O projeto “Da forma à função” leva conhecimento sobre anatomia, fisiologia dos sistemas do corpo humano e saúde aos estudantes de Teófilo Otoni-MG, usando peças anatômicas do Laboratório de Anatomia seco da FAMMUC e aulas práticas. Acadêmicos de medicina abordam patologias locais, prevenção e SUS, com base em dados epidemiológicos. Inclui suporte básico de vida e avaliação por feedback. Objetiva reduzir desigualdades educacionais, fortalecer vínculos comunidade-universidade e promover cidadania.

Anatomia humana; Educação em saúde; Extensão universitária; Promoção da saúde

A Lei 5.540 de 1968, que instituiu a Reforma Universitária, tornou a extensão obrigatória em todas as instituições de ensino superior. Essa extensão deve estar vinculada à geração de conhecimento e à formação de indivíduos, assumindo uma perspectiva transformadora e um compromisso social. Assim, o estudante se torna protagonista de sua formação, ampliando as competências necessárias para sua atuação profissional e seu exercício cidadão. Os princípios da política de extensão universitária enfatizam a importância da atuação conjunta ao sistema de ensino público como uma prioridade para fortalecer a educação básica. A extensão democratiza o conhecimento, permitindo à universidade se reconhecer como parte da sociedade, sensível às suas demandas e capaz de contribuir diretamente para a solução de problemas sociais por meio de diálogos e prestação de serviços comunitários. Nesse contexto, o Projeto de Extensão "Da forma à função: descobrindo a anatomia do corpo humano" busca levar aos estudantes do ensino médio da rede pública possibilidades de conhecer e explorar a anatomia e a fisiologia do corpo humano, ao passo que estabelece correlações com importantes temas em saúde pública para essa população. O projeto consiste em facilitar a aquisição do conhecimento sobre anatomia e fisiologia humana com o suporte das peças anatômicas do acervo do Laboratório de Anatomia Seco da Faculdade de Medicina do Mucuri (FAMMUC) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), o que torna o ensino mais interessante para os jovens e propicia um contato mais direto e realista com o conteúdo abordado. As escolas participantes serão as situadas no bairro do São Jacinto e as que atendem à comunidade de Vila Ramos, pois os estudantes extensionistas já realizam atividades práticas, integrantes da grade curricular da FAMMUC, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) desses territórios. Os facilitadores/educadores são acadêmicos do curso de medicina da FAMMUC, que promoverão a consolidação dos conhecimentos associados à anatomia e fisiologia, fazendo correlações com as patologias mais incidentes entre os munícipes, em especial, as que afetam mais diretamente o público alvo deste projeto. Esses dados serão obtidos através de pesquisas e estudos epidemiológicos disponíveis em portais oficiais do governo e/ou de entidades de pesquisa em saúde coletiva, além do contato direto com a Secretaria Municipal de Saúde. Assim, o projeto abordará causas, prevenção e tratamento dessas patologias, bem como o conceito ampliado de saúde, incluindo seus determinantes sociais e estratégias para promoção e intervenções salutares, numa abordagem que considere as experiências do educando, tal como proposto pelo modelo pedagógico freireano (Freire, 1974). Conforme posto, o presente projeto de extensão só é exequível em sua integração com o ensino e a pesquisa, o que o leva ao encontro do princípio constitucional de indissociabilidade entres esses três pilares que compõem uma instituição universitária (Brasil, 1988). É na inter-relação entre ensino, pesquisa e extensão que a universidade se abre para a sociedade, (co)opera para o seu desenvolvimento e contribui para emancipação teórico-prática dos estudantes em seu percurso de formação profissional e pessoal. Trata-se de um projeto que fortalece o papel da universidade como um agente (trans)formador, capaz de atuar em prol da cidadania e mudança da realidade de jovens, seus familiares, seus territórios e entornos através da educação em saúde.

A educação, em sua complexidade, vai além da simples exposição teórica de conteúdos. Para ser efetiva, ela deve engajar os alunos como agentes de transformação social, capazes de identificar as barreiras para o acesso a bens, serviços e direitos essenciais e implementar mudanças qualitativas no viver de sua comunidade. Nesse sentido, o êxito no processo educacional não se restringe à absorção de conhecimentos, transmitidos de forma hierarquizada, rígida e distante do contexto social dos educandos, mas considera a promoção da cidadania ativa, em que os indivíduos se (re)conhecem naquilo que veem, percebem-se como parte daquela realidade e, assim, conseguem pensar criticamente sobre a sua posição no mundo (Freire, 1974). Diante do cenário educacional de Teófilo Otoni/MG, observa-se um déficit, por parte das escolas públicas, no alcance da performance, parametrizada conforme legislação e normativas específicas, do conteúdo programático, destacadamente do ensino médio. Esse quadro se reflete nos indicadores de desempenho, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023, que atingiu apenas 4,1 pontos, muito abaixo da meta de 6. Esse índice é obtido a partir da combinação entre o desempenho dos alunos e a taxa de aprovação, e varia de 0 a 10. A mensuração da aprendizagem através das avaliações convencionais, que priorizam modelos conteudistas em detrimento de metodologias que valorizam competências educacionais diversas, tem sido alvo de críticas de estudiosos, todavia ainda é a forma majoritariamente utilizada por instituições de ensino e entidades responsáveis pela pasta da educação no país para aferir qualidade de ensino e enquadramento de níveis (Freitas, 2024) . Desse modo, urge a necessidade de implementação, na rede pública de ensino básico, de recursos didáticos atuais que dialoguem com os interesses dos estudantes, considerando-os em seu tempo e espaço. O projeto "Da forma à função: descobrindo a anatomia do corpo humano" surge como uma proposta de viabilizar esse cenário educacional mais atrativo. Ao ministrar aulas interativas sobre anatomia e fisiologia, associando-as às doenças mais incidentes na região, o projeto busca, para além de abarcar o conteúdo teórico previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), oferecer uma abordagem prática e contextualizada. As aulas práticas, com o uso de peças anatômicas, facilitarão a compreensão do corpo humano e aguçarão a curiosidade científica, ao mesmo tempo em que trarão os alunos para mais perto da universidade, em particular dos cursos da área da saúde, mostrando que esse não só é um caminho possível, como libertador. Inspirado nos princípios de Paulo Freire, o projeto visa uma educação que vai além da simples transmissão de conhecimento, do “depósito” de teorias, convertendo a ideia de ensino sobre o corpo humano para a de estudo do próprio corpo, facilitando aos alunos uma dinâmica que lhes permita apoderar-se de si mesmos enquanto seres biopsicossociais, bem como compreender a relação entre determinadas situações/estruturas potencialmente patogênicas, presentes em seu cotidiano, com o planejamento e execução de políticas públicas e a educação em saúde. Essa dinâmica pode ainda ter maior repercussão diante da possibilidade de esses estudantes se tornarem multiplicadores de conhecimento entre seus familiares e membros da comunidade. Esse projeto tem também como horizonte a contribuição para mitigar as desigualdades de ensino no município. Embora a importância das aulas práticas seja amplamente reconhecida, em grande parte das instituições públicas de ensino básico, essas não são ministradas. Segundo os professores, isso se deve à falta de tempo para preparar materiais, limitações de conhecimento para organizar experiências e escassez de equipamentos e instalações adequadas (Krasilchik, 2004). Na cidade, conforme dados do censo escolar do INEP de 2023, apenas 9% das escolas públicas possuem laboratório de ciências, o que contribui para um ensino mais teórico e com poucos recursos materiais. Nesse sentido, Piaget (apud Santos, 2019) já retratava a dificuldade da transmissão oral do conhecimento como único método no processo do ensino aprendizagem. O autor afirma que o conhecimento que fica é aquele fruto do contato, do envolvimento numa atividade real, fruto da iniciativa pessoal e do esforço para assimilação. Logo, o Projeto de Extensão "Da forma à função: descobrindo a anatomia do corpo humano" representa uma oportunidade significativa para preencher essas lacunas no ensino de biologia nas escolas públicas. Ao integrar o ensino superior com o ensino básico, o projeto não só aproxima os estudantes do ensino básico do ambiente acadêmico, mas também oferece aos universitários a oportunidade de aplicar e adaptar seus conhecimentos, aprimorando suas habilidades de comunicação, manejo linguístico, didática e tratativa com o público alvo. Esse intercâmbio contribui para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas e para a criação de conteúdos científicos voltados à educação em saúde para a população, e só é possível alicerçado na integração entre ensino, pesquisa e extensão. Ainda é importante ressaltar que, ao expor os alunos à realidade do ensino superior, o projeto diminui o distanciamento sociocultural que muitas vezes existe entre os estudantes de escolas públicas e a universidade, levando esses estudantes à compreensão do ambiente acadêmico e permitindo que eles se posicionem e se visualizem como pertencentes a essas instituições. Segundo pesquisa de Clen (2022), muitos alunos oriundos do ensino básico público enfrentam dificuldades de adaptação ao ambiente acadêmico devido ao estranhamento quanto ao formato de aula, por, entre outros fatores, não estarem familiarizados com uma dinâmica mais participativa e interativa. A discrepância entre os ensinos público e privado para o ingresso na academia reflete a reprodução da cultura institucional elitista, a qual intensifica os questionamentos de pertencimento e legitimação no ensino superior àqueles a quem as oportunidades foram historicamente negadas (Freitas, 2024). Assim, ao proporcionar uma experiência prática e introdutória no estudo da anatomia, ofertada por discentes de uma universidade pública federal, cuja criação representa um grande passo para o desenvolvimento regional e para o processo de interiorização do ensino superior no estado, o projeto assume um importante papel no que tange ao aumento da confiança dos alunos da rede pública de ensino básico em sua capacidade de ingressar e se adaptar ao ensino superior, especialmente em cursos tradicionalmente excludentes, como é o caso de Medicina. Por fim, cabe reforçar a importância da parceria entre a FAMMUC e órgãos estaduais e municipais, especialmente as secretarias de educação e saúde. É esse trabalho em cooperação que viabiliza o desenvolvimento integral do projeto, promove aprendizado coletivo, transformação social e uma formação pessoal, acadêmica e profissional mais crítica, humanizada e comprometida com o bem-estar da sociedade.

Objetivo Geral Promover a interação entre a comunidade universitária e os alunos do ensino médio das escolas públicas de Teófilo Otoni, utilizando conteúdos de anatomia e fisiologia contextualizados às doenças mais incidentes na região, para fomentar a educação em saúde e contribuir para o desenvolvimento social e educacional da comunidade. Objetivos Específicos Promover a interação entre os discentes do ensino médio e os graduandos de medicina da FAMMUC, favorecendo a troca de saberes e a superação de dificuldades educacionais Aproximar a universidade dos bairros de São Jacinto e Vila Ramos, fortalecendo o vínculo com as escolas e as Unidades Básicas de Saúde Revisar e consolidar os conteúdos de Anatomia, Fisiologia e Saúde Pública para os discentes de medicina, garantindo preparação adequada por atividades. Pesquisar dados epidemiológicos da cidade para identificar as doenças mais incidentes e compreender os determinantes dessas condições de saúde Orientar os alunos sobre a prevenção e o tratamento das doenças mais incidentes na região de Teófilo Otoni, contextualizando-as aos sistemas orgânicos estudados e incentivando-os a compartilhar o que aprenderam com suas famílias e amigos Colaborar para o aprendizado significativo dos conteúdos por meio de aulas com assuntos extracurriculares como Suporte Básico de Vida e a rede básica municipal de saúde do SUS oferecendo uma nova percepção de conhecimento aos alunos do ensino médio

O projeto de extensão "Da forma à função: descobrindo a anatomia do corpo humano" visa impactar diretamente os alunos do ensino médio das escolas públicas de Teófilo Otoni - MG, contribuindo tanto para seu aprendizado acadêmico quanto para a promoção da saúde na comunidade. O impacto direto se manifesta na conexão entre teoria e prática. A meta é proporcionar aos alunos um aprendizado que correlacione a morfoanatomia humana a prevenção das patologias mais incidentes na cidade. Para isso, será realizada a oferta de 8 encontros que envolvam aulas teóricas e práticas promovendo um aprendizado significativo , beneficiando em média 150 estudantes diretamente. O indicador para essa meta será a avaliação do aprendizado por meio de pré e pós-testes utilizando escala Likert, buscando que, ao final dos 8 encontros, o público alvo apresente uma melhora comparativa dos resultados dessas avaliações. É fundamental incentivar a responsabilidade social, estimulando os estudantes de medicina a aplicar o conhecimento adquirido em benefício da comunidade. O envolvimento dos integrantes do projeto da FAMMUC no planejamento e execução das atividades será o indicador dessa meta. Já o desenvolvimento de habilidades emocionais e de comunicação será avaliado por meio de um questionário de autoavaliação, no qual os extensionistas refletirão sobre suas habilidades de comunicação e trabalho em equipe. No que diz respeito ao impacto indireto, o projeto busca estimular o interesse pelo ensino superior. A meta é incentivar os alunos do ensino médio a considerar o ingresso no ensino superior, e o indicador será a inclusão de um campo no questionário final sobre o interesse em dar continuidade aos estudos, com a expectativa de os participantes relatem um aumento de interesse em ingressar em cursos superiores. Além disso, visa promover um efeito multiplicador nas famílias dos alunos, conscientizando sobre saúde e cuidados com o corpo humano. O indicador será a inclusão desse aspecto no questionário que será respondido no final da execução do projeto, com a expectativa de que eles relatem repassar o que aprenderam. Outra meta é valorizar o ensino público e a integração universidade-comunidade, fortalecendo a conexão entre a universidade e as escolas locais, aumentando a confiança no ensino público e nos serviços de saúde. O feedback positivo dos professores e gestores escolares, obtido através de um questionário de satisfação, será o indicador dessa meta. Também serão produzidos materiais e coletados dados para pesquisas futuras, incluindo registros das atividades previstas e imprevistas e dados quantitativos sobre o impacto do projeto. A equipe participará de eventos científicos da UFVJM e publicará resumos, além de submeter um artigo científico ao final do projeto. Relatórios parciais e final serão enviados ao PROEXC, junto com um vídeo documentário com depoimentos dos envolvidos. Por fim, a meta de reforçar o vínculo da universidade com a comunidade local busca promover a integração entre os estudantes de medicina e a comunidade dos bairros São Jacinto e Vila Ramos, onde já há atividades nas UBS. Com essas metas claras e mensuráveis, o projeto está estruturado para atingir seus objetivos e maximizar o impacto na formação dos alunos, na saúde da comunidade e na integração entre a universidade e a sociedade.

O projeto "Da forma à função: descobrindo a anatomia do corpo humano" será estruturado em diferentes etapas para assegurar a eficácia do processo de ensino-aprendizagem. Inicialmente, será realizada a sensibilização da comunidade, concentrada no primeiro encontro, mas que já vem sendo promovida indiretamente por meio da participação dos discentes extensionistas em outras atividades da FAMMUC no território, como as ações realizadas nas UBS’s. Essa etapa é essencial para que um projeto de extensão cumpra o seu propósito basilar: o de prestação de serviço à comunidade. Para tanto, é preciso conhecer seus membros, suas necessidades, a realidade em que vivem e, sobretudo, estabelecer com eles uma relação dialógica que possa suscitar o interesse genuíno em participar e construir coletivamente a mudança. O segundo passo volta-se para a pesquisa e levantamento de dados, visando identificar as principais doenças incidentes no município de Teófilo Otoni. Bases de dados oficiais dos governos federal, estadual e municipal, como o DATASUS, possibilitarão constituir esse corpus de análise, além de indicadores sobre a região constantes em estudos produzidos por entidades de saúde coletiva. A partir da identificação dessas patologias, proceder-se-á um mapeamento com base em especificadores relacionados aos territórios circunscritos para este trabalho, possibilitando, assim, explorar temas em saúde pública que efetivamente estejam dentro do escopo do projeto e que serão discutidos em sua relação com a anatomia morfofuncional do corpo humano. Após essa fase, passaremos à preparação dos conteúdos e materiais didáticos. As aulas serão planejadas a partir de livros didáticos do ensino médio, como "Biologia Moderna" de Amabis e Martho (2017) e "Bio" de Sônia Lopes e Sérgio Rosso (2014), além de referências específicas para Anatomia, como os livros de Tortora (2019) e Dângelo Fattini (2010) e Fisiologia, como Ganong (2014), Berne e Levy (2009) e Silverthorn (2017). Será feita uma adaptação dessas obras para o público alvo, garantindo que o conteúdo seja compreensível e estimulante. Também serão elaborados e distribuídos materiais de suporte que servirão como ferramenta de consulta e estudo para os alunos. Tais materiais serão preparados em diferentes formatos, incluindo folders, em linguagem acessível, acerca das doenças discutidas em aula, suas formas de prevenção e tratamento, além de informações sobre a amplitude do trabalho em promoção da saúde. A distribuição de materiais didáticos para os alunos acaba por ter um duplo efeito: melhor assimilação do conteúdo e possibilidade de que ele possa ser acessado por familiares e demais pessoas próximas, o que representa a ampliação do projeto ao passo que colabora para a disseminação de assuntos de saúde pública. Na fase de implementação e capacitação, os estudantes de medicina serão capacitados pelos professores de Anatomia da UFVJM. A capacitação incluirá quatro reuniões de capacitação com os professores sobre didática e comunicação, focando em técnicas para simplificar conceitos científicos e promover a interação com adolescentes, garantindo que a linguagem científica seja adequada ao público do ensino médio. Já a intervenção será composta por aulas teóricas e práticas na Escola Estasual São Sebastião e Escola Estadual Ione Lewick Cunha Melo. Inicialmente, os facilitadores ministrarão uma aula teórica sobre um sistema do corpo humano, apresentando suas estruturas e funções fisiológicas. Em seguida, os alunos terão contato direto com peças anatômicas do acervo do Laboratório de Anatomia da UFVJM. Esse contato busca estimular o interesse pela área da saúde e mitigar as lacunas entre teoria e prática, que frequentemente existem no ensino médio. Posteriormente, associarão esse sistema a uma doença incidente no município, discutindo aspectos de prevenção e tratamento, trazendo o contexto da realidade local para o ambiente escolar. Os facilitadores, além de apresentarem os conteúdos, atuarão como tutores e monitores, auxiliando os alunos e esclarecendo suas dúvidas. Umas das aulas abordará exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS), apresentando de forma sucinta seus princípios, sua estrutura, níveis de atenção e assistência à saúde, serviços, formas de acesso, práticas e desafios do sistema de regulação e endereços das unidades de saúde situadas em seus territórios e entornos. Outro ponto a ser tratado nessa aula será a relação entre pesquisa, saúde pública e universidade, demonstrando como esse entrelace historicamente possibilitou a erradicação de doenças aqui no país e ressaltando o rigor do método científico como fundamento que confere confiabilidade e eficácias às tecnologias e dispositivos médicos, como a vacina. A etapa de registros e feedback de acompanhamento incluirá a coleta sistemática de dados por meio de questionários elaborados pelas extensionistas, sendo um deles de verificação de conhecimento (aplicado em formato pré e pós-teste, com base nos conteúdos abordados) e outro de satisfação (utilizando escala Likert para avaliar a percepção dos participantes). Além disso, serão realizadas reuniões entre discentes e docentes para análise dos resultados e ajustes metodológicos, conforme as informações coletadas durante e após a execução do projeto em cada escola.. Os indicadores de avaliação incluirão a comparação das respostas dos questionários para mensurar o processo de aquisição de conhecimento, a importância prática do conteúdo abordado, a correlação com a realidade vivenciada, a avaliação da satisfação geral dos participantes e a observação qualitativa sobre o engajamento durante as atividades práticas. A autoavaliação dos facilitadores ocorrerá antes e depois da execução do projeto, de forma que esses discentes possam considerar suas próprias percepções sobre suas habilidades em comunicação e sua capacidade de se conectar com diferentes públicos.

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O projeto estabelece uma relação horizontal e dialógica entre a universidade e a comunidade escolar de Teófilo Otoni, promovendo a troca de saberes com estudantes do ensino médio da rede pública. Ao levar conteúdos de anatomia, fisiologia e saúde pública, a ação estimula a escuta ativa, o reconhecimento das demandas locais e o envolvimento dos alunos na transformação da própria realidade. O projeto valoriza o contexto social dos educandos e reconhece suas experiências como ponto de partida para a construção coletiva do conhecimento.

A proposta articula diferentes áreas do conhecimento e saberes práticos, reunindo conteúdos de Anatomia, Fisiologia, Saúde Coletiva, Educação em Saúde, Suporte Básico de Vida, Didática e Comunicação. Além da atuação dos acadêmicos de Medicina, o projeto conta com professores especialistas em Anatomia e Saúde Coletiva, além de técnicos de laboratório. A interação entre áreas e profissionais possibilita uma abordagem integralizada dos temas abordados e fortalece o desenvolvimento de competências interdisciplinares nos extensionistas, favorecendo sua formação crítica e humanizada.

O projeto está fundamentado na integração entre ensino, pesquisa e extensão. Os estudantes de Medicina revisam e consolidam conhecimentos teóricos aprendidos em sala de aula, aplicando-os na prática extensionista. A ação parte de pesquisas epidemiológicas sobre as doenças mais prevalentes na comunidade e, ao longo de sua execução, gera dados e experiências que serão sistematizados em produções científicas, como artigos, pôsteres, vídeos e relatórios. Essa circularidade promove um ciclo contínuo de aprendizagem e produção de conhecimento aplicado à realidade social.

Os estudantes de Medicina são protagonistas da ação extensionista, participando desde a elaboração até a execução do projeto. Atuam como facilitadores do conhecimento, desenvolvendo habilidades pedagógicas, comunicacionais, empáticas e de escuta ativa. A experiência permite aprimorar a capacidade de traduzir linguagem científica para diferentes públicos, além de aprofundar o entendimento do papel social do médico e da importância da promoção da saúde. A vivência com os estudantes do ensino médio também favorece o senso de pertencimento à universidade pública e reforça a formação cidadã, crítica e humanizada.

A ação contribui diretamente para o fortalecimento da educação básica na cidade de Teófilo Otoni, impactando estudantes, famílias, escolas e a comunidade em geral. Ao oferecer um ensino contextualizado e interativo, promove a democratização do conhecimento, amplia o interesse pelo ensino superior e contribui para a redução das desigualdades educacionais. A conscientização sobre saúde, prevenção de doenças e funcionamento do SUS também fortalece práticas de cuidado e cidadania. A iniciativa fortalece o papel da universidade como parceira da comunidade no desenvolvimento regional, reafirmando seu compromisso com a promoção do conhecimento e a melhoria das condições de vida da população.

Serão elaborados materiais gráficos como folders, cartazes e banners digitais para divulgação nas escolas participantes, nas Unidades Básicas de Saúde dos bairros envolvidos inicialmente (São Jacinto e Vila Ramos) e em espaços públicos. A articulação com a Superintendência Regional de Ensino também contribuirá para ampliar o alcance da iniciativa junto à rede pública de ensino. Durante a execução, serão produzidos registros fotográficos das atividades, que servirão de base para divulgação institucional e apresentação em eventos acadêmicos. Ao final do projeto, os resultados e impactos serão compartilhados em congressos científicos, simpósios e encontros de extensão da UFVJM, com a publicação de artigos, resumos expandidos e materiais didáticos. Essa estratégia visa garantir visibilidade, engajamento da comunidade e valorização da extensão universitária como instrumento de transformação educacional e aproximação com a sociedade.