No âmbito hospitalar alguns tipos de feridas são mais comuns como as lesões por pressão, cirúrgicas, úlceras venosas e queimaduras as quais se faz importante o gerenciamento realizado por uma Comissão de Feridas. Diante disso, o presente projeto de extensão tem como objetivo contribuir ativamente com a Comissão de Feridas do Hospital Nossa Senhora da Saúde nas ações ligadas as práticas assistenciais e educacionais relacionadas ao paciente portador de ferida. Tais ações assistenciais buscam apoiar na tratativa de feridas complexas e planos de ação para acompanhamento e terapêutica diante da avaliação clinica e realização de curativos. As ações educativas possuem a finalidade de promover educação permanente com os profissionais da instituição e viabilizar a construção coletiva de indicadores de feridas e protocolos terapêuticos. Tal proposta, aproxima o estudante da vivência profissional, articula o ensino à prática, favorece o aprendizado de vários elementos permeados a formação, estimula a investigação científica por lidar com indicadores epidemiológicos, desenvolve habilidades de educação em saúde com diversos profissionais da saúde e de extensão, promove a interação da comunidade universitária com a comunidade externa integrando conhecimentos; além do impacto das ações executadas nos serviços.

Ferimento e lesões, Curativos, Gerenciamento Clínico

A cicatrização de feridas é um processo dinâmico e com múltiplos fatores interferentes. Qualquer falha no processo normal de cicatrização de feridas resulta em estado crônico, que é mais suscetível a infecções. Feridas crônicas afetam a qualidade de vida dos pacientes, além de alto custo para os sistemas de saúde. A avaliação clínica e o gerenciamento de feridas continuam desafiadores, apesar do desenvolvimento de várias estratégias de tratamento (Kolimi et al., 2022). No âmbito hospitalar alguns tipos de feridas são mais comuns como as lesões por pressão, cirúrgicas, úlceras venosas e queimaduras (Gamba, 2016). A resolução 567/2018 do Conselho Federal de Enfermagem, confere respaldo ao enfermeiro para avaliação clínica e à sua equipe implementação do tratamento das feridas. Esta responsabilidade requer conhecimento sobre prevenção e tratamento, além de garantir uma visão ampla sobre os fatores de risco, situação socioeconômica e prevenção dos agravos à pessoa acometida por ferida (Uchôa dos Santos et al, 2023) A grande variedade de coberturas de pele industrializadas possibilita melhor adequação e manejo das diversas condições das feridas. O conhecimento e manejo clínico adequado das feridas, além da indicação correta dos curativos é importante, já que as diferentes coberturas podem ser aplicadas em condições bastante semelhantes ou não; e a tendência é que surjam cada vez mais novos produtos e tecnologias . Deve-se frisar que, para a resolução de uma ferida o organismo e a área cruenta devem ter condições favoráveis. As condições clínicas desfavoráveis devem ser sanadas ou melhoradas para que se possa facilitar e acelerar a evolução natural do processo de cicatrização da ferida (Wound internacional, 2022). Outro aspecto importante a ser considerado é a abordagem multiprofissional que requer coordenação entre todos os prestadores de cuidados, além do encaminhamento a especialista como nutricionistas, prestadores de serviços de saúde mental, cirurgiões, entre outros (Wound internacional, 2022). Uma Comissão de Feridas em um hospital tem como objetivo implantar ações sistematizadas relativas à realização de curativos e o tratamento dos usuários com todos os tipos de feridas. A Comissão de Feridas do Hospital Nossa Senhora da Saúde foi implantada neste ano de 2024. Várias atividades de gestão de risco já são rotineiras como discussão de casos clínicos, avaliação e prescrições de enfermagem bem como de outras categorias profissionais. Entretanto protocolos de manejo e tratamento, capacitação para equipe assistenciais, planos de ações e implantação e monitoramento de indicadores ainda são pontos essenciais em desenvolvimento. Estes pontos requerem apoio e recursos humanos, que podem ser auxiliados pela integração do ensino e serviço. Esta parceria solicitada pela Comissão, envolve esse apoio e possibilita ao estudante uma imersão na prática de maneira intensa e enriquecedora para sua formação profissional, gerando impacto no serviço por meio da troca de saberes, interação dialógica interdisciplinar, associação com do ensino, pesquisa e extensão. A proposta deste projeto propicia o apoio nas atividades relacionadas à Comissão de Feridas do Hospital Nossa Senhora da Saúde, em caráter extensionista, a fim de contribuir com o serviço para auxílio e melhoria do mesmo.

Uma comissão intra-hospitalar de feridas e curativos constitui-se de um grupo de trabalho, em sua maioria enfermeiros, além de cirurgiões, dermatologista e outros; que é representado de forma livre e não compulsória pelos hospitais com propósito de atingir melhor qualidade e resolutividade na cicatrização de feridas. É uma aliada na busca da consolidação da cultura de segurança aos usuários, já que um dos objetivos perpassa por analisar os eventos adversos relacionados à 6ª meta de segurança do paciente: “prevenção de lesão por pressão” (Brasil, 2013). Além disso, trabalha no cumprimento do plano de ação para a redução das ocorrências, na prevenção das lesões de pele e no planejamento de treinamentos para o time específico ao tratamento das feridas, bem como das equipes assistenciais. Apresenta caráter normativo e consultivo para desenvolver, organizar e coordenar atividades relacionadas à assistência, educação permanente e pesquisa no que se relaciona à prevenção e ao tratamento de lesões de pele (Barretta et al, 2024). O manejo clínico de feridas é dinâmico e constante, frente aos diferentes tipos de lesões de pele por envolver boas práticas, indicações assertivas, segurança do paciente, prevenção e controle de infecção, além do controle e tratamento efetivo de condições físicas que interferem na cicatrização da pele (Wound internacional. 2022). Neste projeto de extensão o estudante terá a oportunidade de aliar conhecimento acadêmico com a experiência do ambiente de trabalho, além de contribuir com a instituição em atividades específicas da assistência ao paciente com feridas. Ademais, o estudante poderá apoiar, capacitar e auxiliar na confecção de protocolos de tratamento e segurança do paciente. A política de extensão da UFVJM prevê intervenções educativas e científicas que articulam o Ensino, Pesquisa e a Extensão de forma indissociável, viabilizando uma relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade. Ensino e extensão visam construir o aprendizado através da experiência, tendo como atores os discentes e os trabalhadores da saúde numa parceria que resulta em benefícios grandiosos para a sociedade como um todo (UFVJM, 2009). Essas experiências ocorrem com diálogo entre universidade e serviço contemplando diversos atores. Sabemos que um estudante que executa um projeto de extensão nunca mais será o mesmo. A experiência da extensão é forte e transformadora em via dupla considerando discentes e serviço. A Comissão de Feridas de um hospital tem um monitoramento continuado de pacientes, práticas assistenciais, discussão de casos e educação permanente dos profissionais do serviço; além da necessidade de construir indicadores. Trata-se deum serviço complexo que depende de recursos humanos para sua completa execução, além de estudos e alinhamento de protocolos. Ademais possibilitará a integração entre instituição formadora, serviço e a comunidade. Por fim, destaca-se que o projeto também oportuniza a interdisciplinaridade, uma vez que o trabalho envolve articulação de diferentes áreas como a enfermagem, medicina, assistência social, psicologia, fisioterapia, nutrição e farmácia, compreendendo assim um planejamento multiprofissional da assistência no cuidado direto e indireto ao paciente.

Objetivo Geral: Contribuir ativamente com a Comissão de Feridas do Hospital Nossa Senhora da Saúde nas ações ligadas as práticas assistenciais e educacionais relacionadas ao paciente portador de ferida. Objetivos Específicos - Fortalecer as boas práticas na assistência direta aos pacientes com ferida pela equipe multiprofissional; Discutir sobre os casos clínicos com equipe multidisciplinar para tratamento das feridas; Capacitar a equipe multiprofissional sobre manejo clínico de feridas e curativos; Executar curativos em pacientes hospitalizados; Construir protocolos e indicadores institucionais para direcionamento da abordagem assistencial na cicatrização de feridas a luz da literatura científica; Avaliar cientificamente os desdobramento das atividades executadas Viabilizar a aprendizagem por meio de métodos e processos de extensão universitária; Interagir com docentes, técnicos administrativos, colaboradores e profissionais durante as ações; Fomentar a formação profissional em enfermagem; Envolver o paciente no processo de tratamento e cuidado seguro; Identificar as facilidades e as dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros e técnicos de enfermagem na realização dos curativos; Participar das reuniões da Comissão de Feridas.

- Contribuir para a assistência direta a pacientes com feridas no Hospital Nossa Senhora da Saúde em livre demanda - Colaborar para a educação permanente em saúde junto a todos os profissionais ligados diretamente com os cuidados com ferida e curativos (média de 04 capacitações no ano de 2025). -Inserir o discente no serviço de saúde, acompanhamento da execução de atividades específicas na Comissão de Feridas, favorecendo uma formação crítica sobre o problema vivenciado. - Contribuir para a geração de indicadores de qualidade do hospital, em média 03 indicadores em 2025.

O projeto apresenta a característica de ser assistencial e educativo. Assistencial, pois atua na execução dos cuidados diretos com o paciente e com a ferida em um ambiente hospitalar de alta complexidade. Educativo, porque tem o objetivo de planejar e executar ações educativas com os profissionais de saúde e fortalecer o conhecimento e atualização na temática, além de caracterizar extensão universitária, por proporcionar a inserção do discentes de enfermagem em cenário de prática específico de sua área de formação. Etapas do Desenvolvimento do Projeto: 1. Planejar com o responsável da Comissão de Feridas do Hospital Nossa Senhora da Saúde, para discutir as atividades a serem executadas por meio do curso de Enfermagem. 2. Reunir com integrantes da equipe do projeto para preparar planejamento das atividades e dimensionamento da equipe. 3. Criar uma agenda de ações junto à Comissão de Feridas do Hospital Nossa Senhora da Saúde. 4. Haverá acompanhamento e avaliação contínua das ações por meio de reuniões e feedbacks durante as atividades. Todas as atividades realizadas serão registradas para avaliação da proposta, bem como da ação realizada. A equipe terá como base física e referência o local indicado pela Comissão, local onde atuará contribuindo diretamente, por no mínimo 12h e no máximo 20h semanais, com as demandas da Comissão e da assistência aos pacientes. A demanda das atividades específicas da Comissão de Feridas será definida pela responsável por essa comissão. A proposta contempla com um equipe de docentes, técnicos administrativos, estudantes e colaboradores do hospital em questão, relacionados no item membros da equipe. Serão selecionados estudantes voluntários para atuar junto com o estudante bolsista. Todos terão uma escala semanal de atuação e cumprimento das atividades pactuadas para viabilizar a participação de todos e também atender a compatibilidade com os demais compromissos acadêmicos. O bolsista terá que cumprir mínimo de 12h semanais. Na seção inserção do estudante detalhamos mais as atividades. Serão realizadas visitas semanais dos docentes para acompanhamento dos acadêmicos e da proposta, além de reuniões periódicas com o serviço de saúde para avaliação e ajustes necessários das atividades. O estudante terá que identificar, analisar, planejar e executar ações com profissionais da enfermagem, medicina, assistente social, fisioterapia, nutrição, farmácia, administração; e pacientes e acompanhantes. Todas as ações serão registradas em em planilha do google docs para preenchimento dos estudantes e avaliação dos docentes e colaboradores.

[1] Brasil. Resolução RDC n° 36, de 26 de julho de 2013. Aprova “Ações para a Segurança do Paciente em Serviços de Saúde e dá outras providências”. Orgão emissor: ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. [2] Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 567, de 07 de fevereiro 2018. Regulamenta a atuação da Equipe de Enfermagem no Cuidado aos pacientes com feridas. Brasilia, DF: Cofen, 2018. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/resolucao-cofenno-567-2018/ [3 ]Gamba, Mônica Antar. Feridas : prevenção, causas e tratamento / Mônica Antar Gamba, Valéria Petri, Mariana Takahashi Ferreira Costa. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Santos Ed., 2016. 352 p [4] Instituto Internacional de Infecção de Feridas (IWII) Infecção de Feridas na Prática Clínica. Wound internacional. 2022 [5] Kolimi P, et al.. Innovative Treatment Strategies to Accelerate Wound Healing: Trajectory and Recent Advancements. Cells. 2022 Aug 6;11(15):2439. [6] Laís Barretta, N et al. . Importância da comissão de curativos em uma instituição hospitalar: : relato de experiência. Congresso Brasileiro de Estomaterapia, [S. l.], 2024. [7] Uchôa dos Santos, A. R. et al .. Análise das Prescrições de Enfermagem Relacionadas ao Cuidado com a Pele em Ambiente Hospitalar. Revista Enfermagem Atual In Derme, [S. l.], v. 97, n. 4, p. e023228, 2023.

Para a execução deste projeto serão necessários estudantes regularmente matriculados no curso de graduação de Enfermagem da UFVJM. Os estudantes participarão como auxiliares no planejamento, realização e avaliação de todas as ações do projeto, tendo o compromisso de cumprimento da escala de atividades acordada junto com o serviço. Atividades: - Reuniões mensais da Comissão de Feridas para definição de estratégia e discussões científicas; - Apoio na tratativa de feridas complexas e planos de ação para acompanhamento e terapêutica; - Executar avaliação clinica do paciente e curativos realizados com o enfermeiro do setor ou sob responsabilidade deste e ou docente do projeto; - Promover educação permanente com os profissionais da instituição; -Orientar os pacientes e acompanhantes; - Construir coletivamente indicadores de feridas e protocolos terapêuticos; - Executar vigilância ao risco de lesões por pressão; - Participar de reuniões e grupos de estudo de casos. As atividades serão realizadas nos diversos setores de internação ou na sala onde se reúne a Comissão de feridas. Serão responsáveis pela colaboração no planejamento, seleção de temas e organização dos momentos de educação permanente dos profissionais do hospital. A escala de rodízio dos alunos (1 a 2 alunos/por dia de segunda a sexta-feira) será observada pela equipe, sendo o bolsista responsável por mínimo de 12 horas semanais. A captação e acompanhamento dos estudantes será supervisionada de maneira direta pela coordenadora e demais docentes envolvidos, sendo a análise do planejamento e execução das ações feita pela equipe quinzenalmente em reunião e diretamente no local da ação prestado durante visita ao mesmo ou por solicitação de avaliação pela equipe do hospital. A equipe do Hospital Nossa Senhora da Saúde será envolvida no acompanhamento do mesmo, participando e assumindo parte da supervisão dos alunos qualquer tipo de alteração na evolução do trabalho que comprometa seus objetivos, o mesmo será interrompido ou suspenso. Os locais de atuações serão os setores assistenciais, gerenciais e espaço de capacitação/reunião do Hospital envolvido. A direção da Comissão de Feridas irá indicar os fatores positivos e negativos da atividade oferecida, o que será de extrema relevância para avaliação, aceitação e direcionamento dos alunos. Os professores serão responsáveis pelo direcionamento dos encontros com os serviços de saúde. Além da avaliação dos profissionais de saúde e a equipe responsável pelo projeto se reunirá para estudar os casos, avaliar as ações e planejar novas intervenções. Possíveis indicadores de avaliação: 1- Atividades educativas realizadas pelos alunos; 2 – Atendimento da demanda solicitada pelo hospital; 3 - Relatório parcial e final. Possíveis produtos a serem gerados: Trabalho na Semana da Integração: Ensino, Pesquisa e Extensão (SINTEGRA) e eventos da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética (SOBENFEE), relato de experiência e capítulo de livros. Situações passíveis de investigação científica serão submetidas ao Comitê de Ética e Pesquisa, com anuência do Hospital Nossa Senhora da Saúde, para coleta e uso dos dados.

O Projeto conta com a participação de discentes do Curso de Enfermagem da UFVJM, os quais além do aprendizado relacionado ao aspecto técnico, vivenciarão o trabalho cotidiano no âmbito hospitalar. Os discentes terão a oportunidade de discutir saberes e conhecimentos com os profissionais, intercâmbio de conhecimentos, fato que contribuirá para a sua formação no que diz respeito à avaliação e tratamento de feridas. Vale ressaltar que o bolsista fará correlação com os conteúdos de Segurança do Paciente, Bioética, Bases da Assistência de Enfermagem, Enfermagem Médica, Enfermagem Cirúrgica, Administração em enfermagem e serviços de saúde II, entre outras; no que tange a biossegurança, prevenção de danos, adequação dos ambientes, processos de trabalho, cuidados de enfermagem e educação em saúde. As atividades realizadas serão registradas em formulário próprio, que será utilizado pelo Hospital. É previsto ainda, apresentação do projeto de extensão em eventos da área na UFVJM ou fora, bem como à administração da instituição de saúde envolvida. Na presente proposta a contemplação das diretrizes da extensão universitária: interação dialógica; interdisciplinaridade e interprofissionalidade; indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão; impacto na formação do estudante; e impacto e transformação social são factíveis. Este alcance é extremamente relevante para sociedade, especialmente para saúde pública e tratamento de feridas.