Detalhes da proposta

MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    etel rocha vieira

    Número de inscrição:

    2023101202337868

    Unidade de lotação:

    famed

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências da saúde

    Área temática principal:

    saúde

    Área temática secundária:

    educação

    Linha de extensão:

    infância e adolescência

    Abrangência:

    municipal

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

barbara silva vicentini Voluntário(a)

maria isabel martins de castro Bolsista

mayumi de oliveira drumond Voluntário(a)

bethania de sousa gomes Voluntário(a)

isabella fernandes machado Voluntário(a)

ludimila maria barroso de amorim Voluntário(a)

isabella azevedo martins Voluntário(a)

ana luisa meira teixeira Voluntário(a)

larissa paes toledo Voluntário(a)

roberta vasconcelos leite Vice-coordenador(a)

Resumo

O projeto objetiva promover aulas e grupos de discussão com a comunidade universitária e externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. Tem-se como metas realizar, ao menos, 9 (nove) aulas ou palestras ministradas por profissionais convidados, com público de pelo menos 40 (quarenta) pessoas no total; e 9 (nove) encontros nas instituições parceiras conduzidos pelas integrantes do projeto, com participação de ao menos 15 (quinze) alunas em cada um.


Palavras-chave

saúde feminina, proteção feminina, empoderamento feminino


Introdução

Quando se observa a sociedade, percebe-se que nascer mulher é uma condição que por si só carrega inúmeras funções e significados. Historicamente, sua identidade foi construída pautada em uma perspectiva voltada aos cuidados domésticos e, apesar dos avanços, ainda hoje há discriminação quando a mesma ocupa outras esferas (COUTINHO; MENANDRO, 2015). Para Galetti (2013), estar inserida em outros espaços só é possível se ela exerce de forma plena a função de ser mãe e esposa. Considerando tais questões, emerge a importância do empoderamento feminino que, em linhas gerais, seria a libertação das mulheres em todos os âmbitos, tanto individual quanto como instrumento de desmonte das estruturas patriarcais (SARDENBERG, 2019). Segundo Alves e Oliveira (2020), “mulheres empoderadas são sujeitos sociais emancipados, capazes de perceberem, refletirem e interpretarem sua realidade social”. Dada a importância e o poder transformador que o tema guarda, a discussão em ambientes de ensino com mulheres ainda jovens é algo imprescindível, uma vez que ainda na infância os marcadores de gênero são incorporados à identidade das crianças (BOTTON; STREY, 2019), sendo necessário que essa reflexão ocorra o mais cedo possível. Diversas são as consequências desses marcadores sociais, principalmente para as mulheres, como por exemplo: gravidez precoce, abuso sexual de meninas e mulheres e outros tipos de violência de gênero (BOTTON; STREY, 2019). Ou seja, ofertar esse debate, no âmbito de instituições educacionais, além de urgente, oferece às mulheres envolvidas uma oportunidade de conhecer, interpretar e ter autonomia sobre a própria identidade, o que propicia meios de mudança para essa realidade social. Com esse projeto, espera-se que os conhecimentos adquiridos no contexto de ensino e pesquisa no âmbito universitário e consolidados por meio de diálogos com atores sociais da cidade que têm se debruçado sobre o tema, possam embasar intervenções dentro de instituições educativas, abarcando debates sobre saúde feminina, violência de gênero e suas derivações, além de empoderar as meninas participantes, evidenciando que todos os espaços e esferas sociais podem ser ocupados por elas. Baseado em alguns trabalhos que debatem sobre o influência dos espaços educacionais na construção da identidade (BOTTON; STREY, 2019; LOURO, 1997; POLLYANA; VANDERLEY, 2017), este projeto pretende explorar o potencial formador que essas instituições possuem, promovendo a discussão e reflexão de tais temas, para assim contribuir com a formação de meninas capazes de questionar as situações do cotidiano às quais são e serão expostas. Ao articular ensino, pesquisa e intervenção, o projeto pretende organizar palestras e aulas abertas ao público, ancoradas em conhecimentos científicos e dados atualizados, que serão norteadores para as integrantes do projeto posteriormente desenvolverem os temas trabalhados em forma de dinâmicas com alunas da educação básica do município de Diamantina. Pretende-se que tanto as palestras e aulas abertas quanto as rodas de conversa sejam ocasião de intercâmbio de saberes entre diferentes áreas da ciência, da sociedade e do Estado (saúde, educação, segurança pública, etc.), fomentando a interdisciplinaridade e interprofissionalidade. Os conteúdos abordados serão diversos, mas terão como base três eixos principais: “Saúde da mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. É esperado que o público alcançado sejam meninas, crianças e adolescentes, que frequentam as escolas e instituições parceiras, bem como discentes, docentes, técnicos, familiares e quaisquer pessoas que se interessem pelo assunto em questão. Como metas, espera-se a participação de no mínimo 20 pessoas nas aulas abertas e ao menos 15 alunas durante as ações nas escolas, prevendo que haverá impactos diretos na formação das participantes e indiretos na minimização das consequências da desigualdade de gênero. Durante as aulas e grupos de discussão, será possível proporcionar um ambiente interdisciplinar e de troca de conhecimentos entre discentes e docentes de diversos cursos, técnicos-administrativos da UFVJM e membros da comunidade externa. Espera-se o desenvolvimento de habilidades interpessoais das discentes por meio da fala e da escuta de diferentes narrativas num processo de aprendizagem horizontal, onde todo saber é valorizado.


Justificativa

De acordo com as diretrizes do Regulamento de Ações de Extensão da UFVJM, este projeto se encaixa na área temática 6 - Saúde, e na linha de extensão 27 - Infância e Adolescência, tendo em vista que busca-se promover debates no intuito de incentivar, servir de apoio e fonte de conscientização para o empoderamento feminino de crianças e adolescentes, acreditando que esse se mostra como o melhor caminho para a alteração de estruturas sociais que subjugam as mulheres a uma posição de inferioridade, tornando-as vulneráveis a situações de violências físicas, psicológicas, verbais e materiais. O estado de subjugação e de submissão no qual as mulheres se encontram perante os homens tem raízes históricas e, mesmo considerando todos os avanços conquistados pelo movimento feminista, é ainda perpetuado na criação das meninas e respaldado nos contextos sociais que essas frequentam ao longo de suas vidas. Simone de Beauvoir (1970, p. 10) remete esse ideal de subjugação aos mais remotos escritos bíblicos “em que Eva aparece como extraída [...] de um ‘osso supranumerário’ de Adão.”. Esse ideário se propaga em uma noção de que o homem é um ser completo, ao passo que a mulher não existe por si própria, a subjuga em uma condição, definida pela autora, como um “segundo sexo”. Enquanto o homem se apresenta como o Sujeito, a mulher é o Outro. A recusa em permanecer nessa posição se mostra como um afronte aos seus “superiores”, o que pode implicar no empoderamento como uma tarefa difícil de ser concretizada sem apoio. Essa visão que se perpetua em nosso cotidiano possui reflexos em todas as áreas da sociedade. Dentre esses, a divisão sexual do trabalho, que encontra respaldo de perpetuação na emancipação feminina e possibilidade de sustento próprio, mas que submete a mulher a uma jornada dupla de trabalho, conferindo a ela toda a responsabilidade dos afazeres domésticos e familiares, para além do conquistado direito de ter um profissão. De acordo com o IBGE, em 2018 as mulheres dedicavam cerca de 21,6 horas por semana para a realização de tarefas domésticas, o dobro do tempo que os homens gastavam com as mesmas atividades (10,9 horas). A divisão sexual do trabalho, para além da obrigação de uma jornada dupla, divide as profissões entre aquelas “apropriadas” para mulheres e aquelas “apropriadas” para os homens, impondo, ainda, uma hierarquização entre elas, estigmatizando as mulheres como as mais fracas, menos capazes e biologicamente predestinadas a seguirem um determinado tipo específico de carreira (KERGOAT, 2009). A questão se afunila ainda mais quando é realizado um recorte de classe e raça, em que as análises nos mostram que as heranças sombrias de um Brasil escravocrata ainda cerceiam muito as potencialidades de meninas em todo o país. Como bem ressaltado por Cinzia Arruzza, Thiti Bhattacharya e Nancy Fraser (2020) em sua obra “O feminismo para as 99%”, tal legado é claro nos dias de hoje e não pode ser excluído das pautas de movimentos que lutam pelos direitos do ser mulher. Em suas palavras: "No país que ainda tem “quartinho de empregada”, não é possível um feminismo que não enfrente radicalmente, frontalmente, a exploração daquelas, majoritariamente negras, que no silêncio dos lares ricos brasileiros experimentam no corpo uma nova forma de escravidão". (ARRUZZA; BHATTACHARYA; FRASER, 2020 p. 12). Contudo, essa divisão não é de todo imutável e, para reverter esse cenário, é necessário promover um debate que questione a sua própria existência. Debate esse que o presente projeto objetiva promover, buscando o ambiente potencialmente transformador que se apresenta nas instituições educacionais com o intuito de reverter o sentimento de predestinação previamente mencionado nas estudantes que farão parte das ações a serem implementadas. Nesse contexto, respaldado por uma estrutura social e política tem-se uma banalização da dominação masculina, que, como afirmado por Bourdieu (2002), desencadeia violências de tal forma legitimadas pela ordem social ao ponto de não possuir necessidade de serem enunciadas. Assim, soma-se às discussões já levantadas a problemática da violência contra mulher, que mesmo com estatísticas altas enfrenta o problema da subnotificação, tendo em vista que a denúncia nem sempre é realizada. Esse panorama se deve à vergonha e ao receio de denunciar, além do desconhecimento por parte das mulheres, em geral, de quais ações configuram violências, tendo em vista que a maioria das denúncias partem de agressões físicas, desconsiderando muitos momentos prévios de humilhações verbais, materiais e psicológicas. Levando em consideração o componente histórico e social que mantém em voga a naturalização da ocorrência de tais atos, é totalmente lógico que em situações de vulnerabilidade socioeconômica, como a realidade de grande parte do Vale do Jequitinhonha, essa situação se agrave. Essa relação surge principalmente nos menores índices de educação, que dificultam a promoção de discussões como a igualdade de gênero, o machismo e possibilidades de ocupação de posições que garantam independência social e financeira (HEMMI; MÁXIMO; BARROSO; TENUTA, 2020). No município de Diamantina, por exemplo, foram relatadas 422 ocorrências no ano de 2014, sendo 82,4% dessas ocorridas entre mulheres negras (RIBEIRO, 2016). Temos como um resultado de toda essa discussão o pouco conhecimento de meninas e mulheres a respeito de toda essa estrutura que as subjuga, de seus direitos e, até mesmo, de seu próprios corpos, o que implica em um cenário precário de saúde da mulher em tópicos básicos, como menstruação, gravidez, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, higiene pessoal, além do conhecimento de seus direitos enquanto cidadãs, entre outros tópicos que atuem no sentido de empoderar meninas, visando transformação social naqueles que serão o futuro da nossa sociedade. Sendo garantido pelo artigo 7° do Estatuto da Criança e do Adolescente o direito à proteção à vida e à saúde por meio de políticas sociais públicas, é crucial que projetos se voltem a essa realidade, promovendo um conhecimento que gera impactos positivos de curto prazo, para além das transformações que se perpetuam por toda a vida dessas crianças e adolescentes (BRASIL, 1990). Ambicionando a promoção de mudança nesse panorama, vê-se a necessidade de levar as discussões sobre promoção de saúde da mulher, autodefesa e oportunidades profissionais para instituições educacionais, sempre em diálogo com os saberes que já existem nessas instituições e que cada menina traz consigo. Assim, a extensão se articula pelas intervenções diretas na comunidade, por meio da promoção das discussões apresentadas, promovendo conscientização das estudantes. O ambiente educativo foi escolhido por se tratar de um locus propício para a promoção de programas de saúde e educação, acreditando na educação como instrumento transformador e visando um impacto positivo na percepção de crianças e adolescentes sobre si próprias, suas potencialidades para o futuro e sobre o panorama de violência que perpassa a vida de todas as mulheres. Busca-se ainda a articulação com o ensino universitário, pela promoção de capacitações prévias às intervenções promovidas dentro do mesmo eixo temático, expandindo o debate de forma a impactar positivamente sua abordagem pelos discentes, docentes e demais profissionais envolvidos. Por fim, espera-se, futuramente, utilizar-se de todo o potencial transformador do projeto no sentido de expandi-lo para o âmbito da pesquisa. Assim, é priorizada a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, contribuindo para a expansão da promoção de benefícios a todos os envolvidos, comunidade universitária e demais setores da sociedade. Contemplado no edital Pibex 2022, ao longo do corrente ano, o projeto “MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino” tem se mostrado muito enriquecedor e proveitoso a todas as envolvidas. Dos 9 previstos, já foram realizados 6 encontros virtuais abertos ao público em geral nos quais foi possível construir interações dialógicas com membros da comunidade externa sobre temas como feminismo, história da violência de gênero, abordagem da violência contra a mulher, doenças sexualmente transmissíveis , empreendedorismo, saúde íntima, dentre outros. A equipe de execução conta atualmente com 18 discentes extensionistas do curso de medicina. Nas 6 rodas de conversa já realizadas na instituição parceira, Vila Educacional de Meninas - VEM, participaram cerca de 45 meninas com idades entre 12 e 16 anos. O formato interativo das intervenções permite uma troca de experiências que estimula os conhecimentos das extensionistas, além de aprimorar suas habilidades de comunicação e empatia. Para além disso, o retorno das adolescentes participantes tem sido muito positivo, sendo possível observar o estabelecimento de vínculos com as extensionistas, movimento que favorece o estabelecimento de um ambiente confortável e propício a discussões. De forma geral, tem sido possível superar as adversidades que se apresentaram, como a timidez inicial por parte das adolescentes e a necessidade de alterações nos grupos de extensionistas que acompanharam cada turma na instituição ao início do processo (em virtude das alterações de horários de cada uma por ocasião da mudança do semestre letivo). Estima-se, por esse tempo de experiência, que a propagação de conhecimentos baseados na saúde e na ciência, seguirão fortalecendo as adolescentes na tomada de decisões benéficas para a própria vida, e também que as extensionistas poderão se aproximar de seus interesses e necessidades cada vez mais. É de interesse das extensionistas, sendo possível a continuação do trabalho realizado no atual projeto, expandir as abordagens e o aprofundamento de cada tema por meio da inclusão de discentes de outros cursos da universidade. Vale ressaltar que resultados parciais do projeto já foram apresentados em 2 trabalhos em evento científico, sendo que um deles foi contemplado com uma menção honrosa. Pretende-se dar continuidade a essa divulgação do projeto por meio da submissão de trabalhos a mais eventos e periódicos científicos.


Objetivos

Objetivo geral: Promover aulas e grupos de discussão envolvendo a comunidade universitária e externa sobre empoderamento feminino na perspectiva de três eixos temáticos: “Saúde da Mulher”, ”Como me defender” e “Eu posso”. Objetivos específicos: - Realizar grupos de discussão e palestras abertas ao público sobre os três eixos temáticos; - Capacitar as integrantes do projeto para discutirem os temas dos três eixos temáticos nas rodas de conversa com a comunidade externa; - Contribuir com a formação da identidade de gênero de meninas em idade escolar; - Colaborar com a construção do pensamento crítico, político e social de todos os participantes; - Proporcionar visão mais ampla do futuro profissional de meninas em idade escolar; - Compartilhar vivências e experiências individuais sobre os temas abordados nos encontros.


Metas

Impacto direto: - Ampliar o conhecimento dos participantes acerca dos assuntos discutidos - Formação feminista e crítica dos participantes - Possibilitar a mulheres amparo e ciência de seus direitos e de suas possibilidades - Capacitar as discentes participantes do projeto sobre os temas para as ações nas instituições parceiras - Possibilitar às participantes uma visão do futuro profissional mais ampla Impacto indireto: - Integração das comunidades interna e externa na universidade - Melhoria nas habilidades de lidar com o público e de promover debates - Integração de discentes, docentes e técnicos-administrativos de diversos cursos da UFVJM - Ampliação das possibilidades futuras profissionais e humanas das participantes - Fomentar a visão crítica política e social acerca dos temas discutidos Indicadores numéricos: 9 (nove) aulas ou palestras ministradas por profissionais convidados, com público de pelo menos 40 (quarenta) pessoas no total; 9 (nove) encontros nas instituições parceiras conduzido pelas integrantes do projeto, com participação de cerca de 15 (quinze) alunas em cada um; 1 (um) encontro ao final de cada ciclo de rodas de conversa nas instituições parceiras; 1 (um) encontro bimestral de supervisão, ao longo dos 12 meses.


Metodologia

O projeto irá trazer para discussão três grandes temas: “Saúde da Mulher”, “Como me defender” e “Eu posso”. Na temática “Saúde da mulher” serão trabalhadas questões sobre saúde íntima, prevenção de doenças e saúde mental das mulheres. Na temática “Como me defender”, serão abordados os tipos de violência contra a mulher, como identificar as diversas formas de violência e abuso, amparos legais da vítima – como denunciar e a quem recorrer – além de discussões sociais e políticas que levam à prevalência da violência de gênero na sociedade. Dentro do tema “Eu posso” será trabalhado o empoderamento feminino voltado à questão profissional, em que serão abordados pontos do futuro profissional, o machismo em diversas profissões e, também, o empreendedorismo em diversos meios. Tais temas serão abordados por meio de: 1) palestras e aulas virtuais ou presenciais na universidade, sempre abertas a toda a comunidade e 2) rodas de conversas com meninas que frequentam a instituição parceira. Além das rodas de conversas, as meninas poderão ser convidadas a conhecer outros espaços da cidade, como a universidade, e apresentadas a pessoas que possam agregar o debate sobre os eixos citados. Para as palestras e aulas direcionadas à comunidade de forma geral, serão convidados profissionais que tenham ampla experiência e conhecimento a respeito de um dos temas mencionados ou ainda as próprias discentes extensionistas poderão ser as mediadoras da discussão, a depender da complexidade do tema. Serão no mínimo 9 eventos, abertos a toda comunidade, que ocorrerão da seguinte maneira: o mediador irá conduzir a discussão a partir de pontos mais relevantes sobre o tema dando abertura para questionamentos, trocas de saberes e discussões mais amplas, para que sejam contemplados diversos pontos de vista. Tais eventos poderão ocorrer em parceria com outras entidades da Faculdade de Medicina e da universidade, como ligas acadêmicas e coletivos que contemplem o assunto em questão. A participação nesses momentos será obrigatória para as integrantes da equipe de execução, tendo em vista que servirão de capacitação para as discentes extensionistas que irão posteriormente abordar tais temáticas de maneira adaptada na instituição parceira. Com relação às rodas de conversa promovidas na instituição educativa, será proposto o sentar em roda, que busca favorecer uma relação horizontal e igualitária, onde todos os presentes terão espaço de fala. Os temas e métodos de abordagem serão definidos de acordo com a demanda e conjuntamente com a instituição parceira, dentro dos eixos supracitados. As ações ocorrerão em horários indicados pela instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre. As extensionistas serão divididas em grupos menores com o intuito de abranger um número maior de turmas. Cada roda de conversa poderá ser desenvolvida a partir de uma dinâmica específica elaborada da forma como o grupo em questão achar mais proveitoso, levando em consideração o interesse e a idade das meninas da turma em que o assunto será trabalhado. A fim de evitar constrangimentos, será disponibilizado para as meninas uma caixinha confeccionada pelas discentes extensionistas para que seja possível realizar perguntas de maneira anônima, sendo elas respondidas no mesmo encontro ou no próximo, a depender da disponibilidade de tempo e do conhecimento prévio das extensionistas. Além disso, de acordo com o tema tratado, as adolescentes poderão ser apresentadas a lugares e pessoas que possam contribuir com as discussões, como uma forma de exemplo e inspiração para elas. A fim de compreender como está sendo a experiência das extensionistas e promover maior integração entre as mesmas, ao final de cada ciclo de rodas de conversa nas instituições, será proposto uma reunião presencial, com duração de uma hora, para que seja possível compartilhar os sentimentos, dificuldades e percepções acerca dos encontros nas instituições parceiras. Além disso, essas reuniões serão necessárias para alinhar os encontros seguintes. Primeira etapa: Revisão Bibliográfica para definição dos temas a serem abordados Serão realizadas buscas nas principais bases de dados, pelas discentes extensionistas, de artigos e estudos que demonstrem as demandas de meninas em idade escolar que, se sanadas, contribuam para a mudança de realidades sociais postas. Seguindo os três eixos do projeto, o objetivo é trabalhar três temas dentro de saúde feminina, três temas que envolvam proteção aos diversos tipos de violência e três temas que trabalhem o empoderamento feminino. A partir disso, a continuidade da abordagem dos assuntos a serem pleiteados serão definidos. Segunda etapa: Busca dos profissionais e de parcerias para as palestras e aulas abertas à comunidade Com as temáticas definidas, começará uma busca ativa por profissionais capacitados a abordarem os temas mais complexos de forma mais aprofundada, bem como a busca por entidades parceiras no desenvolvimento de tais momentos. Essas palestras e aulas se darão de forma virtual no youtube ou presencial nos espaços da universidade. Terceira etapa: Palestras e aulas - capacitação das discentes extensionistas Serão realizados nove eventos para trocas de saberes com a comunidade externa, os quais serão também ocasião de capacitação das extensionistas. Os encontros ocorrerão de forma virtual ou presencial e terão a duração de duas horas. Serão discutidos os principais pontos que cercam a questão trabalhada, com o intuito de que as extensionistas sejam capazes de, a partir daí, elaborar dinâmicas acessíveis para abordar o assunto de forma didática na instituição parceira. As falas serão mediadas por uma das extensionistas, e serão abertas ao público, para que haja trocas, discussões e esclarecimentos. Essas palestras e aulas serão abertas a toda comunidade universitária e externa. Quarta etapa: Realização das rodas de conversa na instituição parceira Serão realizadas nove rodas de conversa na instituição parceira, em horários indicados por sua coordenação. As participantes das rodas também serão definidas pela coordenação da instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre. Como planejamento inicial, cada roda terá como temática principal os assuntos pré-definidos na primeira etapa, mas cada encontro será ajustado a partir da interação dialógica com as demandas da instituição e da turma de meninas participantes. As rodas terão duração de uma hora e meia, sendo divididas em cinco momentos principais: Abertura: apresentação das extensionistas e pequena explanação sobre o tema. Momento “conhecendo o território”: as participantes serão estimuladas a falar um pouco sobre o tema proposto, relatando o que entendem da questão, suas principais dúvidas, angústias e anseios. A proposta é entender o nível de conhecimento das participantes, para que seja delineado, neste momento, a profundidade que o tema será exposto, além de incluir na discussão os pontos levantados como questionamentos. Momento “clareando o inexplorado”: as coordenadoras da roda, discentes da universidade, irão explicar o tema de forma clara e concisa, além de sanar as dúvidas expostas no momento anterior. Esse momento ficará a critério de cada grupo de extensionistas, que elaborará dinâmicas cabíveis ao tema e à faixa etária. As explanações deverão levar em conta os pontos levantados pelas participantes, tanto verbalmente quanto anonimamente pela caixinha de perguntas. Momento “partilhando vivências e sensações”: as participantes serão convidadas a compartilhar vivências e acontecimentos que envolvam o tema, além de discorrerem sobre suas percepções e sensações sobre o exposto. Momento “que bom, que pena, que tal”: ao final de cada encontro, as participantes serão convidados a preencher breve instrumento de avaliação, em que serão convidadas a falar pontos positivos, negativos e sugestões. Quinta etapa: Compartilhamento de vivências e experiências entre as extensionistas Será realizada uma reunião presencial, ao final de cada ciclo de encontro nas instituições parceiras, nas quais cada grupo será convidado a falar como foi o encontro com as meninas que participaram da roda de conversa. Serão discutidas as percepções sobre as rodas de conversa, se houve alguma dificuldade e como foi solucionada, como as meninas receberam o tema abordado, se há algum assunto que foi mais difícil de ser tratado por alguém e elaborar como serão os próximos encontros de acordo com esses relatos. Sexta etapa: Avaliação A avaliação do projeto ocorrerá pelo público, por meio de feedback escrito e anônimo, que poderá ser preenchido por qualquer participante das aulas, palestras ou das rodas de conversa. Serão também realizados encontros de supervisão, com a presença do coordenador, para avaliar os grupos realizados. Como indicadores para esta avaliação serão considerados: adesão da comunidade universitária e externa, comprometimentos dos discentes e percepção dos participantes, que ocorrerá a partir de leitura dos feedbacks recolhidos ao final de cada ação. Questões éticas: Todos os participantes do projeto serão instruídos a respeito das questões éticas e legais desse tipo de atividade, prezando-se sempre pelo sigilo das discussões feitas nos grupos. Acrescenta-se que a participação nas ações do projeto é de caráter voluntário, não havendo remuneração para nenhum participante e qualquer um poderá deixar o projeto em momento que desejar ou precisar. No caso das participantes com menos de 18 anos, haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. Os resultados obtidos poderão ser publicados na forma de relato de experiência, artigo, apresentação oral ou pôster em congressos, simpósios e similares, mantendo o sigilo pelas informações a respeito da identidade dos participantes.


Referências Bibliográficas

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Inserção do estudante

A previsão é que o projeto envolva estudantes de medicina e de vários outros cursos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) - campus Diamantina. Além dos saberes já adquiridos ao longo da graduação sobre saúde feminina, determinantes sociais e proteção da mulher, as discentes extensionistas serão capacitadas durante as palestras e aulas abertas com o intuito de ampliar as discussões acerca das temáticas propostas de saúde da mulher, autodefesa e possíveis futuras carreiras profissionais para meninas e mulheres. Durante a execução do projeto, essa troca dialógica de informações e experiências com profissionais e estudantes de outras áreas do saber possibilitará uma melhor efetivação das ações a serem realizadas com a comunidade e contribuirá para a formação humana, cidadã e técnica das estudantes envolvidas. Após os momentos de capacitação, as interações promovidas em instituições educativas serão conduzidas pelas próprias discentes extensionistas por meio de rodas de conversa, como discutido na metodologia. Busca-se, nesse momento, o diálogo com o público-alvo objetivando, dentro das abordagens previstas e das capacitações oferecidas, direcionar a discussão para os principais problemas que afligem aquele grupo de crianças e adolescentes, auxiliando em seu processo de reconhecimento pessoal, social e profissional, promovendo uma rede de apoio e de conscientização em direção ao empoderamento feminino como ferramenta de promoção de saúde, educação e transformação social. Ao longo de todo processo, as discentes serão acompanhadas, orientadas e capacitadas por professores e técnicos da UFVJM e profissionais da instituição parceira. Há o intuito de promover a interdisciplinaridade das discussões e a horizontalidade das relações durante os momentos de troca e aprendizado, buscando diálogo com outras áreas para além da medicina. A avaliação das discentes se dará ao longo de todo o processo, sendo observados a participação efetiva nos momentos de capacitação e nas rodas de conversa, o amadurecimento pessoal e acadêmico, bem como o empenho na produção de textos com reflexões sobre o projeto. Estes textos poderão fundamentar tanto a avaliação das discentes quanto futuras publicações de relato da experiência extensionista.


Observações

Conforme indicado na justificativa, contemplado no edital Pibex 2022, ao longo do corrente ano, o projeto “MULIER nas escolas: saúde, proteção e empoderamento feminino” tem se mostrado muito enriquecedor e proveitoso a todas as envolvidas. Dos 9 previstos, já foram realizados 6 encontros virtuais abertos ao público em geral nos quais foi possível construir interações dialógicas com membros da comunidade externa sobre temas como feminismo, história da violência de gênero, abordagem da violência contra a mulher, doenças sexualmente transmissíveis , empreendedorismo, saúde íntima, dentre outros. A equipe de execução conta atualmente com 18 discentes extensionistas do curso de medicina. Nas 6 rodas de conversa já realizadas na instituição parceira, Vila Educacional de Meninas - VEM, participaram cerca de 45 meninas com idades entre 12 e 16 anos. O formato interativo das intervenções permite uma troca de experiências que estimula os conhecimentos das extensionistas, além de aprimorar suas habilidades de comunicação e empatia. Para além disso, o retorno das adolescentes participantes tem sido muito positivo, sendo possível observar o estabelecimento de vínculos com as extensionistas, movimento que favorece o estabelecimento de um ambiente confortável e propício a discussões.


Público-alvo

Descrição

As participantes das ações promovidas na instituição educativa parceira serão definidas pela coordenação da instituição, a partir da construção conjunta dos recortes temáticos e das metodologias a serem trabalhados. As ações ocorrerão em horários indicados pela instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre.

Descrição

As ações promovidas de forma virtual no youtube ou presencial no ambiente universitário serão divulgadas para toda a comunidade acadêmica e externa, esperando-se a participação de interessados em temas que se articulam ao empoderamento feminino.

Municípios Atendidos

Município

Diamantina

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

A parceria com a VEM se mostra de suma importância por ser um local focado em atividades educacionais e lúdicas para meninas de Diamantina. A VEM proporcionará o acesso às alunas que irão participar das rodas de conversa, agindo como uma mediadora para a organização das dinâmicas, além de ceder o local onde ocorrerão essas rodas de conversa.

Participação da Instituição Parceira

A parceria com o Centra Acadêmico Livre de Medicina Doutor Juscelino Kubitschek (CALMED-JK) se mostra importante, uma vez que o Centro Acadêmico auxiliará como mediador para o contato com discentes de outros cursos da UFVJM, para que o projeto alcance um público maior e mais diverso dentro da Universidade.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Serão realizadas buscas nas principais bases de dados, pelas discentes extensionistas, de artigos e estudos que demonstrem as demandas de meninas em idade escolar que, se sanadas, contribuam para a mudança de realidades sociais postas. Seguindo os três eixos do projeto, o objetivo é trabalhar três temas dentro de saúde feminina, três temas que envolvam proteção aos diversos tipos de violência e três temas que trabalhem o empoderamento feminino. A partir disso, a continuidade da abordagem dos assuntos a serem pleiteados serão definidos.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Com as temáticas definidas, começará uma busca ativa por profissionais capacitados a abordarem os temas mais complexos de forma mais aprofundada, bem como a busca por entidades parceiras no desenvolvimento de tais momentos. Essas palestras e aulas se darão de forma virtual no youtube ou presencial nos espaços da universidade.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Serão realizados nove eventos para trocas de saberes com a comunidade externa, os quais serão também ocasião de capacitação das extensionistas. Os encontros ocorrerão de forma virtual ou presencial e terão a duração de duas horas. Serão discutidos os principais pontos que cercam a questão trabalhada, com o intuito de que as extensionistas sejam capazes de, a partir daí, elaborar dinâmicas acessíveis para abordar o assunto de forma didática na instituição parceira. As falas serão mediadas por uma das extensionistas, e serão abertas ao público, para que haja trocas, discussões e esclarecimentos. Essas palestras e aulas serão abertas a toda comunidade universitária e externa.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Serão realizadas nove rodas de conversa na instituição parceira, em horários indicados por sua coordenação. As participantes das rodas também serão definidas pela coordenação da instituição e haverá comunicação aos responsáveis legais sobre a proposta. A participação das crianças e adolescentes será livre. Como planejamento inicial, cada roda terá como temática principal os assuntos pré-definidos na primeira etapa, mas cada encontro será ajustado a partir da interação dialógica com as demandas da instituição e da turma de meninas participantes. As rodas terão duração de uma hora e meia, sendo divididas em cinco momentos principais: Abertura: apresentação das extensionistas e pequena explanação sobre o tema. Momento “conhecendo o território”: as participantes serão estimuladas a falar um pouco sobre o tema proposto, relatando o que entendem da questão, suas principais dúvidas, angústias e anseios. A proposta é entender o nível de conhecimento das participantes, para que seja delineado, neste momento, a profundidade que o tema será exposto, além de incluir na discussão os pontos levantados como questionamentos. Momento “clareando o inexplorado”: as coordenadoras da roda, discentes da universidade, irão explicar o tema de forma clara e concisa, além de sanar as dúvidas expostas no momento anterior. Esse momento ficará a critério de cada grupo de extensionistas, que elaborará dinâmicas cabíveis ao tema e à faixa etária. As explanações deverão levar em conta os pontos levantados pelas participantes, tanto verbalmente quanto anonimamente pela caixinha de perguntas. Momento “partilhando vivências e sensações”: as participantes serão convidadas a compartilhar vivências e acontecimentos que envolvam o tema, além de discorrerem sobre suas percepções e sensações sobre o exposto. Momento “que bom, que pena, que tal”: ao final de cada encontro, as participantes serão convidados a preencher breve instrumento de avaliação, em que serão convidadas a falar pontos positivos, negativos e sugestões.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Será realizada uma reunião presencial, ao final de cada ciclo de encontro nas instituições parceiras, nas quais cada grupo será convidado a falar como foi o encontro com as meninas que participaram da roda de conversa. Serão discutidas as percepções sobre as rodas de conversa, se houve alguma dificuldade e como foi solucionada, como as meninas receberam o tema abordado, se há algum assunto que foi mais difícil de ser tratado por alguém e elaborar como serão os próximos encontros de acordo com esses relatos.

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

A avaliação do projeto ocorrerá pelo público, por meio de feedback escrito e anônimo, que poderá ser preenchido por qualquer participante das aulas, palestras ou das rodas de conversa. Serão também realizados encontros de supervisão, com a presença do coordenador, para avaliar os grupos realizados. Como indicadores para esta avaliação serão considerados: adesão da comunidade universitária e externa, comprometimentos dos discentes e percepção dos participantes, que ocorrerá a partir de leitura dos feedbacks recolhidos ao final de cada ação.