O aumento de ansiedade, depressão e automutilação entre jovens no Brasil é preocupante. Pressão acadêmica, bullying, problemas de relação e incertezas futuras são fatores contribuintes. Urge, portanto, criar espaços de discussão sobre saúde mental nas escolas. A ação extensionista proposta consiste em quatro encontros temáticos sobre o tema, voltados à educação psicológica de estudantes da EJA de uma escola estadual de Diamantina.

Saúde mental, escola, prevenção

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 20% dos adolescentes em todo o mundo sofrem de algum transtorno mental. No Brasil, a situação não é diferente, com um aumento preocupante nos casos de ansiedade, depressão e automutilação entre os jovens. A pressão acadêmica, o bullying, as dificuldades de relacionamento e as incertezas do futuro são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário alarmante. A saúde mental, um estado de bem-estar emocional, psicológico e social, é fundamental para o desenvolvimento pleno de crianças, adolescentes e jovens adultos. No entanto, muitas vezes, esse aspecto crucial é negligenciado no ambiente escolar, onde os jovens passam grande parte de seu tempo. A discussão aberta e constante sobre saúde mental nas escolas é, portanto, de suma importância para promover o bem-estar dos alunos, prevenir problemas futuros e construir uma sociedade mais saudável e consciente. As escolas, como espaços de formação e socialização, desempenham um papel crucial na identificação e no apoio aos alunos que enfrentam problemas de saúde mental. No entanto, muitas vezes, a falta de informação, o estigma e a falta de recursos impedem que as instituições de ensino ofereçam o suporte adequado. A discussão aberta sobre saúde mental nas escolas traz uma série de benefícios para os alunos, professores e a comunidade em geral, como: 1-Redução do estigma: Ao falar abertamente sobre saúde mental, quebramos tabus e preconceitos, incentivando os alunos a buscar ajuda quando necessário. 2-Identificação precoce de problemas: A conscientização sobre os sinais e sintomas de transtornos mentais permite que professores e colegas identifiquem alunos em sofrimento e os encaminhem para o suporte adequado. 3-Promoção do bem-estar: A discussão sobre saúde mental ensina os alunos a lidar com suas emoções, desenvolver habilidades de resiliência e cultivar relacionamentos saudáveis. 4-Prevenção de problemas futuros: Ao abordar a saúde mental desde cedo, ajudamos a prevenir o desenvolvimento de transtornos mais graves na vida adulta. 5-Melhora do desempenho acadêmico: Alunos com boa saúde mental tendem a ter melhor concentração, motivação e desempenho escolar. 6-Criação de um ambiente escolar mais acolhedor: A discussão sobre saúde mental promove a empatia, o respeito e a compreensão entre os alunos, criando um ambiente escolar mais seguro e acolhedor.

Realizar uma ação de extensão sobre saúde mental com as turmas do EJA (Educação de Jovens e Adultos) em uma escola estadual é altamente justificável por uma série de razões importantes relacionadas à vulnerabilidade e às necessidades específicas desse público: 1-Histórico de vida e traumas: muitos alunos do EJA carregam consigo histórias de vida complexas, incluindo experiências de vulnerabilidade social, violência, dificuldades financeiras, abandono escolar precoce e traumas. Esses fatores podem impactar significativamente sua saúde mental. 2-Acúmulo de estresse: conciliar estudo com trabalho, responsabilidades familiares e, muitas vezes, dificuldades financeiras gera um alto nível de estresse, um fator de risco para diversos transtornos mentais. Isolamento social: alguns alunos do EJA podem se sentir isolados devido às suas circunstâncias de vida ou à diferença de idade em relação aos alunos do ensino regular. A escola pode ser um importante espaço de socialização, e ações de extensão podem fortalecer esses laços. 3-Baixa escolaridade e acesso limitado à Informação: a falta de acesso à educação formal muitas vezes se traduz em menor conhecimento sobre saúde mental, seus sinais, sintomas e formas de buscar ajuda. A ação de extensão pode suprir essa lacuna. 4-Preconceito e estigma: o estigma em torno da saúde mental ainda é forte, e pode ser ainda mais presente em comunidades com menor acesso à informação e educação. A ação de extensão pode ajudar a desmistificar e reduzir o preconceito. Em suma, realizar uma ação de extensão sobre saúde mental no EJA é uma iniciativa importante para atender às necessidades específicas desse público vulnerável, melhorar o processo de aprendizagem, fortalecer o papel da escola como promotora de saúde e contribuir para o bem-estar geral dos alunos e da comunidade. É um investimento no presente e no futuro desses indivíduos, permitindo que alcancem seu potencial máximo e tenham uma vida mais plena e saudável.

Objetivo geral: Promover o debate sobre saúde mental com estudantes do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola pública de Diamantina Objetivos específicos: -Realizar levantamento de interesse e conhecimento sobre saúde mental com alunos do EJA -Realizar quatro encontros temáticos sobre saúde mental com alunos do EJA -Sistematizar informações sobre serviços de saúde mental no município de Diamantina

1-Realizar quatro encontros temáticos sobre saúde mental 2-Atingir diretamente em torno de 30 alunos do EJA da Escola E. Professor Gabriel Mandacaru 3-Atingir diretamente cinco docentes da E.E. Professor Gabriel Mandacaru

1 Levantamento de demanda: -Contato inicial com a escola por meio de um docente do EJA; -Visita inicial a escola para apresentação da proposta e levantamento de demandas dos estudantes do EJA. (19/03/2025); -Exercício de apresentação com alunos do EJA no qual se trabalhou o papel do psicólogo e realizou-se um levantamento de dúvidas sobre saúde mental; -Identificação de quatro temas para os encontros e construção da proposta com os estudantes. 2 Encontros temáticos: No encontro inicial foram identificados quatro temas sobre saúde mental de interesse dos estudantes ansiedade, estresse, autoestima e depressão que serão abordados em quatro encontros de duas horas a serem realizados nos meses de abril e maio de 2025.

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental na escola. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34). 2. SOUZA, Maria Paula de; DESLANDES, Suely Ferreira (Org.). Saúde mental nas escolas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2019. 3. CYPRIANO, Ana Maria; CANO, Maria Antonieta; YAZIGI, Lygia Attie. Saúde mental na infância e adolescência. 2. ed. São Paulo: Sarvier, 2014.

A interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade, no contexto de uma ação de extensão sobre saúde mental em uma escola pública, representa um pilar fundamental para o sucesso e o impacto da iniciativa. Essa interação vai além da mera transmissão de informações, buscando uma troca genuína de conhecimentos, experiências e perspectivas entre os membros da universidade (professores e alunos) e os integrantes da comunidade escolar (alunos e professores). O ponto de partida para uma interação dialógica eficaz é a capacidade da comunidade acadêmica de ouvir atentamente as necessidades, as preocupações e os saberes da comunidade escolar em relação à saúde mental. Isso envolve deixar de lado pressupostos e estar aberto a diferentes pontos de vista. A empatia é essencial para criar um ambiente de confiança e acolhimento. A ação de extensão não deve ser vista como uma via de mão única, onde a universidade "ensina" a escola. Pelo contrário, a interação dialógica promove a construção conjunta do conhecimento. A comunidade escolar possui vivências e saberes práticos sobre os desafios da saúde mental em seu contexto específico, que são valiosos para a comunidade acadêmica. Essa troca enriquece a compreensão do problema e as estratégias de intervenção. A escola pública é um espaço plural, com diferentes origens sociais, culturais e econômicas. A interação dialógica deve levar em consideração essa diversidade, respeitando as diferentes formas de expressão, crenças e valores em relação à saúde mental. Para que o diálogo seja produtivo, é fundamental criar espaços onde os participantes se sintam seguros para compartilhar suas experiências e opiniões sem medo de julgamento ou estigmatização. A postura da comunidade acadêmica deve ser de acolhimento e respeito. A interação dialógica é um processo contínuo. É importante estabelecer mecanismos para coletar feedback da comunidade escolar sobre os encontros, suas necessidades e o impacto da ação. Esse feedback deve ser utilizado para adaptar e aprimorar as atividades ao longo do tempo, garantindo que a ação seja relevante e eficaz. O objetivo final da interação dialógica é empoderar a comunidade escolar, fornecendo ferramentas e conhecimentos para que ela possa se tornar protagonista na promoção da saúde mental em seu próprio ambiente. Isso envolve estimular a reflexão crítica, a identificação de soluções e a criação de redes de apoio dentro da escola.

A interdisciplinaridade e a interprofissionalidade são elementos essenciais para uma ação de extensão bem-sucedida sobre saúde mental em uma escola pública. Ao promover a integração de saberes e a colaboração entre diferentes profissionais, a ação pode oferecer um suporte mais abrangente, eficaz e sensível às complexidades da saúde mental no contexto escolar, contribuindo para o bem-estar de toda a comunidade. A presente ação será conduzida por um profissional da psicologia em parceria com cinco professores de diversas disciplinas do EJA que trabalham com temas transversais. A interdisciplinaridade refere-se à integração de diferentes disciplinas acadêmicas para abordar a saúde mental de forma holística. Em vez de compartimentalizar o problema em visões isoladas (psicológica, social, biológica), a interdisciplinaridade busca uma compreensão mais completa através da interação e do diálogo entre diferentes campos do conhecimento.

A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é um dos pilares da universidade brasileira e se manifesta de forma poderosa nas ações de extensão. Essa integração não apenas enriquece a ação em si, mas também fortalece a formação dos estudantes envolvidos e a produção de conhecimento relevante para a sociedade. A ação de extensão oferece um espaço prático para que os estudantes vivenciem a realidade da escola pública, as demandas da comunidade e os desafios relacionados à saúde mental. A participação na ação desenvolve habilidades importantes para a futura atuação profissional dos estudantes, como comunicação, empatia, trabalho em equipe, escuta ativa, planejamento e avaliação de intervenções em contextos reais. O contato direto com a realidade da escola e a interação com a comunidade tornam o aprendizado mais significativo e contextualizado, facilitando a compreensão e a retenção do conhecimento. Além disso, as ações de extensionistas sensibilizam os estudantes para as questões sociais relacionadas à saúde mental, fomentando uma postura mais crítica, engajada e comprometida com a transformação social. Na presente ação, a pesquisa ocorre em três momentos: 1. Diagnóstico prévio das necessidades de saúde mental da comunidade escolar, identificando os principais desafios, as demandas específicas e os recursos existentes. Essa pesquisa informa o planejamento e a execução da ação de extensão, tornando-a mais direcionada e eficaz. 2.Pesquisa teórica e metodológica para embasar o desenvolvimento de abordagens, dinâmicas e materiais educativos adequados ao contexto da escola pública e às características dos participantes dos encontros. 3. Avaliação da ação para avaliar o impacto da ação de extensão, coletando dados sobre a participação, a satisfação dos envolvidos, as mudanças observadas e os resultados alcançados. Essa avaliação pode gerar conhecimento científico sobre a efetividade de diferentes abordagens na promoção da saúde mental em contextos escolares. O contato direto com a realidade da escola pública e as questões emergentes de saúde mental podem trazer novas demandas e temas para serem incorporados nos currículos dos cursos de graduação e pós-graduação, tornando o ensino mais atualizado e relevante. As experiências e os desafios identificados na ação de extensão podem gerar novas perguntas de pesquisa, estimulando a investigação científica em áreas específicas da saúde mental no contexto escolar. A ação de extensão fortalece a articulação entre a universidade e a sociedade, demonstrando o compromisso da instituição com a resolução de problemas reais e a promoção do bem-estar da comunidade. O objetivo final da presente ação de extensão é gerar um impacto positivo na saúde mental da comunidade escolar, contribuindo para a promoção do bem-estar, a prevenção de problemas e a criação de um ambiente escolar mais acolhedor e saudável. Esse impacto social retroalimenta o ensino e a pesquisa, motivando a continuidade e o aprimoramento das ações.

O impacto na formação do estudante que participa dessa ação de extensão sobre saúde mental em uma escola pública é multifacetado e profundamente enriquecedor para sua trajetória acadêmica e futura atuação profissional. A participação ativa nessa iniciativa proporciona uma experiência que transcende a sala de aula, conectando a teoria à prática e desenvolvendo um conjunto de competências essenciais. A participação do graduando ocorrerá nas diversas etapas da ação de extensão, cada uma contribuindo de maneira específica para sua formação: 1. Planejamento e Organização dos Encontros: Participação: O estudante participará da pesquisa bibliográfica, do levantamento de necessidades da escola, da elaboração do plano de trabalho, da definição dos temas e metodologias dos encontros e da organização logística da ação. Impacto na Formação: 1.1.Desenvolvimento do Pensamento Crítico e Analítico: Ao analisar a literatura, identificar problemas e propor soluções, o estudante poderá exercitar o pensamento crítico e a capacidade de análise de contextos complexos. 1.2. Aprendizado sobre Planejamento e Gestão de Projetos: A participação no planejamento favorecerá a aprendizagem sobre a definição de objetivos, a elaboração de cronogramas, a alocação de recursos e a gestão de equipes. 1.3.Aprofundamento Teórico: A pesquisa para embasar os encontros favorecerá o aprofundamento do conhecimento teórico do estudante sobre saúde mental, desenvolvimento humano, psicopatologias e estratégias de intervenção. 2. Condução dos Encontros com a Comunidade Escolar: Participação: O graduando poderá atuar como facilitador dos grupos de discussão, mediador de atividades, observador do comportamento dos participantes e colaborador na aplicação de dinâmicas. Impacto na Formação: desenvolvimento de habilidades de comunicação, aprimoramento da escuta ativa e da empatia, experiência prática com dinâmicas de grupo e intervenções e desenvolvimento da postura profissional 3. Avaliação da Ação de Extensão: Participação: O estudante na elaboração de instrumentos de avaliação (questionários, entrevistas), na coleta e análise de dados, na interpretação dos resultados e na elaboração de relatórios finais. Impacto na Formação: Aprendizado sobre metodologia de pesquisa e avaliação. Desenvolvimento da Capacidade de Avaliar Intervenções: Os estudantes aprendem a analisar a efetividade de uma ação, identificar pontos fortes e fracos e propor melhorias. Compreensão da Importância da Avaliação para a Prática: A experiência demonstra a importância da avaliação para o aprimoramento contínuo das ações e para a produção de conhecimento.

O impacto e a transformação social são resultados almejados e, potencialmente, alcançados por uma ação de extensão sobre saúde mental em uma escola pública. Ao levar conhecimentos, promover discussões e oferecer suporte em um tema tão crucial, a universidade contribui para mudanças significativas na vida dos indivíduos e na dinâmica da comunidade escolar. Alguns impactos esperados com essa ação de extensão são: 1. Aumento da Conscientização sobre Saúde Mental: Os encontros proporcionam um espaço para desmistificar tabus, informar sobre o que é saúde mental, identificar sinais de sofrimento psíquico e reconhecer a importância de buscar ajuda. Isso contribui para uma maior literacia em saúde mental na comunidade escolar. 2. Redução do Estigma: Ao promover o diálogo aberto e a troca de experiências, a ação pode ajudar a reduzir o estigma associado aos problemas de saúde mental, encorajando as pessoas a falar sobre suas dificuldades e a buscar apoio sem medo de julgamento. 3. Empoderamento dos Participantes: Os encontros podem fornecer ferramentas e estratégias para que os participantes desenvolvam habilidades de enfrentamento, autocuidado e promoção do bem-estar emocional. Isso os empodera a cuidar de sua própria saúde mental e a buscar recursos quando necessário. 4. Melhora do Clima Escolar: Ao abordar temas como respeito, empatia, comunicação e resolução de conflitos, a ação pode contribuir para a criação de um ambiente escolar mais acolhedor, seguro e positivo, favorecendo o bem-estar de todos. Identificação Precoce de Casos: Os encontros podem sensibilizar professores, funcionários e até mesmo os próprios alunos para identificar sinais de alerta de problemas de saúde mental em si mesmos e em seus colegas, facilitando a busca por ajuda profissional precoce. 5. Fortalecimento da Rede de Apoio: A ação pode estimular a criação ou o fortalecimento de redes de apoio informais dentro da escola, onde alunos, professores e pais se sintam mais à vontade para conversar e oferecer suporte uns aos outros. Maior Acesso a Informações e Recursos: Os encontros podem divulgar informações sobre serviços de saúde mental disponíveis na comunidade, facilitando o acesso a cuidados especializados para aqueles que necessitam.

Os encontros serão realizados em período letivo em sala de aula, portanto, é um evento interno da escola. Será divulgado somento entre os alunos do EJA.

O professor de informática se dispôs a abrir um Instagram sobre saúde mental na escola com os alunos. Porém, ainda não foi efetivada a proposta.