O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) tem grande importância cultural e nutricional em várias regiões, sendo essencial na alimentação brasileira, especialmente junto ao arroz. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial, com destaque nacional para os estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás. Apesar de seus benefícios como baixo teor calórico e alto conteúdo de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, o consumo de feijão tem caído, sendo substituído por fast food devido à praticidade. Nosso projeto busca, através de atividades educativas, desmistificar ideias errôneas sobre a produção do grão, promover hábitos alimentares saudáveis e valorizar uma produção agrícola sustentável enfatizando a cadeia produtiva da cultura do feijão que move o agronegócio regional.

Educação agrícola, produção sustentável, educação alimentar, valorização do feijão

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) tem grande significado cultural em diversas regiões do mundo, sendo ingrediente essencial em muitos pratos tradicionais (Padilla-Chacon et al., 2017). No Brasil, é uma das culturas alimentares mais importantes no agronegócio sendo amplamente cultivado tanto por seu valor econômico quanto por seu alto valor nutricional. Atualmente, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção de feijão e, dentro do país, os estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás se destacam como os principais produtores. Considerado alimento básico, o grão se destaca devido às suas propriedades químicas e qualidade nutricional. Stone (2013) ressalta que, se consumido regularmente, o feijão traz inúmeros benefícios para a saúde, principalmente evitando a fome oculta e a desnutrição. Juntamente com o arroz se tornou uma riqueza alimentar e cultural no Brasil, pois além de reunir o núcleo familiar em uma mesa de refeições, é capaz de repor energia e fornecer diversos nutrientes importantes para o estabelecimento do sistema imunológico. Apesar da sua relevância econômica, nutricional e cultural, pesquisas do IBGE mostram que o consumo do tradicional arroz com feijão tem diminuído, sendo substituído por alimentos processados, especialmente fast food. Isso se deve, em parte, à praticidade dos alimentos prontos em comparação ao tempo necessário para o preparo do feijão. Outro fator que contribui para a queda no consumo é a percepção errônea de que o feijão é calórico. Na verdade, ele é um alimento de baixo a moderado teor calórico contendo apenas 76 calorias (porção de 100 gramas de feijão cozido) e ainda apresentando proteínas vegetais, fibras, vitaminas e minerais, como ferro, potássio, magnésio e ácido fólico. Através de atividades expositivas e práticas nosso projeto busca não apenas fortalecer o conhecimento sobre o cultivo e os benefícios do grão, mas incentivar a compreensão da cadeia produtiva do feijão a partir da desmistificação de fake news sobre a cultura. Além disso, abordaremos questões como produção agrícola sustentável, segurança alimentar e os desafios do agronegócio regional. Através da troca de saberes sobre o universo do feijão com os estudantes, promoveremos o contato direto com a produção agrícola além de estimular hábitos alimentares mais saudáveis, ao mesmo tempo em que destaca o papel estratégico do agronegócio para a economia e o desenvolvimento regional. Ao envolver a comunidade escolar nesse processo, o projeto contribui para a formação de cidadãos mais conscientes, capazes de valorizar o campo e a agricultura local, enquanto reforça a importância de uma dieta balanceada para a saúde e bem-estar.

O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) destaca-se pelo alto teor de proteína em suas sementes e vagens, além de ser rico em minerais essenciais, vitaminas, fibras, antioxidantes e polifenóis (Guzmán-Maldonado et al., 2000; Kocira et al., 2020). Devido a seus inúmeros benefícios para a saúde, este grão é um alimento essencial na dieta da população, especialmente entre as camadas de baixa renda. Essas características fazem do feijão um alimento versátil e nutritivo, fundamental para uma dieta equilibrada. Do ponto de vista agronômico e econômico, o feijoeiro comum é altamente relevante para o agronegócio, sendo a quarta cultura mais plantada em áreas agrícolas no Brasil. Em 2024, somando as três safras de feijão, a área plantada aumentou 5,8%, atingido o recorde de 2,86 milhões de hectares, com uma produção nacional de 3,25 milhões de toneladas. A região Noroeste de Minas Gerais contribuiu com aproximadamente 23% da produção estadual, e Unaí se destacou como o maior produtor nacional do grão, respondendo por 30% da produção do estado. Vale ressaltar que a produtividade média de Unaí é 10% superior à média do estado e quase três vezes maior que a média nacional, evidenciando sua liderança na adoção de tecnologias que impulsionam tanto a produtividade quanto a qualidade do grão. Apesar da sua relevância econômica e nutricional, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (IBGE) mostra que, embora o arroz e feijão ainda constituam a base da dieta brasileira, o consumo de feijão tem diminuído em comparação aos dados de 2008-2009. Segundo a Embrapa Arroz e Feijão (2023), em 1996, o consumo per capita era de 18,8 kg por ano, enquanto em 2021 foi de apenas 12,2 kg, representando uma redução de 35%. Explorando esses dados em suas estratificações, essa diminuição foi acompanhada por um aumento na ingestão de alimentos ultraprocessados, como sanduíches, especialmente entre adolescentes. Outro fator que contribui para a queda no consumo é a percepção equivocada de que o feijão é calórico. Na verdade, ele é um alimento de baixo a moderado teor calórico, com apenas 76 calorias por porção de 100 gramas de feijão cozido, além de ser rico em proteínas vegetais, fibras, vitaminas e minerais, como ferro, potássio, magnésio e ácido fólico. Quanto às preferências de consumo, 56% do feijão consumido no Brasil é do carioca, 21% é feijão preto, e apenas 3% pertencem a grupos especiais. Apesar de existirem mais de 10 grupos comerciais de feijão, a maioria é pouco conhecida e explorada tanto pela população quanto pelos produtores. Em resumo, a cadeia produtiva do feijão necessita de melhorias em áreas como marketing, valorização nutricional para estimular o consumo, reconhecimento dos produtores e diversificação dos grupos comerciais para atender tanto produtores quanto consumidores. A fim de conscientizar e prevenir a redução do consumo de feijão entre crianças de 8 a 12 anos, faixa etária que antecede a adolescência, pretendemos promover ações educativas baseadas no intercâmbio de conhecimentos entre diferentes agentes do setor. A educação agrícola será ferramenta-chave para despertar o interesse desse público, incentivando-o a conhecer mais sobre a importância social do feijão e seu papel na economia regional. Ao apresentar os diferentes grupos comerciais de feijão, caracterizados por uma diversidade de cores, tamanhos, rajas, manchas e formatos de grãos, buscamos estimular a curiosidade sobre o alimento explorando a diversidade genética da espécie. Além disso, buscamos proporcionar uma compreensão mais ampla das técnicas e desafios envolvidos em uma produção agrícola sustentável e de qualidade. Esse processo educativo também destacará o valor do feijão enquanto recurso econômico, enfatizando tanto os desafios enfrentados pelos produtores quanto as inúmeras potencialidades do agronegócio regional. Com o apoio de profissionais da nutrição, esperamos que o cultivo do feijão nas escolas engaje as crianças, incentivando-as a entender o desenvolvimento da cultura e a explorar seus benefícios nutricionais. Nosso objetivo é promover hábitos alimentares mais saudáveis estimulando a inserção do feijão na dieta e destacando suas vantagens em relação ao consumo de fast food. Além disso, esperamos despertar o interesse pelo agro e tudo que ele produz, incentivando a valorização de alimentos in natura e minimamente processados, assim como a agricultura como fonte de renda. Além do trabalho nas escolas, planejamos desenvolver materiais educativos para consolidar o conhecimento e levar informações para as famílias das crianças envolvidas no projeto. Com essa abordagem, almejamos não apenas incentivar o consumo de feijão, mas também formar uma consciência crítica nas crianças sobre a importância de práticas agrícolas sustentáveis e o impacto positivo que podem gerar na comunidade e no meio ambiente.

OBJETIVO GERAL: Aproximar a comunidade escolar dos conhecimentos sobre a produção de feijão, enfatizando tanto sua importância no agronegócio regional e nacional quanto seu papel essencial na promoção de uma alimentação saudável valorizando a cultura e o grão. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 1. Despertar o interesse dos alunos a partir do plantio e condução de canteiros de plantas de feijoeiro dentro da escola, incentivando o estudo da biologia vegetal a partir do crescimento e desenvolvimento da planta integrando teoria e prática; 2. Apresentar os diferentes tipos comerciais de feijão para os alunos e professores, estimulando-os a explorar a diversidade genética da espécie; 3. Apresentar técnicas de cultivo do feijão destacando desafios como pragas, doenças e plantas daninhas que afetam a produção sustentável e a qualidade do grão. Conscientizar os alunos sobre as dificuldades enfrentadas pelos produtores, valorizando a importância social da cultura e seu impacto no agronegócio regional e nacional. 4. Conhecer os benefícios nutricionais do feijão estimulando seu consumo e valorização, incentivando hábitos alimentares saudáveis e destacando suas vantagens em relação a fast food. 5. Prevenir a redução do consumo de feijão entre crianças de 8 a 12 anos, promovendo-o como uma alternativa nutritiva e acessível. 6. Desenvolver materiais educativos para informar as famílias das crianças sobre os benefícios do feijão.

Promover a conscientização e educação sobre a importância do feijão para uma alimentação saudável e para o agronegócio regional, capacitando crianças, suas famílias e professores a reconhecerem os benefícios nutricionais do grão, incentivando sua inclusão na dieta e valorizando sua produçãode forma sustentável. Impacto direto: - Envolver aproximadamente 60 a 100 alunos, de 8 a 12 anos, das cidades de Unaí, MG, e Buritis, MG, por meio da apresentação da cultura do feijão, ressaltando seus benefícios nutricionais e sua relevância no contexto agrícola. - Engajar professores e funcionários das escolas, que participarão ativamente e colaborarão com o projeto. Impacto indireto: - Atingir aproximadamente 200 pessoas, incluindo as famílias dos alunos, professores e funcionários das escolas envolvidas, ampliando o conhecimento sobre o valor do feijão na alimentação e na produção sustentável.

Após a seleção das escolas em Unaí e Buritis, a execução do projeto será dividida em três etapas: Primeira etapa – apresentação da equipe, do projeto e dos grupos comerciais A equipe visitará as escolas para apresentar o projeto e os membros envolvidos. Nessas visitas, será realizada uma apresentação expositiva que incluirá fotos e folders dos cursos da UFVJM, com o objetivo de despertar o interesse das crianças pelos estudos e o desejo de ingressar na universidade. A cultura do feijoeiro será destacada, mostrando sua importância no cenário agrícola regional e nacional. Haverá uma troca de saberes entre os alunos, permitindo que compartilhem suas experiências sobre o cultivo do feijão e outras culturas agrícolas, além de histórias sobre familiares ou conhecidos que atuam no campo. Sementes de diferentes grupos comerciais como carioca, mulatinho, rosinha, roxinho, preto, vermelho, jalo e branco serão apresentadas para que os alunos possam explorar e compreender a diversidade genética existente na espécie. Como forma de incentivo, eles poderão escolher quais variedades desejam plantar e explicar suas motivações para essa escolha. Segunda etapa – implantação da cultura (plantio) Após a escolha das cultivares de cada grupo comercial, o solo será devidamente preparado, e a semeadura será realizada de acordo com as recomendações específicas para a cultura, respeitando o espaçamento de 0,5 m e uma densidade de plantio entre 10 e 15 sementes por metro, conforme a cultivar escolhida. As crianças participarão ativamente de cada passo. Serão realizadas visitas periódicas aos canteiros para monitorar a presença de pragas, doenças e plantas daninhas, o que permitirá apresentar às crianças os desafios do cultivo e conscientizá-los sobre a importância do manejo adequado para a produção de grãos de qualidade. O desenvolvimento das plantas será acompanhado pelas crianças, pelos professores, pelo discente bolsista e pelos docentes do projeto, que explicarão cada etapa do processo, com o objetivo de engajar todos no cultivo. Coleções de insetos também serão apresentadas para ilustrar as principais pragas que afetam o feijoeiro. Além disso, será destacada a importância da teoria para a execução da prática, incentivando o estudo como meio para alcançar melhores resultados. Quando as plantas atingirem a maturação, as crianças participarão ativamente da colheita das vagens e, em seguida, do processo de debulha, onde poderão obter os grãos. Terceira etapa – apresentação da relevância nutricional do feijoeiro Ao final do projeto, uma nutricionista será convidada para ministrar uma palestra às crianças, com o objetivo de apresentar os benefícios nutricionais do feijão e estimular seu consumo, promovendo a valorização desse alimento. Além de incentivar hábitos alimentares saudáveis, a palestra destacará as vantagens do feijão em comparação com fast food e outros alimentos ultraprocessados, reforçando sua importância como parte de uma alimentação equilibrada.

Guzmán-Maldonado, S.H.; Acosta-Gallegos, J.; Paredes-López, O. Protein and mineral content of a novel collection of wild and weedy common bean (Phaseolus vulgaris L.). J. Sci. Food Agric. 2000, 80, 1874–1881. Kocira, S.; Szparaga, A.; Findura, P.; Treder, K. Modification of yield and fiber fractions biosynthesis in phaseolus vulgaris by treatment with biostimulants containing amino acids and seaweed extract. Agronomy 2020, 10, 1338.

O estudante selecionado deve ter cursado a disciplina AGRU011 - Grandes Culturas I, pois o conhecimento sobre o feijoeiro é essencial para orientar as crianças e acompanhar o manejo da cultura. O projeto oferecerá ao discente a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos em disciplinas como entomologia, fitopatologia, manejo de plantas daninhas e sementes, revisitando esses conteúdos e transmitindo-os de forma clara às crianças. Além disso, o estudante será responsável por preparar as aulas utilizando uma linguagem técnica, porém acessível, demonstrando a articulação entre teoria e prática. As aulas destacarão os desafios enfrentados no campo e as necessidades diárias da cultura, promovendo o desenvolvimento do senso crítico das crianças e conscientizando sobre a importância do apoio ao agricultor. O estudante também deverá colaborar na criação e aplicação de materiais educativos voltados para escolas e comunidades, abordando o feijão sob os aspectos agronômico e nutricional. Ele poderá ajudar a divulgar as ações do projeto por meio de vídeos em redes sociais e na elaboração de boletins informativos. Participar das atividades do projeto permitirá ao estudante uma imersão mais profunda na realidade prática, atuando não apenas como membro da equipe, mas também como cidadão, reforçando a relevância do agronegócio, especialmente da cultura do feijão. Além disso, ele atuará como um elo entre a universidade e a sociedade, ampliando seu networking e fortalecendo o vínculo entre academia e comunidade. Todas as atividades realizadas pelo estudante (aulas e palestras) serão monitoradas e supervisionadas pela docente que orientará sobre a postura, oratória e termos utilizados, apontando observações e elogiando a conduta adequada.

Não se aplica