Visitante
Criança Feliz: promoção à saúde das crianças da Casa-Lar de Diamantina-MG
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Pibex
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
mariana oliveira barros
202410120241311852
faculdade de medicina de diamantina - famed
Caracterização da Ação
ciências da saúde
saúde
educação
grupos sociais vulneráveis
local
Sim
Membros
marco túllio becheleni ávila guimarães
Voluntário(a)
melissa neves generoso
Voluntário(a)
louise lanna nunes
Voluntário(a)
alison cristine pinto guelpeli
Voluntário(a)
maria luiza antunes de figueiredo
Bolsista
O projeto contemplará a promoção da saúde das crianças institucionalizadas na Casa-Lar de Diamantina-MG, mediante consultas de Pediatria, atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor, capacitação das funcionárias e orientação dos responsáveis legais.
O projeto contemplará a promoção da saúde das crianças institucionalizadas na Casa-Lar de Diamantina-MG, mediante consultas de Pediatria, atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor, capacitação das funcionárias e orientação dos responsáveis
A Casa-Lar é uma modalidade de acolhimento institucional em que as crianças são afastadas provisoriamente do âmbito familiar, sendo uma unidade residencial constituída por cuidadores e educadores que prestam os cuidados necessários e são os responsáveis por estabelecer o vínculo com as crianças. Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, a Casa-Lar tem o intuito de proteger as crianças, visto que muitas delas já tiveram os seus direitos infringidos, fazendo, portanto, o papel de um local acolhedor, familiar e que garante a conexão das crianças com a comunidade e com os serviços disponíveis para a localidade que a residência está inserida. Em situações de vulnerabilidade social, essas crianças podem sofrer com impactos negativos sobre o bem-estar físico, cognitivo e psicossocial. É comum que as crianças direcionadas para as instituições de acolhimento e com um histórico de risco pessoal e social não apresentem um adequado acompanhamento médico prévio desde o período antenatal e neonatal até o momento em que chegam na instituição. Dessa forma, doenças decorrentes da falta do acompanhamento médico, bem como resultantes de um suporte familiar insuficiente, são comuns. Como exemplo disso, têm-se os atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor frequentemente encontrados nessas crianças. A Casa-Lar de Diamantina é uma entidade filantrópica, que acolhe, temporariamente, crianças de ambos os sexos, entre 0 e 12 anos de idade, em situações de vulnerabilidade social até que possam retornar para o convívio familiar. Atualmente, residem, na instituição, 13 crianças, sendo 7 meninos e 6 meninas. A sua gestão é feita por 1 Coordenadora e 1 Administradora. O suporte legal é feito por 1 Assistente Social e o psicológico, por 2 Psicólogas. Há 5 Cuidadoras durante o dia e 2 à noite, além de 4 Auxiliares de Cuidadoras, sendo divididas em escalas. Além disso, há também 1 funcionária de serviços gerais. Nesse sentido, as crianças residentes na instituição precisam de acompanhamento médico contínuo e adequado, apresentando diferentes particularidades médicas, como déficit de atenção e hiperatividade, atraso da fala e da linguagem, histórico de drogadição materna durante a gestação, entre outros. Por isso, tornam-se imperativas as medidas de promoção à saúde e bem-estar dessas crianças. Diante disso, o projeto Criança Feliz: promoção à saúde das crianças da Casa-Lar de Diamantina-MG tem o objetivo de atuar na instituição a partir das consultas médicas de puericultura e sob demanda, das atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor, da capacitação dos educadores/cuidadores da instituição e das orientações aos responsáveis legais quando as crianças puderem retornar para o âmbito familiar. Seguindo o princípio da indissociabilidade entre: ensino-pesquisa-extensão, o projeto contará com uma pesquisa sobre o impacto da capacitação das funcionárias da Casa-Lar durante a intervenção da equipe na instituição. Além disso, ações de ensino serão exercidas durante todo o projeto visando a capacitação dos estudantes por meio de aulas teóricas ministradas por docente ou discente acerca dos temas médicos que sejam importantes para o melhor desenvolvimento do projeto, bem como discussões clínicas, a fim de avaliar, de maneira individualizada, as particularidades médicas apresentadas por cada criança residente na instituição.
O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA, 1990) determina que a criança deve ser protegida pela família, sociedade e Estado. Contudo, muitas vezes a família viola esses direitos fundamentais. Com isso, em determinadas situações, o Estado passa a assumir os cuidados por meio de instituições de acolhimento, assistência social e conselhos tutelares. De acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), em 2023, o número total de crianças acolhidas em abrigos no Brasil é 32.767. Os serviços de acolhimento são divididos em instituições e famílias acolhedoras. No Brasil, existem 6.584 serviços de acolhimento, sendo 2,6% famílias acolhedoras e 97,4% instituições (SNA, 2023). Diante desses dados, evidencia-se que o principal instrumento de acolhimento de crianças são as instituições, demonstrando a importância dos projetos voltados para a capacitação dos profissionais desses lugares e para o atendimento das crianças institucionalizadas. Ainda de acordo com o SNA (2023), 7,1% das crianças acolhidas têm algum problema de saúde; 0,4% têm doença infectocontagiosa; e 6,1% são portadoras de deficiência física e/ou intelectual. Contudo, muitas vezes, esses dados são subestimados, já que, comumente, não ocorrem consultas de puericultura adequadas para essa população, havendo condições médicas que não são diagnosticadas e, consequentemente, não entram para as estatísticas. Um estudo realizado em uma instituição do Ceará identificou que 65,9% das crianças não alcançaram pelo menos um dos marcos do desenvolvimento propostos pelo Ministério da Saúde para a idade (CHAVES et al, 2013). Esse resultado pode estar relacionado à diversas causas: exposição intrauterina a fatores nocivos para o desenvolvimento fetal (drogas lícitas ou ilícitas, desnutrição materna, doenças psiquiátricas), situações prejudiciais ao desenvolvimento e crescimento (miséria, violência, negligência), falta de estímulos favoráveis ao desenvolvimento e crescimento, falta de acesso a cuidados profissionais em saúde, entre outros. Essa realidade pode estar presente na Casa-Lar de Diamantina, visto que as crianças apresentam um histórico de vulnerabilidade social e, muitas vezes, um acompanhamento médico inadequado. Os primeiros abrigos para crianças entre 24 e 72 meses de idade visavam institucionalizar indígenas ou filhos ilegítimos de homens brancos com escravas negras (DINIZ; ASSIS; SOUZA, 2018). Ao longo dos anos, essas instituições passaram a abrigar infantes em diversas circunstâncias: órfãs, indesejadas pelas famílias, moradores de rua, filhos(as) de pais doentes, advindas de famílias que não conseguiam prover alimentação, em delinquência, entre outras. Nesse longo percurso, os abrigos foram instrumentos de ações assistencialistas, filantrópicas, repressivas e discriminatórias até o estabelecimento de uma sólida política pública visando a proteção das crianças e dos jovens (JULIÃO, 2017). Com a criação do ECA, esses locais passaram a ser instrumentos de acolhimento de quem era afastado do contexto familiar por estar submetido às violações dos direitos. Os abrigos devem fornecer um ambiente acolhedor, mas nem sempre isso acontece. Em um estudo realizado em uma instituição do interior de São Paulo, foi demonstrado que os cuidadores privavam as crianças de circular pelo espaço, de dialogar entre si e de brincar, além de não demonstrarem afeto nem estarem preparados para lidar com deficiências (ANDRADE, 2017). Essa é a realidade de vários abrigos em todo o Brasil, demonstrando a necessidade de projetos para instruir e preparar os cuidadores dessas instituições. Nesse sentido, a institucionalização pode repercutir de forma positiva ou negativa. Em muitos casos, há profissionais pouco preparados, superlotação e falta de estimulação adequada para o desenvolvimento infantil (DINIZ; ASSIS; SOUZA, 2018), repercutindo negativamente na vivência da criança. Por outro lado, há situações em que o cuidado é mais adequado do que aquele recebido pela família. Diante disso, este projeto surge como uma oportunidade de contribuir para a vivência positiva da criança durante a sua institucionalização na Casa-Lar de Diamantina. Consoante à teoria psicanalítica de Winnicott, as crianças necessitam de pais capazes de suprir suas demandas afetivas. Caso isso não ocorra, elas irão experienciar sentimentos de desamparo e rejeição. Assim, a sua remoção do contexto familiar apresenta-se como fator de risco para depressão, problemas no estabelecimento de vínculos e afeto, propensão à delinquência, transtornos mentais e ansiedade, afetando o desenvolvimento e crescimento da criança (SILVA et al, 2021). Essas particularidades fazem com que os infantes, que residem em abrigos, estejam em situação de vulnerabilidade emocional e psicológica, tornando-se necessário o suporte adequado para que os impactos negativos da institucionalização sejam minimizados. Nesse sentido, este projeto pretende intervir no contexto familiar e institucional das crianças que residem na Casa-Lar, de forma a promover a sua saúde, principalmente no que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento, bem como atuar na recuperação das doenças existentes. A experiência deste projeto originará relatos e artigos científicos, que contribuirão para outros projetos com fins parecidos no futuro, bem como para a ampliação do conhecimento da comunidade científica sobre a atuação nessas instituições, uma vez que a tríade ensino-pesquisa-extensão é indissociável.
Gerais: Atuar na Casa-Lar de Diamantina, por meio da capacitação da equipe sobre a saúde e os cuidados na faixa etária pediátrica; promover atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor; realizar acompanhamento médico, por meio de consultas de puericultura; e orientar os responsáveis legais no momento de retorno da criança ao âmbito familiar. Específicos: • Fornecer acompanhamento médico às crianças residentes na Casa-Lar de Diamantina por meio de consultas de puericultura e sob demanda; • Aplicar ferramentas de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor de acordo com a faixa etária de cada criança; • Capacitar a equipe quanto aos cuidados com a criança, como: cuidados com o recém-nascido, higiene bucal, transição alimentar, prevenção de acidentes, entre outros tópicos relevantes para um crescimento e desenvolvimento saudáveis durante a infância; • Aplicar questionários acerca de tais temas para os cuidadores/educadores, a fim de orientar as discussões; • Orientar os responsáveis legais quanto às particularidades médicas e aos cuidados com a criança no momento de retorno ao âmbito familiar; • Orientar os responsáveis quanto às ferramentas de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor; • Gerar produção acadêmica para possíveis publicações de artigos em revistas médicas; • Apresentar o presente projeto em eventos médicos; • Fortalecer o vínculo: criança-instituição-família; • Aprimorar o conhecimento dos participantes acerca da área pediátrica; • Promover aulas teóricas e discussões clínicas; • Promover troca de experiências entre os funcionários da instituição, os discentes e os docentes; • Promover um olhar biopsicossocial sobre a saúde da criança; • Promover a interdisciplinaridade através da participação de colaboradores de outras áreas da saúde, como fisioterapia e odontologia, nas intervenções a serem realizadas na instituição.
As metas deste projeto são: a capacitação dos funcionários da Casa-Lar de Diamantina-MG; a promoção da saúde das crianças institucionalizadas aprimorar; a ampliação dos conhecimentos dos discentes; o aprimoramento profissional dos docentes e demais colaboradores; e o impacto positivo na sociedade em geral. Essas metas são interligadas, com notória influência entre si. A capacitação visa aumentar o conhecimento dos funcionários sobre os cuidados com as crianças, principalmente em relação ao crescimento e desenvolvimento infantil. Esse aprimoramento será quantificado, mediante questionários aplicados, com o intuito de avaliar a eficácia das intervenções realizadas pelos acadêmicos. Ademais, tem-se como meta a eficácia estatisticamente significante à análise dos resultados. As crianças serão impactadas indiretamente por essa capacitação, pois, ao final do projeto, elas serão assistidas por cuidadores mais qualificados em relação aos saberes teóricos do cuidado pediátrico. Com isso, tem-se como meta que os profissionais se tornem mais preparados para promover uma melhor infância para esses indivíduos. Almeja-se também realizar o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de todas as crianças que atualmente encontram-se na residência, além de estimular o seu desenvolvimento por meio das atividades que serão realizadas. Os atendimentos médicos irão preconizar a puericultura, prevenindo, identificando e intervindo em possíveis condições clínicas. Assim, terá como meta a melhora dos parâmetros médicos desses pacientes, bem como um melhor desenvolvimento neuropsicomotor. Além disso, os discentes envolvidos na execução das atividades terão impacto direto no que diz respeito aos seus conhecimentos em Pediatria e intervenções junto à comunidade. O projeto também será importante para o desenvolvimento de habilidades de trabalho multidisciplinar, à medida em que haverá colaboração entre profissionais de outras áreas da saúde, como Fisioterapia, Nutrição e Odontologia. Em adição, há como meta a colaboração para a construção de literatura nacional. Com os questionários aplicados, as observações realizadas pelos discentes na vivência do projeto, o impacto do projeto e os resultados apresentados, possibilita-se a escrita, por exemplo, sobre crianças que vivem em instituições filantrópicas, e a divulgação do projeto em eventos médicos, para inspirar ações como essa em outros locais. A sociedade também sofrerá impacto indireto, pois um bom crescimento e desenvolvimento implica na formação de indivíduos que são capazes de desempenhar diferentes tarefas em suas comunidades de forma efetiva. Dessa forma, o projeto tem como meta intervir em diversas dimensões para que as realidades dessas crianças sejam ressignificadas de maneira que elas se tornem adultos saudáveis e capazes de vivenciar um futuro melhor do que o seu passado.
O projeto será presencial com as intervenções ocorrendo na Casa-Lar, localizada na Rua Dom Geraldo de Proença Sigaud, nº 115, bário Serrano, Diamantina/MG, CEP 3910-000. As ações ocorrerão com cerca de 3 estudantes por vez, evitando-se aglomerações, para respeitar a privacidade das crianças e não atrapalhar o trabalho dos funcionários nem a dinâmica e rotina do local. Em todas as ações, os estudantes serão supervisionados por um docente responsável. Segundo o Ministério da Saúde, são preconizadas consultas de puericultura mensais até o sexto mês de vida; trimestralmente até os 18 meses; dos 18 meses até os dois anos, semestralmente; e então, anuais, até o final da adolescência. Diante disso, serão realizadas consultas de puericultura com a frequência supracitada, bem como consultas sob demanda, ou seja, caso as crianças apresentem alguma queixa ou intercorrência, que possa ser resolvida a nível ambulatorial ou que necessite de avaliação para encaminhamento para serviço especializado. Durante o atendimento de puericultura, se forem notadas alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, como atraso na apresentação dos marcos, serão realizadas orientações sobre cuidados, estímulos e sinais de alerta. Elas poderão ocorrer por meio de grupos de discussão com os funcionários da Casa Lar, ou de forma individual, a depender da particularidade de cada criança. As consultas serão realizadas pelo acadêmico acompanhado por um Pediatra, que irá avaliar o paciente também e decidirá as condutas. Ademais, todo o atendimento será registrado em prontuário próprio (ANEXO I), que será anexado à pasta da criança, guardada na Casa-Lar. Junto a isso, as atividades para o estímulo do desenvolvimento ocorrerão em grupos ou individualmente com as crianças, a depender da faixa etária, do exercício e da frequência necessária para cada caso. As ações serão coordenadas por discentes, docentes, residentes de Pediatria e acadêmicos convidados da Fisioterapia e/ou Educação Física. A intervenção ocorrerá com atividades lúdicas, mecânicas e intelectuais de forma que promovam a participação ativa da criança. Para alcançar os objetivos elencados, a capacitação das funcionárias da Casa-Lar ocorrerá mensalmente de fevereiro a agosto de 2024 e contará com um feedback ao final das atividades. Os questionários de capacitação serão aplicados antes e após a intervenção, havendo um tema específico por vez e sendo aplicados presencialmente, com o intuito de preservar a confiabilidade das respostas e o desempenho das participantes. Cada bloco conterá 10 questões fechadas com 5 alternativas cada, contemplando os principais pontos do tema elencado, e deverá ser respondido dentro de 60 minutos. Diante disso, os tópicos abordados serão: • Cuidados com o recém-nascido: questionário pré-intervenção e intervenção realizados em fevereiro e questionário pós-intervenção em março de 2024 • Imunização: questionário pré-intervenção e intervenção realizados em março e questionário pós-intervenção em abril de 2024 • Prevenção de acidentes: questionário pré-intervenção e intervenção realizados em abril e questionário pós-intervenção em maio de 2024 • Transição alimentar e alimentação saudável: questionário pré-intervenção e intervenção realizados em maio e questionário pós-intervenção em junho de 2024. No momento da intervenção a equipe contará com colaboradores do curso de Nutrição da UFVJM a fim de agregarem à discussão o caráter interdisciplinar proposto pelo projeto. • Higiene bucal: questionário pré-intervenção e intervenção realizados em junho e questionário pós-intervenção em julho de 2024. No momento da intervenção a equipe contará com colaboradores do curso de Odontologia da UFVJM a fim de agregarem à discussão o caráter interdisciplinar proposto pelo projeto. • Marcos do desenvolvimento: questionário pré-intervenção e intervenção realizados em julho e questionário pós-intervenção em agosto de 2024. A intervenção ocorrerá mensalmente - após a aplicação do questionário sobre o tema por meio de reuniões de 45 a 60 minutos através de dinâmica e/ou aula expositiva. A capacitação terá como base o conteúdo dos questionários e as dúvidas das participantes, podendo contar com a colaboração de profissionais de outras áreas a fim promover a interdisciplinaridade durante a intervenção. Os formulários aplicados às funcionárias da instituição serão utilizados como instrumento de avaliação do progresso delas ao final da capacitação. Diante disso, os dados serão coletados e analisados por métodos estatísticos e tomados com base para a conclusão se este objetivo específico foi alcançado. Dessa maneira, o teste T-Student será utilizado nos resultados dos questionários para se obter o valor p (probabilidade significativa) da amostra. Nesse contexto, diante de um valor p significante, ou seja, p < 5%, será possível obter 95% de certeza de que os resultados após as aulas de capacitação serão estatisticamente diferentes dos resultados antes das intervenções. Dessa maneira, é possível verificar se a intervenção provocou aprendizado e ganhos para os participantes e utilizar tais dados para a publicação de artigos científicos e apresentações em eventos médicos. A capacitação dos discentes ocorrerá através de aulas teóricas e discussões clínicas acerca das particularidades médicas das crianças. As aulas teóricas serão ministradas por docente, Residente de Pediatria ou discente, tendo duração de 45 a 60 minutos em reuniões online, por meio da plataforma do Google Meet. A escolha dos temas será baseada na prática clínica e na experiência vivenciada na Casa-Lar, para que, assim, os temas mais relevantes sejam abordados e, consequentemente, haja um melhor desempenho durante o projeto. Além disso, a discussão clínica sobre as particularidades médicas das crianças serão discutidas em conjunto a fim de adequar o atendimento para melhor atendê-las. Ponto relevante desse processo, é que o docente coordenador contará com o auxílio de médicos Residentes de Pediatria da UFVJM. Esses profissionais irão colaborar ao longo de todo o projeto, de maneira ativa, promovendo suporte aos acadêmicos e auxiliando o coordenador nas práticas realizadas na Casa-Lar de Diamantina. Por fim, a orientação dos pais se dará presencialmente, por meio de conversa e entrega de material impresso, ressaltando os cuidados necessários com a criança e as suas particularidades médicas que deverão ser acompanhadas.
ANDRADE, A. D. F. O sofrimento psíquico de crianças abrigadas e o despreparo dos cuidadores. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Psicologia - Centro Universitário UNIFAAT. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Cadernos de Atenção Básica. Brasília, 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf. Acesso em: 26 out. 2023. CHAVES, C. M. P. et al. Avaliação do crescimento e desenvolvimento de crianças institucionalizadas. Revista Brasileira de Enfermagem, [S.L.], v. 66, n. 5, p. 668-674, set. 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-71672013000500005. Acesso em: 26 out. 2023. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). Painel de Acompanhamento. 2023. Disponível em: https://paineisanalytics.cnj.jus.br/single/?appid=ccd72056-8999-4434-b913-f74b5b5b31a2&sheet=4f1d9435-00b1-4c8c-beb7-8ed9dba4e45a&opt=currsel&select=clearall. Acesso em: 26 out. 2023. DINIZ, I. A.; ASSIS, M. O.; SOUZA, M. F. S. D.. Crianças Institucionalizadas: Um Olhar Para o Desenvolvimento Socioafetivo. Pretextos - Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3, n. 5, p. 261-285, mar. 2018. Disponível em: http://orcid.org/0000-0002-8687-8943. Acesso em: 26 out. 2023. JULIÃO, C. H. A promoção da saúde em instituições de acolhimento para crianças e adolescentes: reflexões preliminares. REFACS - Rev. Fam., Ciclos Vida Saúde Contexto Soc. (Online), v. 8, p. 1033 – 1041, out/dez 2020. Disponível em: https://doi.org/10.18554/refacs.v8i0.5020. Acesso em: 26 out. 2023. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações técnicas: serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. 2ª edição, Brasília, jun. 2009. Disponível em https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/orientacoes-tecnicas-servicos-de-alcolhimento.pdf. Acesso em: 26 out. 2023. SILVA, R. C. R., et al. Desenvolvimento Infantil da Criança Institucionalizada. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.], p. 15, 2021. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/696. Acesso em: 26 out. 2023. SOUZA, L. B. DE; PANÚNCIO-PINTO, M. P.; FIORATI, R. C. Crianças e adolescentes em vulnerabilidade social: bem-estar, saúde mental e participação em educação. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, v. 27, n. 2, p. 251–269, abr. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoAO1812. Acesso em: 26 out. 2023. SIQUEIRA, Aline Cardoso; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. O impacto da institucionalização na infância e na adolescência: uma revisão de literatura. Psicologia & Sociedade, [S.L.], v. 18, n. 1, p. 71-80, jan. 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-71822006000100010. Acesso em: 26 out. 2023. BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Relatório da Infância e Juventude – Resolução nº 71/2011: Um olhar mais atento aos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes no País. Brasília, 2013. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Destaques/Publicacoes/Res_71_VOLUME_1_WEB_.PDF. Acesso em: 26 out. 2023. NOGUEIRA, Maria das Dores Pimentel, et al. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras. Comissão Permanente de Avaliação da Extensão. Avaliação da Extensão Universitária: práticas e discussões da Comissão Permanente de Avaliação da Extensão. Belo Horizonte: FORPROEX/CPAE; PROEX/UFMG, 2013. Disponível em: https://www.ufmg.br/proex/renex/images/avalia%C3%A7%C3%A3o_da_extens%C3%A3o-_livro_8.pdf. Acesso em: 26 out. 2023.
Estudos mostram que o projeto de extensão durante a graduação surge como uma oportunidade de contato horizontal entre discentes, docentes e comunidade, sendo peças importantes para a construção da atividade proposta. Nesse sentido, a inserção do discente será ativa em todas as etapas de execução das atividades. O intuito é que, a partir disso, os benefícios sejam potencializados, possibilitando que o acadêmico aproveite ao máximo todas as atividades que serão realizadas ao longo do processo. Durante as consultas de puericultura, o estudante estará inserido na consulta. Ele fará a anamnese e o exame físico, sempre acompanhado pelo preceptor, visando aprimorar tais habilidades médicas. Na etapa de orientação dos responsáveis legais, o discente deverá fazer uma compilação das particularidades médicas da criança que irá retornar para o âmbito familiar. Nesse contexto, a partir de tais dados, o discente será capaz de identificar os pontos chaves que deverão ser orientados aos responsáveis legais, bem como preparar o material impresso que será entregue às famílias. Quanto aos questionários que serão aplicados com a equipe da Casa-Lar, o discente terá como responsabilidade preparar o material, com 6 questionários contendo 10 questões cada, e aplicar tais atividades. Em seguida, a partir das respostas, deverá planejar e realizar a capacitação dos funcionários junto ao professor orientador. Uma vez finalizado o processo, o discente ainda terá como responsabilidade a compilação dos dados adquiridos, bem como a sua análise. Em sequência, deverá apresentar ao professor orientador tais resultados, para que, por fim, ocorra a escrita do artigo sobre a intervenção. As atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor das crianças também contarão com a ajuda do discente. Um ponto relevante dessa participação será capacitar as funcionárias para que elas também possam colocar em prática tais atividades. A interdisciplinaridade do projeto abarcará a inserção dos estudantes de outros cursos da área da saúde da UFVJM. Haverá, assim, participação da Liga Acadêmica de Fisioterapia em Neonatologia e Pediatria e a Liga Acadêmica de Odontopediatria.
A Casa-Lar de Diamantina é uma instituição filantrópica que acolhe provisoriamente crianças em situações de vulnerabilidade social com risco pessoal e social, fazendo-se necessário que sejam afastadas do âmbito familiar. Tais crianças ficam institucionalizadas por tempo variável a depender de cada caso, até que se julgue seguro que ela retorne para o ambiente familiar ou inicie um processo de adoção. Durante a permanência das crianças na Casa-Lar, tornam-se necessárias medidas que visam a promoção à saúde e a amenização dos impactos da institucionalização na saúde física e mental dessas crianças. Diante disso, o projeto Criança Feliz: promoção à saúde das crianças da Casa-Lar de Diamantina-MG surge como uma oportunidade de garantir acesso médico a essas crianças, as quais por vezes não possuem um histórico de acompanhamento médico adequado. Junto a isso, também cabe ao projeto promover ações de estímulo ao desempenho neuropsicomotor, capacitação das funcionárias da instituição para melhor lida diária com as crianças e orientação dos responsáveis legais no momento de retorno da criança ao âmbito familiar. Atuando seguindo a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão, bem como garantindo o caráter interdisciplinar das atividades, o projeto apresenta-se como uma excelente oportunidade para os participantes, visto que a partir dele será possível aprimorar os conhecimentos acerca da área pediátrica, desenvolver habilidades médicas e sociais necessárias para o cuidado com o paciente, bem como desempenhar um olhar biopsicossocial diante da institucionalização de crianças durante a infância.
Público-alvo
O principal público-alvo do projeto são as crianças residentes na Casa-Lar de Diamantina-MG. Consequentemente, elas serão as maiores beneficiadas com as ações que serão exercidas na instituição, visto que haverá intervenções tanto para elas quanto para o meio em que elas estão inseridas, seja na instituição ou no momento de retorno para o âmbito familiar. Cabe ressaltar que, além das crianças, principal público-alvo, o projeto possui ações específicas que beneficiará aqueles que participarão do projeto: funcionários, discentes, docentes e, indiretamente, a sociedade como um todo. Os funcionários da Casa-Lar e a própria instituição em si também serão beneficiados, pois a sua capacitação trará um melhor preparo profissional para lidar com as crianças. Além disso, esse conhecimento pode ser aplicado também na vida pessoal dos participantes, já que são conhecimentos básicos que podem ser aplicados no próprio âmbito familiar e são de extrema importância para a saúde infantil, influenciando no seu adequado crescimento e desenvolvimento. Ainda no público diretamente beneficiado com o projeto, há o responsável legal. O retorno da criança para o âmbito familiar é um momento delicado e de estresse, visto que ela, mais uma vez, passará por novas mudanças. Portanto, é importante que o responsável tenha as devidas orientações, a fim de amenizar esses impactos. Com isso, este projeto surge como um meio de fazer com que tais informações cheguem às famílias e, consequentemente, possam ser colocadas em prática nos cuidados com as crianças. Os discentes se beneficiarão com tais ações, porque será um momento de aprimorar os conhecimentos na área da Pediatria, bem como de adquirir novos saberes. Ademais, destacam-se como importantes habilidades médicas: saber cultivar uma boa relação médico-paciente, ter empatia, reconhecer o meio em que o paciente está inserido e, assim, fornecer a melhor prevenção, promoção à saúde e cuidados médicos com as ferramentas que a ele estão disponíveis. Dessa forma, o projeto permite que os discentes exerçam tais habilidades, contribuindo, pois, positivamente para a formação médica e pessoal dos participantes. O docente orientador e os demais colaboradores também se beneficiarão, pois os conhecimentos ali adquiridos contribuem para a formação de melhores profissionais, tanto na área médica quanto no âmbito acadêmico. Em adição, além da experiência da extensão, este projeto também abarcará ações de ensino e pesquisa, amplificando o ganho acadêmico e enriquecendo o conhecimento e a experiência de tais participantes. Por último, ressalta-se que a sociedade é indiretamente beneficiada pelas ações do projeto. As pessoas participantes, direta e indiretamente, irão cultivar e disseminar princípios éticos, morais e sociais, como a solidariedade, a empatia, a beneficência, o profissionalismo, sensibilidade social, entre outros, pela comunidade.
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
O projeto terá como principal parceira a Casa-Lar de Diamantina, onde serão realizadas as intervenções. A gestão da instituição já está ciente do presente projeto e autoriza que as práticas sejam realizadas no espaço, sendo disponibilizada toda a sua estrutura para que as ações ocorram, como salas para consultas, espaço externo para as atividades com as crianças e materiais, como mesas e cadeiras, para a aplicação dos questionários. ANEXO 1
As ligas estão cientes e participarão das atividades propostas pelo projeto por meio de ações de extensão, sendo esta colaboração muito enriquecedora para o projeto ANEXO II
As ligas estão cientes e participarão das atividades propostas pelo projeto por meio de ações de extensão, sendo esta colaboração muito enriquecedora para o projeto ANEXO III
Cronograma de Atividades
As atividades do projeto ocorrerão de janeiro a dezembro de 2024 e, em todos os meses, haverá as seguintes ações, as quais estão dispostas em uma tabela (ANEXO IV): 1) Consultas de puericultura e sob demanda; 2) Atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor das crianças com periodicidade quinzenal; 3) Capacitação das funcionárias da instituição sobre como fazer atividades de estímulo ao desenvolvimento neuropsicomotor; 4) Orientação dos responsáveis legais no momento de retorno da criança para o âmbito familiar sob demanda; 5) Capacitação dos estudantes por meio de aula teórica ministrada por docente ou discente sobre temas médicos que precisam ser aprimorados ou adquiridos para uma melhor execução do projeto com periodicidade mensal; 6) Discussão clínica das particularidades médicas das crianças presentes na instituição com periodicidade mensal.