O projeto visa fomentar a integração entre os saberes acadêmicos da disciplina Gestão de Pessoas no Setor Público e os desafios concretos da área da saúde em comunidades dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, dos discentes do curso de Administração Pública. A proposta contempla a realização de diagnósticos locais participativos e intervenções voltadas à gestão de pessoas em unidades básicas de saúde, secretarias municipais de saúde ou outras instâncias do SUS.

Gestão de Pessoas; Saúde Pública; Administração Pública; Extensão Universitária; SUS

A gestão de pessoas no setor público é um dos pilares para o funcionamento eficiente dos serviços essenciais, especialmente na saúde. No contexto municipal, observa-se que a ausência de planejamento estratégico, a rotatividade de profissionais e as limitações na valorização do servidor impactam diretamente a qualidade do atendimento prestado à população. Por sua vez, a disciplina Gestão de Pessoas no Setor Público oferece aos discentes ferramentas teóricas e práticas para analisar, propor e aplicar melhorias na administração de recursos humanos. No caso dos territórios do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, essa realidade se acentua devido às especificidades socioeconômicas e históricas dessas regiões. Marcadas por elevados índices de vulnerabilidade social, escassez de recursos e desafios estruturais nos sistemas de saúde, essas áreas exigem um olhar sensível e estratégico para a gestão de pessoas. A baixa fixação de profissionais de saúde, a carência de planos de carreira e a sobrecarga das equipes locais reforçam a urgência de ações que promovam o fortalecimento das capacidades institucionais e humanas nos municípios. Nesse sentido, compreender a dinâmica da saúde pública nesses territórios e pensar soluções a partir da realidade local torna-se essencial para os futuros gestores públicos. Os vales do Jequitinhonha e Mucuri, juntamente com o Norte de Minas, compõem uma das regiões com maior diversidade cultural e riqueza humana, mas também enfrentam desigualdades profundas. A formação universitária precisa, portanto, dialogar com essas realidades, valorizando o conhecimento territorial e a escuta ativa das equipes que atuam na linha de frente dos serviços de saúde. Este projeto de extensão propõe ações práticas que articulem a formação acadêmica com os desafios locais do SUS, por meio de diagnósticos, entrevistas, rodas de conversa e microintervenções voltadas à valorização dos profissionais da saúde e à melhoria das rotinas de trabalho. Busca-se integrar os estudantes ao cotidiano dos serviços públicos de saúde em suas cidades, fortalecendo a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

As transformações nas políticas públicas exigem gestores cada vez mais preparados para atuar em contextos complexos e desafiadores. A saúde é uma das áreas mais afetadas por déficits de gestão de pessoas, com problemas recorrentes de sobrecarga, absenteísmo, ausência de planos de capacitação e fragilidade no desenvolvimento de lideranças. A aproximação entre universidade e território, proposta por este projeto, permite o exercício da escuta ativa, da análise situacional e da proposição de soluções fundamentadas no conhecimento técnico e na realidade local. A experiência extensionista prevista neste projeto qualifica a formação do discente e contribui para a democratização do conhecimento e o fortalecimento da saúde pública. Trata-se de uma proposta alinhada à Agenda 2030 da ONU e aos princípios do SUS, pautada na justiça social e na valorização dos servidores públicos. Nos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e na região Norte de Minas, os desafios relacionados à saúde pública ganham contornos ainda mais complexos. Essas regiões concentram alguns dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado de Minas Gerais, enfrentando desigualdades históricas e estruturais, com escassez de recursos, infraestrutura precária e baixa cobertura de serviços especializados. A dificuldade de fixação de profissionais, associada à descontinuidade de políticas públicas, afeta diretamente a qualidade da atenção à saúde. Nesse contexto, a gestão de pessoas se revela um fator determinante para a melhoria dos serviços e da experiência dos usuários do SUS. Além disso, essas regiões carregam uma rica diversidade cultural e social que precisa ser considerada na formulação e execução das políticas públicas. Ao incentivar a atuação de estudantes diretamente em seus territórios, o projeto de extensão promove não apenas a formação técnica, mas também o desenvolvimento de uma postura sensível às realidades locais. Essa vivência fortalece a compreensão das desigualdades regionais e contribui para a construção de soluções mais sustentáveis, participativas e alinhadas às necessidades das comunidades, respeitando os saberes locais e valorizando os profissionais que sustentam o sistema de saúde na ponta.

Objetivo Geral: Fortalecer a formação dos estudantes em gestão de pessoas por meio do desenvolvimento de ações práticas em serviços públicos de saúde, promovendo intervenções locais que contribuam para a valorização dos profissionais e a melhoria da qualidade da gestão. Objetivos Específicos: • Realizar diagnósticos locais sobre a gestão de pessoas na saúde pública. • Desenvolver atividades de escuta ativa com servidores da saúde. • Propor microintervenções com base nas fragilidades identificadas. • Produzir relatórios e materiais de sistematização das experiências vividas.

O projeto busca alcançar as seguintes metas ao longo de sua execução: 1. Realizar encontros nas unidades básicas de saúde, secretarias municipais de saúde ou outras instâncias do SUS, com abordagem voltada à área da saúde, para identificar demandas prioritárias relacionadas à atenção básica, gestão de pessoal, estrutura de atendimento e valorização dos profissionais da saúde, promovendo a escuta qualificada e o fortalecimento da participação social. 2. Capacitar os estudantes envolvidos no projeto para conduzir diagnósticos participativos voltados à realidade dos serviços de saúde locais, com ênfase na análise da gestão de pessoas, nas condições de trabalho das equipes e nas relações entre servidores, usuários e gestores. 3. Elaborar levantamento das principais dores, desafios e potencialidades dos serviços públicos de saúde em articulação com as unidades básicas de saúde, secretarias municipais de saúde ou outras instâncias do SUS, com foco na gestão de recursos humanos, clima organizacional, comunicação interna e processos de trabalho, para subsidiar o planejamento de microintervenções. 4. Implementar uma ação de intervenção pactuada com as unidades básicas de saúde, secretarias municipais de saúde ou outras instâncias do SUS, escolhendo uma demanda prioritária da área da saúde – como acolhimento, fluxo de atendimento, bem-estar da equipe ou valorização do servidor – e envolvendo diretamente os profissionais e gestores locais no desenvolvimento e execução da ação. 5. Produzir relatos de experiência detalhados, sistematizando as atividades desenvolvidas, os aprendizados, os impactos observados e as contribuições para a formação dos estudantes e para o fortalecimento dos serviços de saúde nos territórios atendidos, com vistas à disseminação do conhecimento e à replicabilidade da experiência.

A metodologia adotada neste projeto de extensão fundamenta-se em uma abordagem participativa e dialógica, articulando teoria e prática no campo da gestão de pessoas no setor público, com ênfase nos serviços de saúde. O desenvolvimento das atividades será organizado em três etapas interdependentes, que favorecem o protagonismo estudantil, o envolvimento com as realidades locais e a produção de conhecimento aplicado ao contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). 1. Diagnóstico Local Participativo Nesta etapa inicial, os discentes realizarão o mapeamento das unidades básicas de saúde, secretarias municipais de saúde ou demais instâncias locais do SUS que demonstrem interesse em colaborar com o projeto. A partir da seleção dos locais, os estudantes elaborarão e aplicarão entrevistas semiestruturadas com gestores, servidores e outros atores-chave da área da saúde, com base em roteiros previamente discutidos, testados e validados em sala de aula. Essa fase tem como objetivo compreender os principais desafios relacionados à gestão de pessoas, como estrutura organizacional, processos de trabalho, vínculos funcionais, políticas de capacitação, rotatividade e clima organizacional. 2. Escuta Qualificada e Proposição de Intervenções A segunda etapa consistirá na realização de rodas de conversa ou grupos focais com profissionais das unidades de saúde envolvidas, permitindo aprofundar a escuta qualificada das equipes quanto às vivências no cotidiano do trabalho. Esta dinâmica será conduzida pelos estudantes visando identificar fragilidades e potencialidades nos processos de gestão de pessoas. Com base na análise dos dados coletados, os discentes serão estimulados a elaborar propostas de microintervenções — ações de caráter pontual, viáveis e contextualmente adequadas — voltadas à valorização dos profissionais, ao aprimoramento da comunicação interna, ao fortalecimento da liderança e à melhoria do ambiente de trabalho. 3. Sistematização e Apresentação de Resultados Na etapa final, os estudantes organizarão os dados empíricos em relatórios técnico-reflexivos, tanto individuais quanto coletivos, com foco na análise crítica das práticas de gestão observadas e nas contribuições das microintervenções propostas. Esses resultados serão socializados por meio de um fórum virtual promovido pela disciplina. A sistematização do percurso extensionista permitirá consolidar os aprendizados, promover o intercâmbio de experiências e fomentar o debate sobre a qualificação da gestão de pessoas no SUS, em especial nas realidades municipais dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 do PNE 2014-2024. Disponível em: http://portal.mec.gov.br. Acesso em: 02 abr. 2025. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014. WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: UNICEF/MMA, 1997.

A proposta contempla a realização de diagnósticos locais participativos e intervenções voltadas à gestão de pessoas em unidades básicas de saúde, secretarias municipais de saúde ou outras instâncias do SUS. Almeja-se contribuir para o aperfeiçoamento das práticas de gestão de recursos humanos no setor público e para o fortalecimento da política pública de saúde, com base em princípios de equidade, eficiência e valorização do servidor. O projeto se ancora na escuta qualificada e no diálogo como fundamentos éticos da atuação extensionista, reconhecendo a importância das experiências locais como fontes legítimas de conhecimento. A relação estabelecida entre discentes e profissionais do SUS será orientada por uma postura de respeito, aprendizado mútuo e construção colaborativa de soluções práticas. Essa abordagem dialógica permite uma aproximação efetiva da universidade com os desafios enfrentados nos territórios, gerando espaços de análise crítica e de atuação transformadora. Ao promover a participação ativa dos profissionais da saúde, gestores e demais envolvidos, o projeto contribui para a legitimação das intervenções propostas, bem como para o fortalecimento institucional das unidades de saúde. Por fim, a integração entre universidade e sistema de saúde local promove um ciclo virtuoso de formação e transformação: enquanto os estudantes aprofundam sua compreensão sobre a gestão pública da saúde, os serviços locais se beneficiam da reflexão coletiva e da proposição de práticas inovadoras, contextualizadas e sustentáveis.

O projeto dialoga com áreas como psicologia organizacional, sociologia do trabalho, saúde coletiva e políticas públicas. A integração com profissionais das áreas da saúde permite uma abordagem sistêmica e multiprofissional dos desafios vivenciados. Ao abordar a gestão de pessoas nos serviços públicos de saúde, a proposta exige um olhar ampliado e multidimensional, que transcenda os limites de uma única área do conhecimento. A interdisciplinaridade torna-se, portanto, condição necessária para a compreensão dos fatores que afetam a motivação, a produtividade e o bem-estar dos servidores. Além disso, a dimensão interprofissional das ações planejadas favorece o desenvolvimento de competências colaborativas e empáticas nos estudantes, que terão contato direto com diferentes categorias profissionais no contexto do SUS. Essa vivência estimula o respeito às distintas contribuições que cada área oferece à construção de soluções integradas e eficazes. Dessa forma, o projeto constitui uma experiência pedagógica inovadora, ao mobilizar saberes diversos em torno de objetivos comuns e ao incentivar o diálogo entre a Administração Pública e os campos da saúde e das ciências sociais. Essa sinergia potencializa os resultados das intervenções e contribui para a formação de gestores mais preparados para atuar em contextos complexos e desafiadores.

A proposta será desenvolvida dentro da disciplina, articulando conteúdos teóricos com práticas de campo e com a construção de conhecimento novo, passível de divulgação científica. O princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão orienta cada etapa do projeto, permitindo que os estudantes transitem entre o saber acadêmico, a experiência prática e a sistematização crítica do conhecimento. O contato com a realidade dos serviços de saúde impulsiona o aprendizado significativo e amplia a capacidade dos discentes de propor ações contextualizadas. A observação empírica das dinâmicas de trabalho, aliada à análise fundamentada em teorias contemporâneas de gestão de pessoas, possibilita a construção de conhecimento aplicável e transformador. As microintervenções propostas funcionarão como experimentações que conectam teoria e prática, gerando dados que poderão subsidiar novas pesquisas e fomentar o debate científico. Esse processo, por sua vez, consolida a função social da universidade pública ao promover o retorno dos saberes produzidos à sociedade, especialmente aos espaços que mais necessitam de apoio técnico e inovação. O projeto, portanto, se insere em uma lógica de produção acadêmica comprometida com a transformação social e a qualificação dos serviços públicos.

Os estudantes desenvolverão habilidades de análise crítica, planejamento, intervenção comunitária, escuta ativa e articulação intersetorial, além de aprimorarem sua compreensão sobre a realidade concreta da saúde pública e sua relação com a gestão de pessoas. A experiência extensionista promovida por este projeto proporcionará aos discentes vivências ricas e desafiadoras, que extrapolam os limites da sala de aula. O contato com profissionais do SUS, a condução de diagnósticos e a proposição de intervenções reais exigirão dos alunos postura ética, criatividade, capacidade analítica e sensibilidade social. Além do desenvolvimento de competências técnicas, destaca-se o fortalecimento de habilidades interpessoais, essenciais à atuação no setor público: saber escutar, negociar, articular parcerias e liderar processos colaborativos. Tais aspectos são fundamentais para a formação de profissionais comprometidos com o interesse público e com a justiça social. Assim, o projeto configura-se como oportunidade ímpar de formação integral, preparando os estudantes não apenas para o exercício qualificado da gestão, mas também para o engajamento político e cidadão em prol do fortalecimento das políticas públicas de saúde e valorização do servidor.

Ao colaborar com a melhoria dos processos de trabalho em serviços públicos de saúde, o projeto fortalece o SUS e contribui para a valorização dos servidores e para o acesso mais qualificado da população aos serviços de saúde. As ações planejadas visam provocar transformações concretas nos espaços onde se desenvolverão. Por meio das microintervenções, será possível aprimorar rotinas de trabalho, melhorar a comunicação interna, propor estratégias de valorização profissional e fortalecer a cultura organizacional nas unidades atendidas. O impacto se dará tanto na esfera objetiva — com resultados mensuráveis nos processos de gestão de pessoas — quanto na dimensão simbólica e subjetiva, ao valorizar os profissionais da saúde como protagonistas na construção de serviços públicos mais humanizados e eficientes. Além disso, ao contribuir para o fortalecimento da atenção básica e das instâncias locais do SUS, o projeto reafirma o compromisso da universidade com a promoção da equidade e da justiça social, inserindo-se como ator relevante na defesa de um sistema de saúde universal, público e de qualidade.

As ações e o material produzido serão divulgados nas redes sociais do curso de Bacharelado em Administração Pública bem como dos integrantes do projeto e parceiros