Detalhes da proposta

AMO: Ação pelo Movimento no CAPS-AD

Sobre a Proposta

Tipo de Edital: Pibex

Situação: Aprovado


Dados do Coordenador

    Nome do Coordenador

    sandra regina garijo de oliveira

    Número de inscrição:

    202510120254461056

    Unidade de lotação:

    departamento de educação física

Caracterização da Ação

    Área do Conhecimento:

    ciências da saúde

    Área temática principal:

    saúde

    Área temática secundária:

    educação

    Linha de extensão:

    esporte e lazer

    Abrangência:

    municipal

    Vinculado a programa de extensão:

    atividades lúdicas para a promoção de aprendizagem e desenvolvimento

    Gera propriedade intelectual:

    Não

Membros

flávia gonçalves da silva Vice-coordenador(a)

mayara da conceicao costa Voluntário(a)

katrine ferreira da silva Voluntário(a)

gabriel dos santos ribeiro Voluntário(a)

sibele lopes da silva Voluntário(a)

sofia matias de oliveira Voluntário(a)

karina barbosa santos Voluntário(a)

lígia de oliveira santos Bolsista

Resumo

Este projeto se refere a intervenção em caráter extensionista no CAPS AD (Álcool e Drogas), situado no município de Diamantina, que visa desenvolver práticas corporais, a partir das atividades lúdicas, de tal modo a promover a saúde e auxiliar no processo de reabilitação de pessoas com sofrimento psíquico em decorrência da dependência de substâncias psicoativas. A partir do referencial teórico da Psicologia Histórico-Cultural, entende-se que as práticas corporais, através das atividades lúdicas, têm o potencial de promoção do desenvolvimento e da aprendizagem, para a constituição do indivíduo, tanto no que se refere ao desenvolvimento pessoal dos extensionistas, quanto aos demais envolvidos no projeto. A ação também possibilita promover melhor formação profissional dos estudantes envolvidos no projeto.


Palavras-chave

Saúde; Saúde Mental; Cultura Corporal; CAPS-AD


Introdução

Temas relacionados a saúde mental vem sendo mais investigados, tendo em vista que seu comprometimento vem aumentado significativamente nos últimos anos. Em relatório divulgado em 2022 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2019 quase 1 bilhão de pessoas tinham algum transtorno mental. Especificamente sobre o uso de álcool e outras drogas, em relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (ONU, 2022), publicado em 2021, 275 milhões de pessoas usaram algum tipo de substância psicoativa no mundo no último ano e destes, 36,3 milhões tiveram algum transtorno associado ao uso de drogas. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, houve um aumento de 54% das internações em hospitais credenciados ao SUS em 2020, primeiro ano da pandemia do COVID-19, comparado com o ano anterior (UNIAD, 2022). As justificativas podem ser atribuídas ao fato de muitos terem perdido o emprego (ou a eminência disso acontecer), medo de contaminação do vírus, perda de pessoas próximas, diminuição na renda familiar, entre outros fatores (UNIAD,2022). O uso de álcool e outras drogas exercem a função de entorpecer o indivíduo diante do sofrimento numa realidade em que ele não consegue encontrar meio de lidar sem obstruir a própria vida. Apesar de muitas vezes o indivíduo ter conhecimento que as substâncias psicoativas podem promover ou intensificar o sofrimento, estes promovem um alívio quase imediato diante do sofrimento que cotidianamente enfrenta. Dentre os diversos profissionais da saúde que podem atuar no âmbito da saúde mental, o professor de educação física tem seu lugar. A inserção do professor de educação física na saúde mental parte da concepção que o cuidado deve seguir os princípios da integralidade e multiprofissionalidade, consonantes com a reforma psiquiátrica, referendada na lei 10.216 de 2001. Dentre os diversos serviços e ações criados para o atendimento psicossocial em saúde mental pela referida lei, há os Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). O CAPS é uma unidade de atendimento diário, oficializado pela Portaria GM 224/92 que o define como unidade de saúde regionalizada, que visam: (...) prestar atendimento em regime de atenção diária; gerenciar projetos terapêuticos; promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura, lazer; dar suporte e supervisionar a atenção à saúde mental na rede básica PSF (...) (Barrígio, 2010, p.38). Como a citação acima demonstra, atividades de esporte, lazer, cultura e educação fazem parte das estratégias de atendimento psicossocial; estas se referem a área da educação física. Especificamente no CAPS, o professor de educação física pode fazer parte da equipe de saúde mental, elaborando o projeto terapêutico e desenvolver atividades de reabilitação e promoção da saúde mental. Desse modo, este projeto se refere a intervenção em caráter extensionista no CAPS AD (Álcool e Drogas), situado no município de Diamantina, que visa desenvolver práticas corporais com o público atendido, através das atividades lúdicas, de tal modo a promover a saúde e auxiliar no processo de reabilitação de pessoas com sofrimento psíquico em decorrência da dependência de substâncias psicoativas. Tais ações também possibilitam promover melhor formação profissional dos estudantes de educação física, que além de conduzirem as atividades, poderão desenvolver atividades interdisciplinares e multiprofissionais, em parceria com os profissionais da instituição e outros estudantes da UFVJM que desenvolvem estágio nela.


Justificativa

O CAPS é a principal instituição de cuidado à saúde mental, dando suporte a atenção básica em saúde pelo matriciamento. A partir do acolhimento, o CAPS oferece atendimento intensivo, semi-intensivo e não intensivo. Os profissionais da equipe de saúde mental do CAPS elaboram um projeto terapêutico, tendo um técnico como referência para cada usuário, contendo estas ou algumas destas atividades: psicoterapias, atendimento familiar, oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, artísticas, de orientação com o uso de medicamentos, atendimento domiciliar e familiar (Brasil, 2004). Há cinco tipos de CAPS: I que atende municípios com 20.000 a 70.000 habitantes; II para municípios entre 70.000 e 200.000 habitantes; III para municípios a partir de 200.000 habitantes; CAPSi - crianças e adolescentes e CAPS AD (Álcool e outras Drogas). Apenas o CAPS III oferece atendimento diurno e noturno todos os dias da semana, os demais atendem de segunda à sexta-feira, manhã e tarde. Cada tipo de CAPS pode ter uma equipe mínima de profissionais da saúde, sendo um médico psiquiatra e enfermeiro obrigatórios em todos (Brasil, 2004). O município de Diamantina tem o CAPS: I e o AD. O CAPS-AD conta com os seguintes profissionais que são referência técnica: psiquiatra, enfermeira especialista em saúde mental, psicóloga, assistente social e terapeuta ocupacional. Além destes, conta com uma farmacêutica e um técnico de enfermagem. Alguns cursos da saúde da UFVJM já estabeleceram parcerias com o CAPS-AD para a realização de estágios. Considerando a política de saúde mental que orienta que os serviços de saúde devem ser oferecidos a partir dos princípios da integralidade e multiprofissionalidade, entende-se que as práticas corporais, orientadas por estudantes do curso de educação física podem auxiliar na oferta do serviço, de tal modo a ampliar o atendimento dos usuários da instituição, bem como ser uma oportunidade para que estes estudantes possam trabalhar de forma multiprofissional e interdisciplinar tanto com profissionais da instituição, como também com outros discentes da UFVJM. Além disso, o projeto possibilitará aos estudantes monitores maior conhecimento sobre sua atuação profissional, a partir da práxis, alinhando conhecimentos teóricos aprendidos ao longo do curso com as demandas específicas do CAPS-AD e da população atendida. Apesar do tema saúde mental ser bastante discutido na atualidade é importante destacar que não há uma única concepção sobre ela, embora a mais difundida seja a biologizante. É por isso que o conceito de sofrimento psíquico vem sendo usado no campo da saúde mental e atenção psicossocial no Brasil, como substituto do termo transtorno ou doença psíquica. Kinoshita et al (2016), apresentam que diferente do transtorno, O sofrimento, por sua vez, é compreendido como um estado em que esse esforço por unidade e coerência se encontra diante de obstáculos em que as mediações não são efetivas na preservação de unidade e que levam a pessoa a uma estagnação e à percepção ou sentimento da iminência de decomposição. Isso ocorre não somente como processo biológico ou orgânico, mas fundamentalmente como parte da experiência de vida que corresponde a um mal-estar, desconforto ou dor, a qual bloqueia a dinâmica de transformações nos sujeitos, enrijecendo a forma como esses se relacionam consigo mesmos, com os outros e com o ambiente. (Kinoshita; Barreiros; Schorn; Mota; Trino, apud Almeida, 2016, p. 52). O sofrimento não se refere aos processos da vida cotidiana tornado patológico, mas aos processos vividos como obstruções a vida (Almeida, 2018). De acordo com Canguilhem (1943/1995, apud Almeida, 2018, p.58, grifos do original), o patológico: É um processo produzido na dinâmica da vida de uma pessoa, que vive num certo lugar, com certas relações interpessoais, que tem determinada atividade e rotina cotidiana, com certas necessidades, interesses e problemas e que produz obstruções nos seus modos de andar a vida. Assim, pode-se entender que a saúde estaria relacionada à capacidade de se tolerar as irregularidades do meio e suas infrações, adequando o comportamento às situações que surgirem. Já a patologia, se refere a capacidade de tolerância às irregularidades de forma reduzida, atingindo então, uma inabilidade com as novas situações. A partir disso, depreende-se que o indivíduo não é considerado como doente somente em relação aos outros, mas também em relação a si próprio. Desta forma, o sofrimento psíquico surge como possibilidade a qualquer indivíduo, inserido em relações que impõe uma obstrução em seus modos de andar a vida. Entendemos que as várias formas de manifestação do sofrimento psíquico não são exclusivas de um grupo, sequer de pessoas predispostas por características biológicas ou psíquicas, senão produzidas no movimento da vida socialmente. Em relação ao alcoolismo, Moraes e Barroco ressaltam que: (...) a etiologia do alcoolismo deve ser compreendida através da historicidade do constituído no momento presente, na história individual do sujeito em relação com a história da humanidade, da coletividade humana. Para isso, não é suficiente analisarmos somente os aspectos orgânicos do sujeito, seus mecanismos cognitivos, de personalidade, e suas relações familiares e sociais, é necessário buscarmos entender, além dessa manifestação presente e imediata, o alcoolismo enquanto um processo, uma síntese constituída da história de vida deste sujeito, que por sua vez está encarnada na história das produções humanas e de suas relações sociais dela decorrente” (Moraes; Barroco, 2016, p. 235) Portanto, parece importante considerar que no sofrimento psíquico estão presentes dois processos: os processos destrutivos e de ruptura da unidade da pessoa, que apresentam obstruções que levam a estagnação, e a ineficácia (pelo desinteresse, incapacidade e insuficiência) do meio social ao lidar com os processos que levou ao sofrimento, podendo levar a um prolongamento da situação de sofrimento em si. (Almeida, p. 65, 2018) Para um processo ser destrutivo ou protetor à saúde, é necessário analisar como ele é desenvolvido na vida do indivíduo. Não existe um processo definitivamente destrutivo ou protetor, além dele poder ocasionar os dois aspectos na saúde do indivíduo. Compreender que a saúde é um processo e não um estado, bem como a doença, a partir dos determinantes sociais, possibilita não apenas o entendimento destes em sua totalidade, mas do próprio indivíduo, que não se restringe à doença. Como citado anteriormente, as atividades de esporte e lazer fazem parte das estratégias de atendimento psicossocial, entretanto, há pouca produção científica sobre a contribuição do profissional de educação física nestes espaços. Além disso, não se pode desconsiderar o que apontam Figueiredo, Oliveira e Espírito-Santo (2020) de que geralmente, compreende-se que há uma certa causalidade, eminentemente biológica, de que se o indivíduo pratica atividade física, será saudável. Da mesma forma, Furtado et al (2022) apontam que em virtude da constituição histórica da educação física, as práticas corporais tradicionais possuem um forte apelo funcionalista, de forma “que os exercícios físicos visam adaptações orgânicas ou rendimento otimizado” (p. 1), em uma perspectiva curativa ou preventiva. Neste sentido, Figueiredo, Oliveira e Espírito-Santo (2020) chamam a atenção de que o CAPS “pressupõe a desinstitucionalização do usuário, sendo a autonomia, inclusive no que se refere a determinado grupo de práticas corporais, uma de suas premissas.” (p. 10) e que desta forma, o atendimento, através das atividades relacionadas à educação física, deve abrir novas possibilidades de reinserção na sociedade e de diversas vivências em outros espaços, permitindo ao usuário ser ativo no processo de sua condição de saúde. Furtado et al (2018) ao estudarem as oficinas terapêuticas com a participação de professores de educação física dos Caps de Goiânia apontam a potencialidade da cultura corporal para a “promoção de vínculos dos usuários com espaços e equipamentos do território em que vivem” (p. 359), os autores enfatizam a importância do trabalho desenvolvido em espaços públicos como forma de facilitar o diálogo com a cidade, favorecendo a desestigmatização dos usuários, entretanto, apontam que somente isto não é suficiente, sendo necessário também fortalecer as redes de cuidado. Silva et al (2018) analisaram a percepção dos usuários do CAPS-AD de Recife/PE quanto ao uso de estratégias corporais no processo de reabilitação, de acordo com os autores, os participantes perceberam benefícios advindos dessas práticas e que as mesmas deveriam ser incorporadas ao cotidiano. Os autores sugerem que a adesão às práticas corporais no processo de reabilitação precisa estar vinculada às preferências dos usuários, entretanto, apontam dificuldades estruturais do Caps e demais espaços da cidade para atendimento de algumas destas preferências. Os resultados deste trabalho apontam que as práticas corporais desenvolvidas “desperta o interesse dos usuários a se inserir em outros grupos, incentiva novas relações, sensações e inserção social, como também a participação de práticas corporais fora do espaço de tratamento” (Silva et al., 2018, p.8). É a partir dos pressupostos levantados até este momento e buscando respeitar a singularidade e a pluralidade dos usuários, que este projeto se propõe. Além disso, pensando na formação do futuro profissional de Educação Física, concordamos com Araújo (2014) ao afirmar que "O futuro professor de Educação Física, sendo protagonista da sua formação, encontra na extensão universitária um ambiente favorável de experiências" estas experiências vão aproximá-lo dos ambientes de trabalho, que pode, gerar "a mobilização e a construção de saberes que, ao mesmo tempo, proporcionam respostas e questionamentos a fim de provocar novas formas de ensinar e aprender a Educação Física." (pp. 13 e 14, 2014). Através da extensão universitária pode-se propiciar o enriquecimento da experiência discente em termos teóricos e metodológicos, ampliando os espaços de “reafirmação e materialização dos compromissos éticos e solidários da Universidade Pública brasileira” (FORPROEX, 2012, p.19). Por fim, salientamos que este projeto, aprovado em edital de fluxo contínuo, já ocorre no Caps-AD há 1 ano. A ação tem nos mostrado alguns resultados importantes. Durante as atividades, por exemplo, já notamos que alguns postergam o consumo do tabaco; há um aumento da socialização entre os usuários do serviço, e dos usuários com os envolvidos no projeto; há usuários do serviço que afirmam ir ao Caps-AD intencionalmente nos dias em que ocorrem as atividades, além disso, apesar das dificuldades (motoras, sonolência) os participantes se empenham em realizar as atividades. Em relação aos discentes envolvidos, é notório o envolvimento e os aprendizados, dentre eles, os discentes já apontaram: compreender que a dependência é uma construção-social complexa e multideterminada; importante não julgar pelas dificuldades, em função das histórias individuais; que a dependência não define o indivíduo e que as atividades lúdicas podem trazer momentos de alegria e possíveis mudanças na vida das pessoas.


Objetivos

Geral: Desenvolver práticas corporais, a partir das atividades lúdicas, com finalidades de reabilitação, promoção de saúde e lazer. Específicos: Avaliar a condição física dos usuários do CAPS-AD; Desenvolver práticas corporais relacionadas ao esporte, jogos e brincadeiras, exercício físico, dança, lutas, atividades expressivas, atividades rítmicas, entre outras; Promover melhora nas relações sociais entre os usuários a partir de práticas coletivas; Aprimorar a formação do discente de educação física quanto ao conhecimento prático e teórico sobre a saúde mental; Possibilitar ao discente contato com outros graduandos e profissionais, de diferentes áreas do campo da saúde, para atuação interdisciplinar e multiprofissional.


Metas

Impacto direto: Desenvolver atividades corporais, a partir das atividades lúdicas, com 50 pessoas por semana, que são atendidas no CAPS; Desenvolver atividades corporais, a partir das atividades lúdicas, com os acompanhantes dos usuários, estima-se em outras 20 pessoas por semana; Proporcionar aos discentes envolvidos (bolsista e voluntários) um aprimoramento de sua formação, em contato com profissionais de diferentes áreas do campo da saúde. Favorecer a elaboração e publicação de trabalhos acadêmicos (resumos; artigos e TCC´s) e informativos (cartilhas, folhetos) Promover o estudo constante e dirigido, com os discentes envolvidos, sobre saúde mental, atividades lúdicas e as perspectivas de atuação da educação física.


Metodologia

A proposta de trabalho se dará inicialmente por uma visita de reconhecimento, por parte da equipe (discentes bolsista e voluntários e docentes), do CAPS –AD, seus projetos, ações e equipe. Seguindo para o contato direto com os usuários do serviço e seus acompanhantes. Esse reconhecimento será feito por meio da observação dos espaços físicos, conversas com a equipe de profissionais do CAPS-AD, com os usuários e seus acompanhantes e com os monitores voluntários que já atuaram no projeto em 2024. Este momento de reconhecimento é muito importante para que se possa levantar as necessidades, interesses e demandas de todos os envolvidos, com vistas à inserção da educação física no cotidiano dos participantes. Para tanto, será elaborado um questionário de levantamento e mapeamento que norteará a conversa com os participantes. Com estas informações em mãos a equipe de discentes e docentes passarão a elaborar e desenvolver as atividades a partir de elementos da cultura corporal, com foco nas atividades lúdicas, em atuação inter ou multiprofissional com os demais trabalhadores do CAPS-AD. Propõe-se 4 aulas-encontro semanais com duração de 1h cada (uma hora) para a prática dos conteúdos das atividades da cultura corporal, distribuídos de forma a ter 2 encontros no período da manhã e 2 no período da tarde. Estes encontros, à princípio, devem prever um momento de “conversa inicial” (5 min), preparação corporal (5 min), atividade principal (40 min), relaxamento (5 min) e “conversa final” (5 min). Entende-se que estes encontros partem de uma aula planejada pela equipe (discentes e docentes), mas em constante diálogo com os participantes do projeto, buscando seus interesses, vontades e contribuições . As atividades poderão ser desenvolvidas nas próprias instalações do CAPS-AD, em praças e/ou locais públicos da cidade, ou nos espaços da UFVJM – Campus I e II. Como protocolo inicial, será aplicado o PAR-Q, questionário que é indicado a qualquer indivíduo antes que o mesmo comece a praticar atividades físicas regulares. Posteriormente, testes de avaliação funcional e/ou física serão aplicados, caso participantes e equipe entendam que sejam necessários. Além das aula-encontros semanais no Caps-AD, a equipe do projeto (discentes e docentes) farão um encontro também semanal, com 2h de duração, para estudos dirigidos sobre saúde mental e as possibilidades de atuação da educação física, ou outro tema que possa surgir durante a execução do projeto. Além da discussão de estratégias de ação das aulas propostas pelos discentes que serão avaliadas por toda equipe do projeto. Desta forma, a carga horária dos discentes estaria organizada da seguinte forma: 4h semanais in loco no CAPS, desenvolvendo as atividades 2 horas semanais em reunião online para preparação e discussão das estratégias de ação e avaliação processual das atividades 2 horas quinzenais de estudos dirigidos 2 horas semanais para elaboração dos relatórios das aulas-encontro e das reuniões.


Referências Bibliográficas

Este projeto segue o referencial teórico da Psicologia Histórico Cultural, fazendo a interface entre psicologia e educação física, com a intenção de promover tanto o desenvolvimento pessoal dos extensionistas e envolvidos no projeto, quanto o aprimoramento profissional dos estudantes no ensino, pesquisa e extensão nas áreas da Educação e da Saúde. A teoria histórico-cultural se constitui como uma vertente da Psicologia que se desenvolveu nas primeiras décadas do século XX na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Teve como precursor Liev Semiónovitch Vigotsky que, a partir de 1924, iniciou sistematicamente sua produção na psicologia, tendo por base os pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico-dialético desenvolvido por Marx e Engels. Ressalta-se que parte da produção de Vigostsky ocorreu conjuntamente com Alexander R. Luria e Alexis N. Leontiev, além de outros autores que contribuíram para o desenvolvimento desta teoria (MELLO, 2004; SILVA, 2003). A partir do conhecimento produzido pela Psicologia Histórico-cultural (PHC), compreendemos que o homem, na sua relação com o mundo, procura satisfazer suas necessidades, e o faz através de uma atividade humana, portanto, constrói sua humanidade. Como aponta Goellner (1992, p. 288), baseada em Leontiev, a atividade é entendida “como uma forma de apropriação da realidade e de modificação desta, que mediatiza a ação humana na natureza”. Assim, por meio de sua atividade consciente o homem transforma a natureza e, ao fazê-lo, transforma-se a si mesmo. (Nascimento, Araújo, Miguéis, 2009; Oliveira, 2019). Para Vigotsky “a educação tem um papel transformador do homem e da humanidade. Na primeira infância, isso significa dimensionar quais bases efetivamente propiciam o desenvolvimento na sua multiplicidade cognitiva, afetiva, social, psicomotora e moral, divisões estas que, na acepção histórico-cultural, não são tratadas separadamente, mas numa perspectiva holística, integrada.” (Pimentel, 2008, p. 111). Almejar as possibilidades reais de humanização requer a consideração da capacidade do homem criar, avançando da condição de espécie para a de gênero humano, condição esta que é histórica, na qual o indivíduo passa por um processo de “apropriação, de internalização e de domínio das elaborações que a humanidade produziu, o que inclui produtos, processos, símbolos, valores, próprios às características do gênero humano” (BARROCO, 2007, p. 16). Compreende-se, assim, que o indivíduo, como ser histórico, está em permanente transformação na sua relação com os outros e com a cultura, de forma que o desenvolvimento do psiquismo se dá pelas relações socioculturais mediadas, e a atividade sendo determinante do desenvolvimento. Embora textualmente, ao tratar das funções psicológicas superiores, Vigotsky se reporte à criança, é evidente que elas continuam se desenvolvendo para além do término da infância (Pimentel, 2008). Isto posto, entendemos e corroboramos com Fátima e Silva (2013, p. 128) que afirmam que “Com o avanço do conhecimento sobre desenvolvimento humano, especialmente o infantil, percebeu-se que a atividade lúdica não era apenas um meio de lazer e recreação, mas também uma forma de promover educação por possibilitar a apropriação do mundo, sendo um dos recursos pedagógicos usados na escola para a aprendizagem de vários conteúdos.” Além das possibilidades educacionais, sabe-se que as atividades lúdicas também podem ser usadas com finalidades terapêuticas, seja em clínicas (nos casos de atendimento individual de crianças), em hospitais e centros de reabilitação. (Oliveira; Silva, 2018) Assim, salientamos que a relação entre educação e comportamento lúdico, é tipicamente, mas não exclusivamente, infantil. Além disso, o processo de constituição do psiquismo humano, pela apropriação dos bens culturais produzidos pela humanidade se dá num processo mediado por outros indivíduos, isto, por si só, constitui-se também em uma atividade social (Leontiev, 1959). As atividades lúdicas, como uma das especificidades da cultura corporal, podem ser sistematizadas e utilizadas nos mais diferentes espaços e nos mais diversos objetivos, além disso, a “experiência adquirida por meio das relações entre os indivíduos é considerada como a mais formidável, pois necessariamente requer a intervenção de outra pessoa, exatamente por se tratar de um processo que tem como característica a construção do conteúdo que está sendo aprendido” (Fátima e Silva, 2013, p. 134). Os conteúdos da Educação Física – “a ginástica, os jogos, os esportes, as lutas, a arte, as atividades rítmicas e expressivas e o conhecimento sobre o corpo – na perspectiva da cultura corporal, são meios de propiciar maior conhecimento do indivíduo sobre o mundo e si mesmo” (Silva, 2016, p.110). Além disso, esses saberes humanos precisam ser transmitidos para as gerações seguintes, tanto para que se possa acessar ao conhecimento sobre a história da cultura corporal, como também das inúmeras possibilidades de vivenciá-la e criar outros elementos. (Fátima e Silva, 2013). Como apontado anteriormente neste projeto, a formação do futuro profissional de Educação Física – licenciado ou bacharel como protagonista da sua formação, tem na extensão universitária um ambiente favorável de diversas experiências, que vão aproximá-lo dos ambientes de trabalho, construindo saberes que proporcionam respostas e questionamentos de forma a provocar novas maneiras de ensinar e aprender a Educação Física.


Inserção do estudante

Os discentes, bolsista ou voluntários são agentes ativos em todas as etapas da ação de extensão. O monitor bolsista selecionado para participar do projeto deverá ser aluno dos cursos de Educação Física da UFVJM (licenciatura ou bacharelado). Também selecionaremos monitores voluntários dos cursos de Educação Física ou de outros cursos da saúde, para que possam compor a equipe. Para capacitar os estudantes para atuarem como monitores, haverá reuniões com os professores que fazem parte da equipe antes do início do projeto para orientar estudos de referências bibliográficas específicas que embasam a estrutura. A avaliação do desempenho dos monitores (bolsista e voluntários) será feita de forma processual em consonância com a avaliação periódica do projeto. Serão avaliados os conhecimentos construídos, assim como as condutas de mediação das atividades, identificando necessidades de aprimoramento ao longo do processo. Serão funções dos monitores: Participar das reuniões de planejamento; Participar auxiliando e/ou conduzindo as atividades semanalmente; Promover estudos e pesquisas sobre saúde mental; educação física e atividades lúdicas; Participar de eventos científicos em especial da Sintegra e do Encontro de Educação Física da UFVJM, apresentando os resultados dos estudos acerca do projeto; Participar das atividades extras (oficinas, visitas etc.), quando necessário e requisitado; Elaborar os relatórios das aulas-encontro Divulgar o projeto na comunidade acadêmica e local.


Observações

O projeto "AMO: Ação pelo Movimento no CAPS-AD" é de suma relevância, uma vez que possibilita aos usuários do serviço a vivência de atividades da cultura corporal, com atendimento direcionado, com acolhimento e com atenção aos interesses dos participantes numa perspectiva de inclusão deste indivíduo, buscando de certa forma, aliviar o sofrimento psíquico, claramente presente nos indivíduos que frequentam o serviço. Como apontado anteriormente, o projeto acontece neste ano corrente (2024), registrado na Proexc no edital de fluxo contínuo. Conta hoje com a participação de 6 discentes voluntários que participam semanalmente das atividades. Além desses monitores, outros 2 fizeram parte, mas precisaram se desligar tendo em vista as necessidades financeiras (trabalho) que nossos discentes possuem. Assim, vislumbrar a possibilidade de uma bolsa para este projeto, é também buscar uma estratégia de manutenção de nossos estudantes em formação, com dedicação maior ao curso.


Público-alvo

Descrição

São usuários do Caps-AD jovens, adultos e idosos, que apresentam algum tipo de dependência de substâncias psicoativas. Pretende-se também atender os acompanhantes dos usuários do serviço

Municípios Atendidos

Município

Diamantina

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

A parceria com o Caps-AD de Diamantina é essencial para a ocorrência do projeto. Atualmente já contamos com a parceria do serviço, que contribui com a liberação do espaço para desenvolvimento das atividades, fornece alguns materiais (jogos de mesa, materiais esportivos) para que as atividades sejam desenvolvidas, além da participação de alguns profissionais nos encontros-aula, motivando os participantes, contribuindo com a equipe de monitores e docentes do projeto.

Cronograma de Atividades

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Encontros semanais (previsão de 4) com duração de 1h por encontro, em que serão desenvolvidos conteúdos das atividades corporais (dança, esportes, lutas, ginásticas, jogos e brincadeiras, atividades expressivas, atividades rítmicas, entre outras), a partir das atividades lúdicas, de acordo com o interesse do público atendido.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Encontros semanais tanto para que se faça a avaliação processual do desenvolvimento da ação, quanto para o planejamento das atividades que serão desenvolvidas.

Periodicidade Quinzenalmente
Descrição da Atividade

Reuniões de estudos dirigidos sobre as temáticas que envolvem a ação: educação física/cultura corporal; atividades lúdicas; saúde mental; dependência de substâncias psicoativas e outras temáticas que se façam necessárias ao longo da ação.

Periodicidade Semanalmente
Descrição da Atividade

Registro avaliativo das atividades que forem desenvolvidas, das facilidades/dificuldades da execução por parte dos extensionistas, da mediação dos responsáveis pela mediação (bolsistas, professores, profissionais da saúde) e demais situações que ocorrerem ao longo da ação.

Periodicidade Anualmente
Descrição da Atividade

Elaboração do Relatório Final da ação.