por terceiros.
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A formação técnica dos alunos de odontologia da UFVJM permite que estes realizem a triagem e atendimento clínico dos pacientes em conformidade com as disciplinas de Clínica e Pré-clínica ministradas previamente, realizando desde procedimentos simples como profilaxia oral a restaurações mais complexas. Já a formação humanística do curso, em disciplinas como psicologia, saúde coletiva e sociologia, permite que os discentes se tornem abertos a compreender a realidade social dos pacientes com deficiência da “Escola Estadual Professor Aires da Matta Machado” e da “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais”, e a intervir de maneira correta, estimulando-os a participar ativamente das ações de saúde coletiva e demais atividades em âmbito escolar, além de prover uma base para que os discentes consigam manejar os alunos das escolas na clínica da UFVJM, de maneira a que estes se sintam seguros e permitam o atendimento odontológico do dia. Por sua vez, a participação dos discentes no projeto amplia a concepção de diversidade pelos estudantes da odontologia, que passam a compreender a necessidade de intervenção e compreensão da realidade social das pessoas com deficiência, para que atuem no processo de reinserção destas pessoas na comunidade. O convívio com pessoas com as mais diversas deficiências, desde motoras a psicológicas, faz com que os participantes do projeto se tornem aptos ao atendimento “personalizado” a todos os seus pacientes segundo suas necessidades individuais, o que culmina na equidade como alicerce para sua formação acadêmica. Além, o apoio e diálogo com os profissionais de outras áreas, como pedagogos, fisioterapeutas, nutricionistas e outros, faz com que o paciente seja visto de forma integral, ou seja, como indivíduo completo, e não apenas como objeto para intervenção odontológica, estimulando a interdisciplinaridade. Uma calibração é realizada semestralmente, para capacitar e padronizar a triagem dos pacientes, consistindo na definição teórica do que deve ser reconhecido e sobre como intervir. A capacitação ao atendimento clínico é realizada pelas próprias disciplinas da graduação de Clínica e Pré-clínica prévias, de maneira a que os alunos do 4º período são aptos a realizar profilaxia oral e triagem, e os alunos do 5º período acima são capazes de atender as outras demandas. Cada atendimento é individualizado, sendo as adequações realizadas pelos próprios discentes e pelos docentes colaboradores do projeto no dia do atendimento, experientes no atendimento à PcD. O mesmo acontece na capacitação dos discentes a escovação supervisionada e na prestação de orientações em higiene oral. Para a parte de pesquisa do projeto, calibra-se os membros, padronizando as legendas utilizadas em cada questionário. Todas as atividades lúdicas realizadas pelos participantes do projeto são realizadas em conjunto com o corpo de funcionários da escola e com os docentes colaboradores, quando em clínica, para atender as necessidades de cada aluno e para análise da efetividade destas ações no cotidiano escolar e pessoal destes. Há o apoio de todos os profissionais da saúde ali presentes para sanar quaisquer dificuldades encontradas pelos discentes. Já as atividades de produção de material didático são realizadas conjuntamente com as escolas, para que estas possam supervisionar e auxiliar na aplicação destes materiais. As atividades lúdicas consistem em jogos e brincadeiras de contexto odontológico, além de filmes e outros desenhos para compreensão da ação do dentista. Em todos os casos, os discentes serão acompanhados e avaliados pelo docente encarregado e pelos colaboradores do projeto; pelo corpo de apoio, professores e funcionários da escola, por meio da observação direta de suas ações e pela análise de todo o conteúdo produzido pelos alunos durante a participação no projeto, incluindo o empenho e evolução pessoal de cada um. Em todo caso, o estudante desempenhará uma função obrigatória semanal, que poderá compreender ações na Clínica Escola da UFVJM, ou nas escolas, rotacionando entre as funções disponíveis em todo o ano. Ocasionalmente, serão ofertadas outras atividades, as quais o discente poderá participar: .Capacitações semestrais; .Produção mensal de materiais didáticos; .Participação semestral em cursos, capacitações ou oficinas ofertadas pelas instituições parceiras; .Participação mensal ou bimestral em ações de ensino.
Este Projeto teve início no ano de 2013 por meio dos Editais Pibex. Durante esses anos, os alunos da escola estadual "Aires da Matta Machado" foram acompanhados semanalmente, durante os períodos letivos, pela equipe do Projeto, com ações educativas e atendimento clínico. No ano de 2020, o projeto foi ampliado para atender, também, aos alunos da "Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais”, a APAE. Nossa intenção é consolidar e ampliar o Projeto, o que se torna inviável sem o apoio financeiro da PROEXC. É válido ressaltar que este projeto de extensão vem se adequando a evolução entorno do tratamento à pessoa com deficiência, trazendo anualmente discussões sobre inovações em Odontologia para PcD e conceitos tais como inclusão, capacitismo e democratização do cuidado odontológico, de extrema relevância social.
Público-alvo
Diz referência aos alunos matriculados tanto nas salas de aula do ensino regular, quanto nas salas de recursos multifuncionais, que são turmas que participam de atividades complementares, no contraturno escolar, segundo a política do AEE - Atendimento Educacional Especializado. Serão atingidos diretamente: Alunos da “Escola Estadual Professor Aires da Matta Machado” (atualmente, 160), alunos da “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais” (atualmente, 60). Indiretamente, serão atingidos pelas ações ofertadas pelo projeto, os pais e cuidadores (aproximadamente 130 pessoas) deste quantitativo de alunos, que possuem contato com a clínica-escola da UFVJM no momento da triagem, levantamento epidemiológico e atendimento clínico, e são orientados quanto à importância de se ter uma boa higiene oral e uma boa alimentação, sobre agravos em saúde oral, como reconhecer alterações em boca e quando procurar atendimento especializado, bem como sobre quaisquer outros temas relacionados à saúde oral da pessoa com deficiência.
Diretamente, serão atingidos pelas ações do projeto, todos os funcionários diretamente ligados às instituições parceiras, compreendendo tanto os da gestão escolar (diretores, coordenadores, supervisores), quando os das áreas complementares (nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos, pedagogos...). Indiretamente, serão atingidos todos os funcionários terceirizados (tais como limpeza, cozinha e técnicos em geral).
Diretamente, todos os 17 alunos que participam como extensionistas vinculados ao projeto em submissão; indiretamente, todos os demais alunos do curso de Odontologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, através de mesas redondas, palestras e eventos mediados pelo projeto de "Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência em Diamantina/MG", em caráter de aula aberta a todos os estudantes deste curso de graduação na instituição.
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
O projeto conta com uma parceria com a Escola Estadual "Professor Aires da Matta Machado", uma escola em caráter de educação especial, que atua em conjunto com uma equipe multidisciplinar, composta por uma psicóloga, pedagogos, fonoaudiólogo, nutricionista e outros profissionais de apoio, que fomentam a base de cuidados aos alunos atendidos, de maneira a que não haja atendimento odontológico especializado diretamente ligado à escola. Desta forma, a instituição se torna responsável por auxiliar bolsista e coordenador do projeto na elaboração dos cronogramas de ações, materiais didáticos, ações na escola e fornecer dados para as atividades clínicas, através de relatórios dos paciente e de orientações acerca do manejo destes, em virtude de suas necessidades específicas e inerentes á deficiência. Também, é função da escola parceira, supervisionar e avaliar todas as ações realizadas, para que haja mensuração da efetividade da metodologia aplicada. A escola possui alunos da região como um todo, com turmas fixas de escolarização segundo a idade, e também, em caráter de sala de recursos multifuncionais, atuando segundo a política nacional de educação especial, no contraturno escolar, sendo possível acompanhar esta rotina e prestar orientações aos alunos ainda neste momento. São realizadas reuniões frequentes para discutir as metas, objetivos e atuação do projeto junto à escola, bem como para propor adequações metodológicas e discutir os resultados já obtidos. A Escola Estadual "Professor Aires da Matta Machado" possui consciência do vínculo que mantém com o projeto de "Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência", segundo a carta de anuência anexada ao final do documento para submissão ao PIBEX-UFVJM. A parceria é de extrema importância para a manutenção do projeto devido ao acesso aos alunos ou contato com suas famílias, para manutenção dos atendimentos odontológicos e triagens; há complementação dos temas trabalhados em sala, conjuntamente aos discentes da odontologia, que fornecem uma visão técnica e baseada em evidências científicas, sobre os cuidados em saúde geral e oral a serem seguidos. Há de se ressaltar, também, a possibilidade de complementação teórica dos discentes participantes do projeto, através de ações promovidas pela própria escola em parcerias internas muito benéficas, tais como o curso de libras ministrado pelo CAS (Centros de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez), no período de 2021/2, com objetivo de facilitar o manejo de pacientes com deficiência auditiva pelos discentes extensionistas, o que torna inviável a existência do projeto sem esta parceria. A equipe da escola estadual "Professor Aires da Matta Machado" se mostrou extremamente receptiva e aberta a novas metodologias durante o ano de 2021, sendo uma instituição muito participativa em todas as atividades propostas e ministradas pelo projeto, desde o início de sua parceria.
O projeto conta com uma parceria com a "Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais", uma escola em caráter de educação especial, que atua em conjunto com uma equipe multidisciplinar, composta por uma psicóloga, pedagogos, fonoaudiólogo, nutricionista e outros profissionais de apoio, que fomentam a base de cuidados aos alunos atendidos, de maneira a que não haja atendimento odontológico especializado diretamente ligado à escola. Desta forma, a instituição se torna responsável por auxiliar bolsista e coordenador do projeto na elaboração dos cronogramas de ações, materiais didáticos, ações na escola e fornecer dados para as atividades clínicas, através de relatórios dos paciente e de orientações acerca do manejo destes, em virtude de suas necessidades específicas e inerentes á deficiência. Também, é função da escola parceira, supervisionar e avaliar todas as ações realizadas, para mensurar a efetividade da metodologia utilizada durante as atividades. A escola possui alunos de Diamantina, sendo possível acompanhar esta rotina e prestar orientações aos alunos ainda no momento da escolarização. São realizadas reuniões frequentes para discutir as metas, objetivos e atuação do projeto junto à escola, bem como para propor adequações metodológicas e discutir os resultados já obtidos. A "Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais" possui consciência do vínculo que mantém com o projeto de "Atenção Odontológica à Pessoa com Deficiência", segundo a carta de anuência anexada ao final do documento para submissão ao PIBEX-UFVJM. A parceria é de extrema importância para a manutenção do projeto devido ao acesso aos alunos ou contato com suas famílias, para manutenção dos atendimentos odontológicos e triagens; há complementação dos temas trabalhados em sala, conjuntamente aos discentes da odontologia, que fornecem uma visão técnica e baseada em evidências científicas, sobre os cuidados em saúde geral e oral a serem seguidos. Há de se ressaltar, também, a possibilidade de complementação teórica dos discentes participantes do projeto, através da interação com o grupo interdisciplinar da instituição. A equipe da APAE/Diamantina se mostrou extremamente receptiva e aberta a novas metodologias durante o ano de 2021, sendo uma instituição muito participativa em todas as atividades propostas e ministradas pelo projeto, desde o início de sua parceria.
Cronograma de Atividades
Atendimentos clínicos, baseados em Odontologia Minimamente Invasiva, quando necessário. Compreende todos os procedimentos desempenhados na Clínica Integrada do curso de Odontologia da UFVJM (sediada ao Campus I), incluindo limpezas (profilaxias) e aplicações tópicas de flúor.
Consiste em orientações sobre higiene oral, tais como uso da escova de dentes e fio dental, prevenção de agravos em boca, reconhecimento de quando deve haver procura pelo cirurgião-dentista e outros temas relacionados à saúde oral da PcD, a serem desenvolvidos tanto em âmbito escolar, quanto antes e após os atendimento clínicos.
Serão realizadas escovações supervisionadas, semanalmente, tanto nas escolas parceiras, quanto na clínica integrada. Quando em ambiente universitário, será utilizado o escovódromo próprio; quando nas escolas, haverá orientações em higiene oral seguidas de escovação supervisionada após o lanche do turno escolar.
Semanalmente, serão desenvolvidas em ambas as instituições parceiras, atividades lúdicas integradas aos outros profissionais da saúde presentes nas escolas, consistindo em gincanas, criação de conteúdo junto aos próprios alunos, sessões cinema e outras práticas, inclusivas, que possam tornar o aprendizado sobre higiene corporal e oral mais tranquilo e contextualizado à realidade escolar. Todas as práticas objetivam trabalhar temas sobre saúde da PcD e a prevenção de doenças orais.
Ao início de todo ano letivo, é de praxe trocar as escovas utilizadas pelos alunos, através da distribuição de kits de higiene oral contendo pasta de dentes com flúor, escova de dentes macia e fio dental. Há o acompanhamento da utilização das escovas durante todo o ano, através de escovações supervisionadas. Ainda durante o ano letivo, podem haver novas distribuições, a depender do grau de evolução dos alunos no que tange ao controle da técnica de escovação correta.
Semanalmente, nas escolas, haverá uma pessoa responsável pela realização de levantamentos epidemiológicos, que consistem na avaliação da cavidade oral dos alunos, mensurando o grau de comprometimento das estruturas dentárias e o caráter de sua necessidade de intervenção odontológica (urgência ou não), para que seja traçado o cronograma de atendimentos clínicos na Clínica Integrada da UFVJM a partir daqueles mais necessitados. Os levantamentos também funcionam como coleta de dados e estatísticas, que podem ser acessadas para avaliação da efetividade da metodologia utilizada pelo projeto sempre que necessário. São realizados utilizando a ficha do SBBrasil - Programa Brasil Sorridente, disponível em anexo ao final do projeto de submissão.
Adicionalmente ao levantamento epidemiológico, outra parte muito importante da coleta de dados é a aplicação de questionários aos pais e cuidadores dos alunos matriculados nas instituições parceiras, para avaliação da realidade em que cada família está inserida, bem como para uma melhor compreensão de cada deficiência apresentada. A partir dos formulários, aplicados por um membro da equipe, valendo-se da disponibilidade de horários dos pais, é possível traçar estratégias de prevenção às doenças orais mais prevalentes na família ou ambiente de convívio, bem como traçar metas de higiene oral a serem atendidas mensalmente pelos alunos e pelos pais. Nesse momento é, também, possível impactar diretamente os responsáveis por cada aluno, através de orientações e educação em higiene bucal.
Capacitação de todo o corpo de funcionários das escolas parceiras ao reconhecimento de casos moderados a severos de agravos em saúde bucal, para que haja a procura do cirurgião-dentista nestes casos. Será feito através de reuniões ou palestras, anualmente, podendo estender-se a semestralmente, dependendo da disponibilidade dos profissionais e do espaço físico das instituições.
Mensalmente, será discutido pela equipe do projeto, em conjunto ao corpo de funcionários das escolas, temas de relevância à saúde bucal e geral da PcD, para que haja produção de um material didático inclusivo e acessível a todos os alunos, para distribuição durante o mês. O mesmo acontece para o planejamento de todas as ações lúdicas realizadas em âmbito escolar. Todas estas atividades serão supervisionadas pelos próprios profissionais, denotando um verdadeiro trabalho interdisciplinar e visando a troca de saberes em todas as etapas deste projeto de extensão.
Durante o período de início e término da atividade, será eleito um dia ou período para que sejam ofertadas oficinas diversas aos discentes extensionistas do projeto, no intuito de contribuir com sua formação e torná-los profissionais mais aptos ao atendimento à PcD. As oficinas serão ofertadas pelas próprias instituições parceiras, dentro de suas competências, o que pode ser exemplificado pelo curso de libras fornecido pelo CAS da Escola Estadual Professor Aires da Matta Machado, de forma gratuita e à distância, no ano de 2021.
Mensalmente será eleito um dia para realização de eventos de ensino, de caráter aberto ao público de alunos de graduação em Odontologia da UFVJM ou de outras instituições, ou restritos apenas aos participantes do projeto, compreendendo palestras, seminários, discussão de casos clínicas, mesas redondas e grupos de discussão. Todas as atividades aqui descritas tem por objetivo aprimorar os conhecimentos acerca da saúde da PcD, tornando os discentes da Odontologia mais aptos ao atendimento humanizado, integral e inclusivo a estes pacientes. As atividades poderão contar com a participação de docentes do próprio curso ou de outras áreas ou mesmo localidades, o que é definido ao início de cada ano letivo do projeto.
Mensalmente, serão preenchidas pelos diretores das instituições parceiras, fichas de avaliação da eficácia da metodologia utilizada, assim como observações e sugestões que serão levadas a debate interno e acolhidas sempre que possível, para adequação das ações realizadas.
Ao final do ano, ou semestralmente, serão realizadas reavaliações de 30% dos pacientes atendidos durante o período de tempo pré-determinado, a fim de se verificar o índice de placa presente nesses pacientes, quando em comparado ao primeiro atendimento, denotando um indicador de eficácia do atendimento clínico e das ações de prevenção, orientação, educação e promoção de saúde desempenhadas nas escolas.