História oral é um campo de estudos interdisciplinar e múltiplo compreendido, ora como técnica, ora como disciplina, ora como metodologia, consolidado cientificamente. Nesse sentido, a presente Ação de Extensão, tem como objetivo propor a oferta de curso online "História Oral: da voz ao texto", ministrado via meet, por meio do class room, com encontros semanais e carga horária de 60h. O público alvo são graduandos, pesquisadores e profissionais que se interessam na temática. 100 vagas.

História Social; Narrativas Orais; Entrevistas; Ética.

A história oral constitui um campo de estudos e reflexão interdisciplinar e múltiplo que é compreendido, ora como técnica, ora como disciplina, ora como metodologia. A história oral é definida pela coleta de entrevistas com pessoas que participaram de acontecimentos, movimentos e processos, com objetivo de compreender conjunturas, modos de ser e estar em uma sociedade. Deste modo, como aporte metodológico, a história oral permite compreender a partir das narrativas orais de diferentes sujeitos, histórias, acontecimentos que revelam a partir do cotidiano como as pessoas experimentam conjunturas históricas. A história oral é compreendida de diferentes formas a saber: história temática, história de vida e tradição oral. Ao lidar com as narrativas orais a memória emerge como questão relevante para a pesquisa nas humanidades e sociais. Sobre memória Yara Khoury (2005, p.118), ao problematizar as relações entre memória e história, propôs buscar a compreensão de como “as memórias se instituem e circulam, como são apropriadas e se transformam na experiência social vivida”. Para além do fato histórico, inspirados evidecia-se “o caráter ativo da memória na construção histórica”, ou seja, “como qualquer outra experiência humana, a memória é também um campo minado pelas lutas sociais” (KHOURY, 2005). Em tempo, Alessandro Portelli pontua as entrevistas como ato de autoria e co-autoria, ou seja, um processo dialógico em que o momento da entrevista marca as formas de relembrar. As considerações de Yara Khoury, inspirada em alguns textos de Portelli são de fundamental importância, quando a pesquisadora aponta que na história oral, “as versões pessoais sobre experiências vividas e compartilhadas são representativas de horizontes que se colocam para muitos outros” , o que revela a representatividade e riqueza das entrevistas realizadas que, mais do que trajetórias individuais, revelam o conjunto de experiências e significados compartilhados por outros sujeitos sociais (KHOURY, 2005, p.136). No processo da entrevista, o entrevistado interpreta o passado imbuído de situações e informações atuais que interferem em sua narrativa, afinal, como bem advertiu Portelli (1996), a memória é um produto social, visto que “o que vemos, mais que uma memória coletiva, é que há um horizonte de memórias possíveis” compartilhadas, reais ou imaginárias. Como bem advertiu Portelli (1993), a história oral nos revela muito mais sobre os significados atribuídos pelos entrevistados do que sobre os fatos. A história oral atualmente é um campo de reflexão consolidado. Nesse sentido, o obietivo deste curso é fomentar e capacitar profissionais que desejam ou utilizem a história oral.

A história oral constitui campo metodológico constituída e reconhecido no ambiente acadêmico. Apesar de reconhecido, com inúmeras pesquisas, pesquisadores, eventos, associação, grupos e centros de pesquisas no tema, ainda ocorre resistência de pesquisadores, bem como formas equivocadas dos usos metodológicos das narrativas orais, o que justifica a necessidade de fomentar a reflexão dos usos teórico-metodológicos da história oral. Além do mais, os usos políticos

Incentivar a utilização da história oral nas pesquisas científicas a partir de interlocuções interdisciplinares de forma a valorizar vozes dissonantes e trazer para o centro do debate interrelações entre produção de narrativas e ética na pesquisa.

Capacitar 100 sujeitos, graduandos e profissionais formados, em qualquer área de formação que se interesse pela temática

Será ofertado curso de formação inicial / continuada em formato on line com encontros síncronos, perfazendo uma carga horária de 60 horas. O curso terá como público alvo graduandos e profissionais que se interessam pelo tema/metodologia História Oral, independente de estar ligada às humanidades. Serão ofertadas 100 vagas. Formas divulgação: Cards e link de inscrição serão encaminhados via email para coordenações de cursos de Universidades estaduais, federais e privadas de Minas Gerais. Divulgação nas redes sociais da UFVJM. Os encontros síncronos serão feitos semanalmente. As inscrições serão realizadas via Google Forms em que os candidatos serão classificados a partir das vagas distribuídas conforme mencionado acima. O curso será ofertado a partir do Classroom em que serão disponibilizados textos e atividades elaboradas via formulário google. Os encontros síncronos ocorrerão semanalmente via google meet. O cursista que completar 75% da carga horária do curso (dos encontros síncronos) terá direito ao certificado de 60 horas. A carga horária de 60 horas será cumprida a partir dos encontros síncronos, leitura de materiais de apoio e atividades a serem desenvolvidas. Esse curso não possui finalidade científica. No entanto, um relato de experiência poderá ser elaborado e encaminhado para Revista Científica com objetivo de publicizar a prática. A sistemática de acompanhamento e de avaliação da ação será feita a partir de avaliação da percepção de cada módulo realizada via google forms. Questionários será aplicado aos cursistas de forma a identificar se estão aprovando metodologia adotada e quais sugestões apontam. O curso ocorrerá em seis módulos, assim divididos: Módulo 1: Apresentação do curso: História Social e Memória 10 horas Módulo 2: Apresentação do curso: História Social e Memória 10 horas Módulo 3: História oral: Como técnica, disciplina e método 10 horas Módulo 4: História Oral: produção, transcrição e difusão 10 horas Módulo 5: História oral e Comitê de ética 10 horas Módulo 6: História oral: relatos de experiência 10 horas

BOM MEIHY, José Carlos. Manual de história oral. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1996. BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo : Companhia das Letras, 2007. CAMARGO, Aspásia. História oral e política. In: FERREIRA, Marieta de Moraes (Org.). História oral e multidisciplinaridade. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p.75-99. FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (et al.). Usos E Abusos da História Oral. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1996. KHOURY, Yara Aun. Muitas memórias, outra histórias: cultura e o sujeito na história. In: FENELON, Déa Ribeiro. Etall. Muitas memórias, outras histórias. São Paulo: Olhos D` água, 2005. POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, Vol. 2, No 3, p. 3-15, 1989. PORTELLI, Alessandro. A filosofia e os fatos. Revista Tempo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, V. 1, (2): 1996, p.59-72. PORTELLI, Alessandro. Forma e significado na história oral: a pesquisa como um experimentoem igualdade. Tradução de Maria Therezinha Janine Ribeiro. Projeto história, Local, v.?, n.14, p. 7-39, fev. 1997. PORTELLI, Alessandro. Sonhos ucrônicos. Memórias e possíveis mundos dos trabalhadores. Projeto História. São Paulo, n.10, dez. 1993, p.41-58. QUEIROZ, Maria Isaura P. de. Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”. In: AUTOR. Experimen-tos com histórias de vida: Itália-Brasil. Enciclopédia Aberta de Ciências Sociais. São Paulo: Vértice,1988. p. 14-43. THOMPSON, Paul. A voz do passado. Tradução de Lólio Lourenço de Oliveira. 2. ed. São Paulo:Paz e Terra, 1998. TREBITSCH, Michel. A função epistemológica da história oral no discurso da história contem-porânea. In: FERREIRA, Marieta de Moraes. (Org.). História oral e multidisciplinaridade. Rio deJaneiro: Diadorim, 1993. p. 19-43.

O curso será oferecido a profissionais de diferentes áreas de todo país, o que vai ser espaço de reflexão e troca de experiências e trânsito de reflexões e ideias entre a comunidade acadêmicas e sociedade, ou até entre academia e egressos.

A história oral por sua natureza é uma metodologia interdisciplinar. Nesse sentido, o curso propõe trazer autores e temáticas transdisciplinares. Serão acolhidos profissionais de diferentes profissões a fim de valorizar essa diversidade.

O curso propõe ser espaço de indissociabilidade entre ensino pesquisa e extensão, a promover leituras e debates de textos diversos, estender os conhecimentos produzidos na academia e incentivar à pesquisa com o aporte metodológico da história oral.

Os estudantes de graduação que participarem do curso serão munidos das técnicas, metodologias e teorias que embasam a história oral, o que permitirá sua utilização a partir de princípios éticos. Em tempo, o curso será base para a compreensão de submissão de projetos envolvendo seres humanos com a utilização de história oral no CEP. O estudante que acompanhará a realização do curso além de aprender sobre os usos da história oral enquanto campo metodológico aprenderá sobre o processo de planejamento, organização e execução de um curso, o que contribuirá para o enriquecimento de suas experiências acadêmicas no âmbito profissional e pessoal.

O curso irá estimular o uso das narrativas orais na sociedade, trazendo para o centro da discussão temas, problemas e sujeitos, muitas vezes esquecidos do processo histórico. Como uma dimensão do desenvolvimento social é o direito à memória, logo o curso constitui um item da cidadania pela a partir do direito à história.

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