Detalhes da proposta

Acolher a dimensão humana na formação de sujeitos a partir da perspectiva freiriana e feminista

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    ivana cristina lovo

    Número de inscrição:

    202410120244966

    Unidade de lotação:

    fih - licenciatura em educação do campo

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências humanas

    Área temática principal:

    educação

    Área temática secundária:

    saúde

    Linha de extensão:

    saúde humana

    Abrangência:

    regional

    Vinculado a programa de extensão:

    campo, saberes e conexões

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

isabela rodrigues jardim Voluntário(a)

samara silva romeiro Voluntário(a)

juliana depra stelzer Voluntário(a)

carolina vanetti ansani Vice-coordenador(a)

aline weber sulzbacher Voluntário(a)

aline faé stocco Voluntário(a)

clebson souza de almeida Voluntário(a)

ana paula furtado rocha goncalves Bolsista

pedro henrique chaves pessanha Vice-coordenador(a)

Resumo

Diante de condições de inseguranças, tensões e instabilidades emocionais, que podem alcançar estados de desânimos e depressivos, que são vivenciados em percursos de vida, tanto nos ambientes internos como nos externos a universidade, fica o desafio de acolher aos processos formativos as necessidades materiais e emocionais dos sujeitos, em um movimento de cuidado e, também, de denúncia das opressões e violências praticadas e provenientes de um sistema de hierarquias construídas sob as diferenças de poder, pautadas nas diferenças de raça, classe, gênero, gerações, entre outras. Agregando as inquietações sobre a prática pedagógica comprometida em criar condições para ultrapassar a fronteira da educação bancária, há sempre o desafio pedagógico em promover condições para que o contexto de aprendizagem permita aos sujeitos envolvidos vivenciar os princípios freirianos, evitando a condição das/os estudantes e demais sujeitos se postarem como consumidores passivos de conhecimentos sistematizados, ou se manterem no entendimento de que as condições emocionais dos sujeitos são de responsabilidade individual. Diante desse contexto, esta proposta objetiva propiciar espaços que facilitem vivências extracurriculares, entre elas atividades de ensino, pesquisa e extensão, que integrem práticas direcionadas ao cuidado da pessoa com práticas educativas, no sentido de fortalecer processos humanizadores que agregam a integridade humana, as diversidades e o caráter comunitário nas sociedades e, apoiem assim, processos que objetivam integrar o humano e a natureza nas formas de ser e estar no mundo, no caminho de superar situações limites e se constituir como inéditos viáveis na busca do Ser Mais, como expresso em FREIRE (2011). A proposta é promover ambientes que envolvem vivências extracurriculares, proporcionado reflexões e aprendizagens que estimulem exercitar o ver, ouvir e registrar, dialogando com o ver, refletir e agir para a transformação no contexto individual e coletivo. Pretende-se viabilizar dois ambientes de reflexões, um relacionado às experiências com as mulheres camponesas envolvidas com o uso das Cadernetas Agroecológicas, possibilitando a continuidade de diálogos promovidos pelos projetos de extensão desenvolvidos no alto do Jequitinhonha, no decorrer dos últimos três anos, o projeto Mulheres Camponesas & Cadernetas Agroecológicas: desvelando trabalho e resistência aos grandes projetos de desenvolvimento (protocolo SIEXC/UFVJM 20231012023232621, 2022101202239166 e 2021101202113166). Esse ambiente com as mulheres focará no desenvolvido da dinâmica Mapa Corpo-Território, como descrito em Hillenkamp (2022, p. 33 e 50), a ser realizado nas comunidades quilombolas onde o Projeto Caderneta foi desenvolvido. O outro ambiente de vivências e aprendizagens a será o espaço de diálogo propiciado pelas Rodas de Terapia Comunitária Integrativa (TCI), de acordo com Barreto (2019), a ser desenvolvido de forma presencial no campus JK da UFVJM, sendo um ambiente de participação livre e aberto para qualquer pessoa da comunidade que possa se interessar. O projeto está baseado nos fundamentos freirianos e do feminismo negro, o que representa relacionar e perceber, na prática, os pressupostos freirianos e do feminismo, considerando os princípios freirianos da dialogicidade, politicidade, democracia, comprometimento, eticidade e práxis e; as dimensões epistemológicas do feminismo negro, que incluem a valorização da sabedoria, o diálogo, ética do cuidado, a responsabilidade pessoal e o lugar de fala.


Palavras-chave

Prática Pedagógica; Formação humana, Terapia Comunitária Integrativa, Cadernetas Agroecológicas


Introdução

Diante de condições de inseguranças, tensões e instabilidades emocionais, que podem alcançar estados de desânimos e depressivos, que são vivenciados em percursos de vida, tanto nos ambientes internos como nos externos a universidade, fica o desafio de acolher aos processos formativos as necessidades materiais e emocionais dos sujeitos, em um movimento de cuidado e, também, de denúncia das opressões e violências praticadas e provenientes de um sistema de hierarquias construídas sob as diferenças de poder, pautadas nas diferenças de raça, classe, gênero, gerações, entre outras. Agregando as inquietações sobre a prática pedagógica comprometida em criar condições para ultrapassar a fronteira da educação bancária, há sempre o desafio pedagógico em promover condições para que o contexto de aprendizagem permita aos sujeitos envolvidos vivenciar os princípios freirianos, evitando a condição das/os estudantes e demais sujeitos se postarem como consumidores passivos de conhecimentos sistematizados, ou se manterem no entendimento de que as condições emocionais dos sujeitos são de responsabilidade individual. Diante desse contexto, esta proposta objetiva propiciar espaços que facilitem vivências extracurriculares, entre elas atividades de ensio, pesquisa e extensão, que integrem práticas direcionadas ao cuidado da pessoa com práticas educativas, no sentido de fortalecer processos humanizadores que agregam a integridade humana, as diversidades e o caráter comunitário nas sociedades e, apoiem assim, processos que objetivam integrar o humano e a natureza nas formas de ser e estar no mundo, no caminho de superar situações limites e se constituir como inéditos viáveis na busca do Ser Mais, como expresso em FREIRE (2011). Corroborando com o que explicita Frigotto (2012, p. 267), partimos do entendimento que o sujeito que se expressa em cada ser humano não advém de uma essência humana abstrata, mas é um processo no qual o ser se constitui socialmente, por meio do trabalho; como afirma esse autor, “é uma individualidade – e, consequentemente, uma subjetividade – que se constrói, portanto, dentro de determinadas condições histórico-sociais”. Esse entendimento pressupõe uma educação omnilateral: Educação omnilateral significa, assim, a concepção de educação ou de formação humana que busca levar em conta todas as dimensões que constituem a especificidade do ser humano e as condições objetivas e subjetivas reais para seu pleno desenvolvimento histórico. Essas dimensões envolvem sua vida corpórea material e seu desenvolvimento intelectual, cultural, educacional, psicossocial, afetivo, estético e lúdico. (FRIGOTTO, 2012, p. 267). Por sua vez, uma educação omnilateral nos remete aos ensinamentos de Paulo Freire (2014, 1981) que nos provoca e assumir a educação como prática da liberdade. A educação, ou a ação cultural para libertação, é entendida em Freire (1981) como ato de conhecer, por isso com papel fundamental de promoção da consciência crítica do e no mundo. A proposta é promover ambientes que envolvem vivências extracurriculares, proporcionando reflexões e aprendizagens que estimulem exercitar o ver, ouvir e registrar, dialogando com o ver, refletir e agir para a transformação no contexto individual e coletivo. Pretende-se viabilizar dois ambientes de reflexões, um relacionado às experiências com as mulheres camponesas envolvidas com o uso das Cadernetas Agroecológicas, possibilitando a continuidade de diálogos promovidos pelos projetos de extensão desenvolvidos no alto do Jequitinhonha, no decorrer dos últimos três anos, o projeto Mulheres Camponesas & Cadernetas Agroecológicas: desvelando trabalho e resistência aos grandes projetos de desenvolvimento (protocolo SIEXC/UFVJM 20231012023232621, 2022101202239166 e 2021101202113166). Esse ambiente com as mulheres focará no desenvolvido da dinâmica Mapa Corpo-Território, como descrito em Hillenkamp (2022, p. 33 e 50), a ser realizado nas comunidades quilombolas onde o Projeto Caderneta foi desenvolvido. O outro ambiente de vivências e aprendizagens a será o espaço de diálogo propiciado pelas Rodas de Terapia Comunitária Integrativa, de acordo com Barreto (2019), a ser desenvolvido de forma presencial no campus JK da UFVJM, sendo um ambiente de participação livre e aberto para qualquer pessoa da comunidade que possa se interessar. Por fim, o projeto está baseado nos fundamentos freirianos e do feminismo negro, o que representa relacionar e perceber, na prática, os pressupostos freirianos e do feminismo, considerando os princípios freirianos da dialogicidade, politicidade, democracia, comprometimento, eticidade e práxis e; as dimensões epistemológicas do feminismo negro, que incluem a valorização da sabedoria, o diálogo, ética do cuidado, a responsabilidade pessoal e o lugar de fala.


Justificativa

Faz-se importante dedicar atenção e buscar integrar aos processos formativos, que integram contexto de ensino, pesquisa e extensão, estratégias de acolher as inseguranças, tensões e instabilidades emocionais vivenciadas em no percurso dos sujeitos, acolhendo as necessidades materiais e emocionais, em um movimento de cuidado e, também, de denúncia das opressões e violências praticadas e provenientes de um sistema de hierarquias construídas sob as diferenças de poder, pautadas nas diferenças de raça, classe, gênero e gerações, entre outras. Assim, ampliar as condições para a prática da reflexão-açao-reflexão com processos de aprendizagens que busquem identificar e problematizar situações limites e encontrar estratégias para sua superação, é condição para ampliar a consciência das e dos sujeitos e melhor qualificar suas ações diante da transformação de realidades opressoras. Importa demarcar o entendimento de que os papeis sociais não se dão de forma natural, mas são frutos de um processo social e histórico que reflete hierarquias impostas pelo projeto político hegemônico, que passa a naturalizar diferenças socioeconômicas, demarcadas pela raça, gênero e classe. Assim, entendemos também que inseguranças, tensões e instabilidades emocionais são frutos desse processo sócio-histórico e político que busca demarcar nos corpos suas estruturas de hierarquia e dominação sociais. Lima et al. (2023, p. 3), citando Silva (2005), reforçam que o inconsciente coletivo é marcado pelo racismo e sexismo, “manifestado através dos preconceitos, estereótipo e discriminação, é gerador de situações de violência física e simbólica, que produzem marcas psíquicas, ocasionam dificuldades e distorcem sentimentos e percepções de si mesmo” (Silva, 2005, p. 130), realidades que também são refletidas por Fanon (2020). Situação que reforça a necessária demanda de incluir as questões do contexto social circundante nos processos de formação dos sujeitos. Lima et.al. (2023), ao descreverem experiência de projeto de extensão que nasceu a partir da necessidade de discentes pardas e negras que relatavam sofrimento e isolamento relacionados aos seus pertencimentos de raça e gênero, com agravamento de estresse e adoecimento diante de mudanças abruptas nas suas rotinas, causadas pela realidade pandêmica de Covid-19, refletem a importância de experiências contra hegemônicas, que se pautem na perspectiva freiriana e bell hooks de uma educação para liberdade. Segundo essas autoras (p. 10) a Pedagogia Dialógica não é apenas uma nova teoria pedagógica, contra-hegemônica, mas uma práxis social, que alia teoria, prática e estratégias de construção de mundo por parte dos grupos considerados “minoritários”, dos movimentos populares, de uma visão de mundo que parta daqueles que constituem a maioria historicamente excluída. Essas autoras destacam ainda que o contexto pandêmico, atuando em conjunto com as desigualdades socioeconômicas, foi um agravante de situações de conflito e sofrimento psicossocial, cenário potencializado por fatores externos, como a limitação de opções de lazer e contato com os pares. A revisão bibliográfica conduzida por Faria et al. (2021), buscou entender o estado da arte sobre estudos que consideram as vivências das/os estudantes universitárias/os no cotidiano da graduação e o impacto na saúde mental desses estudantes, e revelou que, independente da pandemia de Covid-19, desconfortos emocionais estão presentes e podem ser constatados por relatos relacionados a ansiedade e depressão, indicando ainda que o sofrimento psíquico em estudantes universitários está associado a diversos fatores, que há uma baixa procura das/os estudantes por ajuda, pouca oferta de serviços de acolhimento nas universidades, com destaque para a importância das instituições fortalecerem e incentivarem programas de prevenção de riscos e agravos e promoção da saúde mental de universitários. Outros estudos também apontam para essa realidade, como, os descritos por Bergamaschi (2019), Nogueira (2017), Hahn et al. (1999), incluindo Silva e Rosa (2021) que, analisaram o impacto da Covid-19 na saúde mental das/os estudantes e o papel das instituições, e revelam que os efeitos psicológicos causados pela ruptura da rotina pessoal e suspensão do ensino presencial passam por sentimentos de medo, solidão, angústia, alterações de sono que podem evoluir para sintomas de estresse, ansiedade e depressão. Essa realidade nos faz corroborar com a afirmação de Elsaësser (2020) de que o SARS-Cov-2, identificado como o patógeno causador da COVID-19, funcionou também como uma lupa para as relações socioeconômicas, evidenciando seus limites e contradições que, na verdade, revelam crises e conflitos que se manifestam nas relações pessoais e interpessoais que, por vezes, tomam feições individualizadas, mas, estão enraizadas na história sociocultural da sociedade. Outra conjunta que dialoga com as situações explicitadas acima, é o contexto das mulheres quilombolas que se envolveram com dinâmica das Cadernetas Agroecológicas na região da Bacia Hidrográfica do Jequitinhonha, proporcionado pelos projetos de extensão citados anteriorimente. Essas mulheres estão em comunidades diretamente relacionadas aos conflito com projetos de mineração, na região do Serro e Conceição do Mato Dentro. Por mais que os resultados e as reflexões sobre as anotações nas Cadernetas feitas por essas mulheres, propiciaram ganho de consciência sobre o papel da mulher em relação ao trabalho produtivo, socioeconômico, e de preservação da agrosociobiodiversidade, foi possível perceber que há uma tensão cotidiana gerada pelo conflito com os projetos de desenvolvimento baseados na mineração. Uma tensão que produz instablidade emocional, afeta a saúde física, altera relações familiares e da comunidade. Situaçoes essas que refletem, inclusive, estratégias das empresas ao instigar e forçar o apoio e a aceitação de suas propostas pelas familías e comunidades. Diante dessas conjunturas, aprofundar a condição de entendimento sobre situações limites e a sua superação na busca de inéditos viáveis e do Ser Mais, passa por refletir como estratégias educativas e de extensão podem incorporar o acolhimento e cuidado com as pessoas, integrando as subjetividades e as condições de vida em processos formativos, pode ser uma estratégia para recuperar o vínculo entre formação humana e produção material da existência. Essa reflexão parte do entendimento de que incorporar estratégias acolhedoras das subjetividades, integrando o cuidado com a pessoa, pode apoiar a formação integral dos sujeitos sociais, no caminho de ser mais, articulando experiências no âmbito individual e coletivo/comunitário, em um processo dialético, fomentando vivências do fazer junto ou do “caminhar com” (ARAÚJO JÚNIOR, 2019, p. 58). Essas estratégias fortalecem percursos em que, se o sujeito vivencia algo, sendo acolhidos em ambiente sem julgamentos, em processo que integra ação-reflexão-ação, abre-se maior potência dele multiplicar a experiência, potencializando também o fazer junto e/ou caminhar com, corroborando com o hooks (2017, p. 25) expressa sobre o trabalho dos/as professores/as, um “trabalho que não é o de simplesmente partilhar informação, mas sim o de participar do crescimento intelectual e espiritual dos nossos alunos” (p. 25). Freire (2019, 2014, 2011) aponta ainda a práxis como movimento dialético de reflexão-ação-reflexão do sujeito sobre si mesmo e sobre o mundo em que está inserido, produzindo assim os meios para intervenção crítica nas realidades, que possuem interseção entre questões individuais e coletivas e entre diferentes formas de opressão. O autor afirma a práxis como prática da liberdade, e educar se faz como um processo de conscientização e conquista da liberdade. Mas, no processo de praticar essa liberdade faz-se necessário trazer ao consciente as relações de opressão vivenciadas pelos sujeitos. E trazer ao consciente implica entender a potencia de liberdade no ato de falar, se expressar, se pronunciar, como afirma bell hooks (2019, p. 45) “encontrar a voz é um ato de resistência”.


Objetivos

Geral: promover ambientes para reflexões e aprendizagens que integrem o cuidado com as pessoas no contexto do ver, ouvir e registrar, em diálogo com o ver, refletir e agir, a partir de processos cognitivos individuais e/ou coletivos, que permitem a construção de conhecimentos a partir da problematização de situações limites que possibilite aos sujeitos a reflexão-ação-reflexão e facilitem a construção de inéditos viáveis e do Ser Mais. Específicos. 1) Acompanhar as mulheres envolvidas com os projetos de extensão Mulheres Camponesas & Cadernetas Agroecológicas: desvelando trabalho e resistência aos grandes projetos de desenvolvimento (protocolo SIEXC/UFVJM 20231012023232621, 2022101202239166 e 2021101202113166 ), buscando identificar e refletir com elas sobre situações limites e os processos de superação das mesmas, de forma a fomentar construção de inéditos viáveis e do Ser mais, para as e os sujeitos envolvidas/os; 2) Realizar a dinâmica pedagógica Mapa Corpo-território com as mulheres que vivenciaram a experiência com as Cadernetas Agroecológicas no Alto Vale do Jequitinhonha; 3) Possibilitar aprendizagens a partir da realização da dinâmica pedagógica das Rodas de Terapia Comunitária Integrativa (TCI), desenvolvida como atividade extracurricular no campus JK da UFVJM, buscando identificar e refletir com os participantes sobre situações limites e os processos de superação das mesmas, de forma a fomentar construção de inéditos viáveis e do Ser mais, para as e os sujeitos envolvidas/os. 4) Realizar troca de experiências entre comunidade universitária e comunidade geral sobre aspectos relacionados ao cuidado com as pessoas na formação integral dos sujeitos;


Metas

1) Realizar pelo menos dois encontros com mulheres camponesas e quilombolas moradoras de comunidades rurais no Serro, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Alvorada de Minas; 2) Realizar duas experiências com aplicação da dinâmica pedagógica Mapa Corpo-território ; 3) Realizar Rodas de Terapia Comunitária Integrativa, com periodicidade quinzenal, envolvendo comunidade universitária e a comunidade em geral; 4) Produzir pelo menos um material de divulgação, com periodicidade semestral, a ser disponibilizado nas mídias sociais, sobre as atividades do projeto, seus impactos e resultados;


Metodologia

O projeto proposto tem como referencial a sociologia clínica (Le Ven, 2008), que se enquadra no contexto do novo paradigma nas ciências, que se situa na procura de sentido na produção do saber, a partir do saber-viver (Le Ven, 2008, p. 61). Nesse contexto os participantes de um processo se tornam também sujeitos do mesmo, o que inclui a dimensão de humanidade, pessoal e coletiva. Segundo o entendimento de Le Ven (2008, p. 70) o fundante na sociologia clínica por entender quem é o sujeito, como se faz sujeito, incluindo a noção de homem [e mulher] sujeito da história, individual e universal, considerando seu percurso na história, na busca de sua unidade, no respeito à diversidade de suas culturas, considerando história e subjetividade, consciente e inconsciente, autonomia e heteronomia, em um contexto do homem [mulher] feito e se fazendo, que inclui o direito de pensar e de dizer, de reconhecer uma trajetória de vida, a sua própria e a dos outros. A proposta é promover ambientes que envolvem vivências extracurriculares, proporcionando reflexões e aprendizagens que estimulem exercitar o ver, ouvir e registrar, dialogando com o ver, refletir e agir para a transformação no contexto individual e coletivo. Pretende-se viabilizar dois ambientes de reflexões, um relacionado às experiências com as mulheres camponesas e quilombolas,envolvidas com o uso das Cadernetas Agroecológicas, possibilitando a continuidade de diálogos promovidos pelos projetos de extensão desenvolvidos no alto do Jequitinhonha, no decorrer dos últimos três anos, em especifico o projeto Mulheres Camponesas & Cadernetas Agroecológicas: desvelando trabalho e resistência aos grandes projetos de desenvolvimento (protocolo SIEXC/UFVJM 20231012023232621, 2022101202239166 e 2021101202113166). Esse ambiente com as mulheres focará o desenvolvido da dinâmica Mapa Corpo-Território, como descrito em Hillenkamp (2022, p. 33 e 50). O outro ambiente de vivências e aprendizagens a será o espaço de diálogo propiciado pelas Rodas de Terapia Comunitária Integrativa, de acordo com Barreto (2019), a ser desenvolvido de forma presencial no campus JK da UFVJM, a princípio no espaço cedido para as atividades do Observatório dos Vales e Semiárido Mineiro, em horário que possibilite a participação da comunidade envolvida com a dinâmica de estudo e trabalho nos turnos diurno e noturno, portanto, um tempo de 1h:30 minutos entre às 16h:00 e 18h:45 minutos. Esse será um ambiente de participação livre, aberto para qualquer pessoa da comunidade que possa se interessar. Dependendo do interesse da comunidade externa à universidade, será possivel rever o local de realização dessa dinâmica, de modo a facilitar o acesso dos interessados. Importante destacar que a Terapia Comunitária Integrativa (TCI – Barreto (2019), é uma das estratégias que compõe as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, institucionalizadas por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (PNPIC), de acordo com o Ministério da Saúde/BRASIL Portaria no 849, de 27 de março de 2017. Portanto, o projeto pretende disponibilizar essa prática dentro de estratégias pedagógicas extracurriculares, pensadas para incluir e integrar os sentimentos e condições emocionais cotidianas no ambiente de aprendizagem, não fortalecendo a separação entre corpo e mente no processo de formação dos sujeitos, como denuncia bell hooks (2017). Tanto a dinâmica pedagógica do Mapa Corpo-território quanto das Rodas de Terapia Comunitária são atividades pensadas a partir da reflexão de resultados de projetos anteriores, como pode ser acessado nos boletins produzidos no contexto do projeto de extensão Mulheres Camponesas e Cadernetas Agroeocológicas, como apresentado em Gomes et. al. (01/2023 e 02/2023), e também pelo resultado de pesquisa sobre experiências com as Rodas de TCI com estudantes da Licenciatura em Educação do Campo, como apresentado em Lovo (2023). Ambas dinâmicas possuem um caráter horizontal e democrático, permitindo vivências relacionadas ao escutar, falar, não julgar, respeitar as diferenças e, na medida que as/os participantes vão se familiarizando e sentindo os resultados da sua participação, tendem a se comprometer com as mesmas, o que inclui apoiar a realização das dinâmicas.


Referências Bibliográficas

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GOMES, Ana Alice da Silva; ANSANI, Carolina Vanetti; CARVALHO, Eduarda Diana; outras autoras. Semeando Agroecologia e Resistências - Boletim 02/2023: Passa Sete (Conceição do Mato Dentro), Córrego da Gameleira e Comunidade Quilombola de Queimadas (Serro). MAM, PROEXC/UFVJM, Observatório dos Vales. 2023. HAHN, Michelle Selma; FERRAZ, Marcos P. Toledo e GIGLIO, Joel Sales. A Saúde Mental do Estudante Universitário: Sua História ao longo do Século XX. Revista Brasileira de Educação Médica. Rio de Janeiro. v 23, no 2/3, maio/dez 1999. Págs. 81- 89. HILLEMKAMP, Isabelle. Guia metodológica: Projeto GENgiBRe - “Relação com a natureza e igualdade de gênero. Uma contribuição à teoria crítica a partir de práticas e mobilizações feministas na agroecologia no Brasil”. Projeto Francé Par LANR. 2022. hooks, bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. 2a ed. São Paulo. Editora WMF Martins Fontes. 2017. hooks, bell. Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra. 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Programa de Pós graduação em Educação. Universidade Federal de Uberlândia. 2023. SILVA, Simone Martins da; ROSA, Adriane Ribeiro. O Impacto da Covid-19 na Saúde Mental dos Estudantes e o Papel das Instituições de Ensino como Fator de Promoção e Proteção. Revista Prâksis. Novo Hamburgo, a. 18, n. 2, mai. /ago. 2021. DOI: https://doi.org/10.25112/rpr.v2i0.2446. Disponível em: https://periodicos.feevale.br/seer/index.php/revistapraksis/article/view/2446. Acesso em 23 maio 2022.


Inserção do estudante

A proposta tem o potencial de integrar comunidade universitária com a comunidade em geral, com um olhar específico para as mulheres camponesas e quilombolas que estão em situação de conflito com grandes projetos de desenvolvimento minerário. Essa aproximação facilita ambientes para que estudantes se envolvam e se impliquem com realidades conflituosas que, muitas vezes, estão distantes do ambiente universitário. O que o possibilita refletir o todo compreendendo as partes, e as posições em conflito. Outro aspecto importante da proposta de extensão é ter como tema central o cuidado com as pessoas, assim, tanto a dinâmica do Mapa Corpo-território, quanto as Rodas de Terapia Comunitária Integrativa, possibilitam abordar temas relacionados com as condições físicas e socioemocionais a partir do acolhimento das pessoas, proporcionado por ambientes coletivos em que se fomenta o falar e escutar, sem julgamentos. Esse exercício proporciona o sentimento de empatia que, por sua vez, possibilita o exercício de perceber e respeitar as individualidades, que difere do individualismo, evidenciando as demandas e necessidades básicas, descritas pela pessoa que traz um tema para reflexão, que permitem, também, o entrelace com realidades semelhantes de outros indivíduos que compõem a sociedade. Portanto, envolve respeito às diferenças, em um exercício de reconhecimento e consideração pelos indivíduos e suas demandas, que são simultaneamente particulares e coletivas. Como bell hooks (2021, pg. 186) indica, a empatia permite a uma pessoa ser fundamentalmente tocada e transformada, sendo que, segundo essa autora, o “resultado dessa transformação são a mutualidade, a parceria e a comunidade”. Nesse contexto, o projeto fomenta a integração entre diferentes perfis da comunidade universitária (estudantes, servidores técnicos e professores), envolvidos em diferentes cursos ou unidades acadêmicas, ampliando para a possibilidade de integração com a comunidade em geral, fomentando assim também experiências inter e transdisciplinares. Haverá o fomento, também, para vivenciar e aprender dinâmicas que priorizam a troca de saberes e experiências em espaços horizontais de diálogo e convivência, o que já é um aprendizado importante, pois, destoa dos espaços e relações de poder hierarquizadas, que são comuns no ambiente universitário e na comunidade em geral. Essa condição irá propiciar aos estudantes, em específico, entender que é possível perceber e integrar seus sentimentos ao seu processo formativo, o que tende a contribuir com a formação de profissionais melhor preparados para lidar com a realidade das demais pessoas, em um esforço de focar em relações mais coletivas e menos individualistas. Por fim, o projeto está baseado nos fundamentos freirianos e do feminismo negro, o que representa relacionar e perceber, na prática, os pressupostos freirianos e do feminismo, considerando os princípios freirianos da dialogicidade, politicidade, democracia, comprometimento, eticidade e práxis e; as dimensões epistemológicas do feminismo negro, que incluem a valorização da sabedoria, o diálogo, ética do cuidado, a responsabilidade pessoal e o lugar de fala.


Observações

Faz-se importante ter na universidade ambientes que facilitem a percepção e a reflexão sobre como ocorrem as condições interseccionais de opressão e repressão, vivenciadas no cotidiano das relações, tanto no contexto privado como público, que geralmente não são visibilizadas, e se apresentam como situações limites, facilitar as condições de olhar esses contextos, propicia aos sujeitos refletirem o contexto particular das suas relações e, também, para ampliarem a sua leitura de mundo. Com isso a proposta de extensão tem um caráter de integração entre ensino, pesquisa e extensão, na medida que reforça a importância de educandas/os e educadoras/res serem acolhidas/os como seres humanos integrais, que se relacionam em uma comunidade de aprendizagem, que abrange não só a busca pelo conhecimento acumulado pela ciência e pela sabedoria popular, ou ainda o domínio no uso de tecnologias ou estratégias didáticas, fazendo-se imprescindível, também, integrar o conhecimento acerca de como viver e estar no mundo, incluindo a participação consciente nas dinâmicas individuais e coletivas, públicas e privadas, que estão refletidas nas lutas por produzir o mundo. Importante destacar que o projeto será desenvolvido pelo Observatório dos Vales e Semiárido mineiro, um grupo de pesquisa registrado no CNPq (http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/306644), que envolve servidores que atuam no mestrado em Estudos Rurais, Ciências Humanas, nas graduações Educação do Campo, Geografia e o Bacharelado em Humanidades, condição que aporta para o diálogo interdisciplinar desse coletivo. O Observatório possui espaço físico no Campus JK da UFVJM (Diamantina/MG), e conta com equipamento de informática (computador e impressora), e mobiliário que possibilita condições para realização das Rodas de Terapia Comunitária Integrativa. Nesse espaço há acesso a rede de internet e telefone.


Público-alvo

Descrição

Mulheres camponesas e Quilombolas de comunidades rurais dos municípios do Serro, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Alvorada de Minas que participara dos projetos de extensão em anos anteriores que viabilizou o uso das Cadernetas Agroecológicas.

Descrição

Estudantes e servidores (tecnicos e docentes) da UFVJM que trabalham no campus JK em Diamantina, que possam se interessar em participar das Rodas de Terapia Comunitária Integrativa (TCI).

Descrição

Pessoas residentes em Diamantina e municípios do entorno, que não possuem vínculo direto com a UFJM, e possam se interessar em participar das Rodas de Terapia Comunitária Integrativa (TCI)

Municípios Atendidos

Município

Diamantina

Município

Serro

Município

Conceição Do Mato Dentro

Município

Dom Joaquim

Município

Alvorada De Minas

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

Apoio com disponibilização de espaço para realização das Rodas de Terapia Comunitária no campus JK da UFVJM. Apoio com esquipe interdisciplinar para condução das atividades do projeto

Participação da Instituição Parceira

Apoio no convite, mobilização das mulheres camponesas e quilombola para participação nas atividades do projeto.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Mensalmente
Descrição da Atividade

Diálogos de equipe para monitorar a implementação do projeto, envolvendo a equipe e os parceiros do projeto.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Realizar pelo menos duas dinâmicas pedagógicas com a dinâmica do Mapa Corpo-Território com as mulheres camponesas e quilombolas envolvidas com a experiência das Cadernetas Agroecológicas.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Realizar pelo menos dois encontros com mulheres camponesas e quilombolas moradoras de comunidades rurais no Serro, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Alvorada de Minas;

Periodicidade Quinzenalmente
Descrição da Atividade

Realizar Rodas de Terapia Comunitária Integrativa com periodicidade quinzenal envolvendo comunidade universitária e a comunidade em geral;

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Produzir pelo menos um material de divulgação, com periodicidade semestral, a ser disponibilizado nas mídias sociais, sobre as atividades do projeto, seus impactos e resultados;