A proposta visa estruturar um Observatório da Mobilidade, articulando dados, métodos e parcerias para apoiar o planeamento urbano e o desenvolvimento de soluções sustentáveis em mobilidade nos municípios da região de Teófilo Otoni, promovendo a extensão universitária com foco na análise territorial e no suporte à decisão.

Mobilidade urbana; Planejamento de transportes; Análise do território; Suporte à decisão; Extensão universitária

A mobilidade urbana nas cidades de pequeno e médio porte no interior brasileiro enfrenta desafios que transcendem a ausência de infraestrutura física. A escassez de dados espacialmente estruturados, a limitação de quadros técnicos e a fragmentação institucional dificultam a compreensão dos padrões de deslocamento e comprometem a capacidade de atuação dos municípios. Nesse contexto, torna-se essencial o desenvolvimento de estratégias técnicas voltadas à análise e gestão do território. A criação do Observatório da Mobilidade propõe-se como resposta a essas lacunas. Trata-se de uma iniciativa voltada à implantação de uma estrutura dedicada à produção e sistematização de dados no âmbito da UFVJM, com a finalidade de organizar informações, realizar análises e oferecer suporte à tomada de decisão em temas relacionados à mobilidade urbana e ao planeamento dos transportes. A atuação do Observatório articula diferentes saberes, com foco na análise do território, na integração entre escalas locais e regionais e na promoção de abordagens mais justas e eficientes para o espaço urbano. Além de contribuir para a qualificação do debate público e da gestão local, o Observatório pretende consolidar-se como um espaço permanente de extensão universitária, reforçando o papel da instituição na promoção do desenvolvimento territorial, da sustentabilidade urbana e da democratização do acesso à informação.

A ausência de estruturas públicas voltadas à sistematização de dados, à análise territorial e ao suporte técnico contínuo dificulta a qualificação da gestão urbana nos municípios de pequeno e médio porte, sobretudo no que diz respeito à elaboração e atualização de planos diretores e de mobilidade. Esses instrumentos, embora legalmente exigidos, muitas vezes são tratados de forma pontual ou genérica, comprometendo sua aplicabilidade e o acesso a financiamentos públicos voltados ao desenvolvimento urbano sustentável. Na Região Geográfica Imediata e na Região Geográfica Intermediária de Teófilo Otoni, em que se insere a UFVJM, observa-se a carência de estruturas especializadas que possam apoiar os municípios na organização de informações, na produção de indicadores e na análise técnica aplicada à mobilidade urbana e aos transportes. A maioria dessas cidades não dispõe de condições institucionais para realizar diagnósticos confiáveis ou para estruturar planos e projetos fundamentados em dados técnicos e realidades locais. Essa situação é corroborada por levantamentos do IBGE, que indicam que grande parte dos municípios brasileiros de pequeno e médio porte ainda não conta com planos de mobilidade urbana ou equipes técnicas permanentes (IBGE, 2022). Essa fragilidade institucional contribui para o agravamento dos efeitos do crescimento urbano desordenado e para o aprofundamento das desigualdades territoriais. A proposta do Observatório da Mobilidade responde diretamente a essas lacunas, ao instituir uma iniciativa voltada à produção de conhecimento técnico aplicado, à organização de bases de dados regionais e ao fortalecimento de capacidades locais. Está alinhada às diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012), do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), da Lei nº 14.000/2020 e dos dispositivos legais voltados à acessibilidade e inclusão. Também contribui de forma direta para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, com destaque para os objetivos relacionados à saúde e bem-estar (ODS 3), à infraestrutura resiliente e inovação (ODS 9), à sustentabilidade das cidades e comunidades (ODS 11) e à ação contra as mudanças climáticas (ODS 13). Ao articular conhecimento científico, ferramentas analíticas e extensão universitária, o Observatório da Mobilidade alinha-se ao papel institucional da UFVJM como agente de transformação territorial, promovendo o acesso à informação, a formação técnica e a cooperação intermunicipal. Sua implantação contribuirá para qualificar o debate público, democratizar o acesso ao conhecimento e fomentar práticas de mobilidade urbana mais sustentáveis, inclusivas e integradas à realidade regional.

OBJETIVO GERAL: Estruturar uma iniciativa que constitua a base para o futuro Observatório da Mobilidade, articulando dados, métodos e parcerias voltadas ao planejamento urbano e à mobilidade sustentável. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Desenvolver diretrizes conceituais e operacionais para a criação do Observatório da Mobilidade, definindo sua missão, estrutura e modelo de atuação. 2. Mapear demandas, parceiros estratégicos e oportunidades de cooperação com municípios e instituições públicas e académicas. 3. Elaborar um plano de trabalho preliminar para o Observatório, incluindo frentes de atuação, cronograma de implementação e critérios para definição de prioridades regionais. 4. Iniciar a organização de uma base de dados regional sobre mobilidade urbana e transportes, com foco na Região Geográfica Imediata de Teófilo Otoni. 5. Promover ações institucionais de divulgação e sensibilização sobre a proposta do Observatório, fortalecendo o diálogo com atores externos e internos à UFVJM. 6. Realizar reuniões técnicas e oficinas exploratórias com especialistas, gestores e comunidade universitária, com vistas à consolidação metodológica da iniciativa. 7. Estruturar um ambiente físico e tecnológico mínimo que possibilite o início das atividades do Observatório.

1. Elaborar um documento conceitual com a definição da missão, estrutura e diretrizes de atuação do Observatório da Mobilidade. 2. Identificar, até o final do projeto, pelo menos cinco parceiros estratégicos (instituições públicas, académicas ou organizações da sociedade civil) com potencial de cooperação futura. 3. Desenvolver um plano de trabalho preliminar contendo cronograma, frentes de atuação e critérios de priorização territorial. 4. Reunir e organizar, até o final do período de vigência, um conjunto inicial de dados secundários sobre mobilidade urbana da Região Geográfica Imediata de Teófilo Otoni, provenientes de fontes públicas. 5. Elencar pelo menos três municípios da região como potenciais candidatos à realização de uma ação piloto futura vinculada ao Observatório. 6. Realizar no mínimo dois encontros institucionais ou oficinas exploratórias com gestores públicos, técnicos locais ou membros da comunidade universitária para apresentação, validação ou aprofundamento da proposta do Observatório. 7. Produzir e divulgar materiais de apresentação institucional do projeto (folder, nota técnica ou infográfico digital), com linguagem acessível e identidade visual própria. 8. Propor, até o encerramento do projeto, a planta básica e a lista de equipamentos essenciais para a instalação do ambiente físico e tecnológico do Observatório.

A metodologia adotada para a implantação do Observatório da Mobilidade baseia-se na construção gradual de uma estrutura adaptada à realidade regional e fundamentada no diálogo com diferentes atores institucionais. As ações serão desenvolvidas de forma articulada em seis frentes principais: Definição conceitual e institucional da proposta: Serão estabelecidas as diretrizes fundadoras do Observatório, incluindo missão, modelo de atuação e estrutura organizacional, com base em estudos de referência e debates com a equipe executora. Mapeamento de atores, parcerias e demandas: Será realizado um levantamento preliminar de instituições públicas, universidades, órgãos técnicos e organizações da sociedade civil com potencial de cooperação, além da identificação de demandas compartilhadas pelos municípios da Região Geográfica Imediata de Teófilo Otoni. A etapa incluirá contatos institucionais, análise de documentos estratégicos e, se viável, a aplicação de um inquérito simples para fins exploratórios. Elaboração do plano de trabalho do Observatório: Com base nas etapas anteriores, será desenvolvido um plano preliminar contendo cronograma, frentes de atuação e critérios para definição de prioridades temáticas e territoriais. Organização inicial de bases de dados secundários: O projeto prevê a reunião de dados públicos disponíveis sobre mobilidade urbana na região, oriundos de fontes oficiais. A sistematização aprofundada e o uso analítico desses dados serão objeto de iniciativas posteriores. Atividades de escuta e articulação institucional: Serão realizados ao menos dois encontros institucionais ou oficinas com representantes municipais, especialistas convidados e membros da comunidade académica da UFVJM, visando à validação da proposta e ao fortalecimento de articulações futuras. Proposta de estrutura física e tecnológica: Será elaborado um levantamento com a configuração mínima necessária ao funcionamento do Observatório, incluindo espaço físico, mobiliário e equipamentos.

BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. BRASIL. Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Política Nacional de Mobilidade Urbana. BRASIL. Lei nº 14.000, de 22 de maio de 2020. Altera a Política Nacional de Mobilidade Urbana. BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Normas gerais e critérios para a promoção da acessibilidade. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Informações Básicas Municipais: perfil dos municípios brasileiros 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2022. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Intermediárias. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. ONU – Organização das Nações Unidas. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O projeto promove a interação dialógica entre a universidade e a sociedade ao estabelecer canais de cooperação com gestores públicos, instituições locais e técnicos municipais. Por meio de oficinas, reuniões e ações de escuta ativa, a comunidade académica se engaja na identificação de demandas e na construção conjunta de soluções compatíveis com as necessidades e condições dos municípios participantes.

O projeto articula diferentes áreas do conhecimento, como engenharia de transportes, planejamento urbano, geotecnologias, gestão pública e sustentabilidade. A equipe executora reúne docentes e TAEs com formações diversas, promovendo abordagens interdisciplinares na construção da proposta. Além disso, a interação com profissionais de prefeituras e instituições parceiras permite a troca entre diferentes campos de atuação, fortalecendo a dimensão interprofissional da ação extensionista.

A proposta integra as dimensões de ensino, pesquisa e extensão ao permitir que os conhecimentos produzidos em sala de aula e em investigações técnicas sejam aplicados em contextos reais, a partir da interação com representantes do poder público e demais atores envolvidos na organização do território. Ao mesmo tempo, as demandas identificadas no campo alimentam novas reflexões, estudos e projetos, fortalecendo o ciclo formativo e o compromisso social da universidade. O projeto oferece aos discentes a oportunidade de aplicar saberes teóricos em situações concretas e de participar de processos colaborativos de geração de conhecimento.

A participação dos estudantes no projeto ocorrerá por meio do envolvimento em atividades de pesquisa documental, organização de dados, apoio a encontros técnicos e contribuição na elaboração de materiais institucionais. Essas experiências permitirão o desenvolvimento de competências relacionadas à análise territorial, à leitura crítica do espaço urbano, à comunicação técnica e à atuação colaborativa. Ao vivenciar situações concretas e interagir com diferentes setores da sociedade, os discentes ampliam sua formação para além do ambiente curricular, fortalecendo sua compreensão sobre o papel social da profissão e da universidade.

O projeto busca contribuir para o fortalecimento da capacidade técnica e institucional dos municípios no campo da mobilidade urbana, promovendo acesso a informações qualificadas e fomentando práticas de planejamento mais sustentáveis e inclusivas. Ao estabelecer uma estrutura voltada à produção e circulação de conhecimento aplicado, o projeto favorece a redução de assimetrias técnicas entre municípios, amplia o diálogo entre universidade e sociedade e apoia a construção de soluções adaptadas à realidade local. Com isso, estimula processos de transformação social que valorizam a equidade territorial e a gestão pública orientada por dados.

A divulgação do projeto será realizada por meio de canais institucionais da UFVJM (site, redes sociais, informativos eletrônicos), além de ações específicas vinculadas ao Observatório, como a criação de um site próprio e perfis em redes sociais. Também estão previstas apresentações em eventos internos e externos, circulação de materiais digitais (folders, boletins, infográficos) e envio de comunicados a instituições parceiras e gestores públicos da região. A estratégia de comunicação busca ampliar a visibilidade da iniciativa, incentivar a participação da comunidade e fortalecer a articulação com os municípios.