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Colhendo futuro: formação e valorização do cooperativismo na agricultura familiar do Vale do Mucuri
Sobre a Ação
202203001446
032022 - Ações
Projeto
RECOMENDADA
:
EM ANDAMENTO - Normal
01/05/2026
30/04/2027
Dados do Coordenador
andre moulin dardengo
Caracterização da Ação
Ciências Sociais Aplicadas
Trabalho
Educação
Desenvolvimento rural e questão agrária
Regional
Não
Não
Sim
Dentro e Fora do campus
Integral
Sim
Redes Sociais
Membros
O projeto Colhendo Futuro propõe fortalecer o cooperativismo e a agricultura familiar no Vale do Mucuri, em continuidade a ações anteriores do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro. Em parceria com cooperativas e associações locais, busca suprir lacunas de formação em autogestão e viabilidade técnica, promovendo diagnóstico da cadeia do mel e estudos para uma Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelhas. Articula capacitação, intercâmbio e renda sustentável na região.
Apicultura; Semiárido mineiro; Cooperativismo; Associativismo; Agricultura Familiar; Vale do Mucuri
O presente projeto de extensão surge da necessidade de dar uma resposta às demandas de agricultores/as familiares e produtores/as apícolas que já foram identificadas em pesquisa realizada no âmbito do projeto "Cadeia de valor do mel no semiárido mineiro - análise ecológica, socioeconômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais", financiado pela CAPES e FAPEMIG. O projeto também avança nas questões já enfrentadas pelo projeto de extensão Fortalecimento da Apicultura no Semiárido Mineiro que está em execução e tem previsão de encerramento no mês de abril de 2026. O projeto de extensão Colhendo Futuro: formação e valorização do cooperativismo na agricultura familiar do Vale do Mucuri é proposto pelo Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro [UFVJM - Campus JK (Diamantina) e Campus do Mucuri ( Teófilo Otoni)] e pelo Centro de Estudos Avançados em Sistemas Ecológicos e Interações (CAFESIN – UFVJM – Campus JK) em articulação com entidades parceiras: Cooperativa Agroindustrial da Agricultura Familiar de Padre Paraíso e Região, Associação de Apicultores de Ladainha, Associação de Apicultores de Novo Oriente de Minas e outras organizações que possam futuramente se somar ao processo. Os(as) produtores(as) apícolas, que formam cooperativas ou associações no semiárido mineiro, apontaram que falta formação e capacitação técnica a respeito de temas como o cooperativismo, o associativismo, a autogestão, a Economia Solidária. Como argumentam Ferreira e Silva (2015, p. 15), “[...] o contexto cooperativo tem apresentado a sua preocupação em relação a pouca ou, até mesmo, inexpressiva participação do associado nas atividades de decisão e discussão das cooperativas. Essa condição reduz a gestão democrática – um dos princípios do cooperativismo – e denuncia uma educação cooperativa frágil ou inexistente”. No projeto de extensão Fortalecimento da Apicultura no Semiárido Mineiro estão sendo realizadas ações para fortalecer a coesão dos grupos e organizações em torno dos princípios do cooperativismo e do associativismo a fim de potencializar as entidades regionais. No entanto, ainda há lacunas nessa formação e, principalmente, no que se refere às condições técnicas e econômico-financeiras que garantiriam a viabilidade dos empreendimentos cooperativos. O projeto Colhendo Futuro tem por objetivo colaborar para superar essas debilidades realizando um diagnóstico da situação atual da cadeia produtiva do mel no Vale do Mucuri e realizando estudos de viabilidade técnica e econômica para implementação de uma Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelhas na região. Além disso, a promoção de intercâmbio com ouros agricultores/as familiares e apicultores/as de outras regiões de Minas Gerais para trocas de saberes e de experiências é uma das metas do projeto. A produção de mel no semiárido mineiro é, notadamente, uma importante atividade de geração de renda, com destaque para o Mel de Aroeira, planta cuja floração ocorre no período de clima mais seco na região. A região do Vale do Mucuri, território de desenvolvimento desta proposta, também tem potencialidades para produção de méis uniflorais de Velame e Assa-Peixe, além de mel silvestre, principalmente no território da Área de Proteção Ambiental (APA) do Alto Mucuri. A atividade apícola, nesse contexto, contribui com a preservação do meio ambiente e com os sistemas agroecológicos da agricultura familiar, além de proporcionar renda que evita a migração sazonal de muitos produtores(as) da região. Ademais, é importante salientar que as regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri são caracterizadas por baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e a UFVJM pode cumprir um papel relevante na modificação desta realidade, uma vez que os estudos de viabilidade técnica e econômica e os processos formativos propostos neste Projeto de Extensão podem fomentar o aumento da produção apícola e a ampliação da geração de renda com a consolidação e ampliação de práticas de trabalho autogestionárias. Os diálogos e a interlocução entre atores sociais também podem conduzir à formulação de políticas públicas que atendam às demandas diagnosticadas. Mesmo que o foco do projeto seja na região do Vale do Mucuri é importante salientar que o baixo e o médio Jequitinhonha estão muito conectados à região, já que Teófilo Otoni é a cidade polo do nordeste de Minas Gerais. Aliás, a nova subdivisão territorial feita pelo IBGE considera a Região Geográfica Intermediária de Teófilo Otoni (RGInTO) como a junção das antigas mesorregiões do Vale do Mucuri e do Vale do Jequitinhonha. Dentre as ações previstas, a realização de uma oficina de diversificação de produtos apícolas tem potencial para criar as condições para ampliação de vendas com consequente maior geração e renda para os produtores/as. A diversificação de produtos relaciona-se também à possível implementação da Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelhas na região. Trata-se, portanto, de uma ação de extensão para que a Universidade esteja engajada nos processos sociais e de análise da realidade vivida pelas comunidades contribuindo para o aprimoramento de uma atividade econômica importante para os(as) produtores(as) envolvidos(as). Ainda, na perspectiva da formação, vivência e socialização, também serão realizadas atividades com grupos de estudos e reuniões envolvendo equipe do projeto, agricultores/as familiares, produtores/as apícolas e comunidades; e acompanhamento de atividades em comunidades com oportunidades para vivência e troca de experiências. Por fim, uma dessas atividades que será apoiada pelos membros da equipe deste Projeto de Extensão é a realização da Seminário de Apicultura do Vale do Jequitinhonha em 2026.
1. Atuação do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro O Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro é um grupo de pesquisa, ensino e extensão que promove uma formação dialógica, criado em 2018 e sediado no Campus JK da UFVJM, em Diamantina (MG) e no Campus do Mucuri, Teófilo Otoni (MG). O grupo é composto por professores/técnicos/pesquisadores/extensionistas, com formação interdisciplinar. Além disso, o grupo também possui mestrandos e graduandos de diversas áreas do conhecimento. Tem como missão “valorizar, construir e compartilhar conhecimentos por meio de processos dialógicos e formativos, que problematizem as realidades territoriais em que estamos inseridos, colaborando na reflexão junto com os sujeitos e coletivos no seu agir e intervir no mundo". Sua visão é “ser reconhecido como um espaço aberto à acolhida, partilha e articulação a partir de um trabalho coletivo e comprometido com a construção, sistematização e comunicação de conhecimentos científicos para uma Universidade contextualizada e socialmente referenciada". As linhas de atuação do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro são: 1) estudos agrários e agroecologia; 2) Paradigmas societários para o Bem-viver. O Observatório dos Vale e do Semiárido Mineiro desenvolveu, de 2022 a 2025, em conjunto com o grupo de pesquisa CAFESIN, o projeto de pesquisa "Cadeia de valor do mel no Semiárido Mineiro - análise ecológica, socio-econômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais", financiado pela CAPES e pela FAPEMIG. Também com financiamento da FAPEMIG os pesquisadores do Observatório desenvolveram o projeto "Possibilidades e desafios da produção cooperada de mel no Vale do Jequitinhonha". Assim, tendo em vista os estudos que vem sendo feitos junto aos grupos da cadeia produtiva do mel no semiárido mineiro, a necessidade de promover a socialização dos resultados alcançados pela pesquisa realizada e de aprofundar aspectos identificados junto aos apicultores, e ainda com a finalidade de apoiar e contribuir na estruturação da referida cadeia produtiva do mel e demais produtos apícolas no semiárido mineiro, o Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro propõe o presente plano de trabalho para Realização de estudos de viabilidade técnica e econômica de Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e ações formativas e de capacitação para fortalecer as potencialidades e contribuir para minimizar as dificuldades dos grupos da cadeia produtiva do mel do Vale do Mucuri. 2. Importância do fortalecimento da agricultura familiar e da cadeia produtiva da apicultura Segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM-2020), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, a produção nacional de mel foi de 51,5 mil toneladas, apresentando um crescimento de 12,5% em relação ao ano de 2019. O estado de Minas Gerais, um dos maiores produtores do país, contribuiu com 7,96% da produção nacional, sendo que, internamente, a região do Jequitinhonha/Mucuri é responsável pelo segundo maior volume de produção de mel no estado. No Brasil, a apicultura é predominantemente de pequeno porte, típica da agricultura familiar e configura-se como uma importante atividade complementar de renda e diversificação produtiva que exige cooperação, sobretudo para o processo de beneficiamento que, em geral, ocorre em Unidades de Beneficiamento de Produtos de Abelhas de propriedade coletiva, constituídas como associações ou cooperativas. Também é comum que a cooperação seja benéfica para a distribuição e comercialização da produção. Assim, o trabalho organizado de forma cooperativa pode aumentar a produtividade e reduzir custos, além de garantir relações de trabalho diferenciadas, pautadas nos princípios cooperativos, trazendo benefícios econômicos, sociais e ambientais para os cooperados e seus respectivos territórios. Neste sentido, este projeto de extensão propõe a realização de ações formativas, diálogos e vivências que envolvam a comunidade universitária da UFVJM – Campus do Mucuri e Campus JK -, e as famílias de produtores apícolas do semiárido mineiro com ênfase na região do Vale do Mucuri. A indicação prioritária dos municípios do Vale do Mucuri, leva em conta a existência de cooperativas e ou associações de produtores de mel e também considera o impacto financeiro do deslocamento dos participantes do Projeto de Extensão para as atividades. Para a execução do projeto será indispensável o aprofundamento das relações interinstitucionais entre os docentes, pesquisadores e discentes da UFVJM, bem como do Observatórios dos Vales e do Semiárido Mineiro, com a Associação dos Apicultores de Ladainha – Apil, com a Associação de Apicultores de Novo Oriente de Minas – Apinom, com a Cooperativa Agroindustrial da Agricultura Familiar de Padre Paraíso e Região – Cooperagropap, e demais produtores/as apícolas organizados da região. Assim, forma-se uma rede de atores ligados ao tema do cooperativismo e da Economia Solidária que possibilitará a ampliação do diagnóstico de demandas dos produtores apícolas com o intuito de formular o diagnóstico, o estudo de viabilidade técnico-econômica e a oficina de diversificação de produtos apícolas. Parte-se da perspectiva de que o cooperativismo deve ser entendido não apenas como um modelo de negócios, mas como “[...] uma filosofia de vida que busca transformar o mundo em um lugar mais justo, feliz, equilibrado e com melhores oportunidades para todos. Um caminho que mostra que é possível unir desenvolvimento econômico e desenvolvimento social, produtividade e sustentabilidade, o individual e o coletivo” (OCB, 16 maio de 2022). A Economia Solidária, por seu turno, se caracteriza pelo conjunto de formas de organização autogestionária da produção e do trabalho a partir de um amplo conjunto de práticas coletivas e comunitárias que visam garantir meios para a satisfação das necessidades materiais dos associados (SINGER, 2002) e tem nas cooperativas e associações sua principal forma de organização. Embora o cooperativismo e as práticas solidárias aparentem ser um modelo mais adequado para organização da agricultura familiar e da cadeia de produção do mel e outros produtos apícolas no semiárido mineiro, percebe-se ainda que grande parte da produção, beneficiamento e comercialização ocorre a partir de produtores isolados com intermediação de atravessadores. Portanto, identificar as demandas dos produtores apícolas e apresentar um estudo de viabilidade econômica de um empreendimento coletivo terá potenciais efeitos positivos no âmbito da cadeia produtiva do mel e outros produtos apícolas. Importante ressaltar que a proposta deste Projeto de Extensão nasce de demandas já apontadas pelo setor produtivo apícola sendo desdobramento de pesquisas anteriores com financiamento público (SILVA; FERREIRA; RECH, 2021) nos quais a equipe está inserida, cabendo citar o Projeto de Pesquisa “Cadeia de valor do mel no Semiárido mineiro - análise ecológica, socioeconômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais”, com financiamento CAPES e FAPEMIG; e o projeto “Possibilidades e desafios da produção cooperada de mel no Vale do Jequitinhonha”, também financiado pela FAPEMIG. Portanto, este Projeto de Extensão materializa a indissociabilidade com o ensino e com a pesquisa, visando contribuir com a formação, com a melhoria de renda e das condições de trabalho dos produtores apícolas da região e se articula com a Política de Extensão institucional, a qual postula que: “[...] a produção do conhecimento via extensão se faz na troca de saberes sistematizado, acadêmico e popular, que, por sua vez, possibilita a democratização do conhecimento com a participação da comunidade” (UFVJM, 2009, p. 03). O projeto, assim, busca influenciar diretamente na realidade regional com a perspectiva de fomentar o desenvolvimento regional e sustentável. Este projeto se insere em pelo menos quatro objetivos do milênio de desenvolvimento sustentável da ONU (2; 8, 20 e 12), uma vez que pode apoiar a gestão sustentável e eficiente dos recursos naturais, promover a inclusão social e econômica e elevar a renda e a produção agrícola de forma sustentável. O projeto pode contribuir para alcançar pelo menos três desafios do Plano Estratégico do Sistema Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) 2021-2023: qualificação de mão de obra para o cooperativismo, ampliação da participação das cooperativas no mercado e fortalecimento da cultura cooperativista e da intercooperação. Esta proposta também se articula e complementa outros projetos de financiamento que aprovamos no CNPq, CAPES e FAPEMIG, tornando-se estratégica para uma abordagem transversal, interdisciplinar e fortemente alinhada ao desenvolvimento econômico e social da região do semiárido mineiro. Cabe citar o projeto de pesquisa “Cadeia de valor do mel no Semiárido mineiro - análise ecológica, sócio-econômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais” contemplado com recursos financeiros e bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no âmbito do Programa de Desenvolvimento da Pós-graduação promovido pela FAPEMIG e CAPES. Deste modo, este projeto de extensão conecta-se com as pesquisas que têm sido desenvolvidas no âmbito da UFVJM, por pesquisadores do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro e pelo Centro de Estudos Avançados em Sistemas Ecológicos e Interações (CAFESIN), com potencial de contribuir com a socialização dos resultados, bem como, com a identificação de demandas para aprofundarem estudos e pesquisas futuras. Portanto, o projeto atende às diretrizes da Política de Extensão Universitária e à missão institucional da UFVJM.
1. Objetivo Geral Realizar estudos de viabilidade técnica e econômica de Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelhas e ações formativas e de capacitação para fortalecer as potencialidades e contribuir para minimizar as dificuldades dos grupos da cadeia produtiva do mel do Vale do Mucuri. 2. Objetivos específicos a) Realizar grupos de estudos e reuniões envolvendo equipe do projeto, agricultores/as familiares, produtores/as apícolas e comunidades. b) Definição de metodologia de estudo do potencial produtivo do arranjo produtivo local da apicultura no Vale do Mucuri. c) Aplicação de 20 (vinte) entrevistas/questionário para coleta e sistematização de dados sobre o arranjo produtivo local da apicultura no Vale do Mucuri. d) Coleta e sistematização de dados de 3 (três) unidades de beneficiamento de produtos de abelha em Minas Gerais. e) Produção de relatório de viabilidade econômica da unidade de beneficiamento de produtos de abelha – Cooperagropap (Catují). f) Promoção de 1 (um) encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos estudos de viabilidade econômica da Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelha. g) Realização de 1 (uma) Oficina sobre diversificação de produtos apícolas. h) Promoção de intercâmbio para troca de experiência entre os agricultores/as familiares e apicultores/as do Vale do Mucuri e demais apicultores/as do estado de Minas Gerais. i) Contribuir com a organização do Seminário de Apicultura do Vale do Jequitinhonha do ano de 2026. j) Fortalecer a relação interinstitucional entre os parceiros envolvidos no projeto. k) Apoiar articulação entre atividades de ensino e formação, pesquisa e extensão aos grupos de pesquisa envolvidos. l) Contribuir para o cumprimento da missão institucional da UFVJM, no que tange a atuação regional visando inserção social por meio da formação de recursos humanos com competências para atuar nos desafios impostos ao desenvolvimento regional. Fomentar a indissociabilidade da extensão, do ensino e da pesquisa no âmbito da comunidade universitária, por meio da realização de atividades que envolvam servidores (docentes e técnicos), estudantes (graduação e pós-graduação), cursos, grupos de pesquisa e extensão, bem como a comunidade regional.
Meta 1 – Definição de metodologia de estudo do potencial produtivo do arranjo produtivo local da apicultura no Vale do Mucuri. Meta 2 – Coleta e sistematização de dados sobre o arranjo produtivo local da apicultura no Vale do Mucuri. Meta 3 – Coleta e sistematização de dados sobre unidades de beneficiamento de produtos de abelha em Minas Gerais. Meta 4 – Relatório de viabilidade econômica da unidade de beneficiamento de produtos de abelha – Cooperagropap (Catuji). Meta 5 – Promover encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos estudos de viabilidade econômica da Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelha. Meta 6 – Realização de Oficina sobre diversificação de produtos apícolas. Meta 7 – Promover intercâmbio para troca de experiência entre os apicultores do Vale do Mucuri e demais apicultores do estado de Minas Gerais. Meta 8 - Pagamento de despesas operacionais e administrativas à Fundação de Apoio.
No âmbito do projeto será desenvolvido um estudo de viabilidade técnica e econômica de uma Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelhas a ser gerido por uma cooperativa. O estudo de viabilidade de um empreendimento busca avaliar a justificativa e a sustentabilidade de um projeto, considerando seus aspectos técnicos, econômicos, financeiros e administrativos. A eficiência técnica deve estar articulada à viabilidade econômica, garantindo a coerência entre o desempenho do projeto e sua sustentabilidade (HIRSCHFELD, 2000) As ações do projeto serão desenvolvidas sempre adotando uma postura dialógica com o público-alvo. Para o Cooperativismo e a Economia Solidária a educação cooperativa é algo fundamental, de forma que ‘Educação, formação e informação’ são princípios cooperativos desde a fundação da primeira cooperativa, a Cooperativa dos Probos Pioneiros de Rochdale, em 1844, na Inglaterra. É através da educação cooperativa e de suas práticas, que se pode garantir “[...] um melhor uso e conhecimento das atividades, procedimentos e investimentos que podem ser operados no sistema cooperativista” (Ferreira; Silva, 2015, p. 15). Ou seja, a realização de um estudo de viabilidade econômica será um processo educativa que integra os/as sócios/as da cooperativa e/ou associação. Contudo, este processo não pode ser realizado de forma descontextualizada da realidade concreta em que se encontram os/as produtores/as associados/as, no nosso caso, os(as) agricultores/as familiares e produtores(as) apícolas da região do Vale do Mucuri e adjacências. Por isso, pretende-se adotar as práticas da Educação Popular, preconizadas por Paulo Freire, as quais levam em conta os anseios, demandas, cultura e conhecimentos tradicionais já existentes nos educandos. A execução do projeto de extensão segue os princípios e fundamentos da educação popular que, especificamente no referencial de Paulo Freire, é “um método da cultura popular: [que] conscientiza e politiza” (Fiori, 2014, p. 29) e se pauta pela defesa da educação libertadora, ou seja, “A educação como prática de liberdade, ao contrário daquela que é prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como uma realidade ausente de homens” (FREIRE, 2014, p. 98). Assim, inspirados pela Educação Popular, é preciso ter sempre presente que: Nosso papel não é falar ao povo sobre a nossa visão do mundo, ou tentar impô-la a ele, mas dialogar com ele sobre a sua e a nossa. Temos de estar convencidos de que a sua visão de mundo, que se manifesta nas várias formas de sua ação, reflete sua situação no mundo, em que se constitui. A ação educativa e política não pode prescindir do conhecimento crítico dessa situação... (FREIRE, 2014, p. 120). Para que o processo formativo caminhe por princípios educativos como prática da liberdade é fundamental garantir condições para a leitura e análise do mundo vivido, e sua problematização, afinal “quanto mais se problematizam os educandos, como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados” (FREIRE, 2014, p. 98). E isto valida o axioma “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam entre si, mediatizados pelo mundo” (Id, p. 95). Problematizar a realidade vivida pelos/as agricultores/as familiares e produtores/as apícolas identificando seus principais desafios é o ponto de partida para construção de um diagnóstico que subsidiará a estruturação dos encontros formativos e a definição da metodologia das oficinas. Partindo destas considerações, no decorrer do projeto, que será desenvolvido ao longo de 12 meses, a seguintes procedimentos metodológicos serão utilizados: a) – Serão realizadas reuniões semanais da coordenação do projeto com o(a) instrutor(a) na área de Cooperativismo e Associativismo, com o(a) discente bolsista e reuniões bimestrais de toda equipe envolvida no projeto para debate, estruturação, acompanhamento e avaliação das ações propostas; b) - Serão realizadas reuniões mensais de grupos de estudos (em Teófilo Otoni e em Diamantina) envolvendo a equipe do projeto e as comunidades acadêmicas, possibilitando a preparação dos integrantes do projeto para as ações propostas; c) Será organizado um encontro com os produtores/as e parceiros/as para entrega dos resultados do estudo de viabilidade técnica e econômica; d) Por fim, na execução da oficina de diversificação de produtos apícolas será adotada uma metodologia expositiva, dialogada e participativa que dê voz aos sujeitos envolvidos na produção apícola. Os deslocamentos dos/as membros da equipe, dos/as discentes e produtores/as para os encontros será realizado com veículo da universidade utilizando a verba de custeio do projeto ou com locação de veículo. Cabe destacar que parte da equipe que fica em Diamantina terá que se deslocar para os locais em que ocorrerão as atividades de oficina e demais encontros previstos. A metodologia do estudo de viabilidade técnica e econômica e a estrutura dos encontros e oficinas serão definidas ao longo da execução do projeto a partir das demandas apresentadas pelos produtores coletadas no processo de diagnóstico. Serão envolvidos até 60 produtores/as nas atividades de formação.
ABDALLA, M. O princípio da cooperação: em busca de uma nova racionalidade. São Paulo: Paulus, 2002. BENINI, E. A.; FARIA, M. S.; NOVAES, H. T.; DAGNINO, R. Gestão pública e sociedade: fundamentos e políticas públicas de economia solidária. V. 1. São Paulo: Outras Expressões, 2012. BENINI, E. A.; FARIA, M. S.; NOVAES, H. T.; DAGNINO, R. Gestão pública e sociedade: fundamentos e políticas públicas de economia solidária. V. 2. São Paulo: Outras Expressões, 2012. BARBOSA, R. N. de C. A economia solidária como política pública: uma tendência de geração de renda e ressignificação do trabalho no Brasil. São Paulo: Cortez, 2007. FERREIRA, G. M.V.; SILVA, D. F. Educação cooperativista. Santa Maria-RS: Universidade Federal de Santa Maria, Colégio Politécnico, Rede e-Tec Brasil, 2015. FIORI, E. M. Educação e Política: Textos escolhidos – volume 2; coordenação: Otília Beatriz Fiori Arantes. - 2. ed. Porto Alegre, UFRGS Editora, 2014. FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2014. GAIGER, L. I. (Org.). Sentidos e experiências da economia solidária no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. GUILLERM, A.; BOURDET, Y. Autogestão: uma mudança radical. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. HIRSCHFELD, H. Engenharia Econômica e Análise de Custos. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. LOUREIRO, M. R. (Org.). Cooperativas agrícolas e capitalismo no Brasil. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1981. OCB. O que é cooperativismo. Disponível em: <https://somoscooperativismo.coop.br/oque-e-cooperativismo>. Acesso em: 10 de jun. 2022. SANTO S, B. S. (org.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. SILVA, M. C. M., FERREIRA, D. C. M., RECH, A. R. A produção de mel de aroeira como fonte de renda para apicultores do Vale do Jequitinhonha. V Simpósio Brasileiro de Recursos Naturais do Semiárido – SBRNS: “Capital natural do semiárido: vulnerabilidades e recuperação de áreas”. Trabalho completo. Anais do Evento, 2021. Apresentação disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=pXEKkMl9m7E>. SINGER, P. Introdução à economia solidária. SãoPaulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002. SOUZA, A. R.; CUNHA, G. C.; DAKUZAKU, R. Y. Uma outra economia é possível: Paul Singer e a Economia Solidária. São Paulo: Contexto, 2003
O projeto Colhendo Futuro visa fomentar o aprendizado de mão-dupla proveniente da interação entre o conhecimento, experiências e saberes populares da comunidade externa e o conhecimento acadêmico, impulsionando a construção coletiva do conhecimento. A comunidade externa à universidade se beneficia das ações de Extensão ao se apropriar e se inserir ativamente em discussões qualificadas sobre temáticas de extrema relevância social, contribuindo, dessa forma, para a produção do conhecimento ao compartilhar saberes construídos em sua prática cotidiana, profissional ou vivência comunitária. A comunidade acadêmica (docentes/ técnicos/ discentes) contribui para a divulgação de conhecimentos científicos sobre cooperativismo, associativismo e manejo apícola e se beneficia pelo diálogo com a comunidade externa sobre a complexidade das questões, desafios e anseios sociais contemporâneos, estimulando o conjunto da comunidade acadêmica à reflexão sobre as potenciais formas de colaboração em sua atuação profissional e social. Espera-se, nesse sentido, que as ações extensionistas do projeto constituam uma contribuição relevante no desenvolvimento cultural, educativo, político e científico da sociedade especialmente impactando na forma de organização produtiva dos(as) apicultores(as) do semiárido mineiro.
A interdisciplinaridade é uma característica fundamental das Ciências Econômicas, em particular, e das Ciências Sociais Aplicadas, em geral. Tal característica reflete a própria complexidade da realidade social, que requer a mobilização de diferentes áreas do conhecimento para a sua apreensão, como a história, matemática, sociologia, política, estatística, geografia, etc. A interdisciplinaridade é um traço, portanto, da proposta de execução do Projeto Colhendo Futuro. O Projeto, por ser calcado em discussões de temáticas de grande relevância social, como cooperativismo, associativismo e manejo apícola, requer a articulação com profissionais, acadêmicos e organizações sociais e populares atuantes em diferentes setores. As trocas de saberes através das interações dialógicas entre a universidade e a comunidade externa propostas neste projeto, nesse sentido, são atravessadas pela interdisciplinaridade e interprofissionalidade, contribuindo assim para a formação multidimensional dos discentes envolvidos. Cabe ressaltar que a equipe do projeto é composta por economistas, geógrafa, biólogo, químico, cientista social, bolsista em gestão de cooperativas, discentes de ciências econômicas e humanidades, etc., garantindo a interprofissionalidade.
O presente projeto de extensão surge da necessidade de dar uma resposta às demandas dos produtores apícolas que já foram identificadas em pesquisa realizada no âmbito do projeto "Cadeia de valor do mel no semiárido mineiro - análise ecológica, socioeconômica e organoléptica com vistas à exportação e ampliação do mercado de méis especiais", financiado pela CAPES e FAPEMIG e pelo Projeto de Pesquisa "Possibilidade e desafios da produção cooperada de mel no Vale do Jequitinhonha", também financiado pela FAPEMIG. O projeto de extensão é proposto pelo Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro (UFVJM - Campus Diamantina) e pelo Centro de Estudos Avançados em Sistemas Ecológicos e Interações (CAFESIN – UFVJM – Campus Diamantina) em articulação. Dessa forma discentes e docentes poderão integrar os conhecimentos apreendidos nas unidades curriculares de seus respectivos cursos de graduação e pós-graduação com as descobertas científicas dos projetos de pesquisa nas ações de extensão do projeto. Cabe destacar que o este projeto de extensão é desdobramento de outro outro projeto de extensão da UFVJM já existente Cooperativismo e autogestão na apicultura dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
É propósito deste projeto de extensão estimular a participação ativa de estudantes da graduação e da pós-graduação, contribuindo na sua trajetória de formação acadêmica e profissional. A proposta tem potencial de inserção regional da UFVJM, na medida em que possibilitará a compreensão dos problemas e desafios vividos pelas comunidades nos territórios que compreendem a região dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, permitindo aos discentes intervir diretamente nesta realidade. Destarte, as formas de inserção dos estudantes se darão a partir da divulgação das atividades do projeto, no Portal da UFVJM e nas mídias sociais da instituição, com adesão voluntária. Adicionalmente, no caso de aprovação do projeto, haverá processo de seleção de estudante-bolsista com atenção aos critérios de disponibilidade de dedicação, inserção regional (preferencialmente) e atuação ou participação em eventos e atividades que envolvem a realidade regional. Pretende-se, deste modo, que o estudante-bolsista atue de forma proativa e protagônica na execução das atividades indicadas, contribuindo com: a) Diálogo, mobilização e articulação com os parceiros a fim de consolidar a rede de atores, com o apoio à equipe, fazendo contato via e-mail, telefone, etc. para fazer ou enviar a proposta, consensuar datas nas agendas disponíveis, além de organizar a logística para as ações de formação, realizar o relato por escrito das atividades e elaborar a lista de frequência para assinatura dos participantes; b) Planejamento e organização das reuniões e demais atividades envolvidas na execução do projeto; c) Produção das sistematizações, relatórios, textos e produções científicas que tratam dos resultados dos acompanhamentos feitos aos grupos de mulheres; d) Produção de cartazes digitais, flyers digitais e criação de conteúdo nas redes sociais para divulgação de eventos, divulgação do andamento do projeto e de seus resultados ao público geral. Além de colaborar com a elaboração de material audiovisual para divulgação científica do projeto; e) Apoio na preparação das atividades de formação, oficinas, eventos etc.
A troca de saberes entre a comunidade externa à UFVJM e os membros internos da UFVJM aprofunda o conhecimento coletivo sobre temas importantes das Ciências Sociais Aplicadas, como cooperativismo e associativismo, e das ciências agrárias, como manejo apícola. O projeto tem potencial para impactar positivamente a cadeia produtiva do mel na medida em que fortalecerá os(as) produtores(as) em seu processo organizativo, bem como no aprimoramento das técnicas de manejo. As oficinas propostas podem, portanto, influenciar na melhoria da produtividade, eficiência das gestão das organizações e aumentos dos rendimentos auferidos pelos(as) produtores(as). A possibilidade de união e criação de marcas regionais de produtos apícolas com obtenção de selos com capacidade de agregação de valor, também está no horizonte do projeto.
A divulgação das ações se dará pelas redes sociais do Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro, canais institucionais oficiais da UFVJM e listas e redes sociais das entidades parceiras.
Público-alvo
Agricultores familiares, apicultores e meliponicultores.
Discentes da UFVJM
Municípios Atendidos
Teófilo Otoni - MG
Ladainha - MG
Catuji - MG
Padre Paraíso - MG
Novo Cruzeiro - MG
Itaipé - MG
Novo Oriente de Minas - MG
Carlos Chagas - MG
Ouro Verde de Minas - MG
Pavão - MG
Turmalina - MG
Montes Claros - MG
Diamantina - MG
Felisburgo - MG
Poté - MG
Parcerias
Divulgação e participação nas ações do projeto
Planejamento e execução do projeto.
Divulgação e participação nas atividades do projeto.
Planejamento e participação na execução do Projeto
Cronograma de Atividades
Carga Horária Total: 238 h
- Manhã;
- Tarde;
Realização de reuniões periódicas envolvendo toda equipe do projeto, principalmente coordenação e bolsista, para planejamento, acompanhamento e organização das ações propostas.
- Tarde;
Realização mensal ou bimestral, de grupos de estudos (nos temas do projeto) para a formação da equipe envolvida, aberto para a comunidade em geral e principalmente comunidade universitária da UFVJM. O grupo de estudos será momento oportuno também para o debate e fundamentação teórica das ações do projeto, em especial, para que a equipe se aproprie do estado da arte nos temas cooperativismo, autogestão e Economia Solidária.
- Manhã;
- Tarde;
Reuniões para estudo, definição da metodologia de estudo do potencial produtivo do arranjo produtivo local da apicultura no Vale do Mucuri.
- Manhã;
- Tarde;
Aplicação de 20 questionários/entrevistas para coleta de dados sobre o arranjo produtivo local da apicultura no Vale do Mucuri. Após coleta realização da sistematização dos dados.
- Manhã;
- Tarde;
Coleta e sistematização de dados sobre três (3) unidades de beneficiamento de produtos de abelha em Minas Gerais.
- Manhã;
- Tarde;
Produção de relatório de viabilidade econômica da unidade de beneficiamento de produtos de abelha – Cooperagropap (Catuji).
- Manhã;
- Tarde;
Promoção de encontro com os produtores e parceiros para apresentação e validação dos estudos de viabilidade econômica da Unidade de Beneficiamento de Produtos de Abelha.
- Manhã;
- Tarde;
Realização de Oficina sobre diversificação de produtos apícolas
- Manhã;
- Tarde;
Promover intercâmbio para troca de experiência entre os apicultores do Vale do Mucuri e demais apicultores do estado de Minas Gerais. Participação no Seminário de Apicultura do Vale do Jequitinhonha (Turmalina) e do Congresso Mineiro de Apicultura (Montes Claros)