Visitante
Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) Sub-Bacias do Rio Doce
Sobre a Ação
202203001450
032022 - Ações
Projeto
RECOMENDADA
:
EM ANDAMENTO - Normal
01/10/2025
01/10/2026
Dados do Coordenador
marcelino santos de morais
Caracterização da Ação
Ciências Agrárias
Meio Ambiente
Educação
Desenvolvimento regional
Regional
Não
Não
Não
Dentro e Fora do campus
Integral
Sim
Membros
Este projeto tem como objetivo executar o Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) participativo nas sub-bacias do Rio Doce. A partir da definição da vocação natural dos terrenos, a ferramenta irá orientar o uso sustentável do solo, fortalecer sistemas agrossilvipastoris e subsidiar a recuperação da região impactada pelo desastre de Mariana, promovendo resiliência e planejamento territorial em conjunto com as comunidades locais.
Zoneamento Ambiental Produtivo, Bacias Hidrográficas, Sustentabilidade, Educação Ambiental, Gestão Territorial.
A Bacia Hidrográfica do Rio Doce, um importante sistema fluvial do sudeste brasileiro, carrega as cicatrizes do maior desastre ambiental do país: o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana-MG, ocorrido em 2015 (ESPINDOLA et al., 2019). O evento liberou um volume massivo de rejeitos de mineração, comprometendo severamente a qualidade da água, a biodiversidade aquática e terrestre, e desestruturando os modos de vida de inúmeras comunidades ribeirinhas (RIBEIRO et al., 2023). Este cenário de degradação impõe a necessidade de estratégias eficazes para a recuperação ambiental e a reconstrução de paisagens produtivas resilientes. Diante deste desafio, o Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) surge como uma resposta institucional e técnica robusta. Instituído pelo Decreto Estadual nº 46.650/2014 (MINAS GERAIS, 2014), o ZAP é um instrumento de planejamento que visa orientar o uso sustentável dos recursos naturais com base em suas potencialidades e fragilidades (ROSA; FERREIRA, 2021). No contexto pós-desastre da Bacia do Rio Doce, sua aplicação transcende o planejamento convencional, tornando-se uma ferramenta estratégica para identificar áreas prioritárias para recuperação, orientar a retomada segura das atividades agrossilvipastoris e mitigar futuros riscos socioambientais. Contudo, a efetividade de qualquer plano de recuperação depende diretamente de sua apropriação pelas comunidades que vivem e trabalham no território. É neste ponto que o presente projeto de extensão se ancora, propondo não apenas a aplicação técnica do ZAP nas sub-bacias do Rio Doce, mas sua construção conjunta e dialogada com agricultores, moradores e demais atores sociais. A participação comunitária ativa é o pilar que garante a legitimidade e a perenidade dos resultados, transformando a informação técnica em conhecimento socialmente aplicável. Ao unir a aplicação da política pública do ZAP ao engajamento comunitário em um contexto de reconstrução socioambiental, o projeto torna-se a expressão prática da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Essa articulação será viabilizada por meio de atividades como programas de rádio, visitas técnicas e apresentações públicas, que irão traduzir, discutir e validar os dados gerados, transformando informação técnica em conhecimento socialmente relevante. Com isso, a iniciativa cumpre seu duplo papel: formar profissionais mais conscientes dos desafios reais e subsidiar decisões que efetivamente promovam a sustentabilidade e a resiliência na Bacia do Rio Doce.
A Bacia do Rio Doce enfrenta um desafio histórico de conciliar desenvolvimento econômico com conservação ambiental, um quadro drasticamente agravado pelo desastre de 2015 (CAMPOS et al., 2017). A ausência de um planejamento territorial integrado, que considere as vulnerabilidades ecológicas e sociais, deixa a região suscetível a novos impactos e perpetua um ciclo de degradação (MINAS GERAIS, 2023; SPERANDIO et al., 2025). Nesse contexto, a aplicação do Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP), um instrumento oficial de política pública, justifica-se como uma ferramenta essencial para subsidiar a tomada de decisões e promover um desenvolvimento que concilie produção e conservação (NEPZAP UFVJM, 2022; MINAS GERAIS, 2023). A principal justificativa deste projeto, no entanto, reside em sua abordagem metodológica: a construção do ZAP com as comunidades, e não apenas para elas. Em um território marcado pela desconfiança e pela dor, soluções impostas de cima para baixo tendem ao fracasso. Este projeto propõe um caminho inverso, envolvendo os atores locais em todas as etapas do processo, desde a validação dos mapas de paisagem e uso do solo até a interpretação conjunta dos dados de demanda hídrica e potencial de uso. Essa construção participativa transforma o ZAP de um relatório técnico em um pacto territorial, garantindo que o conhecimento gerado seja um bem comum, compreendido e defendido por todos. Esta abordagem dialógica se alinha diretamente à missão da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), que busca aplicar o conhecimento de forma integrada à realidade regional (UFVJM, 2023). Ao promover essa interação, o projeto materializa a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão: a pesquisa é enriquecida com o saber local; o ensino é qualificado pela vivência prática dos estudantes em desafios reais; e a extensão cumpre sua função social de forma transformadora. A participação ativa dos discentes em todas as fases do projeto, da coleta de dados em campo ao diálogo com os moradores, é uma oportunidade ímpar de formação de profissionais tecnicamente competentes e socialmente conscientes. Por fim, a relevância do projeto é amplificada pela sua capacidade de articulação em múltiplas escalas. No nível estadual, a parceria estratégica com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) alinha à proposta às políticas públicas de desenvolvimento rural e gestão ambiental. No nível local, a colaboração com associações comunitárias e organizações da sociedade civil ancora o projeto na realidade do território, garantindo a legitimidade e o engajamento necessários. Essa colaboração fortalece uma rede essencial para a implementação de futuras ações baseadas nos resultados do ZAP, demonstrando o compromisso da universidade em construir soluções sustentáveis para os complexos desafios da Bacia do Rio Doce. Mais do que uma ação isolada, este projeto representa um passo fundamental na consolidação do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Zoneamento Ambiental e Produtivo (Nepzap)/UFVJM, almejando transformar o ZAP em um programa de extensão contínuo da universidade.
Construir e socializar, de forma participativa, o Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) como ferramenta para o planejamento, recuperação e da gestão territorial sustentável, com foco no fortalecimento de sistemas agrossilvipastoris nas sub-bacias hidrográficas do Rio Doce, articulando o conhecimento técnico com o engajamento comunitário para impulsionar o desenvolvimento socioambiental e qualificar a formação acadêmica. Objetivos Específicos: ● Elaborar o Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) em parceria direta com as comunidades locais, garantindo seu protagonismo em todas as fases do projeto, desde a coleta de dados em campo até a análise e validação final dos resultados. ● Identificar e mapear, a partir dos resultados do ZAP, a vocação natural dos terrenos, os conflitos de uso do solo e as áreas prioritárias para a conservação e recuperação ambiental nas sub-bacias. ● Divulgar o conhecimento gerado pelo ZAP de maneira didática e acessível, empregando uma estratégia de comunicação diversificada que inclua programas de rádio, visitas técnicas e oficinas participativas nas comunidades. ● Promover espaços de diálogo e capacitação que incentivem a apropriação do ZAP pelas comunidades como uma ferramenta para a gestão de suas propriedades e para a reivindicação de políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável. ● Materializar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, qualificando a formação acadêmica dos estudantes da UFVJM por meio de uma vivência prática e interdisciplinar em um desafio real de planejamento e gestão ambiental. ● Consolidar e ampliar a rede de parcerias institucionais, articulando a colaboração com órgãos públicos, como a SEAPA, e organizações da sociedade civil para garantir a sustentabilidade e o alcance das ações propostas. ● Contribuir para a formulação de políticas públicas locais de modo que incorporem as diretrizes do ZAP para promover a restauração de ecossistemas e a sustentabilidade de longo prazo das atividades rurais na bacia.
● Meta 01: Realizar a elaboração do Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) para as sub-bacias hidrográficas do Rio Doce. Esta meta será alcançada por meio da execução colaborativa de suas etapas técnicas, incluindo a caracterização das unidades de paisagem, a análise do potencial de uso conservacionista (PUC), o cálculo do índice de demanda hídrica e o levantamento de uso e ocupação do solo. O diferencial será a validação contínua de cada etapa em campo, em diálogo direto com as comunidades locais, resultando em um diagnóstico robusto, construído de forma conjunta entre a universidade e a sociedade. ● Meta 02: Traduzir os resultados técnicos do ZAP em conhecimento prático e acessível para a comunidade. Para isso, será executado um conjunto integrado de ações de diálogo. No âmbito comunitário, serão realizadas visitas técnicas para discutir os resultados e as práticas de manejo diretamente no território, além da organização de apresentações públicas e rodas de conversa para validar os diagnósticos e planejar ações futuras de forma coletiva. Visando ampliar o alcance, será produzido e veiculado conteúdo sobre o ZAP em rádios locais, além da realização de atividades em escolas das comunidades para discutir a importância da conservação ambiental com as novas gerações. Adicionalmente, o intercâmbio com os públicos acadêmico e institucional será fortalecido pela participação ativa em eventos da UFVJM, como a Semana do Produtor Rural (DiamantAgro) e o Vem para UFVJM, e pela apresentação dos resultados em fóruns técnicos e científicos, como a Semana de Integração (SINTEGRA) e a Semana do Meio Ambiente. ● Meta 03: Integrar ativamente os estudantes de graduação e pós-graduação em todas as fases do projeto, desde os levantamentos em campo e análises de dados até as atividades de interação com os moradores. O propósito é oferecer uma experiência que qualifique a formação acadêmica, desenvolvendo competências técnicas e habilidades de diálogo intercultural. ● Meta 04: Elaborar e publicar um livro que detalhe a metodologia aplicada e apresente os resultados completos do diagnóstico, incluindo mapas, dados e análises. A publicação será disponibilizada online, servindo como base de consulta para gestores públicos, órgãos ambientais e futuras pesquisas acadêmicas, cumprindo o papel de socializar o conhecimento gerado pelo projeto.
A abordagem metodológica deste projeto pauta-se no princípio da construção conjunta do conhecimento, em que a comunidade local atua como protagonista e parceira da universidade na análise de seu próprio território. A espinha dorsal do projeto consistirá na aplicação colaborativa das etapas do Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP), conforme descrito na metodologia oficial (MINAS GERAIS, 2023). Cada etapa será desenvolvida da seguinte forma: ● Delimitação da área de estudo: O Zoneamento Ambiental Produtivo (ZAP) será realizado nas sub-bacias do Rio Doce. A delimitação da área seguirá rigorosamente os critérios técnicos estabelecidos na metodologia oficial do ZAP, utilizando as bases de dados oficiais do IDE-Sisema. ● Caracterização das unidades de paisagem: Essa fase consiste na identificação e descrição dos diferentes ambientes da bacia (geologia, relevo e solos). O caráter participativo será garantido por meio de "caminhadas transversais" e oficinas de mapeamento com os moradores mais experientes. O saber local sobre os tipos de terra, suas limitações e potencialidades será registrado e integrado à análise técnica, enriquecendo o diagnóstico. ● Análise Colaborativa do Potencial de Uso Conservacionista (PUC): O PUC é um método que avalia a fragilidade e o potencial do meio físico para orientar o uso sustentável. Os mapas de PUC, gerados a partir da análise de declividade, solo e litologia, serão apresentados às comunidades em rodas de conversa. O objetivo será discutir as recomendações técnicas, compará-las com as práticas agrícolas atuais e identificar, em conjunto, as melhores estratégias de manejo para cada tipo de ambiente. ● Cálculo do Índice de Demanda Hídrica Superficial (IDHS): Esta fase busca indicar as áreas e cursos d'água com maior demanda pelo uso da água. O levantamento dos usuários de água e os resultados do IDHS serão apresentados de forma clara e visual, utilizando mapas e gráficos de fácil interpretação. Em reuniões com a comunidade, serão discutidas as implicações desses dados, identificando coletivamente as áreas de maior criticidade hídrica e os possíveis conflitos, fomentando uma base para a gestão compartilhada dos recursos hídricos. ● Análise do Uso e Ocupação da Terra: A equipe técnica elaborará o mapa de uso e ocupação, utilizando imagens de satélite e classificação supervisionada. Este mapa será apresentado às comunidades como uma ferramenta de diagnóstico visual, promovendo uma reflexão coletiva sobre os padrões de ocupação do território e suas consequências socioambientais. ● Consolidação e Socialização dos Resultados Finais: Esta etapa consiste na integração de todos os dados gerados. Estes resultados serão analisados em conjunto com a comunidade em oficinas de planejamento. A partir deste diagnóstico consolidado, o projeto se dedicará à ampla socialização do conhecimento, utilizando as estratégias de comunicação definidas nas metas. Para isso, será adaptado todas as informações técnicas do ZAP para uma linguagem acessível e visualmente atrativa, com a elaboração de materiais de apoio como banners e apresentações simplificadas para serem utilizados em todas as atividades de diálogo. Serão realizadas visitas técnicas e encontros presenciais nas comunidades e escolas para apresentar os resultados, tirar dúvidas e coletar feedback. Visando um alcance mais amplo, serão produzidos e veiculados programas e spots informativos em rádios locais, utilizando um meio de comunicação de grande penetração na região. O intercâmbio com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral será fortalecido pela participação ativa em eventos institucionais, como a "Semana do Produtor Rural da UFVJM - DiamantAgro" e o "Vem para UFVJM", promovendo a integração e a socialização da experiência. Como produto final e legado do projeto, será elaborado e publicado um livro que detalhará a metodologia e os resultados completos do diagnóstico, servindo como uma base de consulta oficial disponibilizada online para gestores, órgãos ambientais e futuras pesquisas acadêmicas.
CAMPOS, R.B.F., SANTOS, T.M., DE SOUZA, M.C.R.F., & ENES, E.N.S. Risco, desastre e educação ambiental: a terceira margem do Rio Doce. PerCursos, 18(36), 66-94, 2017. ESPINDOLA, H.S.; NODARI, E.S; SANTOS, M.A. Rio Doce: riscos e incertezas a partir do desastre de Mariana (MG). Revista Brasileira de História, v. 39, n. 81, p. 141-162, 2019. MINAS GERAIS. Decreto Estadual nº 46.650 de 19 de novembro de 2014, que aprova a Metodologia Mineira de Caracterização Socioeconômica e Ambiental de Subbacias Hidrográficas, denominada Zoneamento Ambiental e Produtivo ZAP e dá outras exceções. Publicado na Imprensa Oficial de Minas Gerais em 20 de novembro de 2014. Disponível em:http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/handle/123456789/134277 MINAS GERAIS. Metodologia Do Zoneamento Ambiental Produtivo de Sub-Bacias Hidrográficas. SEMAD/SEAPA, Belo Horizonte, v.4, p. 162, 2023. NEPZAP UFVJM - Núcleo de estudo e pesquisa do zoneamento produtivo da UFVJM. Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP) da bacia hidrográfica do Rio Preto-MG. Relatório. Diamantina. 2022. RIBEIRO, K.G.; RODRIGUES, F.H.; CAMPOS, A.C.; NASCIMENTO, T.D.; PRADO, J.D. Desastre de Mariana-MG: os impactos provocados pelo rompimento da barragem da Samarco aos pescadores da bacia do Rio Doce. Estudos de Administração e Sociedade, Rio de Janeiro, 8(1), 42-54, 2023. ROSA, R.M.; FERREIRA, V.O. O zoneamento ambiental enquanto instrumento para o planejamento e gestão territorial: abordagem aplicada ao município de Araguari-MG. Caderno de Geografia, v. 31, n. 64, p. 33-33, 2021. https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2021v31n64p33 SPERANDIO, H.V.; DE MORAIS, M.S.; DE JESUS FRANÇA, L.C.; MUCIDA, D.P.; SANTANA, R.C.; DA SILVA, R.S.; ... & GORGENS, E.B. Land suitability modeling integrating geospatial data and artificial intelligence. Agricultural Systems, 223, 104197, 2025. https://doi.org/10.1016/j.agsy.2024.104197 UFVJM. Plano de Desenvolvimento Institucional-2024-2028. UFVJM, 2023.
Este projeto se fundamenta na premissa da horizontalidade do saber, alinhado à missão da UFVJM de construir uma relação de troca genuína com a sociedade. Partimos do reconhecimento de que o conhecimento técnico-científico só se torna transformador quando dialoga com os saberes e as experiências das comunidades locais. Portanto, o ZAP será desenvolvido como um processo de mão dupla, onde a universidade não apenas compartilha ferramentas, mas aprende e redefine suas abordagens a partir das realidades, necessidades e percepções do território. Essa interação se manifestará de diversas formas: ● Escuta Ativa: Antes e durante a aplicação do ZAP, serão realizadas reuniões e conversas com os membros das comunidades para compreender suas demandas, conhecimentos tradicionais sobre o território e suas expectativas em relação ao projeto. Essa escuta ativa garantirá que as ações sejam relevantes e adequadas às realidades locais, partindo do contexto social, cultural e ambiental vivenciado pelas comunidades. ● Apresentações e Debates: Os resultados do ZAP serão apresentados de forma clara e acessível, utilizando linguagem adequada e recursos visuais que facilitem a compreensão. As apresentações serão seguidas de debates abertos, onde os participantes poderão expressar suas opiniões, fazer perguntas e contribuir com sugestões. ● Criação Conjunta de Soluções: A partir dos resultados do ZAP e das discussões com as comunidades, serão propostas e desenvolvidas soluções conjuntas para os desafios socioambientais identificados. A expertise técnica da universidade será combinada com o conhecimento prático e a vivência dos moradores, resultando em ações mais eficazes e sustentáveis, que podem subsidiar a elaboração de planos e a formalização de pactos. ● Canais de Comunicação Abertos: Além dos programas de rádio e visitas técnicas, serão estabelecidos pontos de contato nas comunidades por meio do Sindicato dos Produtores Rurais, para facilitar a troca de informações e o feedback dos participantes. ● Participação em Eventos Locais: A equipe do projeto buscará participar de eventos e reuniões já existentes nas comunidades, fortalecendo os laços e demonstrando o compromisso da universidade com a vida local. Essa abordagem dialógica visa empoderar as comunidades, tornando-as protagonistas na gestão de seus recursos naturais e na construção de um futuro mais justo e sustentável. O projeto se compromete com uma extensão universitária que se realiza na horizontalidade, no respeito mútuo e na valorização de todos os saberes como peças fundamentais para a transformação socioambiental.
A natureza multifacetada dos desafios socioambientais na Bacia do Rio Doce torna indispensável uma abordagem que integre múltiplos saberes e atores. A equipe do projeto é composta por um mosaico de competências, reunindo estudantes e pesquisadores de áreas como Ciências Agrárias, Engenharia Florestal e Geografia. Essa diversidade de olhares é o que permite uma compreensão holística do território. A aplicação do ZAP, por exemplo, é um exercício intrinsecamente interdisciplinar: o geoprocessamento fornece as ferramentas espaciais, a pedologia e a hidrologia oferecem o diagnóstico do meio físico, e a comunicação social traduz essa complexidade em diálogos produtivos com a comunidade. A articulação entre esses campos será constante, desde o planejamento inicial até a análise final dos resultados. A interprofissionalidade será garantida pela colaboração entre docentes e estudantes da UFVJM, bem como pela interação com profissionais de órgãos ambientais. A interação direta com o corpo técnico da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) e de outras instituições parceiras enriquecerá o projeto com visões práticas e institucionais, garantindo o alinhamento com as políticas públicas vigentes. Essa troca de experiências entre o saber acadêmico e o saber profissional não apenas qualifica o trabalho, mas também contribui para a formação de uma rede de colaboração sólida em prol do desenvolvimento sustentável da região. Em síntese, é a união desses dois eixos, a integração de diferentes disciplinas e a parceria entre diferentes profissionais, que se constroem as soluções mais eficazes e duradouras para os complexos desafios que marcam a relação entre sociedade e meio ambiente.
Este projeto de extensão está intrinsecamente articulado aos pilares do ensino e da pesquisa, reafirmando a indissociabilidade universitária. Longe de serem eixos isolados, eles se articulam de forma contínua para gerar impacto real no território e qualificar a formação acadêmica. No âmbito do ensino, o projeto oferecerá aos estudantes de graduação e pós-graduação a oportunidade de vivenciar a aplicação prática de seus conhecimentos em um contexto real, contribuindo para sua formação técnica, humanística e cidadã. A participação em atividades de campo, coleta e análise de dados, interação com as comunidades e elaboração de relatórios proporcionará uma aprendizagem prática e contextualizada, complementando o conhecimento teórico adquirido em sala de aula e permitindo uma formação com sentido mais amplo. Na pesquisa, o projeto se beneficiará do vasto conjunto de dados e informações sobre o uso do solo, recursos hídricos, biodiversidade e aspectos socioeconômicos das comunidades. Esses dados serão sistematizados e analisados, subsidiando pesquisas científicas que poderão aprofundar o conhecimento sobre a região, identificar padrões, avaliar impactos e propor novas soluções. A interação com as comunidades também poderá gerar novas questões de pesquisa, a partir das demandas e saberes locais. A extensão é o elo que conecta o ensino e a pesquisa à sociedade, promovendo uma interação transformadora entre a Universidade e outros setores. Por meio das ações de capacitação, diálogo contínuo e socialização do ZAP, o conhecimento gerado deixa de ser um produto acadêmico para se tornar uma ferramenta de transformação social e ambiental. É por meio da extensão que a universidade cumpre seu papel social mais fundamental: contribuir diretamente para a construção de soluções coletivas, melhorar a qualidade de vida nas comunidades rurais e promover o desenvolvimento sustentável de forma aplicada e participativa.
A participação dos formandos neste projeto será um diferencial formativo, proporcionando o amadurecimento da responsabilidade social e o desenvolvimento de um senso crítico aguçado. Ao se envolverem em todas as frentes de trabalho, da análise de dados à articulação comunitária, os graduandos terão a oportunidade de desenvolver um conjunto de competências essenciais: ● Conhecimento Aplicado: Os estudantes irão conectar a teoria aprendida em sala de aula (Geoprocessamento, Hidrologia, Pedologia) à sua aplicação direta na resolução de problemas complexos e reais, compreendendo o impacto prático de suas áreas de estudo. ● Desenvolver Habilidades Técnicas: A vivência em campo permitirá o domínio de habilidades técnicas essenciais, como levantamentos geoespaciais, coleta e análise de dados, operação de softwares de geoprocessamento (GIS) e elaboração de diagnósticos e relatórios técnicos. ● Interagir com a Realidade Social: O contato direto com as comunidades rurais proporcionará uma compreensão profunda de suas realidades, desafios e saberes, desenvolvendo a capacidade de dialogar com diferentes perspectivas e valorizar o conhecimento local. ● Aprimorar Habilidades de Comunicação e Interação: A participação ativa em oficinas e reuniões aprimorará competências de comunicação clara e acessível, escuta qualificada, trabalho em equipe e mediação de interesses, formando profissionais preparados para atuar de forma colaborativa e engajada. ● Visão Crítica e Holística: Ao enfrentar a complexidade do território, os estudantes serão estimulados a desenvolver um pensamento sistêmico sobre o desenvolvimento sustentável, articulando as dimensões ambiental, social, econômica e cultural em suas análises e propostas. ● Produção Acadêmica: A participação no projeto poderá gerar oportunidades para a elaboração de resumos para congressos e outras produções acadêmicas, enriquecendo seus currículos e contribuindo para a disseminação do conhecimento gerado. A creditação curricular da extensão será garantida, conforme a política da UFVJM, confirmando a relevância da experiência extensionista para a formação integral do estudante.
O projeto terá um impacto significativo e transformador nas comunidades atendidas e nos municípios. Ao divulgar os resultados do ZAP e capacitar os moradores para o conhecimento e utilização dessa ferramenta, o projeto contribuirá diretamente para: ● Impacto no Uso e Gestão do Território: A aplicação do ZAP permitirá uma compreensão aprofundada das potencialidades e limitações do território. O diagnóstico da aptidão das terras permitirá intensificar a produção agrícola de forma sustentável nas áreas mais adequadas, aumentando a geração de renda e a segurança alimentar. Ao mesmo tempo, essa estratégia irá direcionar os esforços de proteção e recuperação para ecossistemas mais frágeis, como nascentes e matas ciliares, estabelecendo um equilíbrio vital entre produção e conservação. ● Fortalecimento da Gestão Ambiental Local: Capacitar as comunidades para participarem ativamente das decisões sobre o planejamento e a gestão de seus territórios, contribuindo para a elaboração de políticas públicas mais eficazes. ● Melhoria da Qualidade Ambiental: O ZAP fornecerá um roteiro claro para a recuperação da saúde ecológica da bacia. As ações subsidiadas pelo projeto (como a proteção de nascentes, a recuperação de áreas degradadas e o manejo conservacionista do solo) resultarão em ambientes mais saudáveis, resilientes e produtivos, melhorando diretamente a qualidade de vida das famílias e garantindo a sustentabilidade de suas atividades a longo prazo. ● Redução de Conflitos pelo Uso da Água e do Solo: A identificação de áreas de conflito e a proposição de soluções baseadas no ZAP, aliadas ao diálogo e à mediação, podem contribuir para a redução de tensões e disputas pelo uso dos recursos naturais, promovendo a convivência harmoniosa entre os diferentes atores sociais. ● Subsídio para Políticas Públicas: Os resultados e a metodologia do projeto servirão como um subsídio técnico robusto para a formulação de políticas públicas municipais e estaduais mais eficazes. ● Integração Universidade-Sociedade: Consolidar a UFVJM como um agente relevante no desenvolvimento regional, promovendo uma relação de interatividade e troca de saberes com as comunidades.
Para garantir que o conhecimento gerado pelo projeto seja amplamente disseminado e apropriado, será implementado um Plano de Comunicação Estratégico e Multifacetado, desenhado para alcançar diferentes públicos de forma eficaz. A estratégia de comunicação abrangerá as seguintes ações: ● Material Didático Acessíveis: Produção de banners, cartilhas e folders com linguagem simples e ilustrações para apoiar as oficinas e facilitar a compreensão dos conceitos do ZAP. ● Encontros Presenciais: Realização de visitas técnicas e oficinas de validação nas comunidades para apresentar os resultados de forma dialogada, coletar feedback e co-construir propostas de ação. ● Comunicação via Rádio: Produção e veiculação de spots informativos em rádios locais, traduzindo os benefícios do ZAP para um público amplo e diverso da região. ● Participação em Eventos Institucionais: Presença estratégica em eventos-chave da UFVJM, como a "Semana do Produtor Rural - DiamantAgro", o "Vem para UFVJM" e a SINTEGRA, para apresentar resultados, trocar experiências e fortalecer a rede de colaboração. ● Publicações Científicas e Técnicas: Sistematização dos resultados do projeto para publicação de resumos e um livro, contribuindo para a produção de conhecimento na área e para a disseminação das boas práticas de planejamento e gestão ambiental.
Público-alvo
Produtores Rurais, Agricultores Familiares e Comunidades Rurais dos municípios abrangidos pelo projeto.
Estudantes de Graduação e Pós-Graduação da UFVJM
Docentes e técnicos-administrativos
Gestores Públicos Municipais, Secretários e Diretorias das prefeituras dos municípios abrangidos.
Municípios Atendidos
Cuparaque - MG
Goiabeira - MG
Conselheiro Pena - MG
Resplendor - MG
Parcerias
As comunidades não são apenas beneficiárias, mas parceiras ativas e centrais na concepção e execução do projeto. Seus saberes tradicionais irão qualificar o diagnóstico técnico, sua participação nas oficinas irá legitimar os resultados e seu engajamento será fundamental para a implementação das ações propostas, garantindo que o ZAP se torne uma ferramenta de governança local efetiva.
A colaboração com esses órgãos é importante para o alinhamento das ações do projeto com as políticas ambientais estaduais e para o acesso a dados e informações relevantes sobre a legislação e a gestão ambiental.
Cronograma de Atividades
Carga Horária Total: 920 h
- Manhã;
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Reuniões de alinhamento com parceiros (UFVJM, SEAPA)
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- Tarde;
Coleta e estruturação de todas as bases de dados geoespaciais necessárias (imagens de satélite, dados do IDE-Sisema, etc.).
- Manhã;
- Tarde;
Treinamento da equipe discente na metodologia do ZAP, no uso de ferramentas de geoprocessamento e em abordagens de diálogo com comunidades.
- Manhã;
- Tarde;
Primeiros contatos com as comunidades e lideranças para apresentar a proposta, objetivos e metodologia, e agendar os próximos passos.
- Manhã;
- Tarde;
Realização de oficinas e "caminhadas transversais" com os moradores para identificar e caracterizar as unidades de paisagem, aliando saber técnico e local
- Manhã;
- Tarde;
Processamento dos dados de solo, relevo e geologia e realização de rodas de conversa com as comunidades para discutir os mapas de aptidão da terra
- Manhã;
- Tarde;
Análise dos dados de uso da água e apresentação dos resultados em reuniões comunitárias para discutir a disponibilidade hídrica.
- Manhã;
- Tarde;
Elaboração do mapa técnico e apresentação às comunidades como ferramenta de diálogo para reflexão sobre o cenário atual do território.
- Manhã;
- Tarde;
Etapa de gabinete para cruzar todas as informações geradas (Uso x PUC), identificar conflitos e potencialidades, e consolidar o diagnóstico.
- Manhã;
- Tarde;
Roteirização, gravação e veiculação de spots informativos em rádios locais para alcançar um público amplo.
- Manhã;
- Tarde;
Encontros para apresentação de resultados parciais e finais, coleta de feedback e fortalecimento do diálogo contínuo.
- Manhã;
- Tarde;
Produção dos mapas finais e redação dos relatórios que irão compor o livro final do projeto.
- Manhã;
- Tarde;
Criação de materiais didáticos com linguagem acessível para apoiar as atividades de diálogo e divulgação
Apresentação pública do relatório
01/08/2026
30/09/2026
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- Tarde;
Evento formal de encerramento em cada comunidade principal para apresentar o diagnóstico final à população e aos parceiros.
- Manhã;
- Tarde;
Preparação de material (pôsteres, apresentações) e participação em eventos institucionais como DiamantAgro, Vem para UFVJM e Sintegra
- Manhã;
- Tarde;
Reuniões mensais da equipe do projeto para avaliar o andamento das atividades, solucionar problemas e planejar os próximos passos.
- Manhã;
- Tarde;
Sistematização das informações para elaboração dos relatórios semestrais.
- Manhã;
- Tarde;
Sistematização das informações para elaboração dos relatórios semestrais.
- Manhã;
- Tarde;
Realização de um seminário final com a equipe, parceiros e representantes da comunidade para avaliar os resultados e os impactos do projeto.