O 25º Encontro Cultural de Milho Verde, se consolidou como uma poderosa ferramenta na construção de diversas realidades para o território no qual se realiza este evento. O Instituto Milho Verde, que organiza este evento, busca fortalecer o trabalho de base com as comunidades quilombolas do território, com seus saberes e seus mestres e mestras. Por isso, o Instituto tem criado um diálogo com o Encontro de Saberes da UFVJM para efetivar uma parceria para criar ações em conjunto.

Encontro de Saberes, comunidades quilombolas, cultura popular

O 25° Encontro Cultural de Milho Verde chama a força cultural do território ancestral onde fluem as tramas que costuram todos esses Encontros. O Instituto Milho Verde, responsável pela produção desse festival de multilinguagens, busca fortalecer todas as ações e possibilidades que tragam visibilidade, renda e sustentabilidade para toda a região. O evento conta com 10 dias de uma programação diversa, composta por atrações musicais, artísticas (dança, teatro, circo, performances, literatura), feira, cinema, esportes, caminhadas, troca de saberes e oficinas diversas.

O Encontro Cultural de Milho Verde, que terá a sua 25 edição esse ano, já se consolidou como uma poderosa ferramenta na construção de diversas realidades para o território no qual se realiza este charmosíssimo evento. Graças à formações naturais peculiares e abundantes e ainda bastante conservadas, estamos vivendo um importante movimento crescente de ecoturismo. Nessa edição buscamos retomar a essência da construção do evento, que é dar espaço, voz, mãos e ouvidos às comunidades quilombolas que constituem nosso território serrano e montar uma programação especial, com presença e protagonismo de todos que compõe essa riquíssima rede de culturas. Dentre tantos braços, abraços e etnias que costuram nossa brasilidade, esse ano trazemos o olhar principalmente para a cultura negra que permeia e que está presente na nossa terra multicultural de milho verde, mas também buscamos fortalecer movimentos que dialoguem com as comunidades, povos originários e minorias. Queremos usar a visibilidade que nossa caminhada consegue alcançar para fazer ecoar todas as vozes que precisam ser escutadas para que possamos caminhar em direitos e igualdade entre todas! Esse ano criamos um núcleo de diálogo com comunidades quilombolas, composto por 4 lideranças de 4 dos territórios que compõem essa imensa rede de comunidades quilombolas presente na região, com a intenção de trazer essa voz na criação da programação, participando como protagonistas dessa grande equipe de produtores desse evento tão importante para a nossa região. O Encontro é construído por muitas mãos e buscamos fortalecer as parcerias que buscam objetivos comuns. Pois vislumbramos com esse movimento uma grande transformação de realidades que constroem um mundo mais bonito. Juntas, todas as cores costurando novos caminhos para um futuro ancestral.

ENCONTRO CULTURAL DE MILHO VERDE Proposta de título: "Encontro de Saberes no 25º Encontro Cultural de Milho Verde - Fios da memória: entrelaçando saberes e INSURGÊNCIAS" Ações propostas e a serem dialogadas: 1- Mapeamento e registro de mestras e mestres das regiões apontadas pelo núcleo de diálogos das comunidades. 2- Oficina oferecida pela equipe do projeto Colorindo Identidades e Territórios de "muralismo coletivo" a ser realizada na comunidade escolhida pelo núcleo e que abordará as identidades, os saberes e fazeres e o patrimônio cultural da comunidade. 3- “Certificação” via Encontro de Saberes/ Proexc/ UFVJM de mestras e mestres da área de abrangência do Encontro, como ato simbólico. 4- Roda de conversa acerca do Encontro de Saberes, com intercâmbio de mestres e mestras da região.

Atingir ao público do Encontro Cultural de Milho Verde e divulgar os trabalhos do Encontro de Saberes da UFVJM e realizar ações em parceria entre o Instituto Milho Verde e o Encontro de Saberes: Oficina Colorindo Identidades e Territórios, Mapeamento e registro de mestres e mestras e Roda de saberes. Buscar o envolvimento de estudantes da UFVJM no processo de organização e realização das ações e a participação da comunidade acadêmica e de Diamantina no Encontro Cultural de Milho Verde

A metodologia da parceria está baseada nos princípios da extensão universitária com abordagem freireana, entendendo a mesma como uma via de mão dupla e de caráter dialógico. O coletivo organizador do Encontro Cultural de Milho Verde entrou em contato com o Encontro de Saberes buscando construir uma parceria, uma vez que o tema deste ano busca valorizar os saberes e fazeres locais das comunidades quilombolas, assim como a seus mestres e mestras e detentores/as de saberes, questões abordadas pelo Encontro de Saberes desde sua criação, compreendendo-o como importante política de cotas epistêmicas em nossas instituições. Por meio de encontros integrados e integradores, põe-se em evidência o (re)conhecimento dos diversos saberes que emanam dos povos ancestrais, das comunidades, dos territórios. E a reflexão sobre os encontros de saberes ergue processo mais amplos de ocupação e transformação dos espaços acadêmicos nos quais se tem visto um crescente ingresso de estudantes de comunidades tradicionais, negros(as), camponeses, indígenas (etc.). Este profícuo movimento de integração de saberes evidencia o que José Jorge de Carvalho e Letícia Vianna chamam de intervenções no mundo acadêmico em várias dimensões: “de inclusão étnicoracial, política, pedagógica, institucional, administrativa e epistêmica” (Carvalho e Vianna, 2020, 27). Assim, os participantes e as comunidades terão a oportunidade de ouvir e aprender com os mestres, mas também de interagir com eles por meio de debates, perguntas e diálogos de experiências. Por outro lado

BRASIL. Conselho Nacional de Educação/ Conselho Pleno. Resolução 02/2015. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, 2015. CARTA DAS CULTURAS POPULARES. Disponível em: http://culturadigital.br/setorialculturaspopulares/files/2010/02/2005-CARTA-DASCULTURAS POPULARES -DE-BRASILIA-SID.pdf DECRETO Nº 6.177, DE 1º DE AGOSTO DE 2007. CARVALHO, José J. “Por um mundo Pluriepistêmico: as quatro dimensões do Encontro de Saberes”. Cadernos de Inclusão (no prelo). CARVALHO, José J.; ÁGUAS, Carla L. P. (2015). “Encontro de Saberes: um desafio teórico, político e epistemológico”, in Teresa Cunha & Boaventura Santos (orgs.), Colóquio Internacional Epistemologias do Sul: Aprendizagens Globais Sul-Sul, SulNorte e Norte-Sul - Atas, Coimbra: Centro de Estudos Sociais, pp.1017-1027. CARVALHO, José J.;FLÓREZ, Juliana F. (2014a). “Encuentro de Saberes: proyecto para decolonizar el conocimiento universitário eurocêntrico”, in Nómadas, nº 41, pp.131-147. CARVALHO, José Jorge & VIANNA, Letícia. 2020. “O Encontro de Saberes nas Universidades. Uma Síntese dos Dez Primeiros Anos”, Revista Mundaú, n. 9:23-49. DECRETO Nº 5.051, DE 19 DE ABRIL DE 2004. Promulga a Convenção no 169 da Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR E NA PESQUISA (INCTI/UNB/CNPq). Encontro de Saberes: bases para um diálogo interepstêmico. Brasília, 2005. LEI 11.645/2008, que alterou a LEI 10.639/2003 e que obriga o ensino da Cultura Afrobrasileira e da História da África e o ensino das Culturas Indígenas no ensino básico. SANTOS, Antônio Bispo dos. Colonização, Quilombos: modos e significações. 2ª ed. Brasília, Associação de Ciências e Saberes para o Etnodesenvolvimento AYÔ, 2019. TUGNY, Rosângela Pereira de; GONÇALVES, Gustavo. (orgs). Universidade popular e encontro de saberes. Capa de Zé Antoninho Maxakali. Salvador: EDUFBA; Brasília: Instituto de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa - UNB, 2020. 652 p

A interação entre comunidade acadêmica com a sociedade se dará tanto pela construção ativa da parceria com o Instituto Milho Verde, como com os mestres e mestras convidados, assim como a participação da comunidade quilombola e externa que participaram da oficina e da roda de conversa.

O Encontro de Saberes parte de uma abordagem interdisciplinar, intercientífica e intercultural, uma vez que as mestras e mestres da cultura popular tem formações a partir da complexidade e sem a disciplinaridade caraterística do conhecimento acadêmico. O Encontro de Saberes tradicionais com o conhecimento científico, assim como a presença de múltiplas trajetórias a partir da presença de um público diverso também potencializa uma formação profissional mais integral pautada na interprofissionalidade.

As atividades planejadas envolvem simultaneamente à comunidade externa e a alunos da graduação e da pós-graduação de diversos cursos da UFVJM. Com a presença dos mestres e seu protagonismo. Os registros e mapeamentos de mestres do Encontro de Saberes compõem um acervo que é material de pesquisas e ações de extensão, por outro lado a oficina de muralismo será realizada em parceria com projeto de extensão e cultura.

A oportunidade de tomar contato com saberes que são polímatas, ou seja, não especializados em áreas de conhecimento fragmentadas, proporciona um impacto na formação do estudante, especialmente sobre formas de sentir e agir profissional mais complexas, ou seja, que não fragmenta na sua ação o próprio ser humano e o mundo que o cerca. Para o estudante participante, oportunizará um aprendizado prático acerca - muito especialmente - do exercício profundo que é a construção dialógica de conteúdos. Além disso poderá ampliar seu conhecimento acerca da Política do Encontro de Saberes e seus potenciais impactos sociais e acadêmicos, comunicação virtualizada, técnicas de transmissão e registro.

Uma universidade pluriepstêmica e pluriontológica, tal qual defendida pelo Projeto Encontro de Saberes, e aqui oportunizada por mais esta ação, torna-se espaço de emancipação sociopolítica que se pauta na contracorrente de uma educação excludente, individualista e reprodutora do sistema hegemônico. As ações que aqui propomos amplia significativamente o espectro de temas, cosmologias, epistemes e pedagogias acessíveis. Além disso, proporciona o estreitamento do diálogo entre universidade, docentes, discentes, comunidade externa e as maestrias de nossos territórios de abrangência. É notório que tais momentos se desdobram numa formação profissional mais humanizada e não utilitarista, o que nos aponta para uma transformação estruturante, pois descontrói a lógica destes sujeitos e saberes como “objetos de pesquisa” ou ouvintes, para coparticipes na construção científica e de projetos e políticas públicas.

A divulgação será realizada pelos canais de divulgação do Instituto Milho Verde, Encontro Cultural de Milho Verde, Encontro de Saberes, Diretoria de Cultura-PROEXC e UFVJM oficial.

A parceria nasceu a partir da demanda e busca de diálogo da comissão organizadora do Encontro Cultural de Milho Verde - 2025 do Instituto Milho Verde.

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