Visitante
Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
guilherme fortes drummond chicarino varajao
20241012024229451
departamento de turismo
Caracterização da Ação
ciências humanas
cultura
saúde
patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial
regional
Não
Membros
túlio pereira alvarenga e castro
Voluntário(a)
josé francisco gonçalves
Voluntário(a)
beatriz cruz de paula
Voluntário(a)
leonardo victor pereira
Voluntário(a)
mayumi de oliveira drumond
Voluntário(a)
alice felix moraes
Voluntário(a)
beatriz pereira sasaki
Voluntário(a)
isabelle miriade soares
Voluntário(a)
giovanna nogueira figueiredo
Voluntário(a)
eduarda martins oliveira
Voluntário(a)
vinícius rodrigues oliveira
Bolsista
O projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha produzirá um longa metragem, no formato de documentário sobre tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha, com entrevistas de moradores da região. Em um segundo momento, o filme será exibido nas comunidades retratadas, de forma a suscitar a discussão de vivências e percepções do local pelos alunos das instituições.
Saberes tradicionais; povos quilombolas; cultura oral; documentário
O projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha busca valorizar e proteger tradições culturais do Alto Vale do Jequitinhonha através do desenvolvimento de um longa-metragem em formato de documentário com contações de histórias e sua posterior reprodução e discussão nas comunidades retratadas no filme. O Alto Vale do Jequitinhonha é composto por 22 municípios distribuídos nas microrregiões de Diamantina e Capelinha, que levam consigo centenas de anos de história. Após a chegada das bandeiras paulistas no local a partir do século XVIII, predominou-se as atividades mineradoras (DE SOUZA, 2008), muito comuns até os dias atuais. Nesse sentido, são variadas as origens econômicas, sociais e culturais prevalecentes no nordeste de Minas Gerais. Mesmo com as riquezas minerais presentes no Vale do Jequitinhonha, a região foi intitulada em 1974 pela Organização das Nações Unidas (ONU) como "Vale da Miséria" (MARQUES, et al, 2004, p.66), referindo-se aos baixos índices econômicos e sociais do local. Por outro lado, as riquezas musicais, poéticas, artesanais e históricas são reconhecidas nacionalmente. Entretanto, um dos principais desafios na tradição oral é sua perpetuação na sociedade em que está inserida. No Vale do Jequitinhonha não é diferente: em 1943, o autor diamantinense Aires da Mata, no livro "O Negro e o Garimpo em Minas Gerais" descreveu a perda dos vissungos, cantos de vocabulários de origem africana, com a morte dos únicos habitantes do distrito de São João da Chapada sabedores do dialeto. Para eternizar conhecimentos e valorizar as tradições orais, os filmes em formato de documentários estão enraizados na capacidade de transmitir uma impressão de autenticidade (NICHOLS, 2005). Por conseguinte, a contação de história em formato de documentário apresentado nas escolas, reforça o vínculo com a cultura local do Vale do Jequitinhonha, além de estimular a imaginação e a contação de novas histórias por parte das crianças e adolescentes.
Os documentários fazem parte de um gênero do cinema, capaz de explorar realidades. Segundo o trabalho de Nichols (2005, p.26), "todo filme é um documentário", dividindo-se entre os documentários de satisfação de desejos, que conhecemos normalmente como os de ficção, e os documentários de representações sociais, os de não-ficção. Esses últimos têm como característica o discurso sustentado por ocorrências do real, tratando-se efetivamente do que ocorreu antes ou durante as filmagens (SOARES et al., 2007). Um elemento comum de todos os níveis de produção é a história: uma narrativa que conta acontecimentos de modo a suscitar o interesse do público (BERNARD, 2007). Nesse sentido, o projeto de extensão Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha é realizado em duas etapas: (1) a produção do documentário e (2) sua exibição nas comunidades e para o público geral. Nesse sentido, destaca-se no documentário, proposto como primeira etapa e produto deste projeto de extensão, a manutenção de histórias, muitas vezes orais, que poderiam se perder com o passar do tempo. Para estudos na antropologia, a tradição oral se mostrou importante também na sociedade contemporânea, altamente mecanizada, pois a contação de histórias faz refletir sobre qualidades esquecidas, pois a valorização do conhecimento transmitido pela oralidade recompõe o valor das experiências coletivas (TORRES & TETTAMANZY, 2008). "Contar histórias é arte performática, em que se tenta retransmitir os contos pelos meios nos quais surgiram, ou seja, através de voz, corpo e gesto"(TORRES & TETTAMANZY, 2008). Observando-se aspectos culturais, econômicos, sociais, hídricos e ambientais, pode-se perceber a pluralidade populacional do Vale do Jequitinhonha, que por muitas vezes, remonta sua história através das tradições orais. Tantos anos de história são relatados, de acordo com De Souza (2008) com duas fontes que alimentam o conhecimento histórico do Vale do Jequitinhonha: (1) as primárias, representadas por documentos escritos, objetos de uso pessoal e coletivo, instrumentos diversos inscrito em um contexto histórico e social e (2) as fontes secundárias que são as interpretações e leituras que diferentes profissionais realizam das fontes primárias. Ainda segundo o pesquisador, "o Vale do Jequitinhonha se caracteriza pela dificuldade de acesso tanto a fontes primárias quanto secundárias. Há uma profunda carência de arquivos públicos."(De Souza, 2008). Assim, mesmo sem a possibilidade de filmagem em todos os 22 municípios do Alto Vale do Jequitinhonha, em algumas dessas localidades, moradores contaram histórias relacionadas a essas peculiaridades. Dentre os temas abordados no filme, destaca-se a relação laboral com aspectos socioeconômicos encontrados. A atividade garimpeira, a colheita de sempre vivas, o cultivo de algodão para a arte de tear, o artesanato e a relação com o imenso Rio Jequitinhonha são manifestações culturais expoentes na região (RAMALHO, 2010) e retratadas no projeto. Aliada à mineração, "a abertura de uma nova frente de expansão econômica deu-se com base no trabalho escravo" (BOTELHO, 2016). Tal passado trouxe diversas tradições africanas para o Brasil, em especial Minas Gerais, as quais permanecem vivas até hoje e também são abordadas no documentário proposto. Por fim, os saberes relacionados à saúde são abordados e valorizados no filme, pois o grau de conhecimento que [...] as benzedeiras, as parteiras, os raizeiros(as) é de uma complexidade que não deixa a desejar aos conhecimentos científicos. Os saberes das comunidades tradicionais são, atualmente, reconhecidos como patrimônio imaterial pelo IPHAN (RODRIGUES, 2018). A pré-produção do filme foi realizada através de pesquisas online, em bibliotecas municipais ou de informantes nas comunidades, sobre costumes, tradições e histórias possíveis de serem contadas no filme. Além disso, os membros de funções técnicas de audiovisual passaram por formações sobre o gênero documentário e suas peculiaridades, obtendo-se o eixo do ensino. Em sua fase de produção, 30 entrevistas de moradores do Alto Jequitinhonha foram filmadas até o momento, obtendo-se intensa interação com as comunidades. Outras entrevistas ainda serão gravadas para complementação do material. Neste momento, o filme encontra-se em pós-produção, fase na qual as filmagens são roteirizadas, editadas e formatadas. Nesta perspectiva, foi necessário mais tempo que o previsto para roteirização e mixagem de áudio, a fim de ofertar maior qualidade ao produto final. Entretanto, durante o ano de 2023, o trailer do filme já foi divulgado e uma prévia, com duração de 30 minutos foi finalizada. A segunda parte do projeto de extensão conta com a reprodução do documentário em diferentes espaços, e é o foco da re-submissão deste projeto. A prévia já foi exibida em uma escola parceira e em um congresso interno na UFVJM. Em ambas as oportunidades, o trecho apresentado foi discutido com os presentes, obtendo-se as primeiras impressões sobre o longa. Para ampliarmos a exibição do filme, buscamos novas estratégias para o próximo ano extensionista. Nesse sentido, realizaremos no próximo ano sessões de exibição do filme tanto em Diamantina, para o público geral e a comunidade acadêmica, quanto nas comunidades retratadas no documentário, de modo a fomentar o debate sobre as tradições do Alto Vale do Jequitinhonha. Ademais, sua publicação será feita no Youtube, de forma gratuita e ilimitada para o público geral tenha acesso às tradições culturais do Vale. A plataforma na internet permite uma disseminação de conteúdo de forma ampla, além de ser de fácil utilização, de maneira a proporcionar uma convivência satisfatória e funcional na transmissão do vídeo pela Internet (FERREIRA & FRANÇA, 2014). Nas comunidades retratadas, a exibição do filme ocorrerá em locais abertos ao público em geral e em escolas parceiras do projeto de extensão. Dessa forma, as crianças e adolescentes poderão escutar histórias regionais e posteriormente relatar quais se identificou ou gostou mais, além de contar suas próprias vivências, compartilhando-as com os integrantes do projeto e com seus colegas. Outras sessões também serão exibidas para a comunidade acadêmica da UFVJM. O principal objetivo em contar uma história é divertir, estimulando a imaginação, mas, quando bem contada, pode [...] educar, instruir, conhecer melhor os interesses pessoais, desenvolver o raciocínio, ser ponto de partida para trabalhar algum conteúdo programático, assim podendo aumentar o interesse pela aula ou permitir a auto-identificação, favorecendo a compreensão de situações desagradáveis e ajudando a resolver conflitos (TORRES & TETTAMANZY, 2008). Em sua segunda parte, de apresentação das histórias gravadas nas regiões abordadas no filme, a comunidade terá a oportunidade de reconhecer a importância da região através de suas próprias histórias. Especificamente durante as sessões nas escolas, crianças e adolescentes irão inicialmente exercer a virtude de interpretação. Posteriormente, em uma roda de conversa, os membros do projeto questionarão o entendimento dos contos e estimularão a contação de história pelos próprios alunos das escolas, obtendo-se um novo contato com as comunidades mostradas no filme. Tal espaço de troca pode ser uma maneira de perpetuar a contação de histórias tradicionais do Alto Vale do Jequitinhonha para seus próprios habitantes que ainda estão presentes nas escolas. As falas serão analisadas para fins de pesquisa. De acordo com as justificativas abordadas, o projeto se identifica na área temática de Cultura, visando o desenvolvimento da memória, patrimônio, folclore, artesanato, tradições culturais de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, utilizando-se produção artística na área de fotografia, cinema e vídeo. A execução do documentário, somado às suas sessões de reprodução, enquadra o projeto na linha extensionista de Patrimônio cultural, histórico, natural e imaterial. Isso se dá devido à ações que visam a preservação, promoção e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico do Alto Vale do Jequitinhonha, mediante a proteção e promoção do folclore, do artesanato, das tradições culturais e dos movimentos religiosos populares e através da divulgação de material em vídeo na área. Na realização do projeto, articulamos ensino, pesquisa e extensão de diferentes modos. A partir da formação científica e do desenvolvimento de entrevistas fenomenológicas, apresentamos um trabalho no I Congresso de Ciências da Saúde da UFVJM, intitulado "A entrevista fenomenológica como possibilidade de cuidado de si: reflexões a partir do Projeto de Extensão 'Cais pela estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha'". Em tal ocasião recebemos a premiação de Menção Honrosa, o que nos levou a fomentar ainda mais a indissociabilidade entre pesquisa, ensino e extensão. Já no II Congresso de Ciências da Saúde da UFVJM buscamos apresentar relações da maternidade nas comunidades tradicionais do Alto Vale do Jequitinhonha. E provocados pela fecundidade das entrevistas realizadas e pela possibilidade de desenvolvermos investigações sobre esta temática no âmbito do grupo de pesquisa Geografia Humanista, Arte e Psicologia Fenomenológica - GHUAPO, formulamos um projeto de pesquisa intitulado "Saberes psicológicos tradicionais em comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha" e submetido no Edital 005/2023 PIBIC/CNPQ/2023. Neste projeto, objetivamos compreender como saberes psicológicos tradicionais fundamentam práticas populares em saúde em comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha (MG) a partir do modo com o qual a pessoa vive e elabora a própria experiência.
Objetivo geral Preservação, promoção e difusão do patrimônio artístico, cultural e histórico do Alto Vale do Jequitinhonha, mediante a proteção e promoção do folclore, do artesanato, das tradições culturais e dos movimentos religiosos populares através da internet e em escolas da região. Objetivos específicos Aprofundamento do conhecimento das histórias, tradições e manifestações de comunidades localizadas no Alto Vale do Jequitinhonha através de pesquisas, informantes chaves e indicações dos professores e técnicos colaboradores; Aprofundamento do conhecimento acerca do gênero cinematográfico Documentário; Capacitação e promoção do conhecimento acerca das técnicas de filmagem, direção, iluminação, fotografia, cenário, figurino, áudio e trilha sonora inseridas no gênero documentário; Aprofundamento e desenvolvimento de técnicas de entrevistas para captação de histórias da comunidade estudada, junto ao Coordenador; Obter conhecimentos de tradições, religiosidade, folclore e lendas através das histórias contadas diretamente por moradores do Alto Vale do Jequitinhonha; Disseminar tradições orais do Alto Vale do Jequitinhonha para alunos de escolas públicas em locais abordados no filme; Estimular a valorização da cultura regional e a contação de novas histórias por parte das crianças e adolescentes nas escolas. Promover atividades de lazer e reflexão a partir do cinema. Disseminar a cultura do Vale do Jequitinhonha através de plataformas na internet;
Impactos diretos Capacitação de discentes da UFVJM na produção de conteúdo digital em formato de documentário, com parceria de técnicos e professores colaboradores; Realização de pesquisa bibliográfica sobre saberes e tradições do Vale do Jequitinhonha e acerca das técnicas do gênero cinematográfico de documentário. Realização de um documentário com histórias e vivências de habitantes de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha; Utilização de metodologias ativas para discussão do documentário em, no mínimo, 5 (cinco) turmas do Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio de escolas localizadas nas regiões expostas pelo documentário; Utilização de metodologias ativas para discussão do documentário em, no mínimo, 3 (três) comunidades retratadas pelo documentário; Perpetuação e preservação de, no mínimo, 6 (seis) histórias orais gravadas e inseridas no longa-metragem; Realização de, no mínimo, 10 (dez) entrevistas para contações de histórias e tradições orais, selecionadas posteriormente para integrarem o documentário, fomentando o intercâmbio de conhecimentos; Otimização da comunicação com crianças e adolescentes com técnicas de entrevistas orientadas pelo Coordenador. Impactos indiretos Ampliação das discussões sobre a preservação de tradições culturais, sobretudo de cunho oral, no Vale do Jequitinhonha, incluindo-se comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Valorização das tradições antropológicas do Vale do Jequitinhonha como o artesanato, a arte de tear, garimpo e a utilização do Rio Jequitinhonha. Experimentação de modelos de gestão de equipes para os participantes do projeto, incluindo-se técnicos e professores colaboradores; Estimular e a contação de histórias populares para as crianças e adolescentes participantes das rodas de conversa; Projetar a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri como interessada em difundir e preservar o conhecimento popular do Vale do Jequitinhonha. Aprendizados sobre técnicas de comunicação e identificação de problemas/vivências vividos por crianças e adolescentes. Difundir de forma gratuita e acessível as tradições do Vale do Jequitinhonha através do documentário disponibilizado na plataforma digital Youtube.
O projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha se desenvolverá em duas etapas: (1) execução do documentário (pré produção, produção e pós produção) e (2) sessões de exibição do filme. O desenvolvimento da primeira parte (1) representa a execução de um documentário com contações de histórias de moradores de comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha, mostrando a realidade cultural, socioeconômica e as tradições dos locais abordados. Segundo o trabalho de Soares et al. (2007, p.187) são várias as peculiaridades no gênero documental e, dentre elas, destaca-se o roteiro definido, muitas vezes, apenas após as filmagens, podendo ou não seguir a estrutura proposta pelo tratamento escrito na fase de pré-produção, texto que serviu como mapa para orientar as filmagens e definir os principais pontos de interesse do documentário. Pré-Produção Consistiu na realização de pesquisas bibliográficas e conversas com informantes-chave com objetivos de localizar histórias interessantes que representam tradições e saberes do Vale do Jequitinhonha. Tal procura foi realizada em materiais impressos, materiais de arquivo (filmes, fotos, arquivos de som, etc.), pré-entrevistas e pesquisas de campo nos locais de filmagem (SOARES et al., 2007). A etapa é fundamental para delimitar os personagens do filme, representados pelas próprias pessoas habitantes do local mostrado. Além disso, foram feitos estudos e capacitações para melhores técnicas de desenvolvimento de documentários, incluindo-se maior entendimento de filmagem, fotografia, mixagem de som, edição, iluminação e roteiro. Produção A produção constituiu-se das filmagens e coletas de entrevistas em comunidades do Alto Vale do Jequitinhonha. "A exploração do recurso da entrevista como principal ponto de sustentação da estrutura discursiva do filme vem a ser uma das características do documentário" (SOARES et al., 2007). Nesse sentido, conforme mencionado anteriormente, foi feito um grande arquivo de imagens e histórias contadas pela comunidade, selecionadas posteriormente. As filmagens ocorreram em formato de entrevista e de imagens que retratam o cotidiano do entrevistado e da comunidade em que ele está inserido. Todas as pessoas entrevistadas e/ou materiais pessoais apresentados no vídeo foram previamente autorizados para serem divulgados por meio de termo de concessão de imagem. Pós-Produção A pós-produção do documentário consiste na montagem do filme. Dessa forma, todos os arquivos de imagem, vídeo e áudios capturados durante a produção estão sendo organizados e roteirizados para mostrar a realidade do local abordado. "Em função de uma maior abertura para o registro de eventos do mundo, que escapam do controle da produção do filme no momento da filmagem e que, portanto, não podem ser roteirizados com antecedência, a etapa de montagem no documentário possui uma maior autonomia criativa se comparada à montagem do filme de ficção" (SOARES et al., 2007). O desafio de não se obter o roteiro no início das filmagens gera o sentimento de maior verossimilhança da localidade e da história por parte do espectador. Após a finalização do longa-metragem, o vídeo será disponibilizado gratuitamente no Youtube, de forma a popularizar o conhecimento acerca do Alto Vale do Jequitinhonha. Assim, dá-se início a segunda etapa (2), responsável pela discussão e fomento à cultura através da exibição documentário produzido. Assim, o filme inicialmente será exibido para diferentes públicos. Para a estreia oficial do filme, realizaremos uma sessão nas dependências da UFVJM, ou em outro espaço na cidade de Diamantina. Nesta oportunidade, àqueles que foram entrevistados serão os primeiros convidados para assistirem o documentário inédito. Em seguida, realizaremos uma conversa, a fim de empoderar ainda mais os moradores do Alto Jequitinhonha, na qual serão compartilhadas novas histórias e depoimentos acerca da participação no projeto de extensão. No mesmo local, outras sessões também serão exibidas para a comunidade acadêmica da UFVJM, observando-se a visão do meio acadêmico sobre o Vale do Jequitinhonha. Em um segundo momento, sessões nas comunidades serão realizadas abertas ao público. Por fim, o filme também será exibido em escolas de locais abordados no longa-metragem. Dessa forma, as crianças e adolescentes poderão escutar histórias regionais e posteriormente relatar quais se identificou ou gostou mais, além de contar suas próprias vivências, compartilhando-as com os integrantes do projeto e com seus colegas. Assim, os integrantes do projeto formarão uma roda com os alunos da escola fomentando discussões sobre o documentário. Deverá ser desenvolvida metodologias ativas, com a participação das crianças e adolescentes por meio de perguntas instigadoras: Qual história você mais gostou? Vocês já passaram por histórias parecidas com alguma mostrada? Algum de vocês gostaria de compartilhar uma outra história com nosso grupo e com os colegas? As informações obtidas dos relatos das crianças serão registradas por escrito para fins de pesquisa e comparativo entre os locais explorados. Tais dados poderão mostrar as relações do imaginário e das percepções dos estudantes com a condição socioeconômica e cultural do local em que estão inseridos. Portanto, uma criança que vive em um local muito marcado pelo garimpo, poderá ter conclusões diferentes da que reside em um local marcado quase exclusivamente por artesanato, por exemplo.
BERNARD, Sheila Curran. Documentário: técnicas para uma produção de alto impacto. Elsevier Brasil, 2007 BOTELHO, Tarcísio Rodrigues. População e escravidão nas Minas Gerais, c. 1720. Anais, p. 1-20, 2016. DE BARROS LARAIA, Roque. Da ciência biológica à social: a trajetória da antropologia no século XX. Revista Habitus-Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia, v. 3, n. 2, p. 321-345, 2007 DE SOUZA, João Valdir Alves. Fontes para uma reflexão sobre a história do Vale do Jequitinhonha. Unimontes Científica, v. 5, n. 2, p. 106-120, 2008. FERREIRA, Diego Lima; FRANÇA, Lilian Cristina Monteiro. 3. A história da Internet e a Popularização do Vídeo. Cadernos do Tempo Presente, n. 15, 2014. MARQUES, M.; KNOPPERS, B.; LANNA, A.E; ABDALLAH, P. R.;POLETTE, M. Brazil Current, GIWA regional assessment 39. University of Kalmar, Kalmar, Sweden, 2004. NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Papirus Editora, 2005. PAES, Silvia Regina; DE CÁSSIA PEREIRA, Rosana. Saberes silenciados Saúde e Ambiente das Comunidades Quilombolas do Alto Vale do Jequitinhonha. PÉRGOLA, Alessandra Campos. O cinema e a produção audiovisual: Um estudo preliminar sobre as novas formas de distribuição na Internet. Biblioteca on-line de Ciências da Comunicação. Disponível em: www. bocc. uff. br/pag/pergola-alessandradistribuicao-nainternet. pdf. Acessado em, v. 15, n. 05, p. 2014, 2004. RAMALHO, Juliana Pereira. Modelando a vida e entalhando a arte: O artesanato do Vale do Jequitinhonha. 2010. RODRIGUES, Melina Soares. Benzedeiras e Raizeiras: entre novas e velhas práticas. 2018. SOARES, Sergio Jose Puccini et al. Documentário e roteiro de cinema: da pré-produção à pós-produção. 2007. SULZBACHER, Aline Weber; LAGE, Nilmar; LOPES, Lucas Samuel. Mineração e questão agrária no Vale do Jequitinhonha. CAMPO-TERRITÓRIO: REVISTA DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, v. 15, n. 36 Jul., p. 400-429, 2020. TORRES, Shirlei Milene; TETTAMANZY, Ana Lúcia Liberato. Contação de histórias: resgate da memória e estímulo à imaginação. Nau Literária, v. 4, n. 1, 2008.
Os estudantes membros do projeto Cais pela Estrada: valorização de tradições e saberes do Alto Vale do Jequitinhonha terão diversas áreas de atuação devido às duas etapas de desenvolvimento do projeto. Durante a finalização da produção do longa metragem, os discentes terão contato com inúmeras fontes de conhecimento popular em diversos locais do Alto Vale do Jequitinhonha, desenvolvendo habilidades de entrevista, em busca de informações importantes para o enredo de uma história. Além disso, destaca-se o desenvolvimento humano dos discentes ao entrar em contato com uma pluralidade de pessoas de diferentes condições e localidades. A equipe técnica colocará em prática os aprendizados de suas formações, fazendo as filmagens, adequando a iluminação, observando-se cenários e figurinos. Por fim, após o armazenamento das filmagens, os estudantes vem desenvolvendo o roteiro final do trabalho, melhorando as técnicas de escrita e de montagem e edição de um filme. Em sua segunda fase, os discentes farão rodas de conversas com os entrevistados e público geral nas comunidades, em especial com crianças e adolescentes de escolas públicas localizadas nas regiões retratadas no filme. Nesse sentido, os alunos da UFVJM poderão desenvolver habilidades de comunicação com o público na sala de aula, além de praticar a escuta de suas histórias e vivências. Como um segundo momento, os discentes realizarão essa atividade também no meio acadêmico, observando-se a interpretação sobre o filme de outros discentes, docentes e técnicos administrativos da UFVJM. Por sua vez, o bolsista participará de todas as etapas de desenvolvimento do projeto, orientado pelo Professor Coordenador, de forma a conduzir o desenvolvimento de toda a equipe. Dessa forma, na primeira fase, o bolsista participará das pesquisas sobre o Alto Vale do Jequitinhonha e de conteúdos técnicos de documentários, dirigirá o filme orientando as entrevistas e suas gravações, e coordenará a montagem do mesmo, avaliado pelo Coordenador. Em sua segunda etapa, o bolsista também participará das exibições do filme, de forma a contribuir com as discussões dando pontos de vistas da produção do documentário para as crianças. Todos os estudantes serão supervisionados e orientados pelo Professor Coordenador por meio de reuniões mensais para verificação do desenvolvimento do projeto. Como o projeto tem diversificações em seu desenvolvimento, devido à sua interdisciplinaridade, os Professores Colaboradores serão figuras essenciais na orientação historiográfica e cinematográfica, oferecendo fontes de pesquisa e cursos de capacitação para os discentes.
Projeto interdisciplinar de grande potencial de impacto e alcance, não apenas pela formação de recursos humanos, mas também pela preservação de tradições orais e valorização das práticas culturais na área de abrangência da UFVJM. Possui como meta a ser destacada a produção de um documentário.
Público-alvo
O público alvo direto na produção e exibição do documentário será inicialmente os entrevistados pela equipe para contação de histórias, no intuito de valorizar e disseminar a voz e os saberes dos moradores do Alto Vale do Jequitinhonha. A entrevista é fator importante nesta relação, mas deve-se focar também na exibição do filme para os próprios entrevistados.
Após a produção do filme, sua exibição para crianças e adolescentes das comunidades cenário do documentário contará com outro público alvo direto. Para melhor selecioná-los e encontrá-los, firmamos parceria com as instituições: Escola Municipal de Sopa, no distrito diamantinense de Sopa e a Escola Municipal de Maria Nunes em Maria Nunes, zona rural do distrito diamantinense de Inhaí. Dessa forma, 5 (cinco) turmas do Ensino Médio e/ou Fundamental de alunos dessas instituições e outras possíveis com parcerias futuras, com idades entre 7 e 16 anos assistirão o documentário e, posteriormente, relatarão suas percepções acerca das histórias retratadas no filme através de perguntas direcionadoras feitas pelos membros do projeto. Por fim, um novo espaço de fala permitirá o compartilhamento de novas histórias vivenciadas pelas próprias crianças e adolescentes em suas respectivas comunidades. As diferentes percepções, por escrito, entre os alunos servirá como material de pesquisa posteriormente ao encontro.
A distribuição de produtos audiovisuais se modificou muito com o advento da internet. Atualmente, ela é um dos meios mais baratos e eficientes para distribuição de filmes e vídeos, principalmente para produtores independentes, que podem atingir maior público sem que isso signifique necessariamente acréscimo aos custos (PÉRGOLA, 2004). Nesse sentido, a disponibilização do documentário proposto poderá atingir os mais diversos públicos, no intuito de tornar valorizado e conhecido as tradições e manifestações culturais e históricas do Alto Vale do Jequitinhonha. Por conseguinte, o resultado final do longa-metragem proposto será disponibilizado gratuitamente no Youtube, de modo que todos possam ter acesso gratuito e ilimitado ao material. Entretanto, para se obter melhores resultados e adesão do público do próprio Alto Vale do Jequitinhonha, o documentário será reproduzido nas escolas, como descrito anteriormente, e se possível, em outros locais nas próprias comunidades retratadas no filme.
Sessões para exibição do filme serão realizadas nas dependências para a comunidade acadêmica da UFVJM. Dessa forma, discentes, docentes e técnicos administrativos da instituição poderão assistir e refletir sobre os aspectos socioculturais do Alto Vale do Jequitinhonha.
Municípios Atendidos
Diamantina
Serro
Capelinha
Turmalina
Minas Novas
Parcerias
A parceria com o Centro Acadêmico Livre de Medicina (CALMED-JK) se dará através da apresentação das famílias para entrevistas nos distritos de Diamantina e em outros municípios de atuação do CALMED-JK. Além disso, a marcação de conversas com informantes-chave também será auxiliada por este Centro Acadêmico. Por fim, todas as postagens de divulgação nas redes sociais acerca do projeto serão feitas através de perfis associados ao CALMED-JK, dando-se maior abrangência de público.
Posteriormente a finalização do documentário, escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha sediarão discussões acerca das histórias abordadas no filme. Nesse sentido, a Escola Municipal de Sopa, com sede na Praça Santa Rita, 306 – Sopa, Diamantina - MG, 39102-000 é parceira do projeto, permitindo a conversa com, no mínimo 2 turmas de crianças e adolescentes entre 7 a 16 anos no Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio que relatarão suas percepções do filme e compartilharão novas vivências.
Posteriormente a finalização do documentário, escolas públicas do Alto Vale do Jequitinhonha sediarão discussões acerca das histórias abordadas no filme. Nesse sentido, a Escola Municipal de Maria Nunes, com sede na Praça Nossa Senhora Auxiliadora, sem número – Maria Nunes, Diamantina - MG, é parceira do projeto, permitindo a conversa com, no mínimo 3 turmas de crianças e adolescentes entre 7 a 16 anos no Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio que relatarão suas percepções do filme e compartilharão novas vivências.
Cronograma de Atividades
Pesquisa bibliográfica e de campo
01/01/2024
29/02/2024
Pesquisas em materiais impressos, materiais de arquivo (filmes, fotos arquivos de som, etc.) e pesquisa de campo nos locais de filmagem acerca de aspectos historiográficos, culturais, socioeconômicos, dentre outros do Alto Vale do Jequitinhonha. Além disso, realização de pré-entrevistas para seleção das histórias incluídas no documentário.
realização de entrevistas gravadas em vídeo e som e captação de imagens da região para composição futura do documentário, conforme demanda.
assistir todas os materiais captados em campo, redigir o roteiro de sucessão de narração, imagens e entrevistas, e por fim, edição do filme conforme o roteiro.
reprodução do filme para crianças e adolescentes em escolas parceiras e discussão com eles acerca das histórias e novas vivências.
reprodução do filme em Diamantina para os entrevistados, primeiros convidados a assistirem o longa inédito.
reprodução do filme em locais públicos da comunidade de forma gratuita.
reprodução do filme na UFVJM para discussão e debate sobre características socioculturais do Alto Jequitinhonha por discentes, docentes e técnicos administrativos da UFVJM.
escrita e comparativo das respostas dadas pelos alunos acerca das histórias do Alto Vale do Jequitinhonha.