Esta ação de extensão envolverá estudantes de enfermagem e alunos da pós-graduação. A coordenadora do projeto e os alunos farão cursos para alunos de graduação em Enfermagem, técnicos e enfermeiros de Diamantina e região.

educação continuada; atendimento; feridas

As feridas crônicas constituem-se como um problema de saúde pública e são definidas como alterações da integridade anatômica da pele e tecidos subjacentes independente da extensão, decorrente de desequilíbrios, agravos e fatores sistêmicos ou locais intervenientes nesse processo, tais como: idade, tabagismo, função motora comprometida, alterações de sensibilidade e consciência, estado nutricional, doenças crônicas, presença de neuropatia, diabetes de longa duração ou mau controlada, comprometimento vascular, eventos traumáticos, infecciosos ou neoplásicos (COSTA, et al., 2015; SALMONA, et al., 2016; SANTOS, et al., 2017). São classificadas como feridas crônicas aquelas com período de duração superior a seis semanas e que apresentam elevadas taxas de recorrência (IQBAL et al., 2017; RIBEIRO, et al., 2019). As úlceras vasculares podem ter como causa problemas arteriais, venosos ou mistos (arteriais e venosos) atingindo frequentemente os membros inferiores e sendo de difícil cicatrização (BAVARESCO, 2018). Portadores de Diabetes Mellitus (DM) tendem a apresentar grande potencial para o surgimento de úlceras nos pés, proporcionando um aumento no número de casos, além disso, é estimado que cerca de 40 a 70% das amputações nas extremidades dos membros inferiores não traumáticas são decorrentes dessa enfermidade (LUCOVEIS, et al., 2018; ANDRADE et al., 2019). O DM compreende como uma das doenças crônicas de maior impacto nos gastos com a saúde e de incidência crescente, em virtude do aumento da expectativa de vida da população (BRASIL, 2006). Possui altos índices de morbidade e mortalidade, sendo as complicações crônicas cada vez mais comuns. Tal enfermidade está relacionado à cicatrização deficitária, devido às lesões vasculares (hipóxia) e às alterações nas células fagocitárias, que favorecem a instalação de infecções; ao estreitamento da perfusão sanguínea (vasculopatia); à neuropatia (redução da sensibilidade) por causa da diminuição de estímulos da inflamação liberados por terminações nervosas (SILVA, et al., 2018). Portanto, mesmo com a disponibilidade de inúmeras coberturas para tratamento de feridas, ainda existem lesões de difícil cicatrização, fomentando a busca por novas condutas terapêuticas como forma de acelerar o processo de regeneração tecidual e proporcionar maior qualidade de vida aos pacientes (BAVARESCO, 2018). Ao longo dos anos, diversas tecnologias têm sido utilizadas para o tratamento dessas lesões, e uma delas é a terapia com fotobiomodulação, ou seja, é a terapia que se baseia na interação da luz (LASER - Amplificação da Luz por Emissão Estimulada de Radiação ou LED - Diodo Emissor de Luz) com os tecidos do corpo humano, ambos com efeitos biológicos semelhantes (CHAVES, 2015). Ambas terapias são recursos amplamente utilizados em alterações cutâneas e têm se mostrado aplicável no cuidado de feridas, com resultados benéficos em diferentes tipos de lesões, principalmente por sua ação nas fases inflamatórias e proliferativas da cicatrização (SILVA, et al., 2018; BARBOSA, et al., 2020, VIEIRA, 2020). As terapias com LED e LASER promovem a proliferação de fibroblastos, osteoblastos e células epiteliais, circulação local, bem como a síntese de colágeno, sendo fundamental para a aceleração do processo de restauração tecidual, melhorando a regeneração e cicatrização dos tecidos, além de ter efeito analgésico e anti-inflamatório (MINATEL, et al., 2009; KHAN; ARANY, 2016; CUNHA et al., 2017). No entanto, para um efeito positivo no processo de restauração tecidual, os pacientes portadores de feridas crônicas precisam entender o funcionamento adequado do processo de cicatrização e o cuidado com curativos. Na prática clínica, ainda é um desafio para a equipe multiprofissional, sobretudo de enfermagem, intervir no conhecimento dos pacientes para que eles se tornem ativos e se posicionem frente aos profissionais sobre o processo de cuidado a fim de evitar complicações e riscos potenciais que aumentariam a sua morbimortalidade e comprometeriam a qualidade do processo de cicatrização das feridas. Diante disso, espera-se com essa atividade de extensão, que os pacientes saibam da importância de cuidados de sua ferida e de seus curativos e de se sentirem motivados para que essa ação se torne efetiva. Docentes, discentes e profissionais de saúde atuarão em conjunto para o aumento da qualidade de vidas desses pacientes e para um atendimento global dessa população a fim de diminuir o desafio do processo longo de cicatrização de feridas crônicas associadas a comorbidades como diabetes, hipertensão arterial e insuficiência venosa crônica.

Esta proposta de curso visa melhorar o conhecimento de estudantes de enfermagem, técnicos e enfermeiros no que diz respeito ao atendimento aos pacientes com feridas crônicas que são de difícil cicatrização, levando de meses a anos para a completa cicatrização devido, sobretudo, à cuidados e tratamentos inadequado das feridas. Identificaram-se problemas como a inexistência de protocolos e ações educativas associadas aos cuidados com as feridas crônicas como orientação, intervenções educativas aos pacientes que os façam entender melhor o cuidado domiciliar com as lesões crônicas. Como consequência os pacientes acabam desenvolvendo necrose e amputação de membros de forma desnecessária. Sendo assim, esta ação de extensão partiu de demandas não somente dos alunos e professores mas também da própria instituição de saúde que se encontra limitada para o acompanhamento desses pacientes, que, segundo a Organização Mundial de Saúde essa população representa um sério problema de saúde pública, devido ao impacto psicológico, social e econômico gerados ao paciente, associado aos elevados e crescentes custos para o sistema de saúde. Esta ação de extensão surgiu devido à dificuldade de cicatrização dessas feridas levando a um aumento da morbidade desses pacientes comprometendo não somente à saúde pública, mas as atividades de vida diária dos pacientes que apresentam feridas crônicas. Os pacientes, frequentemente, comparecem à clínica para atendimento médico, no entanto, retornam para casa sem orientações e conhecimento quanto ao risco de contaminação da ferida, da necessidade de troca e higiene do curativo. Como consequência desenvolvem necrose, infecções purulentas nas feridas alcançando até mesmo amputação dos membros. A orientação e educação continuada dos estudantes e profissionais da enfermagem propiciará um atendimento completo aos pacientes o que poderá evitar problemas de circulação e aparecimento de novas feridas, como frequentemente ocorre com pacientes que apresentam diabetes e trombose venosa ou arterial.

1-Promover a interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade na resolução de problemas e superação de dificuldades com cuidado de feridas por meio da troca de conhecimentos, da participação e do contato com as questões complexas contemporâneas presentes no contexto social; 2-Incentivar à atuação da comunidade acadêmica e técnica na contribuição ao enfrentamento das questões da sociedade brasileira, inclusive por meio do desenvolvimento econômico, social e cultural; 3-Estabelecer o diálogo construtivo e transformador com os setores da saúde de forma a contribuir com o cuidado e tratamento das feridas crônicas; 4-Conntribuir na formação integral do estudante, estimulando sua formação como cidadão crítico e responsável, a partir da interação com a realidade da população.

Em dois meses: realizar curso com os estudantes de enfermagem Em cinco meses: realizar cursos para técnicos e enfermeiros de Diamantina e região.

Atividade de extensão que acontecerá de julho de 2023 a fevereiro de 2023 em que o corodenador do projeto junto com duas alunas da pós-graduação e cinco estudantes de enfermagem farão o curso para outros estudantes de enfermagem e para técnicos e enfermeiros de Diamantina e região. O curso acontecerá às quartas e sextas feiras de 14:00 às 16:00 horas. Os temas abordados serão: tipos de feridas, classificação, tratamento e cuidados. A primeira hora será teórica com datshow e dinâmicas de metodologias ativas e a segunda hora será pratica que acontecerá no laboratório de enfermagem da UFVJM.

ANDRADE, L.L. et al. Caracterização e tratamento de úlceras do pé diabético em um ambulatório. Rev Fun Care Online, v.11, n.1, p.124-128, 2019. BARBOSA, L.S.; PARISI, J.R.; VIANA, L.C., CARNEIRO, M.B.; SILVA, J.R.T.; NOVAES, R.D.; SOUSA, L. The photobiomodulation (658, 830 and 904nm) on wound healing in histomorphometric analysis. Fisioter. Mor, v.33, e003318, 2020. BAVARESCO, T. O efeito do laser de baixa potência no tratamento de úlceras venosas avaliado por Nursing Outcomes Classification (NOC): ensaio clínico randomizado. 137f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Enfermagem, Programa de Pós Graduação em Enfermagem, Porto Alegre, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diabetes Mellitus / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 64 p. il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 16) (Série A. Normas e Manuais Técnicos). CHAVES, M.E.A. Úlcera por pressão submetidas à fotobiomodulação com diodo emissor de luz. 91f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) – Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. COSTA, A. M.; MATOZINHOS, A. C. S.; TRIGUEIRO, P. S.; CUNHA, R. C. G.; MOREIRA, L. R. Custos do tratamento de úlceras por pressão em unidade de cuidados prolongados em uma instituição hospitalar de Minas Gerais. Rev. Enfermagem Revista, v.18, n.1, jan-abr., 2015. CUNHA, D.R.; SALOMÉ, G.M.; JÚNIOR, M. R.M.; MENDES, B.; FERREIRA, L.M. Construção e validação de um algoritmo para aplicação de laser no tratamento de ferida. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.25, e2955, 2017. EVANGELISTA, C.B. Assistência prestada a pacientes com ferida crônica em um serviço de referência do norte de Minas Gerais. 59p. Monografia (Curso de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia) - Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. IQBAL, A.; JAN, A.; WAJID, M.A., TARIQ, S. Management of Chronic Non-healing Wounds by Hirudotherapy. www.wjps.ir, v.6, n.1, jan., 2017. KHAN, I.; ARANY, P.R. Photobiomodulation Therapy Promotes Expansion of Epithelial Colony Forming Units. Photomedicine and Laser Surgery, v 34, n.11, 2016. LUCOVEIS, M.L.S. et al. Grau de risco para úlceras nos pés por diabetes: avaliação de enfermagem. Rev Bras Enferm.,v.71, v.6, p.3217-23, 2018. MINATEL, D.G.; FRADE, M.A.C.; FRANÇA, S.C.; ENWEMEKA, C.S. PhotothILVA, erapy promotes healing of chronic diabetic leg ulcers that failed to respond to other therapies. Lasers in Surgery and Medicine, v.41, p.433-441, 2009. RIBEIRO, G.S.C. et al. Pacientes internados com feridas crônicas: um enfoque na qualidade de vida. Enferm. Foco, v.10, n.2, p.70-75, 2019. SALMONA, K.B.C.; SANTANA, L.A.; NEVES, R.S.; GUADAGNIN, R.V. Estudo comparativo entre as técnicas manual e automática de demarcação de borda para avaliação de área de úlceras por pressão. Enferm. Foco, v.7, n.2, p.42-46, 2016. SIQUEIRA,AL.Estatística na área da saúde.COOPMED.Belo Horizonte,MG,2018 SANTOS, E. I. et al. Facilidades e dificuldades a autonomia profissional de enfermeiros no cuidado de pessoas com feridas: estudo de representações sociais. Revista Estima, v.15, n.1, p.2, 2017. SILVA, F.M.; MOREIRA, L.S.; SILVA, M.S.; RODRIGUES, W.; ROSA, S.S.R.F. Uso de fototerapia para cicatrização de feridas de pé diabético. UNIEURO, Brasília, n.27 (especial), p.7-27, 2018. SOLMAX, H.; ULGEN, Y.; GULSOY, M. Photobiomodulation of wound healing via visible and infrared laser irradiation. Lasers Med Sci, v.32, p.903-910, 2017. VIEIRA, A.B.H.; PURIFICAÇÃO, M.B.; FERREIRA, M.D.F.; COSTA, T.D.; LAM, Y.W.; RAMOS, F.S.; GANTE, R.S. Os efeitos fisiológicos do LED vermelho no tegumento. Revista Científica de Estética e Cosmetologia, v.1, n1, p.28-38, 2020.

A atividade de extensão irá interagir com a demanda da Policlínica no controle e acompanhamento aos pacientes com feridas crônicas de difícil cicatrização. Dessa forma discentes e docentes irão contribuir com ações de prevenção de eventos adversos e controle de comorbidades na instituição por meio do tratamento e intervenção educativa junto aos pacientes com feridas crônicas.Haverá ainda interação dialógica entre o saber do paciente e do estudante, o que possibilitará ambos a trocarem experiencias e conhecimentos.

A atuação envolverá enfermeiros, técnicos de enfermagem e alunos de graduação da UFVJM. Enfermeiros, docentes, discentes e técnicos de enfermagem irão participa tanto das atividades educativas quanto do tratamento das feridas. A integração entre estudantes e profissionais com distintas experiências promoverá uma aprendizagem compartilhada, uma vez que os discentes em contato com a literatura atualizada sobre as técnicas de cuidado com feridas e curativos promoverão um atendimento de maior qualidade para a instituição, além de diminuir a morbidade e retorno continuo desses pacientes à policlínica. Por outro lado, o enfermeiro, com sua experiência na pratica clínica, poderá mostrar aos discentes uma postura crítica em relação ao atendimento na pratica diária da instituição. Haverá ainda a interação entre profissionais de diferentes áreas de formação em que possibilitará discussão de protocolos e tratamentos mais efetivos.

O presente projeto será associado ao grupo de pesquisa da coordenadora da presenta ação de extensão com registro no diretório do CNPq que diz respeito ao tem eventos adversos associados á saúde. Eventos adversos são definidos como complicações indesejadas decorrentes do cuidado prestado aos pacientes, não atribuídas à evolução natural da doença de base (1,2). Este projeto se justifica em virtude de estar relacionado às pesquisas que venho desenvolvendo no decorrer da minha trajetória acadêmica e profissional ligada à prevenção e tratamento de feridas nos estabelecimentos assistenciais de saúde

Esta extensão pode gerar um impacto positivo no aprendizado dos graduandos de Enfermagem, uma vez que poderão colocar em prática o que foi ensinado nas disciplinas do curso que envolvem tipos de coberturas, cuidados e tratamentos avançados de feridas crônicas. Além disso o discente poderá inserir em praticas educativas e de orientação aos pacientes com feridas crônicas. Tais ações contribuem para a formação acadêmica desses estudantes, sobretudo, na ação do futuro enfermeiro nas condutas educativas e terapêuticas no tratamento de feridas que aceleraram o processo de regeneração tecidual e proporcionam maior qualidade de vida aos pacientes.

A presente extensão apontará para uma transformação do processo individual de tomada de decisão em busca de uma melhor qualidade de vida e saúde; orienta ainda para o fortalecimento comunitário com decisões coletivas visando ao favorecimento das condições de bem-estar e saúde . O impacto e a transformação social reafirmam a extensão universitária como o mecanismo pelo qual se estabelece a inter-relação da universidade com outros setores da sociedade, com vistas a uma atuação transformadora, voltada aos interesses e necessidades da maioria da população. É propiciadora do desenvolvimento social e regional de aprimoramento das políticas públicas. As atividades de extensão constituem aportes decisivos à formação do estudante, seja pela ampliação do universo de referência, seja pelo contato direto com grandes questões contemporâneas. No âmbito da comunidade envolvida esta ação promoverá um impacto positivo para a construção do conhecimento com caráter participativo de professores e profissionais Enfermeiros de forma que os discentes possam pronunciarem seu mundo como objeto de problematização para que partam deles uma nova visão de mundo. Além disso, há um estimulo à nova percepção de educar o aluno associado às discussões e interações com profissional de saúde.

O curso será divulgado para os alunos que já cursaram o quinto período, uma vez que, são alunos que já aprenderam e tiveram a pratica em instituições de saúde sobre o tema de feridas. A divulgação será por email e redes sociais e os professores irão selecionar os participantes. A extensão será divulgada de forma presencial a todos os pacientes que são atendidos na policlínica de Diamantina. Além disso, os participantes irão convidar os angiologistas e técnicos da instituição para atuarem junto aos estudantes e membros da extensão.