Detalhes da ação

ESCOLA DA TERRA: EDUCAÇÃO DO CAMPO E AGROECOLOGIA

Sobre a Ação

Nº de Inscrição

202203000583

Tipo da Ação

Projeto

Situação

RECOMENDADA :
CONCLUÍDA - ARQUIVADA

Data Inicio

10/09/2023

Data Fim

18/03/2024


Dados do Coordenador

Nome do Coordenador

ivana cristina lovo

Caracterização da Ação

Área de Conhecimento

Ciências Humanas

Área Temática Principal

Educação

Área Temática Secundária

Meio Ambiente

Linha de Extensão

Formação Docente

Abrangência

Regional

Gera Propriedade Intelectual

Não

Vínculada a Programa de Extensão

Não

Envolve Recursos Financeiros

Sim

Ação ocorrerá

Dentro e Fora do campus

Período das Atividades

Integral

Atividades nos Fins de Semana

Sim


Redes Sociais

Outras Redes Sociais

não é previsto no projeto.

Membros

Tipo de Membro Interno
Carga Horária 2 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 8 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 8 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 20 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 10 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 30 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 300 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 300 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 8 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 8 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 200 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 200 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 200 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 200 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 200 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 8 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 8 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 30 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 8 h
Resumo

O projeto de extensão Educação do Campo e Agroecologia visa desenvolver um curso de aperfeiçoamento do programa “Escola da Terra: formação continuada de Educadores” da DPECIRER/SECADI/MEC. A previsão é formar 110 professorese e gestores da educação básica, integrando profissionais da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio e Educação de Jovens e Adultos; prioridade aos profissionais dos anos iniciais do Ensino Fundamental em 34 municípios do semiárido de Minas.


Palavras-chave

Formação continuada de professores, educação do campo, agroecologia, letramentos


Introdução

O projeto de extensão Educação do Campo e Agroecologia visa desenvolver um curso de aperfeiçoamento do programa “Escola da Terra: formação continuada de Educadores” da DPECIRER/SECADI/MEC, a ser desenvolvido em 2023/2024 com 100 (cem) professoras e professores da educação básica, integrando profissionais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos, entre professores e gestores, tendo como prioridade os profissionais dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas do campo, com Tempo Universidade (TU) e Tempo Comunidade (TC) integrados em atividades a serem desenvolvidas no ambiente de trabalho das/dos professoras/res, nas comunidades onde as escolas do campo estão inseridas e em ambientes formativos no contexto da Universidade. A formação terá um total de 180 horas a ser ofertada em momentos formativos que integram tempo universidade, tempo escola/comunidade. Em nossa primeira edição do curso “Escola da Terra: formação continuada de Educadores”, temos previsão de selecionar professores a partir do contexto dos 34 municípios localizados no semiárido de Minas, a serem melhor definidos a partir dos Núcleos de Alternância atendidos pela Licenciatura em Educação do Campo da UFVJM e locais de estágios da Licenciatura em Pedagogia da UFVJM, e em diálogo com a Secretaria Estadual de Educação e as Secretarias Municipais de Educação que manifestarem interesse em se envolver com o Programa Escola da Terra. O percurso formativo está baseado em três pilares: Educação do Campo, Letramentos e Agroecologia, considerando-se a diversidade dos saberes e fazeres de povos e comunidades tradicionais, suas relações com a terra e seus modos de vida no território, em uma perspectiva de desenvolvimento que considera o campo como lugar de vida de de bem viver, e não como espaço de exploração de recursos que fomentam a acumulação de riquezas para poucos. Os conteúdos abordados serão organizados a partir da concepção da pedagogia da alternância, que organiza diferentes espaços e tempos em itinerários formativos organizados em momentos e espaços formativos que se relacionam e intercalam, entendidos como Tempo Universidade e Tempo Comunidade (que envolverá ações nos espaços da educação básica e das comunidades em que as escolas estão inseridas). Durante todo processo de realização do Escola de Terra os educadores e educandos serão convidados a desnaturalizar o olhar sobre a própria prática pedagógica, estimulando-os a exercitar o ver, ouvir e registrar, dialogando com o ver, refletir e agir para a transformação. Para concretizar esse processo reflexivo crítico, e considerando o período de execução do Programa Escola da Terra pela UFVJM (setembro de 2023 a março de 2024), o coletivo de Educadores da UFVJM propõe momentos formativos em alternância com os tutores que, apoiados pelos professores formadores, desenvolverão junto aos cursistas momentos formativos nas escolas, momentos esses que articularão a teoria e prática, a partir da reflexão crítica sobre a prática docente dos cursistas das escolas e dos níveis educacionais envolvidos com o Escola da Terra. Esperamos ao fim deste caminho contribuir para formação-na-ação de educadoras/es do campo do semiárido mineiro, em um processo contínuo de reflexão sobre os territórios e sua ligação com as práticas pedagógicas, no contexto de múltiplos letramentos, articulados às perspectivas freireanas e da agroecologia.


Justificativa

Como explicitam Souza et al (2022) o desenvolvimento histórico do capitalismo no sertão de Minas Gerais revela a compartimentalização do território e mutilamentos da população originária, fomentada por estratégias estatais que explicitam e ampliam as desigualdades e a expropriação da natureza, em que buscaram criar as condições para a reprodução de relações de produção capitalistas, o que significa separar os produtores diretos (povos e comunidades tradicionais, camponeses, ribeirinhos, lavradores etc.) dos meios de produção, e desenvolver a propriedade privada e o mercado capitalista. Como refletem essas autoras, as consequências desses processos foram várias, houve uma intervenção focada na criação de condições para a instalação de grandes empreendimentos de desenvolvimento, à exemplo das empresas de monocultura de eucalipto, de hidrelétricas e de empresas de mineração, o que provocou\acelerou certa desestabilização dos modo de produção materiais e imateriais das populações locais, e por consequência, o fomento da pobreza e do êxodo rural. Em Lovo et. al. (2020) estão destacados impactos, no contexto socioambiental e de oferta e acesso às políticas públicas, a partir de uma ação estatal comprometida com um desenvolvimento que promove desigualdades. Ora, suspeita-se que este complexo enredo regional e seus desdobramentos negativos para os modos de vida tradicional não são objetivos de ensino-aprendizagem, ou melhor, não são temas que disputam os currículos das escolas no norte-nordeste mineiro. Mas essa realidade, acreditamos, precisa ser refletida com e pelos profissionais do magistério desses territórios. O que, presume-se, promoveria uma vantagem didática para as práticas escolares, uma vez que se poderá propor situações de aprendizagem baseadas nos contextos sociais, econômicos, culturais e políticos das comunidades escolares. Portanto, religar sujeitos e os bens da natureza em uma dinâmica agroecológica e de cooperação requer um processo de envolvimento e reflexão dos atores locais junto aos seus territórios, suas práticas de vida, associado a ter condições, com poder de decisão, para exercitar a democracia a partir do planejamento do local ao regional. Dessa forma, entendemos que promover políticas de Educação do Campo no Sertão de Minas, é um dos caminhos para diminuir esse passivo histórico do Estado brasileiro em promover políticas excludentes nessa região, reforçando o refrão da música de Gilvan Santos, Não vou sair do campo, “Educação do Campo é direito e não esmola” (SANTOS, 2001. Gravação Independente). Importante destacar que o semiárido mineiro é também de uma região que possui povos e comunidades tradicionais com um histórico de resistências, com estratégias de enfrentamentos que os mantém vivos e presentes, como aponta Dayrell (2019), o cerrado nessa região representa um vasto patrimônio cultural, expresso em uma paisagem antropogênica que transcende aos antigos caçadores-coletores, com relações territoriais que revelam práticas agroalimentares que preservam bens comuns, biodiversidade e saberes tradicionais transmitidos ao longo das gerações. Acreditamos que tais práticas culturais seculares precisam ingressar e estruturar ambientes e situações de aprendizagem escolares, de forma a promover alguns valores da Pedagogia da Alternância\Educação do Campo, potencializando, assim, modos de saber-fazer enraizados, porém negligenciados em nome de desenvolvimentismo mercadológico soterrador de formas de vida conexas com a chamada natureza. Formas de vidas estas, que poderíamos nomear de sustentáveis. Junto a esses povos estão diversos movimentos populares organizados, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura de Minas Gerais (FETAEMG), articulados em redes regionais como o Fórum do Vale, a Rede Mineira de Educação do Campo, entre outros, que fortalecem as ações de denúncia e de resistências a instalação do capital, assim como fortalecem os modos de vida tradicionais que anunciam e evidenciam caminhos para bem viver e para soberania popular. Nessa resistência, entre a denúncia e o anúncio, outra parceira importante é a escola, desde que se consiga fortalecê-la, para que os educadores tenham condição de (i) desenvolver e/ou participar de ações formativas, envolvendo toda a comunidade escolar (educadores, educandos, famílias, trabalhadores da escola, instituições comunitárias, etc.) e (ii) ter acesso a programas ou projetos formação inicial e continuada de profissionais da educação que, em sintonia com os princípios da educação do campo, promovam reflexões e ações sobre a prática educadora, promovendo a cooperação entre diferentes atores sociais, incluindo o compartilhar entre atividades de ensino/pesquisa/extensão que potencializam integrar a escola às comunidades. Neste sentido, a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri tem um histórico de 13 anos de ações de Educação do Campo, pois possui, desde 2010, o curso de Licenciatura em Educação do Campo, onde os professores, estudantes, em parceria com os movimentos sociais, desenvolvem projetos de ensino, pesquisa e extensão a partir dos princípios da Educação do Campo, articulando a graduação Licenciatura em Educação do Campo e Programas de Pós graduação como o Interdisciplinar em Estudos Rurais, e os Profissionais em Educação; Ensino de Ciências e Matemática; Ciências Humanas e; o Saúde, Sociedade e Ambiente. É nesse contexto, que a proposta do programa Escola da Terra irá se agregar às iniciativas de promoção de Educação do Campo na UFVJM. Para sua implementação estamos nos pautando em fortalecer a reflexão sobre os direitos ao Território, à Educação de qualidade e socialmente referenciada, e ao direito de decidir, democraticamente, sobre as prioridades para o desenvolvimento local. Para tanto estamos nos baseando em três pilares: Educação do Campo, Letramentos e Agroecologia, considerando-se a diversidade dos saberes e fazeres de povos e comunidades tradicionais, suas relações com a terra e seus modos de vida no território, em uma perspectiva de desenvolvimento que considera o campo como lugar de vida de de bem viver, e não como espaço de exploração de recursos que fomentam a acumulação de riquezas para poucos. Dessa forma, entende-se que a Educação do Campo, para além de uma Educação para os Camponeses e/ou com os Camponeses, é também um movimento de política pública, um projeto de sociedade e de campo agroecológico (CALDART, 2008), que transcende os muros da escola e contribui grandemente na construção de um novo projeto de país. Partindo dessa resumida definição de Educação do Campo, nos deparamos com o desafio de como fomentar, por meio da escola, esse movimento. Sendo assim, escolhemos utilizar os estudos de Letramentos e a temática da Agroecologia e dos saberes locais como uma estratégias de refletir sobre as diversidades, uma vez que as práticas de letramentos vão além do exercício de alfabetização e, associa ao ensino da leitura e da escrita, promove a compreensão sobre as questões sociais em que está envolvida a necessidade de ler e escrever, que são características dos desafios sociais comuns à vida do alfabetizado. Os múltiplos letramentos envolvem a leitura e a escrita simbólica em múltiplas linguagens e representações, como a leitura espacial em relação aos territórios e sua escrita em croquis e mapas; a leitura matemática e suas representações, a leitura e representação de práticas artísticas e culturais, em síntese letramento envolve uma leitura de mundo crítica, ou seja, decodificada de forma dialética e contrahegemônica, e suas múltiplas codificações em narrativas críticas e decoloniais que podem ser narrativas escritas, visuais, numerais e culturais. E, para compreender o sentido de tais práticas e temáticas, inerentes à vida em sociedade, faz-se necessário entender a diversidade, as identidades, os conflitos, as conquistas históricas, os saberes locais e ancestrais, com maior amplitude, senso crítico e consciência social, que envolvem os sujeitos e seus territórios. (ORLANDO e FERREIRA, 2013; OLIVEIRA, 2008). Um exemplo dessa prática dialógica pode ser acessado em Lemes et. al. (2023). Para Geraldi (1984, p. 42) existem três concepções de linguagens: “a linguagem como expressão do pensamento, a linguagem como instrumento de comunicação e a linguagem como forma de interação social”, a partir disso, entendemos as práticas de letramentos como forma de abordar o processo e práticas de uso da linguagem. Nos apoiando no que traz Freire (2011), que entende que consciência, linguagem e mundo estão interligados, corroborado por hooks (2019), que se soma a esse entendimento afirmando a linguagem como um lugar de luta, e assim o ato de se tornar sujeito, de recuperar o lugar de fala, é ainda outra maneira de falar do processo de autorecuperação, entendida em termos de recuperação de si, da própria dignidade, que está conectada com uma educação para a consciência crítica, que se expande para o coletivo, a comunidade, a dignidade coletiva na mudança da realidade. Por sua vez, a Agroecologia como uma área interdisciplinar, articula aspectos produtivos, com aspectos sociais, políticos, culturais, linguísticos e educacionais. Ela pode, a partir do levantamento e da valorização das práticas e saberes locais, que envolve a história de vida das/os camponesas/es, utilizando os diferentes espaços de reprodução da vida, como locais de conhecimento, como estímulo para o processo de ensino-aprendizagem (LOVO, 2010). A integração da agroecologia nas escolas pode possibilitar a desfragmentação do conhecimento, inspirando outras organizações e práticas curriculares inovadoras nas escolas, principalmente, as do campo, constituindo importante referencial para o desenvolvimento dessa proposta (CALDART, 2017). Além disso, ressalta-se que, a partir da temática da agroecologia, pode-se trabalhar textos e seus contextos. Textos são o objeto de estudo primordial à área de Linguagens e Códigos e comum a todas as áreas do conhecimento, o que torna a leitura, a reflexão e a escrita interdisciplinares por natureza. As interações são primordiais à existência, uma vez que nossas mediações e toda a construção de sentido e raciocínio é feita a partir de textos e a construção textual pode partir de uma prática social (MARCUSCHI, 2008). Na proposição deste projeto para o programa Escola da Terra, ancoramos também em uma perspectiva educacional de “letramento acadêmico” que integra o pensar, o sentir e o fazer pedagógico, tanto em termos teóricos quanto metodológicos. O conceito de letramento acadêmico aqui está alinhado à perspectiva dos Novos Estudos do Letramento (BARTON, 1994; BARTON; HAMILTON, 1998; GEE, 1996), segundo os quais práticas escritas não podem ser neutras ou desarticuladas dos contextos ou práticas reais de funcionamento da vida e de uso de saberes instituídos. Assim, práticas de letramento “somente ganham sentido dentro do grupo, da cultura, do contexto e das circunstâncias em que ocorrem” (OLIVEIRA, 2008, p.110), uma vez que as atividades de formação e letramento se referem às ações que os participantes realizam no evento de letramento, ancorado nas próprias vivências. Diante disso, desenvolver um projeto para formação continuada faz-se fundamental considerar a integração de saberes ancestrais em atividades interdisciplinares e/ou currículos escolares integrados, o que nos convoca a acionar e colocar em diálogo diferentes áreas do conhecimento (Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza entre outras áreas das Ciências Humanas e Sociais), para a compreensão de fenômenos a serem estudados tanto no campo escolar quanto no ‘chão’ da vida, em práticas de letramento e agroecologia que concebem dimensões como a da inclusão étnico-racial, das organizações linguísticas, culturais, ecológicas, de gêneros, etc. em diálogo com as concepções pedagógicas das cosmovisões indígenas, de matriz africana e populares. Esse contexto instiga a buscar o entendimento de como vincular as práticas pedagógicas dos professores da educação básica com as realidades das comunidades locais por meio dos conteúdos e práticas curriculares relacionadas às diferentes áreas de conhecimento. Esse desafio provoca refletir sobre o elaborar e implementar planejamentos que integrem interesses de diferentes atores sociais, como o de professores de diferentes áreas do conhecimento, o de diferentes instâncias da gestão escolar, o das comunidades onde a escola está inserida entre outros, e como gerar ambientes que propiciam espaços de exercício democrático que, por sua vez, criam condições para a formação do professor reflexivo crítico. O professor com perfil reflexivo crítico potencializa a tomada de consciência e fomenta a autonomia em relação à cultura científica pelas comunidades do campo. No entanto, Lima e Gomes (2005, p.169) ressaltam: O simples exercício da reflexão, entretanto, não é garantia de salvação dos cursos de formação de professores, pois a reflexão não é um processo mecânico. Deve, antes, ser compreendida numa perspectiva histórica e de maneira coletiva, a partir da análise e explicitação dos interesses e valores que possam auxiliar o professor na formação da identidade profissional; portanto, dentro de um processo permanente, voltado para as questões do cotidiano, através de sua análise e implicações sociais, econômicas, culturais e ideológicas. Por conta disso, justifica-se o diálogo do viés do professor reflexivo com uma metodologia participativa, agregada a pedagogia da alternância e as estratégias metodológicas da pesquisa-ação a às abordagens freireanas, na tentativa de propiciar uma formação permanente dos professores refletindo criticamente sobre sua prática: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática” (FREIRE, 1996, p. 44). Para tanto dialogamos com referenciais da antropologia (INGOLD, 2020), e nas concepções do professor reflexivo crítico de Zeichner (1993) e Lima e Gomes (2005).. Os educadores serão convidados a desnaturalizar o olhar sobre a própria prática pedagógica, estimulando-os a exercitar o ver, ouvir e registrar (OLIVEIRA, 1996), dialogando com o ver, refletir e agir para a transformação, segundo Paulo Freire (2015). Nesse diálogo será fomentada a interlocução entre o ensino, a extensão e a pesquisa, em momentos reservados para compartilhar vivências, práticas culturais, saberes e aprendizados, para aprofundar, interpretar e analisar as contradições sociais, teorias e os diversos saberes acessados na academia e nas comunidades, assim como momentos para abstrair, organizar, sistematizar e sintetizar conhecimentos e para planejar e organizar ações a serem vivenciadas no cotidiano da/o educador/a, integrando e completando assim os ciclos ascendentes da espiral da pesquisa-ação, como descrito em Francischett (1999). Os conteúdos abordados serão organizados a partir da concepção da pedagogia da alternância, que organiza diferentes espaços e tempos em itinerários formativos organizados em momentos e espaços formativos que se relacionam e intercalam, entendidos como Tempo Universidade e Tempo Comunidade (que envolverá ações nos espaços da educação básica e das comunidades em que as escolas estão inseridas). Pretende-se abranger no contexto dos conteúdos temas como história e conjuntura do campo e da educação do campo e dos movimentos sociais, focando em discussões sobre territorialidades, relação campo cidade, modelos de desenvolvimento, agroecologia e soberania alimentar, em uma perspectiva socioambiental, incluindo olhares sobre diversidade e interdisciplinaridade nas práticas pedagógicas, a partir de estratégias de diagnóstico e planejamento participativo, abrangendo demandas da comunidade local, escolar e das particularidades dos conteúdos escolares. O foco será o exercício do planejamento a partir de situações reais e significativas da escola, da prática docente, e das comunidades, que levarão aos temas e ao planejamento de aulas e/ou projetos, em diálogo com a reflexão sobre o desenvolvimento local e regional, articulado aos princípios da Educação do Campo. Neste aspecto, o projeto pretende instrumentalizar, num primeiro momento, o chamado “módulo II”, tempo espaço no qual as professoras e professores refletem suas práticas e produzem seus planos pedagógicos. Trata-se portanto de atuar em harmonia com o seguinte dispositivo do DECRETO 46125, DE 04/01/2013: § 4º As atividades extraclasse a que se refere o inciso II compreendem atividades de capacitação, planejamento, avaliação e reuniões, bem como outras atribuições específicas do cargo que não configurem o exercício da docência, sendo vedada a utilização dessa parcela da carga horária para substituição eventual de professores. (p. 1) Doravante, para o desenvolvimento do curso pretende-se continuar com a parceria interna na UFVJM entre a Licenciatura em Educação do Campo e a Pedagogia e fortalecer a parceria com os movimentos sociais e as organizações da sociedade civil do campo da Agroecologia que atuam no Semiárido de Minas, fortalecendo a aproximação e o diálogo com as escolas do campo no semiárido mineiro, e com o sistema gestor da educação pública em Minas Gerais, com destaque para Secretaria Estadual de Educação e as Secretarias Municipais de Educação. Assim, a perspectiva é fortalecer o hábito de reflexão sobre a prática docente, reforçar as instâncias democráticas de planejamento escolar, fortalecendo o diálogo entre os saberes locais e os conteúdos escolares com uma abordagem crítica. Alimentamos ainda a perspectiva de pensar junto sobre as potencialidades de incidência em políticas públicas de Educação do Campo, no contexto municipal e estadual, considerando: a) o ‘planejamento anual de ensino’ dos ‘componentes curriculares’ para o ano de 2024 e; b) o processo de atualização dos Planos Decenais de Educação esperados a partir de 2024.


Objetivos

OBJETIVOS - Geral Formação-na-ação de educadoras/es do campo do semiárido mineiro, em um processo contínuo de reflexão sobre os territórios e sua ligação com as práticas pedagógicas, no contexto de múltiplos letramentos, articulados às perspectivas freireanas e da agroecologia. - Específicos: ● Conhecer/aprofundar os princípios da Educação do Campo; ● Refletir sobre os processos de desenvolvimento regional com fins de identificar e refletir sobre as problemáticas/conflitos do território; ● Fazer releitura/análise e reflexão da própria prática pedagógica, a partir das questões do território e dos princípios da Educação do Campo; ● Conhecer sobre a perspectiva agroecológica e do bem viver, relacionando práticas culturais, práticas de múltiplos letramentos, diversidade e educação inclusiva; ● Refletir/influir nos planejamentos anuais e produzir novos planejamentos, considerando o início de um novo ano letivo, integrando os referenciais discutidos no curso . ● provocar uma reflexão sobre as atualizações dos Planos Decenais de Educação.


Metas

Meta: Desenvolver atividades formativas para 100 cursistas. (100 professores da rede de ensino pública de Minas Gerais formados, 10 acompanhamentos pedagógicos realizados por professores tutores, com 10 comunidades envolvidas, 10 escolas de educação básica envolvidas, 10 SEMED envolvidas.


Metodologia

Como explicitado anteriormente, os referenciais da antropologia e/como educação, agregados aos do professor reflexivo crítico, estão em sintonia com a afirmativa de Freire (2019), em que a prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer. (FREIRE, 2019, p. 42-43). Por isso é que na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática (FREIRE, 2019, p.43). Essa condição reflexiva dialoga com o que Freire explicita, nas obras Pedagogia do Oprimido (2014) e Pedagogia da Esperança (2011), como um caminho processual para uma consciência crítica, que envolve a denúncia e o anúncio, partindo do contato com uma situação limite e, com uma atitude de distanciamento e reflexão sobre ela, onde produz um movimento do percebido-destacado, que leva à percepção do problema, tema-problema, gerador do diálogo descodificador e problematizador, que permite ao sujeito gestar o sonho, ou seja, descobrir e delinear o inédito viável, que materializa o enfrentamento e aponta para a transformação da realidade. A transposição do inédito viável, da condição de sonho para concretude da realidade, passa pelo esperançar, quando as situações limites não mais imobilizam os sujeitos, pelo contrário, os impulsiona a agir para superar o problema, com as ações correspondentes aos atos-limite, os atos que rompem os obstáculos da situação limite, e assim, quando os atos-limite são concretizados, refletidos, rompem a fronteira que limita o Ser, enquanto sujeito individual ou coletivo, na direção do Ser mais, um sujeito que supera seus limites, produzindo novos conhecimentos, que o possibilita ampliar sua leitura e seu agir no mundo. Para concretizar esse processo reflexivo crítico, e considerando o período de execução do Programa Escola da Terra pela UFVJM (setembro de 2023 à março de 2024), o coletivo de Educadores da UFVJM propõe momentos formativos em alternância com os tutores que, apoiados pelos professores formadores, desenvolverão junto aos cursistas momentos formativos nas escolas, momentos esses que articularão a teoria e prática, a partir da reflexão crítica sobre a prática docente dos cursistas das escolas e dos níveis educacionais envolvidos com o Escola da Terra. Os momentos formativos na Universidade, identificados como Tempo Universidade (TU) onde, junto aos professores formadores, aprofundarão reflexões sobre os conhecimentos da temática do momento formativo e irão planejar estratégias de multiplicação e acompanhamento desses conhecimentos e das atividades a serem realizadas junto com os cursistas, que serão desenvolvidas nas escolas e regiões de origem dos cursistas, momentos identificados como Tempo Escola (TE) e Tempo Comunidade (TC). Assim, em um continuum de reflexões teórico-práticas, os cursistas passarão por três momentos formativos, onde irão, a partir do protagonismo dos sujeitos envolvidos em uma perspectiva de reflexão crítica sobre sua prática, analisar as práticas pedagógicas vivenciadas em 2023 e buscar planejar formas de ampliar a incidência da a Educação do Campo em sua realidade, no contexto de esperançar e concretizar o inédito viável de uma educação do campo comprometida e contextualizada com a realidade local, que envolve as comunidades e os seus sujeitos, em processos educativos libertários. Propõe-se ainda um momento formativo final na Universidade, que será o quarto momento, com o objetivo de troca de experiências, potencializando também a avaliação do Programa Escola da Terra desenvolvido pela UFVJM. Para viabilizar essa estrutura organizacional a proposta é a vivência de três momentos formativos na universidade (TU), articulados a três momentos de estudos, reflexão e ação nas comunidades (TE e TC). Cada momento TU, TE e TC corresponde a um momento/etapa da formação. Para o primeiro momento, a proposta é vivenciar o ver, ouvir e registrar considerando as reflexões sobre o desenvolvimento regional e os princípios e as normativas da Educação do Campo a nível federal e do Estado de Minas Gerais. Como produto das reflexões junto aos cursistas espera-se uma reflexão crítica sobre o planejamento escolar vivenciado em 2023, assim como um diagnóstico sobre os conflitos socioambientais que se expressam na localidade da escola, e a identificação de mestras e mestres de saberes e ofícios presentes na comunidade escolar. Os registros produzidos no primeiro momento serão os elementos fomentadores das reflexões para o segundo momento formativo. Espera-se no segundo momento refletir sobre os letramentos, as diversidades e os processos democráticos que pautam uma escola socialmente referenciada, que esteja integrada às condições de vida e de trabalho de suas comunidades. Como atividade de Tempo Escola e Tempo Comunidade a proposta é apurar um pouco mais o ver, ouvir e registrar, buscando identificar quais práticas existem no contexto da comunidade que fortalecem a identidade regional da escola e tem a possibilidade de a integrar com a comunidade. O terceiro momento formativo tem como precursor os registros sobre as práticas de letramento e as diversidades que fortalecem a identidade escolar que, por sua vez, fomentam a discussão sobre os princípios agroecológicos que fortalecem o bem viver, em um contexto de refletir sobre os modelos de desenvolvimento e instigar a responder sobre com qual campo sonhamos e queremos. Assim, como atividade do tempo escola e tempo comunidade a proposta será instigar o ver, refletir e o agir para a transformação, focando no planejamento escolar para o ano de 2024, em uma perspectiva interdisciplinar, que incorpore os princípios da educação do campo, dos múltiplos letramentos e da agroecologia na prática docente e na dinâmica pedagógica da escola. A proposta é que durante o Tempo Comunidade do terceiro momento formativo haja condições para promover troca de saberes entre os cursistas, incluindo uma vivências em seus territórios e comunidades a partir das práticas identificadas. Um quarto momento formativo está pensado com a possibilidade de troca de experiências com a participação dos cursistas do Programa Escola da Terra em atividades do Tempo Universidade da Licenciatura em Educação do Campo da UFVJM. A possibilidade de um encontro final com todos os cursistas, além de troca de experiências, será um momento de avaliação do Projeto Escola da Terra implementado na UFVJM. O curso terá duração de sete meses, divididos em quatro momentos formativos que articulam estudo teórico e prático, com carga total de 180h.


Referências Bibliográficas

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Interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade

A proposta para o Escola da Terra ofertado pela UFVJM é abranger 110 profissionais da educação básica, com perfil de cursistas e tutores/mediadores, que atuam em escolas do campo e, se possível, espera-se articular professoras e professores da educação básica, integrando profissionais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos, entre professores e gestores, tendo como prioridade os profissionais dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas do campo. Essa delimitação se dá de acordo com o que prevê o Art. 4º da Portaria Nº 579, de 2 de Julho de 2013, que institui a Escola da Terra. Em termos de abrangência territorial no contexto do semiárido de Minas, a referência inicial serão os municípios que caracterizam as regiões dos Núcleos de Alternância da Licenciatura em Educação do Campo da UFVJM.


Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade

A Agroecologia como uma área interdisciplinar, articula aspectos produtivos, com aspectos sociais, políticos, culturais, linguísticos e educacionais. Ela pode, a partir do levantamento e da valorização das práticas e saberes locais, que envolve a história de vida das/os camponesas/es, utilizando os diferentes espaços de reprodução da vida, como locais de conhecimento, como estímulo para o processo de ensino-aprendizagem (LOVO, 2010). A integração da agroecologia nas escolas pode possibilitar a desfragmentação do conhecimento, inspirando outras organizações e práticas curriculares inovadoras nas escolas, principalmente, as do campo, constituindo importante referencial para o desenvolvimento dessa proposta (CALDART, 2017). Diante disso, desenvolver um projeto para formação continuada faz-se fundamental considerar a integração de saberes ancestrais em atividades interdisciplinares e/ou currículos escolares integrados, o que nos convoca a acionar e colocar em diálogo diferentes áreas do conhecimento (Linguagens e Códigos, Ciências da Natureza entre outras áreas das Ciências Humanas e Sociais), para a compreensão de fenômenos a serem estudados tanto no campo escolar quanto no ‘chão’ da vida, em práticas de letramento e agroecologia que concebem dimensões como a da inclusão étnico-racial, das organizações linguísticas, culturais, ecológicas, de gêneros, etc. em diálogo com as concepções pedagógicas das cosmovisões indígenas, de matriz africana e populares.


Indissociabilidade Ensino – Pesquisa – Extensão

Será garantida a indissociabilidade de ensino, pesquisa e extensão uma vez que se trata de um curso de formação de professores, o qual envolve atividades das unidades curriculares como estágio e práticas de ensino; demais a questão do ensino é central por se tratar de curso com foco na formação de profissionais da educação básica. A pesquisa está presente em vários momentos do curso, por conta da escolha metodológica, notadamente na investigação e sistematização sobre as experiências recentes dos educadores-cursistas; assim como na investigação que será produzido no âmbito das comunidades escolares acerca de temas e práticas correlatas ao conceito de agroecologia.


Impacto na Formação do Estudante: Caracterização da participação dos graduandos na ação para sua formação acadêmica

Por conta da escolha metodológica deste projeto, os estudantes envolvidos participarão em diálogo direto com os cursistas, em uma formação de forma transversal, potencializando o aprendizado profissional em diversas áreas de conhecimento. Assim, trabalhando em conjunto (professores formadores, estudantes e profissionais da educação básica) esse projeto potencializa a troca de saberes acadêmica/cultural/social quando viabiliza o envolvimento dos estudantes com outras instituições e parceiros, a fim de construir práticas pedagógicas para disseminação da agroecologia e práticas de letramentos na educação básica.


Impacto e Transformação Social

O impacto será na formação continuada de profissionais da educação básica, a partir das necessidades específicas de funcionamento das escolas do campo e quilombolas do semiárido mineiro. Para a implementação desse projeto, então, estamos nos pautando em fortalecer a reflexão sobre os direitos ao Território, à Educação de qualidade e socialmente referenciada, e ao direito de decidir, democraticamente, sobre as prioridades para o desenvolvimento local. Para tanto estamos nos baseando em três pilares: Educação do Campo, Letramentos e Agroecologia, considerando-se a diversidade dos saberes e fazeres de povos e comunidades tradicionais, suas relações com a terra e seus modos de vida no território, em uma perspectiva de desenvolvimento que considera o campo como lugar de vida de de bem viver, e não como espaço de exploração de recursos que fomentam a acumulação de riquezas para poucos. Além disso, ​alimentamos a perspectiva de pensar junto com os cursistas sobre as potencialidades de transformação de políticas públicas de Educação do Campo, no contexto municipal e estadual, considerando: a) o ‘planejamento anual de ensino’ dos ‘componentes curriculares’ para o ano de 2024 e; b) o processo de atualização dos Planos Decenais de Educação esperados a partir de 2024.


Divulgação

A divulgação das ações e resultados do projeto serão divulgadas nas redes sociais oficiais da UFVJM.


Informações Complementares

Projeto terá fomento para seu desenvolvimento via Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC) em TERMO DE EXECUÇÃO DESCENTRALIZADA (TED) já aprovado e descentralizado para UFVJM via TED12572, com documentação organizada no Histórico do Processo 23086.010688/2023-33 .


Público-alvo

Descrição

A proposta para o Escola da Terra ofertado pela UFVJM é abranger 110 profissionais da educação básica, sendo 100 professores identificados como cursistas e 10 professores identificados como tutores/professores mediadores. Esse professores atuam em escolas do campo e, se possível, espera-se articular professoras e professores da educação básica, integrando profissionais da Educação Infantil, do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos, entre professores e gestores, tendo como prioridade os profissionais dos anos iniciais do Ensino Fundamental de escolas do campo. A escolha se dá de acordo com o que prevê o Art. 4º da Portaria Nº 579, de 2 de Julho de 2013, que institui a Escola da Terra.

Municípios Atendidos

Município

Diamantina - MG

Município

Cristália - MG

Município

Chapada do Norte - MG

Município

Itamarandiba - MG

Município

Coração de Jesus - MG

Município

São Francisco - MG

Município

Santo Antônio do Itambé - MG

Município

Araçuaí - MG

Município

Felisburgo - MG

Município

Serro - MG

Município

Teófilo Otoni - MG

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

No edital não obriga ter parceria.

Cronograma de Atividades

Carga Horária Total: 226 h

Carga Horária 45 h
Periodicidade Mensalmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Momento formativo II: Educação do Campo, Letramentos, saberes, diversidade e educação inclusiva Ementa: Atividades de formação teórica: - Múltiplos letramentos, - Diversidades; - Povos e Comunidades Tradicionais; - Escola inclusiva e socialmente referenciada. Atividades de formação prática: A partir do autodiagnóstico e referenciais trabalhados no momento formativo I, refletir: quais práticas que fortalecem a identidade regional da escola e tem a possibilidade de a integrar com a comunidade?

Carga Horária 55 h
Periodicidade Mensalmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Momento formativo III: Educação do Campo dentro do meu planejamento futuro Ementa: Atividades de formação teórica-prática: Educação Ambiental Agroecologia Bem viver Atividades de formação prática: Vivências nos Territórios e desenvolvimento do plano de aulas anual de 2024 a partir dos princípios de educação do campo. Possibilidade de proposições para incidências nos Planos Decenais de Educação.

Carga Horária 2 h
Periodicidade Semanalmente
Período de realização
  • Manhã;
Descrição da Atividade

Reuniões de avaliação do projeto e sistematização dos dados

Carga Horária 2 h
Periodicidade Semanalmente
Período de realização
  • Manhã;
Descrição da Atividade

escrita de relatório final e prestação de contas para o MEC.

Carga Horária 2 h
Periodicidade Diariamente
Período de realização
  • Manhã;
Descrição da Atividade

Mobilização dos cursistas e tutores para participar do curso de aperfeiçoamento.

Carga Horária 60 h
Periodicidade Mensalmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Momento formativo I: O que é Educação do Campo? Que território estou? Qual educação do campo eu quero neste território? Ementa: Atividades de formação teórica: - Princípios e diretrizes da educação do campo. - Contexto sócio-histórico de ocupação e desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Norte de Minas Gerais; - Reforma agrária - Educação do Campo - Agroecologia. Atividades de formação prática: Autodiagnóstico: leitura do planejamento anual de 2023 e reflexão sobre a prática. Diagnóstico: sobre os conflitos socioambientais que se expressam na localidade da escola, e identificação de mestras e mestres de saberes e ofícios presentes na comunidade escolar.

Carga Horária 60 h
Periodicidade Semanalmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Reuniões com equipe de coordenação e professores formadores com objetivo de planejar, preparar as atividades pedagógicas e monitorar o desenvolvimento do curso.