Detalhes da ação

Filosofia e Medicina em tempos de Pandemia: ciência e vida em questão

Sobre a Ação

Nº de Inscrição

202105000007

Tipo da Ação

Cursos Online

Situação

RECOMENDADA :
CONCLUÍDA - Sem Relatório Final

Data Inicio

05/08/2021

Data Fim

31/12/2021


Dados do Coordenador

Nome do Coordenador

fran de oliveira alavina

Caracterização da Ação

Área de Conhecimento

Ciências Humanas

Área Temática Principal

Educação

Área Temática Secundária

Saúde

Linha de Extensão

Espaços de ciência

Abrangência

Nacional

Gera Propriedade Intelectual

Não

Envolve Recursos Financeiros

Não

Ação ocorrerá

Dentro e Fora do campus

Período das Atividades

Noite

Atividades nos Fins de Semana

Não

Membros

Tipo de Membro Interno
Carga Horária 8 h
Resumo

O curso se propõe a pensar a relação entre Filosofia e Medicina tendo como base as questões suscitadas pelo atual contexto pandêmico. Por meio do trio conceitual Natureza-Corpo-Ciência, o pensamento filosófico - enquanto atividade reflexiva - servirá para abordagem de questões relativas à prática e à educação médicas. Nesse sentido, trata-se de explicitar e debater temas comuns a estas duas áreas, explorando a interdisciplinaridade e importância da formação humanística para a prática médica.


Palavras-chave

Filosofia. Medicina. Atualidade.


Introdução

Cada ciência-saber, além de seu próprio desenvolvimento interno – a história de fixação de seu objeto específico e, por conseguinte, sua área de atuação – também está determinado pela época e pela sociedade onde se encontra inserida. Cada ciência é filha de seu tempo, e cada sociedade cria seu modelo de saber a partir de suas próprias demandas e necessidades, mas também de suas contradições. Segundo o filósofo italiano Giambattista Vico: “a necessidade é a mãe de todas ciências”. Tal significa que não existem “saberes puros”, fechados em si mesmos e isolados de influências externas: quer de outros saberes, quer de outras realidades que não são aquelas propriamente científicas. Se isto ocorre com todos os saberes e ciências, não será diferente com a Medicina. O saber médico, em conjuntos com outras ciências da vida, hoje é diferente daquele de Hipócrates e Galeno, não apenas pelos avanços do próprio conhecimento médico, mas também porque nossa sociedade contemporânea é bem diferente daquele da antiguidade greco-romana, na qual se realizou – pelo menos para nós ocidentais – a primeira sistematização dos saberes médicos acumulados por longos anos de observação e práticas imemoriais. Assim como a Filosofia, a Medicina deita raízes no Mito, pressupõe a existência de uma mentalidade previamente estabelecida, mas se constitui enquanto saber à medida que expurga os elementos meramente mistificantes, sempre em busca de uma sistematização rigoroso. Como sabemos, o rigor metódico demarca a diferença entre a mera opinião e a ciência. De fato, a Medicina e Filosofia terão origem na sistematização dos pensadores pré-socráticos sobre a compreensão do que seja o Kosmos, a Physis [Natureza] e o Ser. Ocorre, contudo, que enquanto a Filosofia irá se alçar ao patamar de episteme, a Medicina nunca poderá se desvincular completamente do papel de techne. Quais as implicações disso para a auto referencialidade do saber médico? Muitas, e até certo ponto imprevistas. Tais implicações tornaram-se ainda mais tangíveis no contexto pandêmico, uma vez que a medicina precisa lidar com fenômenos como o negacionismo científico, a confusão entre ciência e mera opinião. Os complexos fenômenos da atualidade exigem um novo modo de tratamento que passa necessariamente pela aproximação entre as ditas ciências humanas e as ciências da vida.


Justificativa

Um curso de extensão que articula Filosofia e Medicina – além de integrar a grade curricular, concorrendo para a formação humanística dos profissionais da área da saúde – algo raro em nossos tempos, posto que os studia humanitatis [o estudo das humanidades] segundo seus detratores não passaria de mero diletantismo – é capaz de criar um movimento de pensamento reflexivo que vai além dos aspectos meramente teóricos. Não se deve olvidar que as ciências da vida cada vez que tentam enxergar em si mesmas um reflexo das ditas ciências exatas, mais deveriam ver a sua proximidade com as ditas ciências humanas. Ademais, os novos desafios impostos pelo contexto pandêmico às ciências da vida, particularmente à Medicina, dão mostras que só poderão ser compreendidos de modo satisfatório por meio da interdisciplinaridade. Desse modo, destaca-se o caráter prático desta proposta de curso on-line. Ainda que sobre a Filosofia se queira aplicar a caricatura de saber apartado da realidade, há objetos e questões filosóficas que estão "a olho nu". Não que a Filosofia os observe desatentamente, privilegiadamente isolada do mundo, mas sim porque é capaz de perguntar sobre suas existências e sentido: perguntar sobre coisas que aparentemente são óbvias. Tal é o que se passa, por exemplo, com a Ética e a Bioética. Mas quais são os objetos destas duas áreas da Filosofia? Trata-se de investigar o porquê das ações; no caso da Ética, não como agimos, porém o porquê agimos e como devemos agir. No caso da Bioética, temos como objeto as ações que incidem diretamente sobre a vida, isto é, sobre o viver no sentido biológico do termo [bíos/zoé]. O contendo pandêmico mostra as questões da bioética são cada vez mais latentes, agora fazendo parte do nosso cotidiano, e não mais aplicada apenas a casos extraordinários. Por isso, se na Ética temos as ações de sujeitos individuais, na Bioética ocorrem as ações dos sujeitos coletivos, ou seja, trata-se de pensar a ação e os valores da prática científica/médica: comunidade de sujeitos que agem de modo uniforme em uma determinada esfera da realidade que denominamos de científica. Dessa forma, o verdadeiro sujeito da ação na Bioética não é propriamente o cientista, mas a Ciência: tal como nas ações dos médicos não julgamos apenas as suas atitudes individuais, mas as ações da própria Medicina. Onde um cientista exercita seu trabalho, age a ciência; onde um médico realizou seu ofício, agiu a Medicina. Ora, isto parece algo elementar, porém nestas simples questões se escondem temas complexos que de acordo com seu tratamento e concepções fundamentais ordenam o modo de condução das ações. Vejamos alguns exemplos: O que é a Vida?; É o morrer apenas uma questão natural, biologicamente determinada? A doença é algo culturalmente determinado, além de ser um fenômeno orgânico/biológico? A vida biológica de um indivíduo pertence somente a ele? Se não, a quem mais?; Qual a relação entre bioética e biopolítica? O que pode a ciência médica em um contexto pandêmico? Tais questões, de fato, não podem ser resolvidas apenas pelo código de ética profissional. Elas demandam uma reflexão da prática médica que está além de si mesma, e que sem a mínima consciência disso tende a repetir práticas simplistas ou incoerentes. Donde, se destacar a pertinência dessa proposta.


Objetivos

1-Apresentar as especificidades do saber filosófico; 2-Explicitar o lugar do conhecimento na vida social; 3-Abordar as particularidades epistêmicas das “ciências da vida”; 4-Introzuir as principais correntes da história da Filosofia; 5-Indagar sobre os critérios normativos das ações; 6-Pensar a ética e a bioética além das vulgarizações da moral; 7-Compreender as determinações históricos sociais do conhecimento; 8-Refleitr sobre os fundamentos filosóficos da medicina; 9-Expor a origem comum entre filosofia e medicina; 10-Ressaltar a importância dos saberes humanísticos na formação e na prática médica.


Metas

-Possibilitar a interação entre discentes em formação e profissionais já formados; -Fortalecimento e aprofundamento de conteúdos; -Estabelecimento de novas abordagens de questões bioéticas; -Criar a possibilidade de construções de novos conceitos partindo da reflexão do atual contexto pandêmico.


Metodologia

Por se tratar de um curso de conteúdo filosófico, se faz necessário indicar a metodologia aqui adotada, não apenas em seu caráter didático-pedagógico, mas também da concepção de método que orienta a compreensão, escolha e explicitação dos conteúdos. Tratando-se de um curso que pensa a partir da tradição (história da filosofia, concepções éticas/bioéticas e história da ciência/medicina) adota-se um caráter metodológico hermenêutico. Ou seja, não se trata de pensar a tradição como um lugar de verdades incontestáveis, mas como um corpo de saberes que podem oferecer diferentes conteúdos em consequências das interpretações adotadas. Trate-se, então, de um trabalho duplo, porém não dividido: interpretação como ato compreensivo. Daí a seguinte hipótese adotada e que articula os conteúdos do curso: o conhecimento filosófico como forma do pensamento integral propicia um diálogo entre saberes – medicina e filosofia – tendo como elementos estruturantes o seguinte trio conceitual: natureza-ciência-corpo. Tal se dará por meio de aulas expositivas baseadas nos textos apontados na bibliografia, debates dirigidos, discussões orientandas, análise de materiais e fontes.


Referências Bibliográficas

CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. Trad. Maria Thereza Redig de Carvalho Barrocas. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2019. _____________. Estudos de História e de Filosofia das Ciências-concernentes aos vivos e à vida. Trad. Abner Chiquieri. Rio de Janeiro: Forense, 2012; _____________. Escritos sobre a Medicina. Trad. Vera Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. DURAND, Guy. Introdução Geral à Bioética-História, Conceitos e Instrumentos. Trad. Nicolás Nyimi Campanário. São Paulo: Centro Universitário São Camilo: Loyola, 2014. ÉTICA APLICADA-SAÚDE. Org. Maria do Céu Patrão Neves e Jorge Soares. Lisboa: Edições 70, 2018. FAGOT-LARGEAULT, Anne. Medicina e Filosofia. Trad. Lucia Valladares. São Paulo: Editora Fap-Unifesp, 2013. FRIAS, Ivam. Doença do Corpo, Doença da Alma: Medicina e Filosofia na Grécia Clássica. São Paulo: Loyola, 2004. FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade 2 - O uso dos prazeres. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. São Paulo: Paz e Terra, 2018; _____________. Ditos e Escritos VII [Arte, Epistemologia, Filosofia e História da Medicina]. Trad. Vera Lucia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2011. HISTÓRIA DO CORPO-2.Da Revolução à Grande Guerra. Trad. João Batista Kreuch, Jaime Clasen. Petrópolis/ Vozes, 2008. HISTÓRIA DO CORPO-3. As Mutações do Olhar. O Século XX. Trad. Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis/ Vozes, 2011. HIPÓCRATES. Sobre o Riso e a Loucura. Org. e Trad. Rogério Gimenes de Campos. São Paulo: Hedra, 2011. JONAS, Hans. Técnica, Medicina e Ética: sobre a prática do princípio de responsabilidade. Trad. Grupo de Trabalho Hans Jonas da Anpof. São Paulo: Paulus, 2013. LAPLANTINE, François. Antropologia da Doença. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010. MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Ética. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.


Interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade

A partir do público alvo ao qual se destina o curso, cumpre-se a tarefa da manutenção do diálogo entre comunidade acadêmica e sociedade, pois se trata de fomentar, tendo por base os conhecimentos e estudos acadêmicos, a prática profissional; bem como aferindo as demandas e questões apresentadas pelo público alvo, fortalecer os conteúdos produzidos pela comunidade acadêmica à luz de questões geradas no cotidianos prático dos fazeres científicos. Ademais, trata-se também de pensar abordagens que possam dá conta das novas questões suscitadas pelo contexto pandêmico.


Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade

Tais aspectos são contemplados na articulação entre Filosofia e Medicina, de modo que se fortalece o papel formador das ciências humanas para as práticas das ciências da vida, bem como as práticas do fazer médico podem possibilitar novos objetos de reflexão para a Filosofia.


Indissociabilidade Ensino – Pesquisa – Extensão

A possibilidade de exposição e debate dos conteúdos abordados podem suscitar novos objetos de pesquisa, que serão trazidos à baila na integração entre a comunidade acadêmica e os profissionais que formam o público alvo.


Impacto na Formação do Estudante: Caracterização da participação dos graduandos na ação para sua formação acadêmica

Fortalecimento e aprofundamento de conteúdos já abordados durante as formações dos respectivos discentes, orientando-os para questões da atualidade, de modo que sejam capazes de constatar fenômenos e questões cientificas mais próximas de suas próprias realidades.


Impacto e Transformação Social

Propiciar meios para que os profissionais que formam o público alvo possam refletir sobre suas práticas, melhorando-as; já os discentes poderão aperfeiçoar sua formação.


Divulgação

A divulgação será feita por meios virtuais, particularmente as páginas e canais oficiais da UFVJM.


Público-alvo

Descrição

Profissionais da área da saúde interessados em refletir sobre suas práticas e aprimorar sua formação para lidar melhor com as questões éticas da sua área de atuação, docentes e estudantes de áreas como (medicina, enfermagem, serviço social, e ciências humanas em geral) interessados em complementar e aprofundar aspectos de suas respectivas formações.

Municípios Atendidos

Município

Teófilo Otoni - MG

Município

Diamantina - MG

Parcerias

Nenhuma parceria inserida.

Cronograma de Atividades

Carga Horária Total: 60 h

Carga Horária 60 h
Periodicidade Semanalmente
Período de realização
  • Noite;
Descrição da Atividade

As aulas expositivas do curso ocorreram de modo síncrono, sempre iniciando com questões trazidas e elaboradas, por meio de estudo dirigido, pelo público alvo.