Visitante
Conhecendo a história afromucuriense
Sobre a Ação
202203001229
032022 - Ações
Projeto
RECOMENDADA
:
EM ANDAMENTO - Normal
25/03/2025
31/12/2025
Dados do Coordenador
marcio achtschin santos
Caracterização da Ação
Ciências Humanas
Cultura
Educação
Desenvolvimento regional
Municipal
Não
Não
Não
Fora do campus
Integral
Não
Membros
A proposta do projeto é trabalhar junto às escolas do ensino básico a história da população africana e seus descendentes no Vale do Mucuri, através de palestras, resgatando e valorizando a cultura negra do Vale do Mucuri. Ao mesmo tempo, trabalhar para que o museu da Associação Cultural dos Ferroviários Bahia e Minas (ACFBM) seja concluído, em parceria com o Museu Virtual Vale do Mucuri (MUVIM).
Afrodescendentes, Vale do Mucuri, Museu.
O Vale do Mucuri, nordeste do estado de Minas Gerais, recebeu a partir de meados do século XIX um intenso fluxo de imigrantes vindos de diversas regiões do Brasil e do mundo. No entanto, as memórias locais foram construídas a partir de um olhar branco, apagando a presença de grupos excluídos sociais, negligenciando, especialmente, os africanos e seus descendentes. Diversos nomes de ruas e espaços públicos têm o nome de proprietários de escravizados, caso da cidade polo, Teófilo Otoni, que foi um proprietário de trabalhadores escravizados. Neste contexto, a proposta é dar continuidade ao projeto de mesmo nome iniciado em 2024, qual seja, dar visibilidade à presença da população negra no Mucuri. Criando o neologismo afromucuriense, o ponto central é resgatar a através de dois meios a memória da população negra: o físico e o virtual. O físico surgiu a partir da parceria entre a Associação Cultural Ferroviário Bahia- Minas (ACFBM), localizada na Rua Júlio Costa, 61. A sede dessa associação está em uma região que conseguiu, com a colaboração do Projeto Conhecendo a história afromucuriense, o reconhecimento pela Fundação Palmares como comunidade remanescente quilombola. Já iniciado esse ano, a ACFBM organizou um acervo museal (sempre em parceria com o Projeto Conhecendo a história afromucuriense) para receber visitas da comunidade externa, especialmente alunos do ensino básico para exposições de objetos de referência da cultura de afrodescendentes locais, além de estabelecer debates em torno da memória da população negra do Vale do Mucuri. O meio virtual é uma atividade com Museu Virtual Vale do Mucuri (MUVIM). O MUVIM, site https://museuvirtualvaledomucuri.com.br/, que também já é parceiro deste projeto. Em 2024 abriu, com a colaboração do Projeto Conhecendo a história afromucuriense, uma sala virtual tendo como tema os trabalhadores e trabalhadoras negra da ferrovia Bahia e Minas. O objetivo é continuar essa parceria com o MUVIM, alimentando ainda mais o site com informações e imagens digitais sobre a presença negra em Teófilo Otoni e região. Portanto a proposta do Projeto Conhecendo a história afromucuriense é dar continuidade às atividades já iniciadas em 2024, tendo como objetivo principal o resgate e a valorização da cultura negra do Vale do Mucuri.
Em um mundo globalizado, onde as informações e a cultura são elementos descartáveis e mercantilizados, reconstruir a história de um povo, uma região, uma localidade, é essencial para formação do cidadão, onde este se reconheça como agente ativo e transformador social, elevando a sua autoestima e sua capacidade de reflexão do contexto em que vive (TOURAINE, 1998). Assim, em um momento onde se tem valorizado de forma crescente, em todo o mundo, os patrimônios históricos, os bens móveis e imóveis, materiais e imateriais, inclusive como elemento gerador de emprego e alternativa econômica, as produções regionais são fundamentais para consolidação deste processo (HALL, 2006). Através dessa perspectiva o território torna-se referência privilegiada para analisar as tensões e arranjos múltiplos dos grupos: “Qualquer projeto no espaço que é expresso por uma representação revela a imagem desejada de um território, de um local de relações” (RAFFISTIN, 1993, p.45). Segundo Rogério Haesbaert (2004) o território é múltiplo, carrega dimensões políticas, econômicas e culturais. Os territórios se caracterizam desde as mais tradicionais, como o Estado até territórios multiidentitários com identidades territoriais particulares. A partir da relação território e identidade pode-se construir a categoria Território Negro. De acordo com Maria de Lourdes Bandeira (1991), a classificação de território negro se dá como sujeitos coletivos, se realizando através da comunhão de valores dos parentescos e, principalmente, de rede de solidariedade construída para o enfrentamento dos valores impostos pelos brancos. Ao mesmo tempo, se torna “um instrumento de autoidentificação da comunidade” (Bandeira 1991, p.21). Portanto, território não apenas como espaço mas também como relação. É um espaço com identidades comuns, mas também uma referência no sentido de pertencimento a grupo e uma posição de enfrentamento. No caso específico da história do Vale do Mucuri, por mais de um século e meio foram produzidas pesquisas e relatos ignorando a escravidão ou a presença de grupos africanos ou afrodescendentes na formação da região. Privilegiando atores como a figura de Teófilo Ottoni ou de grupos como os imigrantes alemães, há uma lacuna a ser preenchida sobre a participação da população negra na formação do Mucuri (SANTOS, 2018). Assim, cumpre um importante papel de dar o retorno à comunidade de um projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido na Margem da Linha pelo NUPPEC, "Comunidade Quilombola Margem da Linha: o resgate da cultura afromucuriense", registrado na PRPPG. O projeto é uma continuidade do projeto de extensão "Conhecendo a história afromucuriense", iniciado em 2024, trazendo um resgate da memória de uma população tradicionalmente apagada da história oficial. No ano de 2024 já houve algumas ações que avançaram muito nos trabalhos propostos pelo projeto, à época aprovado por edital Pibex, como a criação de uma sala virtual no MUVIM especialmente destinada aos trabalhadores da Ferrovia Bahia e Minas, e diversos eventos, como a participação na 18ª Primavera dos museus, com a mesa "Diálogos de fé: religiões de matriz africana" e o Encontro de quilombolas regionais no mês da Consciência Negra. Ao mesmo tempo, ainda em parceria com a ACFBM, está sendo criado um espaço museal para visitação da comunidade.
Geral Apresentar para a Comunidade por meio físico e digital os resultados das pesquisas do projeto "Comunidade Quilombola Margem da Linha: o resgate da cultura afromucuriense", objetivando trazer reflexões e ações que relacionem memória e cidadania à cultura afrodescendente na região do Vale do Mucuri. Específicos - Tornar mais acessível à comunidade as informações do Vale do Mucuri, tendo como referência as atividades de pesquisas realizadas sobre a história do Vale do Mucuri desenvolvidas na UFVJM - Campus Mucuri; - Valorizar a história local, despertando na comunidade o sentimento de pertencimento; - Despertar na comunidade a preservação da memória como importante instrumento de cidadania. - Sensibilizar a comunidade para a importância da preservação do acervo ainda existente sobre a história local. - Estimular os acadêmicos a aproximar do contexto vivido, colocando o Corpo Discente em contato com a realidade brasileira, oportunizando outras alternativas de aprendizado. - Estimular e dar suporte a trabalhos envolvendo o resgate de manifestações culturais, especialmente a dos afrodescendentes; - Identificar a presença de elementos culturais afro na Comunidade Margem da Linha; -Descrever as principais manifestações culturais da comunidade; - Provocar uma leitura crítica da história, possibilitando a revisão da história tendo outros atores compondo a formação regional.
- Organizar o acervo do espaço museal a Associação Cultural Ferroviários Bahia-Minas (ACFBM); - Visitar escolas do ensino básico, universidades e associações com palestras acerca da memória da Comunidade Margem da Linha; - Organizar e apoiar eventos tendo como temática a questão racial; - Parceria com escolas do entorno do Quilombola Margem da Linha eventos permanentes acerca da memória dessa comunidade.
As palestras realizadas nas diversas comunidades serão realizadas pelo coordenador do Projeto junto com o/a discente voluntário (a) serão feitas em visitas às escolas e outros espaços públicos . O papel do coordenador do projeto e os discentes voluntários será de acompanhar as palestras , além de organizar e apoiar eventos relacionados com a cultura negra, bem como participar na estruturação do museu da (ACFBM). Em relação à ética, por ser um projeto de proposta inclusiva, é pautado no diálogo, na troca, trans e interdisciplinaridade, garantindo as práticas horizontais recíprocas que favoreçam as trocas de saberes e experiências entre universidade e sociedade. Valoriza a diversidade e a diferença, reconhecendo que é na multiplicidade que crescemos, nos desenvolvemos e nos enriquecemos.
ACHTSCHIN, Márcio. A Filadélfia não sonhada: escravidão no Mucuri do século XIX. Teófilo Otoni: n/c. 2008. _______. Formação econômica, política, social e cultural do vale do Mucuri. Teófilo Otoni: n.c, 2018. ______ Nas margens da linha: território negro e o lugar do branco na ocupação urbana na cidade de Teófilo Otoni em meados do séc. XX. Revista Espinhaço, 2016, 5 (1): 32-41. BANDEIRA, ML. Terras negras: invisibilidade expropriadora. Terras e territórios de negros no Brasil. Textos e debates: núcleo de estudos sobre identidade e relações interétnicas, 2016. [online] URL: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/1262 36/Textos%20e%20Debates%20No%202.pdf?sequence=2 &isAllowed=y CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO ELOY FERREIRA DA SILVA. Relação das comunidades negras quilombolas em Minas Gerais. Belo Horizonte, 2021. Disponível em: https://www.cedefes.org.br/relacao-das-comunidades negras-quilombolas-em-minas-gerais/. Acesso em 07 abr. 2022. ELEUTÉRIO, Arysbure Batista. Estrada de Ferro Bahia e Minas: a ferrovia do adeus. Teófilo Otoni, 1996 GIFFONI, José Marcello Salles. Trilhos arrancados: história da Estrada de Ferro Bahia e Minas (1878-1966). UFMG. p. 307. Tese de doutorado. Belo Horizonte, 2006. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11 ed. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. KARNAL, Leandro. (org). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas.6. ed. São Paulo: Contexto, 2010. MEDEIROS, Antônio José. Ideias e práticas de cidadania. União: Cermo, 2002. MOREIRA, Ramom Pereira de Jesus. MARTA, Felipe Eduardo Ferreira. FRAGA, Estefânia Knotz Canguçu. Entre memórias e conflitos: a comunidade negra rural de Helvécia e o reconhecimento como remanescente quilombola (2002 – 2018). Projeto História, São Paulo, v. 71, pp. 239-268, Mai.-Ago., 2021. RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993. SANTOS, Valdir Nunes dos. A dança bate-barriga em Helvécia (Bahia/Brasil) : uma performance afrobrasileira de coesão social. Universidade de Lisboa. Tese de doutorado. Lisboa, 2017. _____ . Entre a festa e os ofícios na comunidade negra de Helvécia:performances afirmam identidades. In: Santuários, 2014, Alandroal, Portugal, 2014, v. 2. TOURAINE, Alain. Igualdade de diversidade: o sujeito democrático. Bauru: EDUSC, 1998.
As atividades serão desenvolvidas em escolas do ensino básico, dialogando tanto com os professores quanto com os alunos. Ao mesmo tempo também será usado espaço virtual do MUVIM para apresentar nas redes a proposta do projeto.
A atividade está vinculada com história, sociologia, geografia, língua portuguesa e arte.
Trabalhando com as palestras em sala, será apresentado para a comunidade os resultados da pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisa em Política, Educação e Cidadania (NUPPEC), grupo de pesquisa da UFVJM/Campus Mucuri
O estudante voluntário terá conhecimento dos resultados da pesquisa, fazendo a relação ensino-pesquisa-extensão. Ao mesmo tempo, despertará com essa atividade, uma visão crítica a partir da conexão desse tripé universitário.
Os envolvidos, tanto a comunidade externa como o estudante voluntário, terá uma nova perspectiva quanto à memória excludente historicamente construída na história brasileira.
Será utilizado o site do MUVIM para divulgações
Público-alvo
São estudantes e professores que atuam em escolas públicas e privadas que recebam o projeto para palestras e projetos
Municípios Atendidos
Teófilo Otoni - MG
Parcerias
Uso do site para divulgação das atividades bem como parceria nas palestras
Trabalho com o material museal existente no interior de sua sede.
Cronograma de Atividades
Carga Horária Total: 168 h
- Manhã;
Palestras a serem realizadas em escolas de ensino básico
- Manhã;
Serão realizadas catalogação e organização de peças do ACFBM para serem expostas no museu da sede da associação