Visitante
A preservação do patrimônio por um fio
Sobre a Proposta
Tipo de Edital: Procarte
Situação: Aprovado
Dados do Coordenador
maria neudes sousa de oliveira
202520220253385
departamento de agronomia
Caracterização da Ação
linguística, letras e artes
cultura
cultura
artes integradas
municipal
Não
Membros
lilian aparecida oliveira
Voluntário(a)
fabiana aparecida jesus xavier
Voluntário(a)
antonia javiera cabrera munoz
Voluntário(a)
rian santos do patrocinio figueiro
Bolsista
Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bordado é a prática artesanal mais presente no país, praticada em 75,4% dos municípios brasileiros. No entanto, poucos estudos tratam da real relevância que o bordado assume nas suas intermidialidades, já que não se trata apenas de uma técnica, mas da representação cultural e humana. O bordado é reconhecido como patrimônio cultural imaterial em várias culturas, e é uma atividade que pode ser usada para educar sobre o patrimônio. Inserir o bordado em ações de educação para o patrimônio é permitir que se torne mais um meio de estudo em relação ao objeto escolhido, convidando os participantes a prestar mais atenção a seus elementos, o que permite criar novas conexões com o bem ou as culturas, além de conscientizar sobre a preservação do patrimônio cultural material e imaterial de forma simultânea, aumentando os vínculos afetivos através da sensibilização. Extração (Curralinho) é um pequeno povoado a 7 km da Sede/Diamantina, com 300 habitantes, filhos ou descendentes de garimpeiros. Possui dois templos religiosos, dois coretos, um sobrado colonial eclético do século XVIII e um conjunto de casas baixas que definem uma rua principal e algumas ruas e ruelas que levam a riachos e córregos em seu entorno. Trata-se de um conjunto arquitetônico de estética em linhas simples, entretanto harmonioso. A percepção e valorização do patrimônio cultural pelas linhas do bordado podem colaborar para um registro poético visual das edificações, a partir de desenhos que ganharão uma ficha de inventário e pequenas histórias narradas pelos moradores dos imóveis. Bordar as casas de garimpeiros faiscadores de Curralinho, dentro de um contexto de resgate histórico de suas construções e memória, é uma forma de colaborar para a construção de acervo expositivo para a criação do Museu do garimpeiro-faiscador. Tendo em vista a criação do Museu do garimpeiro-faiscador em Extração-Curralinho, o objetivo da presente proposta é produzir o inventário bordado do conjunto arquitetônico de casas baixas de familiares de faiscadores dessa comunidade, de modo a colaborar para a construção do acervo expositivo do museu local.
Arte têxtil; linguagem têxtil; educação patrimonial; bordado; intermidialidade; artes manuais; extensão universitária; cultura
Bordado, memória e suas intermidialidades Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o bordado é a prática artesanal mais presente no país, praticada em 75,4% dos municípios brasileiros. No entanto, poucos estudos tratam da real relevância que o bordado assume nas suas intermidialidades, já que não se trata apenas de uma técnica, mas da representação cultural e humana. O bordado escreve uma história através do tempo e atravessa o tecido com sentimentos, memórias e afeto, externando ideias e emoções. É uma prática que tem em sua essência a preservação da memória. Assim, através de uma contextualização histórica, vê-se que ao longo do tempo o bordado foi em algumas vezes mantido apenas como técnica ou ofício, valorizando-se sua função decorativa, utilizado na ornamentação doméstica, enquanto em outras preservou-se sua tradição popular e sua ligação com a memória e com a oralidade. Em outras ainda, serviu como um relevante meio de expressão artística. Transcendeu séculos, e na contemporaneidade o bordado cumpre muitos objetivos: antes de tudo é um ofício atemporal que além do ornamental, é um reflexo do modo de ser e dos costumes de cada povo. Além de gerar renda, pode ser uma poderosa ferramenta de ativismo, assumindo uma linguagem de resistência, por meio da qual se comunicam ideias e reivindicações. Na promoção da saúde, vários autores de estudos envolvendo a neurociência recomendam o engajamento de pessoas com as artes e fazeres manuais como importante ferramenta útil em nível de promoção da saúde pública, pela facilidade de acesso, alcançando vantagens em patamares além dos alcançados pelos preditores sócio-demográficos conhecidos e normalmente utilizados. Um estudo publicado recentemente na Frontier Public Health (KEYES et al 2024) mostrou os benefícios das artes manuais, incluindo o bordado, na promoção do bem-estar e redução da sensação de solidão, no aumento da satisfação com a vida, contribuindo para o que os participantes entendiam como a felicidade. Além disso, o bordado tem sido usado como uma ferramenta e linguagem na educação patrimonial (OLIVEIRA 2022), e na literatura, como técnica de ilustração de livros, na releitura de obras literárias, o que para Vieira (2020) representa um reflexo de uma produção artística contemporânea que valoriza as artes têxteis.
Curralinho, uma memória, um patrimônio a preservar... Todas as vezes que as pessoas se reúnem para construir e dividir conhecimentos, investigar para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que as cerca estão realizando uma ação educativa. Quando tudo isso é feito levando em conta algo relativo ao patrimônio cultural, então trata-se de Educação Patrimonial (IPHAN). O bordado é reconhecido como patrimônio cultural imaterial em várias culturas, e é uma atividade que pode ser usada para educar sobre o patrimônio. Para Oliveira (2022), o bordado remete à construção dos processos de identidade e pertencimento ao lugar vivido, mostrando-se uma importante ferramenta capaz de contribuir para a educação ao patrimônio. Inserir o bordado em ações de educação para o patrimônio é permitir que se torne mais um meio de estudo em relação ao objeto escolhido, convidando os participantes a prestar mais atenção a seus elementos, o que permite criar novas conexões com o bem ou as culturas, além de conscientizar sobre a preservação do patrimônio cultural material e imaterial de forma simultânea, aumentando os vínculos afetivos através da sensibilização. Bordar as casas de garimpeiros faiscadores de Curralinho, dentro de um contexto de resgate histórico de suas construções e memória, é uma forma de colaborar para a construção de acervo expositivo para a criação do Museu do garimpeiro-faiscador.
OBJETIVO GERAL Tendo em vista a criação do Museu do garimpeiro-faiscador em Extração-Curralinho, o objetivo da presente proposta é produzir o inventário bordado do conjunto arquitetônico de casas baixas de familiares de faiscadores dessa comunidade, de modo a colaborar para a construção do acervo expositivo do museu local. OBJETIVOS ESPECÍFICOS -Utilizar o bordado como veículo para a percepção e valorização do patrimônio cultural do distrito de Curralinho; -Bordar as casas de garimpeiros faiscadores de Curralinho, de modo a colaborar com a memória local; -Aumentar o vínculo afetivo dos participantes com os bens patrimoniais locais; -Contribuir para a educação do patrimônio do distrito; -Estimular a preservação do patrimônio pelo coletivo local.
No prazo de um ano, por meio do bordado, realizar um registro poético visual do conjunto arquitetônico de Extração/Curralinho, a partir de desenhos que ganharão uma ficha de inventários e pequenas histórias narradas pelos moradores dos imóveis. Realizar também uma Exposição/Mostra das obras bordadas resultantes desse registro.
O nome Curralinho faz alusão a um cercado para animais de tropeiros e garimpeiros que existia no local e acabou batizando o povoado. Alguns casarões, como o “prédio amarelo”, o “Sobradinho” (doado à Associação Comunitária), e a Igrejinha de N.S. do Rosário permanecem de pé, além de muitas residências, entre elas as de garimpeiros faiscadores, principal objeto de bordação do presente projeto. As atividades bordantes acontecerão na sede da Associação, que é sabedora e concorda com a parceria da proposta. A origem da proposta tem relação com as atividades atuais da associação, assessoradas por uma profissional historiadora e nativa de Diamantina, que mantém relação com a equipe e mediará a interação entre equipe-comunidade-associação, de modo a estimular a participação dos comunitários e orientar o inventário das edificações/residências a serem bordadas. A execução dos trabalhos propostos seguirá as seguintes etapas: visitas guiadas às edificações locais com residentes da comunidade; oficinas bordantes na sede da Associação comunitária; bordança individual de bens arquitetônicos; bordança coletiva de um Banner para o “Sobradinho”, onde funciona uma lojinha da associação; e realização de uma Mostra/exposição dos produtos bordados. 1-Visitas guiadas Envolvimento da comunidade local - para que a comunidade seja participante efetiva das ações bordantes educativas, serão realizadas visitas guiadas pela equipe e historiadora colaboradora, às edificações locais, principalmente às edificações de garimpeiros faiscadores, de forma a estimular o envolvimento de comunitários no projeto e promover aumento do vínculo afetivo de participantes com os bens patrimoniais locais. Pequenas histórias narradas pelos moradores dos imóveis serão estimuladas. 2-Oficinas de memórias e bordança da arquitetura ou de bens patrimoniais “...o bordado pode fazer com que uma cidade, paisagem ou monumento seja visto por outros ângulos e conhecidos de outras maneiras por meio da escolha de bens simbólicos para os participantes sob o ponto de vista afetivo. Dessa forma, pensar na união de elementos característicos de um patrimônio durante o processo criativo faz com que sua história seja difundida e seus valores artísticos e estéticos sejam discutidos...” A comunidade de Curralinho será estimulada a participar do projeto. Esse estímulo se dará na fase de divulgação das ações pela Associação comunitária e durante as visitas guiadas às edificações/construções locais. Cada participante bordante, de acordo com o vínculo afetivo ou mesmo de escolha espontânea, será estimulado a bordar uma casa/edificação local em contexto com a história e memória de cada uma. Serão produzidas fichas de catalogação de cada casa, seguindo a metodologia estabelecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 3-Bordança coletiva de Banner É ainda intenção uma bordança coletiva para a produção de um banner para o “Sobradinho”, o edifício arquitetônico do século XVIII, onde funciona a lojinha da associação. 4- Exposição Será um mostra dos bordados resultantes do projeto na sede da Associação comunitária de Curralinho ou outro local a ser estabelecido.
Borges, A. 2011. Design + Artesanato: o caminho brasileiro. São Paulo: Editora Terceiro Nome. Keyes, H.; Gradidge, S.; Forwood, S.E; Gibson, N.; Harvey, A.; Kis, E.; Mutsatsa, K.; Ownsworth, R.; Roeloffs, S.; Zawisza, M. 2024. Creting arts and crafting positively predicts subjective wellbeing. Frontier Public Health, vol. 12. doi: 10.3389/fpubh.2024.1417997. Mourão, N. M.; Oliveira, A. C. C. 2021. Memória do crochê: cultura afetiva em objetos biográficos. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, Florianópolis, v. 5, n. 2, p. 69-88. Oliveira, C.de S. 2022. O bordado como veículo para a percepção do patrimônio cultural. Revista Casa D’Italia, Juiz de Fora, n. 28. Vieira, E.V.C. 2020. O bordado no livro infantil. Fronteiras, v.25, p.169-183.
Alguns estudantes participam continuamente de ações e atividades do grupo Bordarte, idealizado em 2016, que não estão restritas ao campus, mas envolvem a comunidade externa à UFVJM, seja em Diamantina, mas também em comunidades distritais. Como bolsista, participa de atividades mais específicas como: -Na colaboração da logística para o desenvolvimento das atividades do projeto; -Na elaboração de relatórios mensais e final no sistema Siexc; -Na elaboração de material pra apresentação em eventos, como o Sintegra, na UFVJM; -Na divulgação e manutenção de redes sociais; -Na bordança propriamente (se apresentar perfil para tal).
O bordado, nas suas intermidialidades, na presente proposta está sendo usado como veículo para valorização e conhecimento sobre o patrimônio cultural - arquitetônico de territórios onde um conjunto urbano do período da real extração do diamante é parte importante da ocupação no distrito diamantino. Extração (Curralinho) é um pequeno povoado a 7 km da Sede/Diamantina, com 300 habitantes, filhos ou descendentes de garimpeiros. Rodeado por pedras e uma vegetação fechada vista de longe, um conjunto de casas baixas definem uma rua principal e algumas ruas e ruelas que levam a riachos e córregos em seu entorno. Dois templos religiosos, dois coretos, um Sobrado colonial eclético do século XIX, não concorrem. Trata-se de um conjunto arquitetônico de estética em linhas simples, entretanto harmonioso. A percepção e valorização do patrimônio cultural pelas linhas do bordado podem colaborar para um registro poético visual, a partir de desenhos que ganharão uma ficha de inventários e pequenas histórias narradas pelos moradores dos imóveis.
Público-alvo
A Associação Distrital Pró-desenvolvimento de Extração (Associação comunitária de Curralinho) foi criada em 1982 e é uma entidade de atendimento e defesa da criança, do adolescente, do jovem e de seus familiares, e desde então desenvolve atividades relativas ao seu propósito. Conta atualmente com 10 associados.
Embora não façam parte inicialmente da equipe, nossa experiência mostra que o desenvolvimento de ações de extensão na comunidade externa à UFVJM (que na presente proposta será no distrito de Curralinho) acaba agregando algumas pessoas da comunidade acadêmica.
Pretende-se que após as visitas guiadas às edificações e residências de garimpeiros faiscadores da comunidades, algumas pessoas sejam estimuladas a fazerem parte da bordança propriamente.
Valor de número de público estimado pela presidente da associação comunitária, em função da experiência na lida no espaço. Segundo a mesma, envolvem turistas que visitam outros atrativos próximos à comunidade, como a gruta do Salitre e outros de visitação espontânea; frequentadores de bares na comunidade; frequentadores de eventos do calendário religioso, como a festa de São Sebastião, realizada em janeiro e Festa do Rosário realizada em outubro; participantes de eventos de escaladores e do circuito diamante de ciclismo, entre outros.
Municípios Atendidos
Diamantina
Parcerias
A Associação parceira tem ciência do desenvolvimento da presente proposta, que pode ser conferida pela carta de anuência anexada a esta proposta por ocasião de sua submissão. O apoio oferecido pela associação em questão será de caráter estrutural e abrangerá as seguintes ações: divulgação, recrutamento de pessoas que participarão efetivamente da bordança, cessão de espaços (sede da associação e o "Sobradinho") para o desenvolvimento das atividades e eventual participação de integrantes.
Cronograma de Atividades
A seleção do bolsista atenderá ao período estabelecido em edital (Nov-dez de 2024). Pretende-se um bolsista com O seguinte perfil: -Gosto pelas atividades manuais; -Facilidade de comunicação, pois terá de lidar com público externo; -Lida com redes sociais, principalmente instagram; -Tenha disponibilidade de tempo para o exercício das atividades que lhes couber.
Os encontros serão previamente comunicados e combinados previamente com a presidente da Associação, que integra a equipe do projeto, e mediará a equipe e participantes da comunidade de Curralinho. O primeiro encontro da equipe com os integrantes da Associação de Curralinho ocorrerá para acerto das seguintes questões: -Apresentação do projeto; -Logística de condução: quais as etapas e onde e como ocorrerá cada uma; -Programação de datas para atividades discutidas no encontro; -Abertura para ouvir opinião/sugestões dos participantes/presentes; -Etc.
As visitas guiadas serão organizadas pela presidenta da associação, que é historiadora e membro de equipe da presente proposta. As datas para a realização de atividades, que não sejam as de bordança propriamente, serão organizadas seguindo a agenda e disponibilidade dos integrantes da associação. Pensa-se que são necessárias pelo menos duas visitas guiadas, de forma a contemplar os edificações e casas/residências de garimpeiros faiscadores. Pretende-se também que sejam realizadas logo no início de execução do projeto.
A bordança iniciará logo após a realização das visitas guiadas. Cada participante bordante, de acordo com o vínculo afetivo ou mesmo de escolha espontânea, será estimulado a bordar uma casa/edificação local em contexto com a história e memória de cada uma. Serão produzidas fichas de catalogação de cada casa, seguindo a metodologia estabelecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e seguindo as instruções da historiadora participante.
A realização de uma exposição/mostra das obras bordadas produzidas pelos participantes bordantes ocorrerá na própria associação ou no "Sobradinho" ou outro espaço sugerido pela historiadora participante. A data de realização também poderá ser alterada. Todas as peças bordadas produzidas serão de propriedade da associação e incorporadas ao acervo do Museu do Garimpeiro faiscador que será criado.
Será elaborado pelo menos um resumo do projeto para ser apresentado, pelo menos, no evento da instituição que é o Sintegra.
Normalmente são elaborados dois relatórios: -Parcial - submetido no sistema Siexc em julho. -Final - submetido no sistema no final do projeto.
Em 2023 e 2024 foram realizados dois projetos PASSEIOS BORDADOS A DIAMANTINA - uma releitura da obra de Guignard e PASSEIOS BORDADOS A DIAMANTINA, respectivamente, cuja temática era a releitura de obras literárias. Em 2023, por falta de inserção no sistema, até junho, da programação dos gastos, conforme estabelecido em edital, não foi possível usufruir do recurso para as atividades propostas para o segundo semestre, representadas por viagens para visitação ao museus (Casa Guignard de Ouro Preto e Museu do Bordado em BH) e outros grupos bordantes de cidades mineiras com tradição no bordado. Em 2024, embora a proposta tenha sido aprovada em edital procarte, a documentação não foi inserida por questões não mencionáveis. Desta forma, pretende-se nesta ação unir os participantes dos projeto desenvolvidos em 2023 e 2024 com os participantes de A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO POR UM FIO para as localidades e propósitos pensados.