Esse projeto tem como foco a curricularização da disciplina da Unidade Curricular de Saúde do Adulto III: assistência à mulher tendo como objetivo o de oferecer assistência integral e de qualidade no Ambulatório Interdisciplinar de Planejamento Reprodutivo para consultas de enfermagem com foco no planejamento reprodutivo e inserção do DIU a mulheres de Diamantina - MG. Espera-se com essa ação proporcionar vivências de gestão de um Ambulatório e de consultas de enfermagem voltadas a mulher.

Planejamento Reprodutivo; Dispositivo Intrauterino; Saúde da Mulher

O planejamento reprodutivo é definido pela Lei nº 9.263/1996, como um conjunto de ações que regulamenta a fecundidade, garantindo os direitos iguais previstos na constituição, limitação ou aumento dos filhos pela mulher, pelo homem ou pelo casal. (BRASIL, 1996). A gravidez não planejada representa um problema de saúde pública importante tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento (MACHADO et al., 2017). Em Diamantina apenas 13,2% das mulheres planejaram sua gravidez segundo estudo realizado nos cartões de pré-natal (REIS et al., 2021), dado bem inferior ao encontrado na Pesquisa Nascer no Brasil com amostra de 23.894 mulheres em que 55,4% não planejaram a gestação (BRANDÃO; CABRAL, 2017). Embora a redução das taxas de gravidez não planejada requeira abordagens multifatoriais, ampliar o acesso aos métodos contraceptivos de longa duração contribui de forma expressiva para reverter este contexto (MACHADO et al., 2017). Diante disso, o Ambulatório Interdisciplinar de Planejamento Reprodutivo foi estruturado em 2021, visando atender às mulheres e suas parcerias residentes na região ampliada de saúde de Diamantina/MG por meio de consultas clínicas com foco na inserção do Dispositivo Intrauterino (DIU). O Ambulatório foi aprovado no PIBEX nos anos de 2021, 2021 e 2023. Trata-se de um projeto de extensão com interfase com a extensão e a pesquisa. O ambulatório vem desempenhando um papel importante na informatização das mulheres e suas parcerias sobre seus direitos, sobre a prevenção e concepção da prole e oferecendo uma assistência integral e de qualidade para essas mulheres na consulta clínica em saúde reprodutiva e realizando a inserção do Dispositivos Intrauterino (DIU) naquelas mulheres que optarem por esse método.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) nos últimos 10 anos, as mulheres estão começando a ter relações sexuais cada vez mais cedo e consequentemente a prática contraceptiva. Essa pesquisa mostrou que em 2006, 66% das jovens (15 a 19 anos) que são sexualmente ativas já haviam usado algum método anticoncepcional, sendo que os mais usados eram 33% preservativo, 27% pílulas e 5% os injetáveis. Já para as mulheres que estavam vivendo alguma forma de união, 88% usavam contraceptivos, sendo que a esterilização (29%) era o método mais frequente, seguido pela pílula (25%) e pelo preservativo (12%), em seguida a vasectomia (5%) e o DIU (2%) (BRASIL, 2006). Segundo a Organização Mundial de Saúde, o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre é hoje o método contraceptivo reversível mais usado no mundo, sendo a escolha de 15% das mulheres. São mais de 170 milhões de usuárias (OMS, 2017). A taxa de utilização no Brasil do DIU é de apenas 1,9%, sendo mais utilizados a anticoncepção oral e a ligadura tubária (CARRENO et. al., 2006). Antes da inauguração do Ambulatório, no mês de março de 2021, foram tabulados os dados de encaminhamento feito pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para o serviço secundário na variável inserção de DIU. Havia 251 mulheres que aguardavam atendimento há dois anos. Em março de 2023 foi feito outro levantamento de dados e percebido que após a consulta de 550 mulheres com inserção do DIU existem 364 mulheres aguardando atendimento. Percebe-se que ao proporcionar acesso a demanda por atendimento aumenta. Portanto esse trabalho justifica-se devido ao impacto social que produz ao permitir um planejamento reprodutivo às mulheres e suas parcerias.

Objetivo geral: Oferecer assistência integral e de qualidade no Ambulatório Interdisciplinar de Planejamento Reprodutivo para consultas de enfermagem com foco no planejamento reprodutivo e inserção do DIU a mulheres de Diamantina - MG. Objetivo Específico: Oportunizar ao estudante da Unidade Curricular de Saúde do Adulto III: assistência à mulher do Curso de Graduação em Enfermagem da UFVJM participar da gestão de um Ambulatório, planejar agendas de atendimento, prover recursos humanos e materiais, realizar consultas de enfermagem à mulher.

1) 100% dos estudantes da Unidade Curricular de Saúde do Adulto III: assistência à mulher do Curso de Graduação em Enfermagem da UFVJM, inscritos na presente ação, experienciem a logística e habilidades técnicas que envolvem um Ambulatório de Planejamento Reprodutivo. 2) Realizar a consulta de enfermagem com foco no planejamento reprodutivo e inserção de DIU a aproximadamente 40 mulheres.

Os atendimentos às mulheres ocorrem semanalmente no ambulatório e são realizados por professores dos cursos de graduação em enfermagem, medicina, residentes de ginecologia e acadêmicos da UFVJM. O agendamento das consultas clínicas é feito pela Unidade Básica de Saúde (UBS) onde as mulheres são assistidas e encaminhadas via setor de regulação. Durante a consulta é dado à mulher o direito de escolha do método que melhor se adeque a sua realidade. Não havendo contraindicações e a vontade para o DIU, a inserção é realizada. Após 45 dias da inserção, a mulher retorna para verificar o posicionamento, aceitação e satisfação para com o método. Elas seguem sendo acompanhadas por telemonitoramento aos 3, 6 e 12 meses após a inserçãOs alunos farão: 1) Analise do banco de dados da central de regulação retirando as mulheres em duplicidade, as que já realizaram o procedimento, fizeram laqueadura etc 2) Ligar para as mulheres agendando a consulta e oferecendo as informações necessárias. 3) Prover e prever recursos humanos e matérias. Os recursos materiais são obtidos pelo projeto de extensão PIBEX 2023 e com os recursos da Policlínica 4) Receber as mulheres para a consulta, preencher os impressos, realizar sinais vitais e exames físicos e ginecológicos. (O professor fará a inserção do DIU) 5) Os alunos deverão acompanhar a mulher por telemonitoramento e na consulta de revisão.

BRANDÃO E.R.; CABRAL, C.S. Da gravidez imprevista à contracepção: aportes para um debate. Perspectivas. Caderno de Saúde Pública, v.33, n.2, 2017. BRASIL. Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm BRASIL. Ministério da Saúde; CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), Atividade Sexual, 2006. Relatório final. Brasília CARRENO, I et al . Uso de métodos contraceptivos entre mulheres com vida sexual ativa em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 22, n. 5, p. 1101-1109, May 2006 . Disponível em: MACHADO, R.B. et al. Long-Acting Reversible Contraception, Contracepção reversível de longa ação. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.39, n. 06, p.294–308, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbgo/a/WQxWKxrQ4k6GpfTwbMWv3yc/?lang=en#ModalArticles. OMS. Centers for Disease ControlPrevention Internet. US Selected Practice Recommendations for Contraceptive Use, 2017. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr6205a1.htm

A interação dialógica ocorrera a partir da vivência dos alunos da graduação com o Ambulatório. Os alunos solicitam com frequência campo de prática e vivência no atendimento as mulheres dentro do Ambulatório. O Ambulatório conta com a participação de alunos bolsistas de iniciação científica, PIBEX e voluntários durante o período letivo e férias.

O Ambulatório é um projeto de extensão entre a enfermagem e a medicina. Para os atendimentos contamos com a colaboração dos técnicos de enfermagem, funcionários da recepção, limpeza, guarda de prontuários, central de regulação, secretaria de saúde dentre outros.

A proposta prevê estrita articulação entre ensino, extensão e pesquisa. A ação a ser experienciada pelos estudantes é parte integrante da unidade curricular Saúde do Adulto III: assistência à mulher e compreende uma fração importante para a formação profissional do enfermeiro. A curricularização compreende uma ação extensionista, de iniciativa governamental que tem como objetivo contribuir com a comunidade do entorno das universidades com os conhecimentos adquiridos e desenvolvidos no meio acadêmico. Por fim, pretende-se que os dados dos prontuários subsidiem a coleta de dados em andamento dos alunos de iniciação científica e do mestrado profissional Ensino em Saúde. Espera-se escrever resumos para apresentação em congresso.

Participar de uma ação com essa amplitude permite que o discente experiencie a gestão de um serviço de saúde direcionado a mulher, planeje suas ações, recorra ao trabalho em equipe para cumprir o planejado, estude a teoria e coloque em prática o conteúdo teórico. Tais práticas consolidam todo o aprendizado teórico e aproxima o futuro profissional do perfil esperado.

Espera-se que a ação aumente o acesso das mulheres a consulta de planejamento reprodutivo, principalmente o DIU, diminuindo o tempo de espera para esse serviço. Além disso, o Ambulatório está promovendo a interação da universidade com a comunidade, além de oferecer aos discentes membros do projeto e da disciplina de saúde da mulher da enfermagem uma oportunidade de expandir o conhecimento sobre saúde sexual e planejamento reprodutivo na teoria e na prática clínica.

A ação será divulgada na mídia social do ambulatório, no caso, Instagram