O evento ocorrerá no dia 15 de outubro de 2025, no auditório do Núcleo Integrado de Pesquisa (NIPE) do Campus do Mucuri e contará com 3 mesas. Mesa 1: O Projeto de Desenvolvimento Nacional e a “Construção Interrompida” pelo Golpe Civil-Militar, Mesa 2: Os Militares no Poder e o Período da Ditadura Civil-Militar: Mesa 3: A Comissão Nacional da Verdade. A mesa 1 discutirá os motivos do golpe e a interrupção de um projeto nacional, a mesa 2 abordará as principais medidas dos 21 anos de ditadura, já

Golpe Civil-Militar; Ditadura; Tortura

O golpe civil-militar no Brasil foi articulado por setores conservadores da burguesia agrária, financeira e industrial, além de grande parte dos oficiais das forças armadas, apoiados pelos interesses do grande capital internacional dos Estados Unidos. Já havia, por parte desses setores, um grande descontentamento desde o segundo governo do presidente Getúlio Vargas por seu caráter nacional-desenvolvimentista. Os Estados Unidos tiveram um papel importante nesse processo, encaminharam para o país os Boinas Verdes, uma tropa de elite militar, além de articular a operação Brother Sam, que era o apoio militar para o golpe, mas que não foi utilizada, uma vez que não houve resistência. Ainda, IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática) trabalhavam contra o governo democraticamente eleito, João Goulart, e conspirava sua deposição. O golpe impediu transformações sociais que tinham como objetivo promover a participação popular nos destinos da Nação, em um momento cuja participação popular e sindical ganhavam força e pressionavam o governo de João Goulart por mudanças, muitas delas ancoradas nas chamadas Reformas de Base, como a Reforma Agrária. Com o golpe civil-militar, o projeto em construção foi interrompido e a ditadura promoveu medidas contrárias àquelas propostas por João Goulart, cujo resultado foi um aumento na concentração de renda, diminuição do salário mínimo real, aumento expressivo da dívida externa, aumento da concentração fundiária, torturas e prisões arbitrárias.

Compreender o processo histórico é imprescindível para que o país tente superar seu subdesenvolvimento e fazer com que a história não se repita. Os 21 anos de ditadura civil-militar foram um período trágico na história brasileira. Muitas pessoas que reivindicavam uma sociedade menos desigual e se contrapunham a ditadura foram presas, torturadas e algumas foram mortas por esse regime. O Brasil antes do Golpe, ancorado nas Reformas de Base, parecia caminhar no sentido de superar seu subdesenvolvimento, contudo, esse projeto exigia, entre outras coisas, uma Reforma Agrária, a extensão dos direitos trabalhistas para o campo e o controle sobre o capital estrangeiro que ingressara no país. Com o golpe, além das propostas das Reformas de Base terem sido interrompidas, houve uma piora nos índices sociais, aumento significativo da dívida externa, perseguições e fechamento de sindicatos. O golpe de 1964 contou com apoio de parte das Forças Armadas e por parte significativa da burguesia brasileira e da classe média. Este projeto se justifica pelo fato de recuperar essa memória para que nunca mais o país conviva com um regime ditatorial como aquele, que durou 21 anos. O evento contará com alunos do ensino médio, alunos e docentes da UFVJM e servidores docentes e técnico-administrativos.

Objetivo Geral: Expor e discutir o Golpe Civil-Militar e seus desdobramentos para o Brasil Objetivos Específicos: i) Mostrar os antecedentes do Golpe; ii) Evidenciar o Golpe; iii) Expor o Golpe e a “construção interrompida; e iv) Discutir Relatórios da Comissão Nacional da Verdade

Serão realizadas reuniões para leituras e discussões de livros e relatórios com os membros do Grupo de Estudos em Desenvolvimento Econômico Brasileiro (GEDEB) que embasarão as discussões nas mesas do evento. O evento será aberto à comunidade externa e interna à UFVJM. Desta maneira, perspectiva-se que os participantes terão maior conhecimento deste período histórico trágico para o país, entenderão os motivos do golpe civil-militar, as principais medidas adotadas durante os 21 anos de ditadura, também terão conhecimento dos relatórios da Comissão Nacional da Verdade, documento imprescindível para se entender as perseguições, torturas, violações dos diretos humanos, entre outras atrocidades cometida pelas Forças Armadas. Com isso, os participantes poderão se posicionar de maneira mais qualificada nesse debate, de modo que ajudem no processo coletivo para que essa tragédia não se repita, ainda mais nos dias atuais, em que a ditadura tem sido minimizada por alguns.

O evento, organizado pelo GEDEB, contará, na organização, com três professores da UFVJM, uma professora da UNESP, um aluno do doutorado da UNICAMP, uma aluna do mestrado do TAS/UFVJM e duas alunas da graduação, totalizando oito organizadores. Ocorrerão reuniões sistemáticas para leituras e discussão dos livros e relatórios sobre os temas das mesas, uma vez que os organizadores também terão espaço de fala no dia do evento. Isso exige muitas leituras e reuniões. Ainda, contaremos com um professor da UNESP que participou diretamente da confecção dos relatórios da Comissão da Verdade. Após diversas reuniões, três grupos farão a composição das mesas: Mesa 1: O Projeto de Desenvolvimento Nacional e a “Construção Interrompida” pelo Golpe Civil-Militar, Mesa 2: Os Militares no Poder e o Período da Ditadura Civil-Militar, e Mesa 3: A Comissão Nacional da Verdade. O ocorrerá no auditório do NIPE, que tem capacidade para 120 pessoas, e com algumas palestras ministradas de maneira híbrida, pois alguns participantes serão de fora da cidade de Teófilo Otoni, e farão sua participação de forma on-line. Espera-se que as apresentações e os debates ao longo do evento produzam um maior conhecimento para os participantes sobre a ditadura civil-militar, de modo que isso ajude a se posicionarem criticamente sobre esse período e que possibilite novos eventos de extensão como desdobramento desse evento, tanto nas escolas, como na UFVJM.

BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O governo João Goulart: as lutas sociais no Brasil, 1961-1964. 8. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2010. DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado – ação política, poder e golpe de classe. 3. ed. Petrópolis – RJ: Vozes, 1981. NETTO, José Paulo. Pequena história da ditadura brasileira (1964-1985). São Paulo: Cortez, 2014. RODRIGUES, Carlos Henrique Lopes. Revisitando o golpe civil-militar no Brasil de 1964. In: BARROS, Andréa Kelmer; SILVA, Ricardo Silvestre (orgs.). Estado brasileiro contemporâneo: desafios políticos, sociais e culturais. São Paulo: Alexa Cultural, 2024. SODRÉ, Nelson Werneck. Vida e morte da ditadura: 20 anos de autoritarismo no Brasil. 2. ed. Petrópolis – RJ: Vozes, 1984. TOLEDO, Caio Navarro (org.). 1964: Visões críticas do golpe: democracia e reformas no populismo. 2. ed. Campinas, SP, Editora da Unicamp, 2014.

O evento trata de um tema que envolve toda a sociedade, uma vez que, apesar de ter ocorrido há décadas, é atual. Hoje em dia têm-se no Brasil uma ameaça à democracia. Desta forma, discutir a partir do “II Ciclo de Debate do GEDEB: reflexões sobre a ditadura civil-militar e a ‘construção interrompida’” os motivos e desdobramentos do golpe civil-militar de 1964 é trazer para a comunidade importantes reflexões sobre a sociedade brasileira como um todo e sua permanência nos dias atuais.

O “II Ciclo de Debate do GEDEB: reflexões sobre a ditadura civil-militar e a ‘construção interrompida’” aborda aspectos históricos, políticos e econômicos. Com isso, há a interação entre diversas disciplinas e consegue envolver todos os cursos do Campus do Mucuri, além de escolas do ensino médio da cidade de Teófilo Otoni.

O “II Ciclo de Debate do GEDEB: reflexões sobre a ditadura civil-militar e a ‘construção interrompida’” é resultado de pesquisas e estudos realizados pelo GEDEB durante um ciclo de leituras e debates de quase 2 anos, que se debruçou e se debruça sobre os estudos do golpe civil-militar e do regime militar. O evento evidenciará a relação entre ensino, pesquisa e extensão, uma vez que a pesquisa tem desdobramentos no ensino e também na extensão, já que poderá ser utilizado em disciplinas tanto dos cursos do Campus do Mucuri quanto do ensino médio que participarão do evento, se relacionando também com a extensão. Como já exposto, o evento será aberto tanto à comunidade acadêmica quanto ao público externo.

Os impactos na formação dos discentes são significativos. Os alunos que fazem parte do GEDEB aprendem com as leituras e discussões no grupo de estudos, além de comporem as mesas no dia do evento. Já os alunos que não fazem parte do grupo participarão como ouvintes e debatedores, uma vez que os discentes são o público-alvo. Com isso, serão estimulados a uma reflexão crítica sobre a ditadura no Brasil e seus desdobramentos nos dias atuais.

O “II Ciclo de Debate do GEDEB: reflexões sobre a ditadura civil-militar e a ‘construção interrompida’” apresentará relevantes resultados de pesquisa do grupo de estudos ao longo dos último 2 anos. O tema abordado, além de reforçar o papel da universidade pública, terá impactos na transformação social por fazer uma discussão crítica sobre a ditadura no país, de modo que os participantes entendam o quanto esse período foi prejudicial para o Brasil. Assim, poderão se posicionar de maneira crítica, argumentando contra aqueles que ainda defendem a ditadura. Nos dias atuas, cresce o número daqueles que se posicionam a favor da ditadura ou a minimizam, sobretudo por falta de conhecimento sobre o que foi esse período trágico da história do Brasil.

Cartazes, redes sociais e site da UFVJM.