Trata-se de um evento de educação em saúde sobre a temática outubro rosa e novembro azul a ser realizado em dois encontros na cidade de Pavão, localizada no Vale do Mucuri. O objetivo do evento é discutir os principais cânceres que acometem a população feminina e masculina, incluindo de mama e próstata, respectivamente. Espera se com a ação estimular a adoção de hábitos de vida saudáveis e também a busca por serviços de saúde com intuito de prevenção e diagnóstico precoce dessas doenças.

Detecção precoce de câncer; Educação em saúde, Prevenção primária

As práticas de educação em saúde no Brasil surgem em meados do século XX, em um contexto histórico de combate as epidemias com o desenvolvimento das campanhas sanitárias que visavam combater doenças que geravam problemas às exportações. Ao longo dos anos essa prática adquiriu no país diferentes características acompanhando a trajetória econômica, política e social do período histórico (Germani et al, 2018). Atualmente, as ações de educação em saúde são percebidas como estratégia integradora de um saber coletivo que traduz no indivíduo sua autonomia e emancipação, por meio de uma educação problematizadora. Fazem inclusive parte do calendário de atividades realizadas pelas equipes de atenção básica, e são incentivadas por diversas ações do Ministério da Saúde. As campanhas mensais que enfocam determinada doença são exemplos de como a prevenção tem sido cada vez mais discutida e trabalhada no país. Especificamente em relação ao Outubro Rosa é notório que os cânceres de mama e de colo de útero são os tipos de neoplasias mais frequentes na mulher brasileira e, segundo dados do Ministério da Saúde (MS) e do INCA (Instituto Nacional de Câncer), em 2019 a taxa de mortalidade por câncer de mama ocupou a primeira posição entre as mulheres no Brasil, sendo, pela população mundial, 14,23/100mil. Nesse sentido, a campanha do Outubro Rosa tem um importante papel na divulgação de informações sobre essas doenças, reforçando as recomendações do MS quanto a prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento da doença, e até mesmo apresentar para as mulheres alguns fatores de risco comportamentais e ambientais, fatores genéticos e hereditários, aspectos da vida reprodutiva e hormonais, e desmistificar algumas informações sobre os exames, que apesar de serem simples e ofertados pela Atenção Básica, frequentemente não são realizados, seja pela falta de conhecimento sobre a periodicidade desejada, seja pela recusa a aderir ao rastreamento. Quanto a saúde masculina, segundo dados do Ministério da Saúde (MS), o câncer de próstata é a causa de morte de 28,6% da população masculina, ao desenvolverem a neoplasia maligna. E, consoante ao INCA (Instituto Nacional do Câncer), um homem morre a cada 38 minutos devido a essa neoplasia, no Brasil. Nesse sentido, a campanha Novembro Azul é uma importante ferramenta do MS para disseminar informações sobre a doença em si, sintomas e fatores de risco e, sobretudo, intensificar o alerta quanto à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento da enfermidade.

Diante da realidade descrita, a Faculdade de medicina do Mucuri foi procurada pela Enfermeira do município de Pavão para desenvolver ações de educação em saúde com as temáticas Outubro Rosa e Novembro Azul. O evento justifica-se visto que ainda em dias hodiernos, apesar de todo o esforço dos serviços e projetos governamentais de saúde em ressaltarem sobre os dados e desafios das neoplasias femininas e masculinas, observa-se em algumas unidades de saúde recusas e resistência de pacientes para a realização de exames de rotina, ou ainda, a não procura por eles, negligenciando oportunidades de agendamentos de mamografias e preventivos, por exemplo, e não fazendo o rastreio em tempo hábil. Além disso, homens mostram-se, na maioria das vezes, mais resistentes que as mulheres na busca por orientação e participação nos programas de prevenção e promoção da saúde. À vista disso, a atenção primária tem o grande compromisso de desenvolver trabalhos voltados a esta parcela da população, reforçando a assistência e mediação dos indivíduos com o conhecimento, consciência e participação efetiva nos serviços de saúde.

São objetivos desse evento: Promover espaços de discussão sobre os principais canceres que acometem homens e mulheres. - Incentivar o autocuidado entre homens e mulheres usuárias da atenção básica de saúde de Pavão - Incentivar e esclarecer dúvidas relacionadas a adoção de hábitos de vida saudáveis. - Informar e Conscientizar a população quanto aos serviços e ações ofertados pelas equipes de Saúde da Família, para que o usuário saiba como funcionam os serviços da atenção primária, principalmente no que tange a prevenção e promoção da saúde.

Responder a dúvidas e aos principais mitos populares sobre câncer de mama, ovário e próstata- Motivar mudanças de estilo de vida entre homens e mulheres em busca de hábitos de vida saudável. - Incentivar o autocuidado e a doação de hábitos de vida saudáveis • Informar e Conscientizar a população quanto aos serviços e ações, ofertados pelas equipes de Saúde da Família.

A partir do convite realizado pela Enfermeira de Pavão, município localizado no Vale do Mucuri com aproximadamente 9 mil habitantes, foi proposto o evento que Fammuc extra muros. O mesmo é dividido em dois momentos. Em um primeiro momento será realizada uma atividade com a temática Outubro Rosa, no dia 26 de outubro: Serão convidadas mulheres adscritas ao território no qual a Enfermeira que fez o convite trabalha. A metodologia adotada é baseada em uma roda de conversa na Unidade de Saúde da Família. Será realizada uma pequena apresentação dialogada e também de uma dinâmica de mitos e verdades, onde serão discutidos aspectos de saúde relacionados a prevenção, diagnósticos precoce e tratamento de câncer de mama e colo do útero. Durante todo o tempo da atividade as mulheres serão estimuladas a participar e sanar possíveis dúvidas quanto a temática. Em um segundo momento, atividade com a temática Novembro Azul: utilizando-se da mesma metodologia citada será realizado o encontro com a população masculina. O mesmo ocorrerá no dia 23 de Novembro, e abordará a temática câncer de próstata.

Palácio, MAV; et al. Em tempos de pandemia pela COVID-19: o desafio para a educação em saúde. Vigil. sanit. Debate.2020. Disponível em: https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/article/view/1530/1147 Germani, ARM; et al. Roda de conversa sobre as práticas de educação em saúde com um grupo de acadêmicos do curso de medicina. Rev. Docência Ens. Sup., Belo Horizonte, v. 8, n. 1, p. 166-178, jan./jun. 2018. Disponível em: periodicos.ufmg.br/index.php/rdes/article/view/2393/1451 Machado, MFAS; et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciência & Saúde Coletiva [online]. v. 12, n. 2. 2007.Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-81232007000200009>. Epub 09 Maio 2007. ISSN 1678-4561. https://doi.org/10.1590/S1413-81232007000200009

A Interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade está presente nas práticas de educação em saúde, já que a mesma propicia uma relação transformadora entre a sociedade e a comunidade acadêmica por meio dos conhecimentos que a Universidade ( professores e alunos) pode ofertar valorizando os saberes, o conhecimento prévio da população e não somente o conhecimento científico. A atividade de educação em saúde é planejada para propiciar um ambiente de troca de saberes, provocando e estimulando o fazer pedagógico científico no sentido de responder às necessidades locais. Durante a execução da atividade os saberes da população são valorizados e a comunidade deixa de ser passiva no recebimento das informações/conhecimentos transmitidos pela universidade e passa a ser participativa, crítica e construtora dos próprios conhecimentos sobre sua saúde.

As práticas de educação em saúde favorecem o trabalho em equipe de forma multiprofissional e interdisciplinar, permitem a atuação dos acadêmicos de medicina de forma integrada e colaborativa com os profissionais da unidade de saúde (agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros, entre outros) em atividades que valorizam a prevenção e promoção da saúde e que buscam a aumentar os conhecimentos e a autonomia nos cuidados , individual e coletivamente, além da integração com os gestores de saúde que apoiam esses profissionais.

Advogando pela valorização do conhecimento prático, o ensino viabilizado por meio das ações de educação em saúde faz parte de uma formação que se preocupa com os problemas da sociedade contemporânea e considera o papel social da universidade refletido nas atividades de Educação em saúde ora propostas, condizentes também com o papel extramuros da universidade, assim como com a prestação de “serviços” a comunidade/unidade de saúde. Acrescentando a este cenário a possibilidade de adquirir habilidades compatíveis com a metodologia de pesquisa ‘pesquisa-ação’, (no início do planejamento das atividades coletam informações sobre demandas da localidade de atuação, seguida pela análise dos dados para definição das atividades a serem executadas, ações propriamente ditas e posterior escrita de material científico).

As atividades de Educação em saúde permitem o desenvolvimento da autonomia, melhoram a capacidade de comunicação dos acadêmicos, além de estimular o conhecimento da realidade profissional, aumentam a proatividade e tomada de decisões do futuro médico. Além disso, constituem um momento de aprendizagem dupla, tanto para os acadêmicos quanto para a população, visto que a execução destas atividades demanda a familiarização com diversas temáticas e necessidade da aprendizagem baseada nos problemas reais.

As atividades de educação em saúde buscam desenvolver a reflexão e a consciência crítica das pessoas sobre as causas de seus problemas de saúde, representando um processo de prover os indivíduos de conhecimentos tornando-os protagonistas de sua própria história. Essas atividades motivam os indivíduos a analisarem criticamente seus hábitos de vida, a se organizarem e a transformarem seu meio social em busca de condições de vida mais saudáveis.

A divulgação do evento ocorrerá nas redes sociais dos acadêmicos envolvidos na atividade. Além disso, a enfermeira da unidade de saúde onde a atividade ocorrerá, solicitará aos agentes comunitários de saúde que convidem a população durante as visitas domiciliares.