Detalhes da ação

Fortalecimento da apicultura no semiárido mineiro

Sobre a Ação

Nº de Inscrição

202203001055

Tipo da Ação

Projeto

Situação

RECOMENDADA :
EM ANDAMENTO - Normal

Data Inicio

01/01/2025

Data Fim

31/12/2026


Programa Vínculado

202104000010 - Campo, Saberes e Conexões


Dados do Coordenador

Nome do Coordenador

andre moulin dardengo

Caracterização da Ação

Área de Conhecimento

Ciências Sociais Aplicadas

Área Temática Principal

Educação

Área Temática Secundária

Trabalho

Linha de Extensão

Desenvolvimento rural e questão agrária

Abrangência

Regional

Gera Propriedade Intelectual

Não

Vínculada a Programa de Extensão

Sim

Envolve Recursos Financeiros

Sim

Ação ocorrerá

Dentro e Fora do campus

Período das Atividades

Integral

Atividades nos Fins de Semana

Sim


Redes Sociais

Outras Redes Sociais

x

Membros

Tipo de Membro Interno
Carga Horária 6 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 4 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 20 h
Resumo

Este projeto de extensão surge da necessidade de dar respostas às demandas dos(as) produtores(as) apícolas que já foram identificadas em pesquisa financiada pela CAPES e FAPEMIG sobre a cadeia produtiva do mel no semiárido mineiro. Propomos a realização de ações formativas e de capacitação, focadas nos temas do cooperativismo, associativismo e manejo apícola, para fortalecer as potencialidades e contribuir para minimizar as dificuldades dos grupos da cadeia produtiva do mel do semiárido mineiro


Palavras-chave

Apicultura; Semiárido mineiro; Cooperativismo; Associativismo


Introdução

O presente projeto de extensão surge da necessidade de dar uma resposta às demandas dos produtores apícolas que já foram identificadas em pesquisa realizada no âmbito do projeto "Cadeia de valor do mel no semiárido mineiro - análise ecológica, socioeconômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais", financiado pela CAPES e FAPEMIG. O projeto de extensão é proposto pelo Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro (UFVJM - Campus Diamantina) e pelo Centro de Estudos Avançados em Sistemas Ecológicos e Interações (CAFESIN – UFVJM – Campus Diamantina) em articulação com entidades parceiras: Cooperativa dos Apicultores do Vale do Jequitinhonha (Cooapivaje), Associação dos Apicultores do Alto Mucuri (Apialto), Cooperativa Agroindustrial da Agricultura Familiar de Padre Paraíso e Região, Associação dos Apicultores de Ladainha (APIL). Os(as) produtores(as) apícolas, que formam cooperativas ou associações no semiárido mineiro, apontaram que falta formação e capacitação técnica a respeito de temas como o cooperativismo, o associativismo, a autogestão, a Economia Solidária. Como argumentam Ferreira e Silva (2015, p. 15), “[...] o contexto cooperativo tem apresentado a sua preocupação em relação a pouca ou, até mesmo, inexpressiva participação do associado nas atividades de decisão e discussão das cooperativas. Essa condição reduz a gestão democrática – um dos princípios do cooperativismo – e denuncia uma educação cooperativa frágil ou inexistente”. Portanto, as ações deste projeto visam fortalecer a coesão dos grupos e organizações em torno dos princípios do cooperativismo e do associativismo a fim de potencializar as entidades regionais. Também visa ampliar os conhecimentos de manejo apícola a fim de garantir práticas que garantam a qualidade do produto e aumentem a produtividade dos apiários. Tradicionalmente, formas não mercantis, associativas e autogestionárias já fazem parte do cotidiano dos povos e comunidades tradicionais do semiárido mineiro como estratégia de enfrentamento às vicissitudes climáticas e socioeconômicas regionais. Cabe então, nesta perspectiva, ampliar o diagnóstico de demandas junto às famílias de produtores(as) apícolas e oferecer uma formação que associe conhecimento acadêmico sobre o cooperativismo, associativismo e a Economia Solidária com os saberes tradicionais das comunidades consolidando um processo de educação cooperativa e popular. A produção de mel é, notadamente, uma importante atividade de geração de renda, com destaque para o Mel de Aroeira, planta cuja floração ocorre no período de clima mais seco na região do semiárido mineiro. A região do semiárido mineiro, território de desenvolvimento desta proposta, vive uma realidade regional de agravamento da situação de conflito das comunidades campesinas, tradicionais e dos povos indígenas frente às situações que envolvem violação de direitos humanos e territoriais, o que têm impactado diretamente nas condições de permanência em seus territórios e em seus modos de vida. A atividade apícola, nesse contexto, contribui com a preservação do meio ambiente e com os sistemas agroecológicos da agricultura familiar, além de proporcionar renda que evita a migração sazonal de muitos produtores(as) da região. Ademais, é importante salientar que as regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri são caracterizadas por baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e a UFVJM pode cumprir um papel relevante na modificação desta realidade, uma vez que os processos formativos propostos neste Projeto de Extensão podem fomentar o aumento da produção apícola e a ampliação da geração de renda com a consolidação e ampliação de práticas de trabalho autogestionárias. Os diálogos e a interlocução entre atores sociais também podem conduzir à formulação de políticas públicas que atendam às demandas diagnosticadas. Portanto, este projeto está organizado com a seguintes metas, sendo: Meta 01 – Definição da metodologia e preparação das ações formativas e de capacitação; Meta 02 – Promoção de 01 encontro com os produtores e parceiros para alinhamento e mobilização; Meta 03 – Elaboração de cartilha sobre cooperativismo e associativismo na cadeia de produção de mel no semiárido mineiro; Meta 04 – Realização de 03 oficinas descentralizadas por cada microrregião do território sobre cooperativismo e associativismo; Meta 05 - Realização de 01 oficina de manejo da apicultura; Meta 06 – Promoção 01 encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos resultados finais das ações de formação e capacitação; Meta 07 – Elaboração de relatório das ações de formação e capacitação; Meta 08 - Pagamento de despesas operacionais e administrativo prestado à Fundação de Apoio Dentre as ações previstas, a realização de um curso de extensão de Cooperativismo e Associativismo busca criar condições para diálogo, discussão, formação e troca de experiências entre os sujeitos envolvidos, articulando comunidade universitária e comunidade externa. Trata-se de uma ação de extensão para que a Universidade esteja engajada nos processos sociais e de análise da realidade vivida pelas comunidades contribuindo para o aprimoramento de uma atividade econômica importante para os(as) produtores(as) envolvidos(as). Ainda, na perspectiva da formação, vivência e socialização, também serão realizadas atividades com grupos de estudos e reuniões envolvendo equipe do projeto, produtores(as) apícolas e comunidades; e acompanhamento de atividades em comunidades com oportunidades para vivência e troca de experiências. Por fim, uma dessas atividades que será apoiada por este Projeto de Extensão é a realização da Seminário de Apicultura do Vale do Jequitinhonha em 2025.


Justificativa

Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM-2020), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, a produção nacional de mel foi de 51,5 mil toneladas, apresentando um crescimento de 12,5% em relação ao ano de 2019. O estado de Minas Gerais, um dos maiores produtores do país, contribuiu com 7,96% da produção nacional, sendo que, internamente, a região do Jequitinhonha/Mucuri é responsável pelo segundo maior volume de produção de mel no estado. No Brasil, a apicultura é predominantemente de pequeno porte, típica da agricultura familiar e configura-se como uma importante atividade complementar de renda e diversificação produtiva que exige cooperação, sobretudo para o processo de beneficiamento que, em geral, ocorre em unidades de beneficiamento de mel e produtos de abelha de propriedade coletiva, constituídas como associações ou cooperativas. Também é comum que a cooperação seja benéfica para a distribuição e comercialização da produção. Assim, o trabalho organizado de forma cooperativa pode aumentar a produtividade e reduzir custos, além de garantir relações de trabalho diferenciadas, pautadas nos princípios cooperativos, trazendo benefícios econômicos, sociais e ambientais para os cooperados e seus respectivos territórios. Neste sentido, este projeto de extensão propõe a realização de ações formativas, diálogos e vivências que envolvam a comunidade universitária da UFVJM – Campus do Mucuri e Campus JK -, e as famílias de produtores apícolas do semiárido mineiro com ênfase na região do Vale do Mucuri. A indicação prioritária dos municípios do Vale do Mucuri, leva em conta a existência de cooperativas e ou associações de produtores de mel e também considera o impacto financeiro do deslocamento dos participantes do Projeto de Extensão para as atividades. Para a execução do projeto será indispensável o aprofundamento das relações interinstitucionais entre os docentes, pesquisadores e discentes da UFVJM, bem como do Observatórios dos Vales e do Semiárido Mineiro, com a Associação dos Apicultores do Alto Mucuri – Apialto, com a Cooperativa Agroindustrial da Agricultura Familiar de Padre Paraíso e Região e demais produtores apícolas organizados da região. Assim, forma-se uma rede de atores ligados ao tema do cooperativismo e da Economia Solidária que possibilitará a ampliação do diagnóstico de demandas dos produtores apícolas com o intuito de formular a estrutura das oficinas formativas. Parte-se da perspectiva de que o cooperativismo deve ser entendido não apenas como um modelo de negócios, mas como “[...] uma filosofia de vida que busca transformar o mundo em um lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos. Um caminho que mostra que é possível unir desenvolvimento econômico e desenvolvimento social, produtividade e sustentabilidade, o individual e o coletivo” (OCB, 16 maio de 2022). A Economia Solidária, por seu turno, se caracteriza pelo conjunto de formas de organização autogestionária da produção e do trabalho a partir de um amplo conjunto de práticas coletivas e comunitárias que visam garantir meios para a satisfação das necessidades materiais dos associados (SINGER, 2002) e tem nas cooperativas e associações sua principal forma de organização. Embora o cooperativismo e as práticas solidárias aparentem ser um modelo mais adequado para organização da cadeia de produção do mel e outros produtos apícolas no semiárido mineiro, percebe-se ainda que grande parte da produção, beneficiamento e comercialização ocorre a partir de produtores isolados com intermediação de atravessadores. Portanto, identificar as demandas dos produtores apícolas a fim de lhes propiciar uma formação técnica sobre cooperativismo e Economia Solidária terá potenciais efeitos positivos no âmbito da cadeia produtiva do mel e outros produtos apícolas. Importante ressaltar que a proposta deste Projeto de Extensão nasce de demandas já apontadas pelo setor produtivo apícola sendo desdobramento de pesquisas anteriores com financiamento público (SILVA; FERREIRA; RECH, 2021) nos quais a equipe está inserida, cabendo citar o Projeto de Pesquisa “Cadeia de valor do mel no Semiárido mineiro - análise ecológica, socioeconômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais”, ainda em andamento, com financiamento CAPES e FAPEMIG; e o projeto “Possibilidades e desafios da produção cooperada de mel no Vale do Jequitinhonha”, também financiado pela FAPEMIG e ainda em execução. Portanto, este Projeto de Extensão materializa a indissociabilidade com o ensino e com a pesquisa, visando contribuir com a formação, com a melhoria de renda e das condições de trabalho dos produtores apícolas da região e se articula com a Política de Extensão institucional, a qual postula que: “[...] a produção do conhecimento via extensão se faz na troca de saberes sistematizado, acadêmico e popular, que, por sua vez, possibilita a democratização do conhecimento com a participação da comunidade” (UFVJM, 2009, p. 03). O projeto, assim, busca influenciar diretamente na realidade regional com a perspectiva de fomentar o desenvolvimento regional e sustentável. Este projeto se insere em pelo menos quatro objetivos do milênio de desenvolvimento sustentável da ONU (2; 8, 20 e 12), uma vez que pode apoiar a gestão sustentável e eficiente dos recursos naturais, promover a inclusão social e econômica e elevar a renda e a produção agrícola de forma sustentável. O projeto pode contribuir para alcançar pelo menos três desafios do Plano Estratégico do Sistema Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) 2021-2023: qualificação de mão de obra para o cooperativismo, ampliação da participação das cooperativas no mercado e fortalecimento da cultura cooperativista e da intercooperação. Esta proposta também se articula e complementa outros projetos de financiamento que aprovamos no CNPq, CAPES e FAPEMIG, tornando-se estratégica para uma abordagem transversal, interdisciplinar e fortemente alinhada ao desenvolvimento econômico e social da região do semiárido mineiro. Cabe citar o projeto de pesquisa “Cadeia de valor do mel no Semiárido mineiro - análise ecológica, sócio-econômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais” contemplado com recursos financeiros e bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no âmbito do Programa de Desenvolvimento da Pós-graduação promovido pela FAPEMIG e CAPES. Deste modo, este projeto de extensão conecta-se com as pesquisas que têm sido desenvolvidas no âmbito da UFVJM, por pesquisadores do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro e pelo Centro de Estudos Avançados em Sistemas Ecológicos e Interações (CAFESIN), com potencial de contribuir com a socialização dos resultados, bem como, com a identificação de demandas para aprofundarem estudos e pesquisas futuras. Portanto, o projeto atende às diretrizes da Política de Extensão Universitária e à missão institucional da UFVJM.


Objetivos

Objetivo Geral: Realizar ações formativas e de capacitação, focadas nos temas do cooperativismo, associativismo e manejo apícola, para fortalecer as potencialidades e contribuir para minimizar as dificuldades dos grupos da cadeia produtiva do mel do semiárido mineiro Objetivos específicos: a) Realizar grupos de estudos e reuniões envolvendo equipe do projeto e produtores(as) apícolas e comunidades. b) Definição da metodologia e preparação das ações formativas e de capacitação. c) Promoção de 01 encontro com os produtores e parceiros para alinhamento e mobilização d) Realização de 03 oficinas descentralizadas por cada microrregião do território sobre cooperativismo e associativismo. e) Realização de 01 oficina de manejo da apicultura. f) Elaboração de cartilha sobre cooperativismo e associativismo na cadeia produtiva do mel no semiárido mineiro. g) Promoção 01 encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos resultados finais das ações de formação e capacitação. h) Contribuir com a organização do Seminário de Apicultura do Vale do Jequitinhonha do ano de 2025. i) Fortalecer a relação interinstitucional entre os parceiros envolvidos no projeto. j) Apoiar articulação entre atividades de ensino e formação, pesquisa e extensão aos grupos de pesquisa envolvidos. k) Contribuir para o cumprimento da missão institucional da UFVJM, no que tange a atuação regional visando inserção social por meio da formação de recursos humanos com competências para atuar nos desafios impostos ao desenvolvimento regional. l) Fomentar a indissociabilidade da extensão, do ensino e da pesquisa no âmbito da comunidade universitária, por meio da realização de atividades que envolvam servidores (docentes e técnicos), estudantes (graduação e pós-graduação), cursos, grupos de pesquisa e extensão, bem como a comunidade regional.


Metas

Meta 01 – Definição da metodologia e sistematização/preparação das ações formativas e de capacitação Meta 02 – Promover 01 encontro com os produtores e parceiros para alinhamento e mobilização Meta 03 – Elaboração de cartilha Meta 04 – Realização de 03 oficinas descentralizadas por cada microrregião do território sobre cooperativismo e associativismo Meta 05 - Realização de 01 oficina de manejo da apicultura Meta 06 – Promover 01 encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos resultados finais das ações de formação e capacitação. Meta 07 – Elaborar relatório das ações de formação e capacitação Meta 08 - Pagamento de despesas operacionais e administrativo prestado à Fundação de Apoio


Metodologia

O Cooperativismo e a Economia Solidária consideram a educação cooperativa algo fundamental, de forma que ‘Educação, formação e informação’ são princípios cooperativos desde a fundação da primeira cooperativa, a Cooperativa dos Probos Pioneiros de Rochdale, em 1844, na Inglaterra. É através da educação cooperativa e de suas práticas, que se pode garantir “[...] um melhor uso e conhecimento das atividades, procedimentos e investimentos que podem ser operados no sistema cooperativista” (Ferreira; Silva, 2015, p. 15). Contudo, este processo não pode ser realizado de forma descontextualizada da realidade concreta em que se encontram os produtores associados, no nosso caso, os(as) produtores(as) apícolas da região do Semiárido Mineiro. Por isso, pretende-se adotar as práticas da Educação Popular, preconizadas por Paulo Freire, as quais levam em conta os anseios, demandas, cultura e conhecimentos tradicionais já existentes nos educandos. A execução do projeto de extensão segue os princípios e fundamentos da educação popular que, especificamente no referencial de Paulo Freire, é “um método da cultura popular: [que] conscientiza e politiza” (Fiori, 2014, p. 29) e se pauta pela defesa da educação libertadora, ou seja, “A educação como prática de liberdade, ao contrário daquela que é prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como uma realidade ausente de homens” (FREIRE, 2014, p. 98). Assim, inspirados pela Educação Popular, é preciso ter sempre presente que: Nosso papel não é falar ao povo sobre a nossa visão do mundo, ou tentar impô-la a ele, mas dialogar com ele sobre a sua e a nossa. Temos de estar convencidos de que a sua visão de mundo, que se manifesta nas várias formas de sua ação, reflete sua situação no mundo, em que se constitui. A ação educativa e política não pode prescindir do conhecimento crítico dessa situação... (FREIRE, 2014, p. 120). Para que o processo formativo caminhe por princípios educativos como prática da liberdade é fundamental garantir condições para a leitura e análise do mundo vivido, e sua problematização, afinal “quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados” (FREIRE, 2014, p. 98). E isto valida o axioma “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam entre si, mediatizados pelo mundo” (Id, p. 95). Problematizar a realidade vivida pelos(as) produtores(as) apícolas identificando seus principais desafios é o ponto de partida para construção de um diagnóstico que subsidiará a estruturação dos encontros formativos e a definição da metodologia das oficinas. Partindo destas considerações, no decorrer do projeto, que será desenvolvido ao longo de 12 meses, a seguintes procedimentos metodológicos serão utilizados: a) – Serão realizadas reuniões semanais da coordenação do projeto com o(a) instrutor(a) na área de Cooperativismo e Associativismo, com o(a) discente bolsista e reuniões bimestrais de toda equipe envolvida no projeto para debate, estruturação, acompanhamento e avaliação das ações propostas; b) - Serão realizadas reuniões mensais de grupos de estudos (em Teófilo Otoni e em Diamantina) envolvendo a equipe do projeto e as comunidades acadêmicas, possibilitando a preparação dos integrantes do projeto para a ação formativa bem como a definição da metodologia; c) Será organizado um encontro com os produtores e parceiros para alinhamento e mobilização; d) Por fim, na execução das quatro (04) oficinas de formação/capacitação com os(as) produtores(as) apícolas será adotada uma metodologia expositiva, dialogada e participativa que dê voz aos sujeitos envolvidos na produção apícola. Os deslocamentos dos(as) membros da equipe, dos(as) discentes e produtores(as) para os encontros será realizado com veículo da universidade utilizando a verba de custeio do projeto ou com locação de veículo. Cabe destacar que parte da equipe que fica em Diamantina terá que se deslocar para os locais em que ocorrerão as atividades de oficina e demais encontros previstos. Também está em tramitação a transferência de um veículo, adquirido pela Prefeitura Municipal de Teófilo Otoni (PMTO), para a UFVJM com o intuito de atender ao projeto. A estrutura das formações será definida ao longo da execução do projeto a partir das demandas apresentadas pelos produtores, porém, pretende-se realizar três oficinas sobre Cooperativismo e Associativismo nas microrregiões do território e uma oficina de manejo apícola. Serão envolvidos até 30 produtores por formação.


Referências Bibliográficas

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Interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade

O projeto Fortalecimento da Apicultura no Semiárido Mineiro visa fomentar o aprendizado de mão-dupla proveniente da interação entre o conhecimento, experiências e saberes populares da comunidade externa e o conhecimento acadêmico, impulsionando a construção coletiva do conhecimento. A comunidade externa à universidade se beneficia das ações de Extensão ao se apropriar e se inserir ativamente em discussões qualificadas sobre temáticas de extrema relevância social, contribuindo, dessa forma, para a produção do conhecimento ao compartilhar saberes construídos em sua prática cotidiana, profissional ou vivência comunitária. A comunidade acadêmica (docentes/ técnicos/ discentes) contribui para a divulgação de conhecimentos científicos sobre cooperativismo, associativismo e manejo apícola e se beneficia pelo diálogo com a comunidade externa sobre a complexidade das questões, desafios e anseios sociais contemporâneos, estimulando o conjunto da comunidade acadêmica à reflexão sobre as potenciais formas de colaboração em sua atuação profissional e social. Espera-se, nesse sentido, que as ações extensionistas do projeto constituam uma contribuição relevante no desenvolvimento cultural, educativo, político e científico da sociedade especialmente impactando na forma de organização produtiva dos(as) apicultores(as) do semiárido mineiro.


Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade

A interdisciplinaridade é uma característica fundamental das Ciências Econômicas, em particular, e das Ciências Sociais Aplicadas, em geral. Tal característica reflete a própria complexidade da realidade social, que requer a mobilização de diferentes áreas do conhecimento para a sua apreensão, como a história, matemática, sociologia, política, estatística, geografia, etc. A interdisciplinaridade é um traço, portanto, da proposta de execução do Projeto Fortalecimento da Apicultura no Semiárido Mineiro . O Projeto, por ser calcado em discussões de temáticas de grande relevância social, como cooperativismo, associativismo e manejo apícola, requer a articulação com profissionais, acadêmicos e organizações sociais e populares atuantes em diferentes setores. As trocas de saberes através das interações dialógicas entre a universidade e a comunidade externa propostas neste projeto, nesse sentido, são atravessadas pela interdisciplinaridade e interprofissionalidade, contribuindo assim para a formação multidimensional dos discentes envolvidos. Cabe ressaltar que a equipe do projeto é composta por economistas, geógrafa, biólogo, químico, cientista social, bolsista em gestão de cooperativas, discentes de ciências econômicas e humanidades, etc., garantindo a interprofissionalidade.


Indissociabilidade Ensino – Pesquisa – Extensão

O presente projeto de extensão surge da necessidade de dar uma resposta às demandas dos produtores apícolas que já foram identificadas em pesquisa realizada no âmbito do projeto "Cadeia de valor do mel no semiárido mineiro - análise ecológica, socioeconômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais", financiado pela CAPES e FAPEMIG e pelo Projeto de Pesquisa "Possibilidade e desafios da produção cooperada de mel no Vale do Jequitinhonha", também financiado pela FAPEMIG. O projeto de extensão é proposto pelo Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro (UFVJM - Campus Diamantina) e pelo Centro de Estudos Avançados em Sistemas Ecológicos e Interações (CAFESIN – UFVJM – Campus Diamantina) em articulação. Dessa forma discentes e docentes poderão integrar os conhecimentos apreendidos nas unidades curriculares de seus respectivos cursos de graduação e pós-graduação com as descobertas científicas dos projetos de pesquisa nas ações de extensão do projeto. Cabe destacar que o este projeto de extensão é desdobramento de outro outro projeto de extensão da UFVJM já existente Cooperativismo e autogestão na apicultura dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.


Impacto na Formação do Estudante: Caracterização da participação dos graduandos na ação para sua formação acadêmica

É propósito deste projeto de extensão estimular a participação ativa de estudantes da graduação e da pós-graduação, contribuindo na sua trajetória de formação acadêmica e profissional. A proposta tem potencial de inserção regional da UFVJM, na medida em que possibilitará a compreensão dos problemas e desafios vividos pelas comunidades nos territórios que compreendem a região dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, permitindo aos discentes intervir diretamente nesta realidade. Destarte, as formas de inserção dos estudantes se darão a partir da divulgação das atividades do projeto, no Portal da UFVJM e nas mídias sociais da instituição, com adesão voluntária. Adicionalmente, no caso de aprovação do projeto, haverá processo de seleção de estudante-bolsista com atenção aos critérios de disponibilidade de dedicação, inserção regional (preferencialmente) e atuação ou participação em eventos e atividades que envolvem a realidade regional. Pretende-se, deste modo, que o estudante-bolsista atue de forma proativa e protagônica na execução das atividades indicadas, contribuindo com: a) Diálogo, mobilização e articulação com os parceiros a fim de consolidar a rede de atores, com o apoio à equipe, fazendo contato via e-mail, telefone, etc. para fazer ou enviar a proposta, consensuar datas nas agendas disponíveis, além de organizar a logística para as ações de formação, realizar o relato por escrito das atividades e elaborar a lista de frequência para assinatura dos participantes; b) Planejamento e organização das reuniões e demais atividades envolvidas na execução do projeto; c) Produção das sistematizações, relatórios, textos e produções científicas que tratam dos resultados dos acompanhamentos feitos aos grupos de mulheres; d) Produção de cartazes digitais, flyers digitais e criação de conteúdo nas redes sociais para divulgação de eventos, divulgação do andamento do projeto e de seus resultados ao público geral. Além de colaborar com a elaboração de material audiovisual para divulgação científica do projeto; e) Apoio na preparação das atividades de formação, oficinas, eventos etc.


Impacto e Transformação Social

A troca de saberes entre a comunidade externa à UFVJM e os membros internos da UFVJM aprofunda o conhecimento coletivo sobre temas importantes das Ciências Sociais Aplicadas, como cooperativismo e associativismo, e das ciências agrárias, como manejo apícola. O projeto tem potencial para impactar positivamente a cadeia produtiva do mel na medida em que fortalecerá os(as) produtores(as) em seu processo organizativo, bem como no aprimoramento das técnicas de manejo. As oficinas propostas podem, portanto, influenciar na melhoria da produtividade, eficiência das gestão das organizações e aumentos dos rendimentos auferidos pelos(as) produtores(as). A possibilidade de união e criação de marcas regionais de produtos apícolas com obtenção de selos com capacidade de agregação de valor, também está no horizonte do projeto.


Divulgação

A divulgação das ações se dará pelas redes sociais do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro, canais institucionais oficiais da UFVJM e listas e redes sociais das entidades parceiras.


Informações Complementares

x


Público-alvo

Descrição

Apicultores(as) e meliponiculores(as) da região do semiárido mineiro.

Descrição

Discentes dos cursos das áreas de ciências sociais aplicadas, ciências humanas e ciências agrárias.

Municípios Atendidos

Município

Teófilo Otoni - MG

Município

Turmalina - MG

Município

Poté - MG

Município

Serra dos Aimorés - MG

Município

Catuji - MG

Município

Padre Paraíso - MG

Município

Novo Oriente de Minas - MG

Município

Diamantina - MG

Município

Novo Cruzeiro - MG

Município

Jequitinhonha - MG

Município

Jampruca - MG

Município

Águas Formosas - MG

Município

Ladainha - MG

Parcerias

Participação da Instituição Parceira

Construção, planejamento e participação nas ações dos projeto.

Participação da Instituição Parceira

Construção, planejamento e participação nas ações dos projeto.

Participação da Instituição Parceira

Construção, planejamento e participação nas ações dos projeto.

Participação da Instituição Parceira

Construção, planejamento e participação nas ações dos projeto.

Cronograma de Atividades

Carga Horária Total: 200 h

Carga Horária 48 h
Periodicidade Mensalmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Realização de reuniões periódicas envolvendo toda equipe do projeto, principalmente coordenação e bolsista, para planejamento, acompanhamento e organização das ações propostas.

Carga Horária 24 h
Periodicidade Mensalmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Realização mensal ou bimestral, de grupos de estudos (nos temas do projeto) para a formação da equipe envolvida, aberto para a comunidade em geral e principalmente comunidade universitária da UFVJM. O grupo de estudos será momento oportuno também para o debate e fundamentação teórica das ações do projeto, em especial, para que a equipe se aproprie do estado da arte nos temas cooperativismo, autogestão e Economia Solidária.

Carga Horária 30 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Reuniões para estudo, definição da metodologia e sistematização/ preparação das ações formativas e de capacitação.

Carga Horária 8 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Realização de 01 encontro com os produtores e parceiros para alinhamento e mobilização.

Carga Horária 40 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Elaboração de cartilha sobre cooperativismo e associativismo na cadeia produtiva do mel no semiárido mineiro.

Carga Horária 24 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Realização de 03 oficinas descentralizadas por cada microrregião do território sobre cooperativismo e associativismo.

Carga Horária 8 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Realização de 01 oficina de manejo da apicultura

Carga Horária 8 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Promover 01 encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos resultados finais das ações de formação e capacitação

Carga Horária 10 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
Descrição da Atividade

Elaborar relatório das ações de formação e capacitação