A ação é decorrente de um programa de pesquisa que estuda as diferentes cadeias produtivas da agricultura familiar do Vale do Jequitinhonha desde 2020. A partir destes resultados pretendemos desenvolver ações de capacitação na cadeia apícola e do artesanato, como forma de valorização da atividade e geração de renda. São previstas ações em 15 municípios do Vale do Jequitinhonha, envolvendo oficinas, palestras e encontros com os diversos atores das cadeias produtivas.

Cadeias produtiva, apicultura, artesanato, desenvolvimento regional

Desde o ano de 2020 o Laboratório de Produção de Conteúdos Educacionais – L@proce/UFVJM vem desenvolvendo um programa de pesquisa e extensão intitulado “Fortalecimento das Cadeias Produtivas da Agricultura Familiar do Vale do Jequitinhonha”. No primeiro estudo identificamos o potencial de crescimento da cadeia apícola, da fruticultura, da piscicultura e do artesanato, entre outras. Fizemos a opção de iniciar com o fortalecimento da cadeia apícola a partir do levantamento de dados sobre os atores e a produção de mel. Em seguida identificamos as demandas da cadeia apícola e definimos três estratégias para o fortalecimento: indicação geográfica, análise físico-química e cromatográfica, desenvolvimento da colmeia inteligente. Essa pesquisa está em andamento e paralelamente, vamos iniciar a pesquisa sobre o fortalecimento da cadeia produtiva e criativa do artesanato utilizando a mesma metodologia adotada na cadeia apícola. O artesanato na região do Vale do Jequitinhonha vem tendo um forte crescimento ao longo dos últimos anos, aumentando sua participação relativa na produção nacional. Esta região apresenta grande potencial produtivo, devido às tradições culturais e artísticas. Dados da literatura afirmam que o Vale do Jequitinhonha apresenta um grande potencial para produção do artesanato integrado com o turismo. Existe, portanto uma cadeia produtiva com todos os seus atores, articulada na região do Vale do Jequitinhonha e alcançando outros estados e países: artesãos, fornecedores de insumos, empresas revendedoras e galerias de arte, prefeituras, empresas de extensão rural, cooperativas e associações, instituições de ensino e pesquisa, entre outros. Entretanto, para o desenvolvimento do artesanato, são necessários a fonte da matéria prima (barro, couro, fibras, minerais, entre outros), os ateliês de produção e as feiras para venda. A feira de artesanato é o principal local onde o artesanato é comercializado, presente em quase todos os municípios do Vale do Jequitinhonha. Sendo de grande importância para a adequada comercialização dos diversos produtos artesanais. Portanto, a presente proposta pretende verificar, a partir das principais diretrizes da Politica do Artesanato Brasileiro- PAB (https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/artesanato) o alcance atual do artesanato do Vale do Jequitinhonha e as peculiaridades da cadeia produtiva e criativa no território do Jequitinhonha. A informalidade no processo produtivo, o mau uso ou a ausência da tecnologia, a falta de políticas públicas são os maiores entraves que interferem nos níveis de sucesso da atividade artesanal (LIMA, 2021). A produção relaciona-se diretamente com a disponibilidade de matéria prima e com a tradição cultural de cada município ou região A articulação entre artesãos, as associações e o mercado comprador do artesanato, no atacado ou varejo, definem o estágio de evolução da cadeia produtiva. Em algumas comunidades onde essa articulação funciona, os resultados são promissores, tendo como exemplos as comunidades de Campo Alegre e Campo Buriti, em Turmalina. Nessa proposta, queremos sistematizar essa articulação nos municípios do Vale do Jequitinhonha com maior destaque no artesanato. O artesanato hoje além de fonte de renda é uma atividade de ocupação e trabalho e, consequentemente provoca uma melhoria nas condições de vida das famílias que nele encontram seu sustento. Portanto, a importância do desenvolvimento do artesanato numa estrutura articulada com associações, cooperativas, poder público e privado é um fator motivacional para o artesão melhorar seu desempenho e consequentemente sua produtividade e sua renda, bem como, se engajar no desenvolvimento sustentável.

As cadeias produtivas do Vale do Jequitinhonha precisam ser fortalecidas a partir das necessidades regionais, aproveitando o potencial dos recursos naturais disponíveis, bem como seus aspectos culturais. Essa ação é importante para oportunizar aos jovens e adultos oportunidades de geração de renda e trabalho em uma região com escassez hídrica, grande desigualdade social e falta de emprego. No caso da apicultura, que desenvolvemos ações desde 2020, identificamos várias associações de apicultores que precisam de apoio para organização e infraestrutura da atividade, especialmente no que diz respeito a novas práticas de produção e de comercialização. Já na cadeia do artesanato que atuamos desde 2022, a capacitação e a oportunidade de negócios constituem os principais desafios, embora existam casos exitosos, como o caso do barro no município de Turmalina, onde as associações alcançaram níveis altíssimos de organização e comercialização que resultaram em melhores condiçoes de vida para os moradores das comunidades envolvidas.

Geral: Fortalecer e caracterizar as atividades da cadeia da apicultura e do artesanato em diferentes municípios do Vale do Jequitinhonha a partir do cadastro de apicultores e artesãos em associações, registro da produção formal e estimativa de produção informal, acompanhamento da comercialização, capacitação e realização de eventos de capacitação e divulgação, além de monitorar as ações nas cadeias produtivas, de modo colaborativo entre docentes, discentes e técnicos da UFVJM. Específicos - Identificar e caracterizar a cadeia produtiva da apicultura e do artesanato no Vale do Jequitinhonha; - Identificar o nível de produtividade e organização social da cadeia da apicultura e do artesanato por município; - Identificar os atores locais, as técnicas de produção, de gerenciamento e as estratégias de comercialização. Selecionar as melhores práticas identificadas de produção e organização coletiva da produção da apicultura e do artesanato; - Realizar ações de extensão para capacitar os atores locais por meio de oficinas, seminários e cursos online a partir das boas experiências identificadas nos municípios da região com apoio de docentes, estudantes e técnicos ; - Acompanhar e consolidar o desenvolvimento das ações da cadeia apícola e do artesanato desenvolvida a partir dos projetos de 2020 a 2024.

- Criação de acervo documental e bibliográfico sobre o artesanato e apicultura no Brasil, em Minas Gerais e no Vale do Jequitinhonha; - Construção de banco de dados com informações sobre a cadeia do artesanato e da apicultura; - Publicação de material audiovisual sobre o artesanato e apicultura do Vale do Jequitinhonha; - Realização de evento de caráter regional com o maior número de artesãos e apicultores e outros atores da cadeia produtiva; - Oferta de curso online sobre o artesanato e apicultura; - Capacitação de artesãos e apicultores por meio de oficinas de compartilhamento de saberes; - Publicação do Atlas do Artesanato e da apicultura do Vale do Jequitinhonha.

Para fortalecer as cadeias produtivas da apicultura e do artesanato, iremos caracterizar os atores que fazem parte dessas cadeias. Para a concretização do projeto, a UFVJM fornece o espaço, programas computacionais, mão de obra altamente qualificada para geração de informações e capacitação dos agentes envolvidos. A participação de associações, cooperativas, prefeituras e outros atores em parceria com os professores especialistas da UFVJM tem como finalidade o registro e sistematização das boas experiências no fortalecimento e expansão das cadeias produtivas da apicultura e do artesanato. A estratégia de fortalecimento coletivo das cadeias produtivas da agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha será a partir de oportunidades de négócios (feiras e vendas online) e programas de capacitação (cursos e eventos). Muitos apicultores e artesãos improvisam em casa, onde usam um cômodo para conciliar sua atividade produtiva com as tarefas domésticas. O poder público, principalmente a partir dos anos 2000 criou um arcabouço legal e políticas públicas voltadas para a agricultura familiar. No território do Jequitinhonha tivemos várias ações em prol das cadeias produtivas pela UFMG,IFNMG e por programas do governo federal e do estado. 5.1- Etapas do projeto A primeira etapa do projeto consiste em realizar um levantamento bibliográfico e documental sobre as cadeias produtivas. No levantamento bibliográfico, procuraremos identificar o estágio em que se encontra as cadeias apícola e do artesanato no Vale por meio de artigos, dissertações, teses e livros. Este material será catalogado e serão selecionados os principais trabalhos a partir da leitura do resumo. O levantamento documental irá reunir a legislação federal, estadual e municipal sobre as cadeias, além de registros sobre programas e políticas públicas do setor. Este conjunto de dados irá fornecer informações sobre os principais atores da cadeia produtiva da apicultura e do artesanato. Nesta etapa serão elaborados instrumentos de levantamento de dados a serem preenchidos pelos atores das cadeias que participarão dos cursos e eventos. Na segunda etapa, será necessário mapear a forma de gestão das cadeias produtivas, a partir das associações e grupos produtivos por município, que são diretamente responsáveis pela produção apícola e artesanal. Vamos visitar in loco o local destinado à realização dessa produção e entrevistar as lideranças. Haverá o levantamento de dados primários e secundários sobre as cadeias junto a associações e órgãos governamentais para geração de tabelas e gráficos que representem dados oficiais e estimativas. Neste momento será desenvolvida a modelagem de um banco de dados capaz de promover a integridade dos dados e sua apresentação em forma de mapas que irão constituir o Atlas das cadeias produtivas do Vale do Jequitinhonha. A etapa três iniciará paralelamente a etapa dois que busca a caracterização da atividade produtiva por município e as condições de produção e comercialização. A etapa três consiste na produção audiovisual a partir das atividades de capacitação e de geração de oportunidades de negócios como feiras, eventos e cursos. O material produzido será utilizado como material de pesquisa e de divulgação das cadeias produtivas do Vale do Jequitinhonha nas redes sociais e na tv. Espera-se a produção de um documentário para ser veiculado em vários canais de comunicação. Ao longo da etapa quatro do projeto, serão realizadas ações de capacitação dos artesãos em diferentes frentes, a partir de cursos de capacitação para produção de artesanato, além de ações para fortalecimento do associativismo e cooperativismo. A realização de oficinas, cursos online e seminários será a estratégia de formação dos artesãos, aliada à expansão da atividade produtiva. Todos os beneficiários do projeto poderão participar de um curso de introdução ao cooperativismo e associativismo, produção, armazenamento e comercialização fornecidos pela equipe executora do projeto. A mesma disponibilizará professores, alunos e artesãos, que orientarão na produção e comercialização com visitas regulares durante a produção e sempre que solicitados pelos participantes. Os cursos a serem oferecidos pela equipe executora estão planejados da seguinte forma: • Módulo 1: Introdução às cadeias produtivas • Módulo 2: Produção e montagem do espaço produtivo • Módulo 3: Armazenamento, distribuição e comercialização. Outros cursos poderão ser oferecidos ao longo do período de execução do projeto dependendo das demandas apresentadas. Na etapa cinco será realizado o Encontro da Apicultura e do Artesanato do Vale do Jequitinhonha para definição de estratégias para o fortalecimento da apicultura e do artesanato enquanto cadeias produtivas. Na etapa seis será construído o relatório final da pesquisa, sabendo-se que o monitoramento e avaliação do projeto se darão de forma sistematizada, através de reuniões periódicas da equipe com os beneficiários, buscando identificar possíveis problemas ou dúvidas e solucioná-los. Antes e após cada etapa serão avaliados os aspectos produtivos, a rentabilidade do projeto, os impactos ambientais e sociais e o índice de desenvolvimento social e econômico das famílias envolvidas. As ações do projeto serão executadas em 18 meses.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. LIMA, Jonathan Gurgel de. Artesãos-Artistas contemporâneos: D. Izabel Mendes da Cunha e o legado aos mestres ceramistas de Santana do Araçuaí (MG). 2021. Tese (Doutorado em Estética e História da Arte) - Estética e História da Arte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2021. doi:10.11606/T.93.2021.tde-02082021-160333. Acesso em: 2022-08-03.

O trabalho possibilitará o diálogo entre a comunidade acadêmica e parcela significativa da região do Vale do Jequitinhonha, por meio de associações e grupos organizados. Haverá a interação entre os estudantes da UFVJM, coordenados por um professor efetivo que, juntos, irão apoiar as atividades desenvolvidas por apicultores e artesãos da região.

No projeto haverá a participação de estudantes e professores dos cursos da área de humanas e agrárias da UFVJM, sendo possível o desenvolvimento de trabalhos interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares. O desafio de integrar os conteúdos acadêmicos resultará em ações criativas propostas pela equipe da UFVJM para o envolvimento e sucesso do processo de fortalecimento das cadeias produtivas . A interprofissionalidade será desenvolvida a partir da interlocução entre os diferentes atores envolvidos nas cadeias produtivas, incluindo professores, estudantes, apicultores, artesãos, agentes públicos, técnicos de informática, entre outros profissionais.

Os cursos de Zootecnia e Geografia da UFVJM estão aptos para trabalhar a formação de apicultores e artesãos nas diferentes áreas do conhecimento. As atividades de ensino constituem o trabalho inicial dos graduandos que aprendem técnicas para o desenvolvimento de sua atividade profissional. Já nossos professores desenvolvem pesquisas, com a participação dos estudantes, para identificar as melhores formas para desenvolver as atividades produtivas, bem como no desenvolvimento de projetos de extensão, utilizando material impresso, digital ou audiovisual. Este projeto representa essencialmente o processo de extensão universitária, pois é resultado do trabalho de ensino e pesquisa que já foram desenvolvidos e que precisam ser disponibilizados para a comunidade do entorno da universidade.

A participação dos graduandos no fortalecimento das cadeias produtivas contribuirá fortemente na sua formação acadêmica, pois ele terá acesso direto a profissão que está se formando. Ele atuará como bolsista responsável por uma atividade relacionada a sua formação profissional. Seu contato com profissionais experientes e organizações sociais irá contribuir fortemente na sua formação como futuro profissional. Os graduandos terão a oportunidade de vivenciar todas as etapas do projeto, sendo responsáveis pelo planejamento, execução e acompanhamento das atividades do projeto. Além disso, eles desenvolverão habilidades para trabalhar com o uso das tecnologias digitais e outras estratégias utilizadas nas cadeias produtivas. Dessa forma, serão capazes de manusear diferentes ferramentas utilizadas por apicultores e artesãos.

Espera-se com o projeto do fortalecimento das cadeias produtivas atingir áreas distantes geograficamente da universidade, no caso, que extrapolem os limites de Diamantina. Iremos trabalhar com o público de jovens e adultos de áreas urbanas e rurais dos municípios do Vale do Jequitinhonha, podendo atingir ainda trabalhadores de outros municípios do norte de Minas e do Vale do Mucuri. A ação consistente deste projeto pode se transformar num programa de extensão com potencial para promover a transformação social. Esperamos que a experiência possa ser compartilhada e aperfeiçoada para envolver um maior número de pessoas e municípios. A educação é o caminho para o desenvolvimento do Vale do Jequitinhonha e a UFVJM precisa estar próxima das comunidades rurais que não têm acesso aos recursos para o desenvolvimento das suas atividades produtivas.

A divulgação será feita nas redes sociais e junto as associações, prefeituras e outros parceiros como a Codevasf, Emater, Senar e Sindicato dos trabalhadores rurais. Utilizaremos também as redes sociais da universidade.