O Coletivo Acolhe UFVJM tem uma grande missão pela frente que, sem dúvida, ocupará diversos espaços institucionais da UFVJM: o da pesquisa, da extensão, da administração, do ensino e da cultura. Começar pela extensão significa para nós o desejo de oportunizar o diálogo sobre a temática da maternidade no espaço acadêmico para além dos muros de nossa instituição. Ouvir, ouvir e ouvir. Escutar muito para, então, encontrar formas de acolher.

UFVJM, universidade, maternidade, parentalidade, carreira, direitos, equidade de gênero, antimaternalismo, acumulação de capital, educação superior.

O Coletivo Acolhe UFVJM, constituído hoje por 23 mulheres, entre elas servidoras (professoras e técnicas-administrativas) e alunas (de graduação e pós-graduação) dos Campus de Diamantina, Janaúba, Unaí e Teófilo Otoni, tem como objetivo principal articular, discutir e contribuir para construção de políticas institucionais de apoio às mães da comunidade acadêmica da UFVJM. O Acolhe UFVJM nasce com a finalidade de tratar questões sobre Parentalidade e Universidade, tendo em vista o impacto provocado pela maternidade no trabalho, na carreira e nos estudos de nossas servidoras e estudantes.

A total inexistência de espaços na UFVJM que discutam os impactos da maternidade na carreira de suas servidoras mães e na trajetória acadêmica de suas estudantes, até a criação do Coletivo Acolhe, indica uma demanda reprimida que precisa ser urgentemente sanada. A promoção de um tratamento justo entre homens e mulheres, de acordo com as suas necessidades, é um tema urgente quando a questão é falar sobre condições equânimes para se dedicar a uma carreira universitária ou aos estudos universitários. Silvia Federici afirma que a exploração do corpo feminino como mão de obra não remunerada, no cuidado exclusivo dos filhos, por exemplo, privilegia uma parcela da sociedade que encontra caminho livre para gozar de muitas vantagens, entre elas investir na carreira e nos estudos. Somado a isso, a psicanalista Vera Iaconelli afirma que, ao longo de séculos, a ideologia maternalista sobrecarrega as mulheres com a ideia de que a responsabilidade pelos cuidados dos filhos é apenas delas, o que as relega novamente ao calabouço do espaço doméstico. Presa nesse lugar, não podemos estudar, pesquisar, nem trabalhar fora. Não podemos investir em nossas carreiras nem nos estudos. Isso significa que urge discutir estratégias, materializadas em políticas públicas e institucionais, que apoiem as mulheres em suas carreiras profissionais e em suas escolhas acadêmicas. Urge pautar o tema no espaço acadêmico de modo a retirar a maternidade da invisibilidade, mostrando o jogo perverso e injusto ao qual as mulheres se veem submetidas no campo das disputas profissionais e acadêmicas.

1. Oportunizar momentos de fala, escuta e diálogo sobre temáticas relacionadas à maternidade/parentalidade e os desafios e barreiras que encontram, especialmente as trabalhadoras/estudantes mães diante da complexa missão de conciliar carreira, estudos/pesquisa e os cuidados dos filhos. 2. Fomentar a construção de uma cultura universitária pautada no respeito pelas crianças e pelas mães, de modo a alicerçar uma ética do cuidado nos espaços acadêmicos.

Realizar um ciclo de debate mensal online, durante o prazo de vigência deste Edital, com a presença de ao menos um integrante do Coletivo Acolhe UFVJM e de ao menos um convidado(a) especialista na temática escolhida.

Os debates acontecerão sempre no formato online para abranger os Campi da UFVJM, já que o Coletivo Acolhe está representado pelos nossos quatro Campus. A intenção é realizar a transmissão dos Ciclos de debates pelo Canal do Coletivo Acolhe UFVJM no Youtube, mas caso isso não seja possível, eles acontecerão via googlemeeting institucional. Os encontros terão duração média de duas horas. Na primeira hora os responsáveis pela mediação do ciclo de debate do mês apresentarão, de forma objetiva, conteúdos relacionados à temática do ciclo de debate, bem como lançarão perguntas relevantes para fomentar a interação entre os participantes. A ideia é que na segunda hora os participantes possam formular perguntas, compartilhar experiências ou dar depoimentos sobre o tema em questão. Os encontros serão gravados mediante autorização dos presentes e serão publicizados nas redes sociais do Coletivo Acolhe. A responsabilidade da escolha dos temas dos Ciclos de debates ficará a cargo dos proponentes desta ação em conjunto com as integrantes do Coletivo Acolhe. Esses temas serão escolhidos respeitando a organicidade do trabalho do Coletivo, bem como as necessidades, urgências e anseios de suas integrantes. Como exemplo disso podemos citar o tema do primeiro ciclo de debates (Intersecções entre universidade, parentalidade e anticapacitismo: um debate necessário), que acontecerá no dia 23/10/23, que diz respeito aos desafios que uma de nossas integrantes tem, a professora Leila de Cássia do Campus de Janaúba, por ser mãe de um filho considerado atípico.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Tradução Coletivo Sycorax. São Paulo: Editora Elefante, 2017. IACONELLI, Vera. Manifesto antimaternalista: psicanálise e políticas de reprodução. Zahar. SILVA, M. A., PEREIRA, M. M. O., ANTUNES, L. G. R., SILVA, F. D. ., & Cristina Ferreira Castelari, M. . (2019). Conciliando maternidade e carreira profissional:: percepções de professoras do Ensino Superior . Revista Vianna Sapiens, 10(2), 27. https://doi.org/10.31994/rvs.v10i2.586. Disponível em: https://www.viannasapiens.com.br/revista/article/view/586 URPIA, Ana Maria de Oliveira & SAMPAIO, Sonia Maria Rocha. Tornar-se mãe no contexto acadêmico: dilemas da conciliação maternidade - vida universitária. In: Revista Recôncavos, v. 2 n. 4 (2009): Dossiê Educação. Disponível em: https://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/reconcavos/article/view/1094

A ação se estrutura no diálogo entre as comunidades acadêmicas dos quatro campus da UFVJM e de suas comunidades externas. No entanto, é preciso ressaltar que a abrangência da ação é em nível nacional, já que temos diálogos com outros Coletivos de mães e Movimentos que discutem a parentalidade, como o Movimento Parent in Science.

A interdisciplinaridade da ação está presente na interseção entre as temáticas relacionadas à maternidade (que atravessam os campos da educação, a sociologia, saúde e direitos humanos (de crianças e mulheres), principalmente).

Atuar dentro desse tripé é básico no tratamento da temática em questão, visto que intencionamos modificar uma cultura machista que relega o tema da maternidade ao calabouço do espaço doméstico. Portanto, é necessário atuar nos três seguimentos para estruturar ações que se transformem em políticas institucionais e públicas de apoio às mães.

O desenvolvimento e abordagem dessa temática colabora para a construção de uma cultura universitária mais justa e menos sexista. De uma cultura que respeite a infância e maternidade.

Pensar em uma instituição pública de ensino federal que cultiva o respeito por suas servidoras e alunas mães significa sermos exemplo para a sociedade como um todo, que ainda engatinha nos mesmos dilemas machistas e sexistas relacionados às oportunidades que as mulheres têm para progredirem em suas carreiras e estudos.

A divulgação dos Ciclos de Debate acontecerão no portal da UFVJM e nas redes sociais do Coletivo Acolhe UFVJM.

A presente proposta está vinculada ao Programa de extensão "Conhecendo a UFVJM - Campus Janaúba", coordenado pela TA Maria Gisenilda Barbosa e necessitará de um bolsista para cada Campus envolvido. Quatro bolsistas, portanto.