O Parque Nacional Cavernas do Peruaçú, localizado no Norte de Minas Gerais, foi declarado Patrimônio Natural Mundial da Humanidade pela Unesco. A comunidade do entorno já vem sentindo os impactos desta classificação em seu dia a dia. A procura por públicos diferenciado e empresas acendeu um alerta na comunidade da importância de se organizar e fortalecer seus vínculos sociais. Neste sentido a Associação de Agentes Ambientais demandou a revisão de seu estatuto e apoio em demandas junto ao ICMBIO.

Comunidade, Parque Nacional Cavernas do Peruaçú, associação

A Unidade de Conservação foi criada em 1999, e possui uma área de 56.448 hectares, que compreende os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, na região norte de Minas Gerais. Nos idos dos anos 2000, com o advento de uma possível abertura da unidade de conservação a visitação turística a comunidade dos distritos Fabião I e II foi mobilizada e instruída sobre o turismo de base comunitária, ação em que a autora deste projeto participou como consultora. Quando da abertura da unidade à visitação turística alguns serviços já estavam organizados, como, por exemplo, o trabalho dos condutores de visitantes para os atrativos do Parque. Para a oferta deste serviço um grupo de moradores do local criou a associação dos agentes ambientais do Parque Nacional Carvernas do Peruaçú, tendo oficializado seu estatuto e regimento. Este estatuto reflete as demandas e necessidades do trabalho associativo naquele momento, em que o fluxo de visitantes era inexpressivo e que poucos roteiros eram realizados. Mais de dez anos após a abertura para visitação turística e com o advento da titulação como patrimônio Natural da Humanidade os associados demandaram a autora deste projeto apoio na revisão do seu estatuto e regimento e em demandas junto ao ICMBIO no sentido de apoiar a organização do fluxo de reservas para os roteiros.

A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri é uma instituição de ensino superior multicampi, com sede em Diamantina, Minas Gerais e influência em toda porção norte, nordeste e noroeste do estado. As ações de extensão, que são umas das frentes de trabalho da instituição, beneficiam as comunidades das regiões de influência, em diversas áreas. O apoio às demandas das comunidade é fundamental para que instituição se efetive e cumpra seus objetivos principais. A ação de apoio a comunidade do entorno de Parque Nacional Cavernas do Peruaçú, através da sociedade civil local organizada, como a associação de agentes ambientais, fortalece o arranjo institucional e beneficia turistas e comunidade. O fortalecimento dos serviços dos condutores faz-se fundamental para o plano desenvolvimento do turismo de base comunitária. O envolvimento dos alunos e professores do cursos de turismo beneficia também o processo de ensino e aprendizagem com exemplos concretos da atuação profissional do turismólogo e com a vivência prática em projetos importantes.

Geral: Apoiar a Associação de Agentes Ambientais do Parque Nacional Cavernas do Peruaçú quanto a sua formalização; Específicos: Revisar o estatuto da associação; Assessorar a formalização do estatuto e regimento interno; Levantar demandas e ações necessárias quanto a organização do sistema de reservas para os roteiros realizados no Parque.

Revisar o Estatuto da Associação Assessorar a formalização do Estatuto da associação Realizar três reunões setoriais junto a comunidade e instituições

O trabalho proposto é de natureza prática e participativa. Serão realizadas reuniões técnicas junto aos gestores do ICMBIO e comunidade para entender os processoas atuais relacionados ao trabalho e organização do s condutores e das visitas ao Parque; Após a realização das visitas será realizada análise documental do estatuto da associação e sua adequação aos processos identificados nas reuniões técnicas; Será redigida uma proposta de estatuto e de regimento a ser validada junto a assessoria jurídica da associação e aos associados; Será realizada assessoria para registro cartorial e formalização da associação.

HENRIQUES, Marcio Simeone. Comunicação e Estratégias de Mobilização Social. 2ª Impressão: Belo Horizonte, Autentica, 2007. BARTHOLO, Roberto; SANSOLO, Davis Gruber; Bursztyn, Ivan (org.). Turismo de Base Comunitária. Diversidade de Olhares e experiências brasileiras. Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social COPPE / UFRJ - Rio de Janeiro: Editora Letra e Imagem, 2009. BUARQUE, S.C. Metodologia de Planejamento do Desenvolvimento Local e Municipal Sustentável. Brasília: IICA. SEABRA, Giovanni. Turismo de base local: identidade cultural e desenvolvimento regional. João Pessoa-PB: Universitária/UFPB, 2007 TORO, José Bernardo. Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação. Belo Horizonte: Autêntica, 2004

A interação entre comunidade acadêmica com a sociedade se dará pela participação da comunidade e instituições como o ICMBIO onde a oportunidade dos debates e trocas de experiência serão potencializados. Serão trabalhados temas ligados a desenvolvimento comunitário, associativismo, organizações sociais e outros. Os membros da associação e da comunidade e representantes do ICMBIO participarão de forma efetiva do projeto garantindo a troca e vários tipos de interação nas visitas propostas.

A assessoria para a criação dos novos estatuto e regimento da associação abrange conhecimentos em diversas áreas. Das informações a serem repassadas pelos gestores do Parque nacional Cavernas do Peruaçú, geralmente com habilidades nas áreas de gestão de unidades de conservação, mais precisamente do uso público destas unidades, da assessoria jurídica para a revisão dos documentos a luz da legislação vigente e da organização do turismo da base comunitária, no sentido de extrair da comunidade seus anseios, seu direcionamento efetivo para a prática autônoma da atividade. Conhecimentos necessário de áreas transversais como a meio ambiente, o turismo e o direito na busca pelo organização e desenvolvimento local.

A oportunidade de tomar contato com experiências profissionais diversas proporciona um impacto na formação do estudante, especialmente sobre formas de sentir e agir profissional mais complexas, ou seja, que não fragmenta na sua ação o próprio ser humano e o mundo que o cerca. A proposta da temática evolvendo a organização comunitária pode aproximar grupos muitas vezes distantes da nossa universidade e, através do debate e da troca, fazer surgir proposições de ações e intervenções de fomento ao turismo e aos grupos envolvidos.

O projeto proposto amplia significativamente o espectro de temas, epistemes e práticas profissionais acessíveis. Além disso, proporciona o estreitamento do diálogo entre universidade, docentes, discentes, comunidades, instituições e experiências no campo do turismo diversas. O discente envolvido é aluno do programa de pós graduação em turismo e áreas protegidas já tendo experiência com ações de extensão. Será qualificado especificamente quanto a legislação e organizações sociais, pela coordenação do projeto, em reuniões de planejamento. Realizará as atividades "Tratativas Iniciais" e "Análise e Readequação do Estatuto". Todas as ações a serem realizadas pelo discente serão acompanhadas pela coordenação do projeto e sua avaliação será considerada a partir de sua presença.

Com os encontros que serão proporcionados pelo projeto e documentos elaborados, propomos um desdobramento em uma formação profissional mais humanizada e não utilitarista o que tem um impacto direto sobre a atuação do profissional em turismo em seu papel no envolvimento e transformação social. A organização das comunidades para a prática do turismo de base comunitária é fundamental para minimizar os impactos negativos advindos da atividade turística e de qualificações como o título de Patrimônio Mundial Natural da Humanidade.

Os resultados serão divulgados nas redes sociais do curso de turismo e da Associação de Agentes ambientais.