Visitante
Capacitação em Urgências Obstétricas para Profissionais de Saúde do Vale do Jequitinhonha – Polo Capelinha (Projeto Vida no Vale)
Sobre a Ação
202203001537
032022 - Ações
Curso/Oficina
RECOMENDADA
:
EM ANDAMENTO - Normal
17/11/2025
31/12/2025
202104000141 - Diamantes do Vale: saúde para as mulheres do Jequitinhonha
Dados do Coordenador
juliana augusta dias
Caracterização da Ação
Ciências da Saúde
Saúde
Educação
Educação Profissional
Regional
Não
Sim
Não
Fora do campus
Integral
Sim
Redes Sociais
Membros
A presente proposta visa realizar, no município de Capelinha–MG, uma capacitação presencial em urgências obstétricas para profissionais de saúde dos municípios da microrregião, como parte da iniciativa Vida no Vale de combate à mortalidade materna no Vale do Jequitinhonha. A ação busca qualificar equipes da Atenção Terciária para o reconhecimento e manejo inicial de condições graves como hemorragia pós-parto, síndromes hipertensivas, sepse, distócia de ombro e emergências no parto, utilizando of
Urgências obstétricas, Mortalidade materna, Capacitação em saúde, Educação permanente, Simulação realística, Saúde da Mulher, Vale do Jequitinhonha.
A mortalidade materna ainda constitui um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil, com repercussões particularmente expressivas em regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica, como o Vale do Jequitinhonha.(Tenorio et al., 2022) Apesar dos avanços em políticas públicas e da expansão da cobertura assistencial, uma parcela significativa dos óbitos maternos permanece associada a causas obstétricas diretas e evitáveis, frequentemente relacionadas à hemorragia pós-parto, síndromes hipertensivas, sepse e complicações intraparto.(Pacagnella et al., 2018) Nas maternidades e serviços de urgência e emergência da região, evidencia-se a necessidade urgente de fortalecimento das competências clínicas e operacionais das equipes que atuam na atenção terciária, locus onde o manejo das emergências obstétricas ocorre de forma imediata e decisiva.(Al Kadri, 2010) Nesse nível de atenção, lapsos na identificação de sinais de gravidade, inadequação de condutas e dificuldades na organização dos fluxos internos podem determinar desfechos graves e irreversíveis.(Jalali, 2025) A realidade regional demonstra que, embora as equipes hospitalares possuam experiência prática no atendimento às gestantes, muitas vezes enfrentam desafios relacionados à rotatividade de profissionais, carência de treinamento estruturado, dificuldades de acesso a capacitações periódicas e ausência de padronização de protocolos entre os serviços.(Dias; Cury; Pereira Júnior, 2016) Essas fragilidades impactam diretamente o tempo-resposta da equipe, a coordenação do cuidado e a segurança clínica da gestante, especialmente em emergências obstétricas que requerem intervenções imediatas, domínio técnico e tomada de decisão conjunta.(Lippke et al., 2021) Assim, torna-se fundamental investir em ações educativas específicas para o ambiente hospitalar, que alcancem de maneira efetiva todos os profissionais envolvidos no cuidado à parturiente, desde o primeiro atendimento até a estabilização e encaminhamento interno adequado. Nesse contexto, o Projeto Vida no Vale – Combate à Mortalidade Materna, desenvolvido pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em parceria com as Secretarias Municipais de Saúde da região, vem se consolidando como uma iniciativa estratégica de articulação, formação e qualificação profissional. A partir de demandas reais manifestadas pelos gestores e pelos próprios trabalhadores dos hospitais, o projeto propõe a implementação de uma capacitação multiprofissional em urgências obstétricas, destinada exclusivamente aos profissionais da atenção terciária – médicos, enfermeiros, residentes, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, equipes do pronto-atendimento e das maternidades, entre outros atores fundamentais na linha de cuidado. Tal enfoque permite atender de forma direcionada às necessidades específicas do ambiente hospitalar, promovendo aprimoramento técnico, padronização de condutas e fortalecimento da atuação em equipe. A capacitação terá como pilares metodológicos a integração ensino–serviço, a atualização baseada em guias nacionais e internacionais e o emprego de simulação realística, reconhecida como uma das estratégias mais eficazes para o ensino de habilidades críticas e para o fortalecimento da comunicação e do trabalho colaborativo em contextos de urgência. Situações como hemorragia pós-parto, crise hipertensiva grave, sepse obstétrica, distócia de ombro e emergências no parto serão abordadas de maneira prática e contextualizada, favorecendo a apropriação de competências essenciais à segurança materna. Além do treinamento técnico, a capacitação visa reorganizar fluxos clínicos e operacionais dentro dos serviços, aprimorar a identificação precoce de risco, estimular práticas de comunicação efetiva e desenvolver uma cultura institucional de resposta rápida às emergências. Ao fortalecer a capacidade resolutiva das equipes hospitalares, este projeto contribui diretamente para a redução dos atrasos evitáveis (especialmente o Atraso 2 – atraso na chegada ao atendimento adequado e o Atraso 3 – atraso na prestação de cuidado de qualidade), impactando positivamente na redução de morbimortalidade materna na região. A iniciativa reafirma o papel da UFVJM como instituição de referência acadêmica e social, comprometida com a transformação da realidade local por meio da formação continuada, da integração interinstitucional e do compromisso ético com a saúde das mulheres do Vale do Jequitinhonha. Dessa forma, esta capacitação emerge como uma ação concreta, fundamentada e essencial para elevar o padrão de cuidado hospitalar às gestantes, promovendo segurança, qualidade assistencial e fortalecendo a rede regional de atenção obstétrica.
A mortalidade materna permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil, e seus impactos são ainda mais evidentes em regiões vulneráveis, como o Vale do Jequitinhonha. Estudos epidemiológicos, relatórios municipais e análises das equipes hospitalares demonstram que grande parte dessas mortes poderia ser evitada com intervenções oportunas realizadas por profissionais devidamente treinados. As principais causas de óbito — hemorragia pós-parto, complicações hipertensivas, sepse e emergências intraparto — exigem resposta imediata e integrada dos serviços de atenção terciária, onde o manejo clínico e cirúrgico da gestante acontece de forma definitiva. Assim, fortalecer as competências das equipes hospitalares torna-se um passo urgente e indispensável para modificar os indicadores assistenciais da região. A realidade dos hospitais do Vale do Jequitinhonha revela desafios persistentes: rotatividade de profissionais; lacunas no treinamento baseado em evidências; ausência de padronização de protocolos entre os serviços; dificuldade de acesso a capacitações continuadas; e limitações estruturais que, somadas, contribuem para atrasos na identificação, tratamento e estabilização de pacientes obstétricas graves. Tais desafios são amplificados pelo contexto territorial, que envolve longas distâncias, rede complexa de referência e contra-referência e grande demanda de gestantes em situação de risco. Desse modo, investir especificamente na qualificação dos profissionais da atenção terciária — médicos, enfermeiros, residentes, técnicos de enfermagem e demais categorias atuantes no hospital — representa uma estratégia central para melhorar a segurança materna e reduzir complicações. As emergências obstétricas apresentam rápida evolução e, muitas vezes, requerem decisões técnicas que só podem ser tomadas por equipes treinadas e articuladas. O manejo de uma hemorragia pós-parto, por exemplo, depende de condutas imediatas, domínio de procedimentos de estabilização e conhecimento de fluxos hospitalares de intervenção. Da mesma forma, a condução de crises hipertensivas, de quadros sépticos e de distócia de ombro exige habilidades práticas, comunicação eficiente, integração multiprofissional e um ambiente de trabalho com rotinas bem estabelecidas. Capacitações tradicionais, centradas apenas em aulas teóricas, mostram-se insuficientes para consolidar essas habilidades; por isso, a inserção da simulação realística e das oficinas práticas se faz fundamental para o desenvolvimento de competências essenciais.
Oferecer uma capacitação presencial de 8 horas sobre urgências obstétricas voltada exclusivamente aos profissionais da atenção terciária envolvidos no atendimento hospitalar de gestantes. Atualizar médicos, enfermeiros e demais categorias multiprofissionais quanto às condutas clínicas e organizacionais para hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia/eclâmpsia e distócia de ombro. Promover a padronização dos fluxos assistenciais internos das unidades hospitalares participantes, fortalecendo a integração entre setores e a resposta rápida às emergências obstétricas. Desenvolver oficinas práticas e simulações realísticas que favoreçam o aprendizado ativo e a atuação em equipe. Avaliar a evolução dos participantes por meio de instrumentos de pré e pós-teste, identificando melhora de conhecimentos e habilidades. Produzir e distribuir materiais técnicos padronizados (fluxogramas, algoritmos, orientações) para qualificar a prática assistencial diária. Elaborar relatório técnico final que sistematize resultados, recomendações e propostas de continuidade para a rede hospitalar da região.
Realizar a capacitação presencial de 8 horas no município de Capelinha–MG até dezembro de 2025. Capacitar no mínimo 20 profissionais da rede hospitalar da microrregião de Capelinha. Padronizar os fluxos assistenciais internos de pelo menos 3 unidades hospitalares participantes. Garantir que pelo menos 90% dos participantes realizem atividades práticas nas estações de:hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, distócia de ombro Obter aumento mínimo de 30% no desempenho dos participantes entre pré e pós-teste. Produzir e distribuir materiais técnicos para 100% das unidades hospitalares participantes (fluxos, algoritmos e orientações). Elaborar e entregar relatório técnico final à PROEXC e às Secretarias Municipais de Saúde até dezembro de 2025.
A metodologia proposta fundamenta-se nos princípios da educação permanente em saúde, da aprendizagem significativa e da integração ensino–serviço, utilizando estratégias ativas que favoreçam a aquisição, o aprimoramento e a consolidação de competências essenciais ao manejo das urgências obstétricas no ambiente hospitalar. A capacitação será desenvolvida em quatro eixos principais: planejamento, execução teórico-prática, simulação realística e avaliação continuada. 1. Planejamento e articulação institucional A etapa inicial envolve reuniões com a Direção da Fundação Hospitalar São Vicente de Paulo em Capelinha-MG com o objetivo de alinhar expectativas, identificar necessidades específicas e pactuar logística, carga horária, público-alvo e estrutura física para o curso. Será realizado um diagnóstico situacional rápido para mapear fragilidades relacionadas ao atendimento de urgência obstétrica, fluxos internos, disponibilidade de materiais e competências técnicas da equipe. Com base nesses dados, serão definidos os módulos, materiais, metodologias práticas e a organização das estações de simulação. 2. Estruturação dos módulos teórico-práticos A capacitação será dividida em módulos concentrados, com abordagem objetiva e voltada exclusivamente para o contexto hospitalar. Cada módulo contemplará uma explanação teórica breve, baseada nas diretrizes do Ministério da Saúde, FEBRASGO e OMS, seguida de discussão de casos clínicos reais da região. Os módulos contemplam: • Hemorragia pós-parto (HPP) • Síndromes hipertensivas da gestação • Sepse obstétrica • Distócia de ombro • Parto Pélvico • Parto Operatório • Extração difícil em cesariana As aulas teóricas serão ministradas de forma dinâmica, com utilização de vídeos curtos, algoritmos, demonstrações práticas e espaços de diálogo para contextualização com a realidade das maternidades participantes. 3. Oficinas práticas multiprofissionais As oficinas serão realizadas em formato de estações rotativas, de modo que todos os participantes possam desempenhar papéis ativos. Entre as práticas, destacam-se: • Manejo de HPP com uso de uterotônicos, massagem uterina e tamponamento uterino (balão tipo Alves). • Preparação e administração de sulfato de magnésio e anti-hipertensivos em crises hipertensivas graves. • Reconhecimento de critérios clínicos de sepse obstétrica e início rápido do pacote terapêutico. • Execução das principais manobras para distócia de ombro em manequins (McRoberts, Rubin II, Woods, retirada do braço posterior). • Condutas em parto pélvico iminente • Utilização do fórceps de alívio e vácuo extrator As equipes serão organizadas de acordo com suas categorias profissionais, estimulando o trabalho colaborativo e a integração multiprofissional — característica essencial para o manejo adequado das emergências obstétricas no ambiente terciário. 4. Simulação realística de alto impacto A simulação realística será o eixo central da capacitação, permitindo que os profissionais vivenciem cenários críticos de forma segura, supervisionada e estruturada. Serão desenvolvidos de dois a quatro cenários clínicos completos, tais como: • Gestante com hemorragia pós-parto severa • Crise hipertensiva com convulsão (eclâmpsia) • Distócia de ombro em sala de parto • Parto Pelvico Cada cenário envolverá: 1. Briefing – apresentação dos objetivos e regras. 2. Execução prática – equipe atuando no cenário realístico. 3. Debriefing estruturado – discussão das ações, pontos fortes, oportunidades de melhoria e consolidação do aprendizado. O debriefing seguirá metodologia padronizada (GAS/PEARLS), garantindo reflexão crítica, comunicação empática e aprendizagem significativa. 5. Padronização de fluxos e protocolos Durante e após a capacitação, serão discutidos fluxos internos dos serviços, rotinas de atendimento, protocolos baseados em evidências e estratégias de organização hospitalar para resposta rápida. Serão entregues fluxogramas e algoritmos simplificados, adaptados à realidade local, visando consolidar práticas homogêneas entre os diversos municípios participantes. 6. Avaliação da aprendizagem A avaliação ocorrerá em diferentes momentos: • Pré-teste: para identificar conhecimentos prévios e principais lacunas. • Pós-teste: para medir avanço cognitivo após a capacitação. • Avaliação de satisfação e percepção dos participantes quanto à aplicabilidade da capacitação no serviço. A análise desses dados será utilizada no relatório final da PROEXC, bem como para orientar capacitações futuras no eixo Vida no Vale. 7. Monitoramento e relatório técnico Ao final da atividade, será produzido um relatório técnico contendo: participação dos municípios, número de profissionais capacitados, resultados dos testes, análise das simulações, recomendações de melhoria e avaliação da equipe. Esse relatório será encaminhado à UFVJM/PROEXC e às Secretarias de Saúde envolvidas, garantindo transparência, continuidade e articulação regional das ações.
AL KADRI, Hanan M. F. Obstetric medical emergency teams are a step forward in maternal safety! Journal of Emergencies, Trauma, and Shock, v. 3, n. 4, p. 337–341, out. 2010. DIAS, Juliana Augusta; CURY, Geraldo Cunha; PEREIRA JÚNIOR, Assis Do Carmo. Mortality Study of Mother in High Region Jequitinhonha, Minas Gerais. Revista Médica de Minas Gerais, v. 26, n. 1, 2016. JALALI, Mahdi. Human Factors and Prevention of Medical Errors. In: GÜL, Hülya (Org.). Public Health. [S.l.]: IntechOpen, 2025. v. 3. LIPPKE, Sonia et al. Effectiveness of Communication Interventions in Obstetrics—A Systematic Review. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 5, p. 2616, 5 mar. 2021. PACAGNELLA, Rodolfo Carvalho et al. Maternal Mortality in Brazil: Proposals and Strategies for its Reduction. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia / RBGO Gynecology and Obstetrics, v. 40, n. 09, p. 501–506, set. 2018. TENORIO, Damiao Soares et al. High maternal mortality rates in Brazil: Inequalities and the struggle for justice. The Lancet Regional Health - Americas, v. 14, p. 100343, out. 2022.
A proposta desenvolvida estabelece uma interação dialógica contínua, horizontal e transformadora entre a universidade e a sociedade, especialmente com os profissionais e gestores da atenção terciária dos municípios da microrregião de Capelinha. Esse diálogo se inicia ainda na fase de planejamento, quando os estudantes e docentes da Liga realizam escuta ativa das necessidades locais, identificando lacunas assistenciais, desafios organizacionais e demandas emergentes diretamente relatadas pelos profissionais que atuam nos hospitais e maternidades da região. Esse processo de escuta qualificada permite que o conteúdo e as metodologias da capacitação sejam construídos a partir das realidades vivenciadas pelos serviços de saúde, garantindo que a proposta atenda às necessidades concretas do território. Durante a execução da capacitação, a interação ocorre de forma bidirecional e colaborativa. Os profissionais da saúde participam ativamente das oficinas, simulações e discussões, compartilhando experiências, saberes práticos e estratégias utilizadas no cotidiano hospitalar, enquanto os integrantes da LAGO e seus docentes oferecem fundamentação científica, atualizações técnicas e metodologias pedagógicas inovadoras. Essa troca reforça a compreensão de que o conhecimento acadêmico não substitui o saber produzido no serviço, mas se articula com ele, contribuindo para a qualificação das práticas assistenciais. Ao mesmo tempo, os estudantes têm oportunidade de vivenciar os desafios reais da rede hospitalar, fortalecendo sua formação crítica, reflexiva e socialmente comprometida. A relação dialógica se prolonga após a realização da capacitação, por meio de devolutivas, avaliação conjunta dos resultados, construção de fluxos e protocolos adaptados ao território e manutenção de canais permanentes de comunicação com as equipes hospitalares. Essa continuidade garante que o projeto não seja uma intervenção pontual, mas parte de um processo integrado de aprimoramento da atenção materna regional. A partir dessa cooperação, tanto os serviços de saúde quanto a UFVJM se beneficiam: os hospitais ampliam suas capacidades técnicas e organizacionais, enquanto a universidade obtém subsídios para aprimorar seu ensino, gerar pesquisa aplicada e planejar novas ações de extensão. Assim, a interação dialógica promovida pelo projeto constitui uma relação de parceria autêntica, na qual universidade e sociedade se reconhecem como corresponsáveis pela construção do conhecimento e pela transformação da realidade. O protagonismo da LAGO reforça a formação acadêmica dos estudantes e demonstra o compromisso da UFVJM com o desenvolvimento regional e com a qualificação da assistência materno-infantil no Vale do Jequitinhonha.
A proposta deste projeto, conduzido pela LAGO – Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da UFVJM, fundamenta-se na compreensão de que o cuidado em urgências obstétricas no ambiente hospitalar exige, obrigatoriamente, uma atuação interdisciplinar e interprofissional articulada. A complexidade do manejo das emergências maternas demanda a integração de diferentes áreas do conhecimento e a cooperação efetiva entre múltiplas categorias profissionais que compõem a atenção terciária. A interdisciplinaridade se manifesta na construção conjunta do planejamento pedagógico, que envolve docentes e discentes da Liga Acadêmica dialogando com profissionais da medicina, enfermagem e gestão hospitalar. Cada área contribui com perspectivas complementares, permitindo que o conteúdo da capacitação contemple não apenas o domínio clínico e técnico das emergências obstétricas, mas também os aspectos organizacionais, comunicacionais, éticos e humanizados que permeiam o cuidado à gestante. Já a interprofissionalidade está presente na dinâmica da atividade formativa, que adota o trabalho colaborativo como eixo fundamental do aprendizado. Durante as oficinas práticas e simulações realísticas, médicos e enfermeiros e demais profissionais atuam juntos, compartilhando responsabilidades, executando condutas de forma coordenada e exercitando habilidades essenciais, como comunicação efetiva, liderança situacional, colaboração e tomada de decisão em equipe. Essa abordagem permite que todos compreendam seu papel dentro da linha de cuidado hospitalar, reconheçam as competências dos demais profissionais e desenvolvam manejo integrado das situações críticas. As simulações clínicas são elaboradas de modo a reproduzir cenários reais das maternidades da região, estimulando o raciocínio conjunto e a resolução de problemas sob a perspectiva multiprofissional. Tal estratégia reforça a compreensão de que a segurança materna depende da interação harmoniosa entre diferentes setores hospitalares — pronto-atendimento, centro obstétrico, UTI, laboratório, farmácia, transporte interno — todos articulados em torno de fluxos bem definidos. Assim, os participantes vivenciam, na prática, a importância de uma rede interprofissional sólida para reduzir atrasos assistenciais e melhorar os desfechos obstétricos. Dessa forma, a interdisciplinaridade e a interprofissionalidade não são apenas características desejáveis do projeto, mas constituem sua base estruturante. A iniciativa integra conhecimentos de múltiplas áreas e promove a colaboração prática entre categorias profissionais essenciais ao cuidado hospitalar da gestante, fortalecendo a formação acadêmica dos estudantes da LAGO e qualificando a assistência prestada às mulheres do Vale do Jequitinhonha. Tal integração reafirma o compromisso da UFVJM com uma formação em saúde alinhada ao SUS, humanizada, técnica e socialmente responsável.
Este projeto materializa de maneira plena o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, ao integrar formação acadêmica, produção de conhecimento e intervenção social em um mesmo processo formativo. A ação extensionista dialoga diretamente com o ensino ao proporcionar aos discentes a oportunidade de aplicar, em situações reais e simuladas, conteúdos teóricos e habilidades adquiridas na graduação e na vivência acadêmica. Ao participar ativamente da capacitação, os estudantes ampliam sua compreensão sobre urgências obstétricas, trabalho em equipe, segurança materna e organização dos serviços hospitalares, aproximando-se das demandas concretas da rede de atenção terciária. No âmbito da pesquisa, o projeto favorece a produção e o aprimoramento do conhecimento científico por meio da análise das necessidades dos serviços, da avaliação dos indicadores de aprendizagem, da observação dos processos assistenciais e da sistematização dos resultados da capacitação. Os dados coletados — como desempenho pré e pós-teste, avaliação prática nas simulações e percepção dos participantes — podem subsidiar estudos, Trabalhos de Conclusão de Curso, relatórios técnicos e futuras investigações voltadas à melhoria do cuidado obstétrico no Vale do Jequitinhonha. Desse modo, o projeto fomenta a pesquisa aplicada, orientada para a transformação da realidade e alinhada às prioridades sanitárias regionais. A extensão, por sua vez, manifesta-se como o eixo que articula e dá sentido às ações do projeto, na medida em que promove a interação dialógica entre a universidade e a sociedade. A presença ativa da LAGO e dos docentes da UFVJM nos serviços hospitalares da microrregião fortalece o compromisso social da instituição e contribui para o desenvolvimento de práticas assistenciais mais seguras, atualizadas e humanizadas. Ao mesmo tempo, os saberes e experiências dos profissionais da atenção terciária retornam à universidade como insumo fundamental para aprimorar o ensino e orientar novas pesquisas, fechando o ciclo da indissociabilidade. Assim, o projeto consolida uma via de mão dupla entre universidade e comunidade, na qual o ensino qualifica a intervenção, a pesquisa fundamenta e aperfeiçoa as práticas e a extensão transforma a realidade enquanto realimenta o ambiente acadêmico. Esse movimento contínuo reforça o papel da UFVJM e da LAGO na promoção de uma formação em saúde crítica, científica, ética e comprometida com a melhoria dos indicadores maternos no Vale do Jequitinhonha.
A participação dos discentes da LAGO – Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da UFVJM neste projeto promove um impacto significativo e multifacetado em sua formação acadêmica, profissional e humana. Ao integrarem um processo extensionista que envolve diretamente a rede hospitalar da microrregião de Capelinha, os estudantes vivenciam experiências concretas da prática em saúde, aproximando-se das realidades e desafios da atenção terciária no cuidado às gestantes em situação de urgência. Essa vivência fortalece competências clínicas, técnicas, éticas e comunicacionais fundamentais para sua formação médica e para atuação futura no SUS. O envolvimento dos estudantes na construção da capacitação — desde o diagnóstico das necessidades do território até a elaboração de materiais educativos, organização das oficinas e participação nas simulações — desenvolve habilidades essenciais de liderança, planejamento, ensino, trabalho em equipe e tomada de decisão. A interação com profissionais experientes das maternidades e unidades hospitalares contribui para ampliar sua visão crítica sobre o funcionamento dos serviços, a importância da articulação multiprofissional e as estratégias de enfrentamento das emergências obstétricas. Ao lidar com cenários clínicos simulados baseados na realidade regional, os discentes desenvolvem raciocínio clínico ágil, postura ativa e capacidade de conduzir situações de alta complexidade com segurança e responsabilidade. Além disso, a vivência extensionista promove o desenvolvimento de competências socioemocionais indispensáveis à formação em saúde, como empatia, comunicação assertiva, escuta qualificada e sensibilidade ao contexto social das mulheres atendidas nos serviços públicos. Os estudantes também se beneficiam da oportunidade de articular teoria e prática de forma imediata, consolidando conhecimentos científicos à medida que observam sua aplicabilidade no cotidiano dos serviços de urgência obstétrica. Essa articulação fortalece o senso de pertencimento ao SUS e a compreensão de seu papel como futuros profissionais comprometidos com a garantia de direitos, com a equidade e com a melhoria dos indicadores de saúde da população. A experiência também contribui para o amadurecimento acadêmico ao estimular a produção de conhecimento por meio da avaliação da capacitação, sistematização de dados e possibilidade de geração de pesquisas, trabalhos de conclusão de curso e relatórios técnicos. Dessa forma, o projeto reforça a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, qualificando a formação dos estudantes e ampliando sua capacidade de atuação crítica, reflexiva e transformadora. Assim, o impacto sobre a formação do estudante é profundo e integral: os discentes se tornam mais preparados técnica e cientificamente, desenvolvem habilidades para o trabalho multiprofissional e consolidam uma postura ética e comprometida com a realidade social e com a saúde materna da região. Trata-se de uma experiência formativa que ultrapassa o âmbito acadêmico e contribui para a formação de profissionais conscientes, sensíveis e aptos a atuar em contextos desafiadores do SUS.
A realização deste projeto tem potencial de gerar impacto direto e profundo sobre a saúde materna da microrregião de Capelinha, configurando-se como uma intervenção transformadora para os serviços hospitalares do Vale do Jequitinhonha. Ao qualificar profissionais da atenção terciária para o manejo das principais emergências obstétricas, a capacitação contribui de forma imediata para a redução de atrasos assistenciais, para a melhoria da resposta clínica em situações críticas e para a diminuição de desfechos adversos considerados evitáveis. Em uma região marcada por desigualdades históricas e altos índices de mortalidade materna, cada melhoria na capacidade de atendimento representa um avanço significativo para a segurança das mulheres e para a garantia do direito à saúde. O impacto social também se expressa na reorganização dos fluxos assistenciais dentro dos hospitais, favorecendo a coordenação do cuidado, a comunicação entre setores e a atuação multiprofissional integrada. As equipes que vivenciam simulações e oficinas práticas passam a reconhecer com mais clareza seus papéis e responsabilidades, desenvolvendo competências que se traduzem em condutas mais ágeis, seguras e embasadas em evidências. Essa transformação na cultura institucional repercute diretamente na qualidade do acolhimento e no cuidado oferecido às gestantes e puérperas atendidas pelos serviços. Além disso, o projeto fortalece a relação entre universidade e serviços de saúde, aproximando a UFVJM, por meio da LAGO, das necessidades reais do território. Essa presença ativa da universidade nos hospitais da região contribui para o desenvolvimento de políticas locais de educação permanente, incentiva a adoção de protocolos clínicos e promove a valorização dos profissionais que atuam na linha de frente do cuidado materno. A continuidade desse diálogo favorece a construção de redes colaborativas regionais, essenciais para reduzir desigualdades e ampliar o acesso a uma assistência obstétrica de qualidade. Do ponto de vista comunitário, a capacitação amplia a confiança da população nos serviços de saúde, pois equipes mais preparadas e seguras se refletem em atendimentos mais humanizados, eficientes e resolutivos. Cada paciente atendida com qualidade fortalece o vínculo entre o sistema de saúde e a comunidade, favorecendo a busca precoce por cuidados e contribuindo para a redução de mortes maternas evitáveis. Por fim, o projeto deixa um legado que ultrapassa o momento da capacitação: profissionais mais qualificados, serviços mais estruturados, fluxos assistenciais fortalecidos e uma rede hospitalar mais preparada para enfrentar emergências obstétricas. Trata-se de uma ação de efetiva transformação social, que incide diretamente sobre a proteção da vida das mulheres da região, promovendo equidade, justiça social e fortalecimento do SUS no Vale do Jequitinhonha.
A divulgação da capacitação será realizada por meio das redes sociais oficiais da LAGO – Liga Acadêmica de Ginecologia e Obstetrícia da UFVJM e do Projeto Vida no Vale, utilizando publicações informativas, cards digitais, chamadas abertas e campanhas direcionadas aos profissionais da região. Serão compartilhadas informações sobre datas, público-alvo, objetivos, formas de participação e orientações logísticas, garantindo ampla visibilidade e alcance entre os serviços hospitalares da microrregião de Capelinha.
Caracterização do Curso ou Oficina
Aperfeiçoamento
8
O curso aborda as principais urgências obstétricas do contexto hospitalar, incluindo hemorragia pós-parto, síndromes hipertensivas da gestação, distócia de ombro, parto pélvico, parto operatório vaginal, extração difícil em cesariana e sepse obstétrica. As atividades combinam aulas teóricas, discussão de casos, oficinas práticas e simulação realística, permitindo o treinamento multiprofissional em diagnóstico precoce, manejo inicial, uso de protocolos atualizados e integração dos fluxos assistenciais. O conteúdo é finalizado com uma simulação integrada de emergências obstétricas, avaliação dos participantes e devolutiva para os serviços de saúde.
1. Abertura e sensibilização inicial * Apresentação dos objetivos da capacitação, metodologia, equipe responsável e dinâmica das atividades. * Breve contextualização sobre mortalidade materna e importância da resposta rápida em emergências obstétricas. 2. Módulo teórico-prático sobre Hemorragia Pós-Parto (HPP) * Atualização baseada em evidências sobre diagnóstico e manejo inicial. * Demonstração e prática supervisionada de técnicas de controle de HPP, incluindo massagem uterina, compressões e tamponamento uterino tipo balão de Alves. 3. Módulo teórico-prático sobre Síndromes Hipertensivas da Gestação * Condutas para pré-eclâmpsia grave, eclâmpsia e síndrome HELLP. * Treinamento prático no preparo e administração do sulfato de magnésio e antihipertensivos. 4. Oficina de Distócia de Ombro * Execução supervisionada das manobras de McRoberts, Rubin II, Woods e extração do braço posterior em manequins. * Discussão de erros comuns e boas práticas. 5. Oficina de Parto Pélvico * Treinamento das manobras de Bracht, Pinard e Mauriceau-Smellie-Veit. * Simulação de progressão segura do parto. 6. Oficina de Parto Operatório Vaginal * Demonstração técnica e prática guiada de fórceps e vácuo-extrator, com discussão de indicações e contraindicações. 7. Oficina de Extração Difícil em Cesariana * Simulação das principais técnicas utilizadas para liberar o polo cefálico quando a extração inicial falha. * Estudo de casos e análise de vídeos educativos. 8. Módulo teórico-prático sobre Sepse Obstétrica * Identificação precoce, sinais de gravidade e aplicação do qSOFA obstétrico. * Simulação dos primeiros passos terapêuticos (antibioticoterapia precoce, hidratação, protocolos hospitalares). 9. Simulação integrada das emergências obstétricas * Cenários completos envolvendo HPP, distócia de ombro, crise hipertensiva/eclâmpsia, parto pélvico e sepse. * Atuação multiprofissional com foco em comunicação, fluxo assistencial e tomada de decisão. 10. Debriefing estruturado * Reflexão orientada sobre desempenho técnico, trabalho em equipe, pontos fortes e oportunidades de melhoria. 11. Avaliação final da capacitação * Aplicação de pós-teste para avaliação de ganho de conhecimento. * Preenchimento de formulário de satisfação pelos participantes. 12. Encerramento e entrega de materiais técnicos * Entrega de fluxogramas, algoritmos e orientações padronizadas para uso hospitalar. * Agradecimentos e encerramento oficial.
A avaliação da aprendizagem dos cursistas será realizada por meio de diferentes instrumentos. Inicialmente, será aplicado um pré-teste para identificar o nível de conhecimento prévio dos profissionais. Durante as oficinas e simulações, a aprendizagem prática será avaliada por checklists estruturados permitindo feedback imediato sobre execução de técnicas e tomada de decisão. Ao final da capacitação, um pós-teste medirá o ganho cognitivo, buscando pelo menos 30% de melhora em relação ao pré-teste. O desempenho nas simulações realísticas será analisado quanto à comunicação, integração multiprofissional e aderência aos protocolos. Além disso, será realizado debriefing reflexivo após os cenários, fortalecendo o aprendizado crítico. Por fim, os cursistas responderão a uma avaliação de satisfação, e todos os resultados serão sistematizados em relatório final.
A realização do curso será avaliada por meio da análise da organização e logística do evento, da observação direta das atividades práticas e simulações, e da aplicação de um formulário de satisfação para os participantes. Também será realizado um momento de feedback coletivo ao final do curso para identificar percepções, dificuldades e sugestões. O cumprimento das metas propostas será verificado pela equipe da LAGO, considerando número de participantes, execução das práticas e entrega dos materiais técnicos. Todos os dados serão sistematizados em um relatório final, que documentará os resultados obtidos e orientará futuras ações. .
Público-alvo
O público-alvo desta capacitação são profissionais da atenção terciária que atuam diretamente no atendimento hospitalar de gestantes nos municípios da microrregião de Capelinha–MG. Inclui médicos, enfermeiros e demais membros das equipes multiprofissionais que compõem os setores de pronto-atendimento, obstetrícia, centro cirúrgico e unidades de suporte hospitalar. O curso é destinado exclusivamente aos profissionais que participam da linha de cuidado obstétrico em ambientes hospitalares e que lidam com situações de urgência e emergência materna.
Municípios Atendidos
Capelinha - MG
Parcerias
A Fundação Hospitalar São Vicente de Paulo é parceira essencial na realização do curso, oferecendo suporte logístico, recepção dos participantes e disponibilização da estrutura necessária para as atividades teóricas e práticas. A instituição também auxilia na mobilização das equipes hospitalares e na organização dos espaços para as simulações realísticas, contribuindo diretamente para o sucesso da capacitação e para o fortalecimento da assistência obstétrica na região.
Cronograma de Atividades
Carga Horária Total: 60 h
- Manhã;
- Tarde;
Entre os dias 17 de novembro de 2025 e 31 de dezembro de 2025, serão desenvolvidas todas as etapas de organização, execução e finalização do curso de Urgências Obstétricas no município de Capelinha–MG. No período de 17 a 21 de novembro, ocorrerá a fase de organização, incluindo reuniões de alinhamento entre a equipe da LAGO/FAMED/UFVJM, revisão dos materiais didáticos, verificação dos equipamentos de simulação realística, adaptação final do conteúdo programático e confirmação da logística junto à Fundação Hospitalar São Vicente de Paulo. Também serão preparados os instrumentos pedagógicos (pré e pós-testes, listas de presença, fichas de avaliação) e será realizada a divulgação final nas redes sociais da LAGO e do Projeto Vida no Vale. Entre 22 e 30 de novembro, a etapa será dedicada à mobilização dos cursistas e ao ajuste logístico, com confirmação dos profissionais inscritos, envio de orientações prévias, organização dos certificados, checagem do transporte da equipe e preparo dos espaços destinados às atividades, incluindo infraestrutura necessária para oficinas e simulações. No dia 06 de dezembro, ocorrerá a realização presencial da capacitação, conforme já programado. Serão ministrados os módulos teóricos e oficinas práticas envolvendo temas de urgências obstétricas, com aplicação do pré-teste e pós teste e registro dos participantes. Após será realizada a avaliação geral do curso, com consolidação e tabulação dos dados de aprendizado, análise dos indicadores de desempenho das simulações, compilação das avaliações dos participantes, revisão crítica da equipe da LAGO e organização de registros (fotografias, listas de presença e relatórios parciais). Entre 16 e 22 de dezembro, será confeccionado o Relatório Técnico Final, contendo descrição metodológica, análise dos resultados, impactos observados e recomendações para continuidade. Por fim, será realizada a etapa de finalização institucional, incluindo o envio oficial do Relatório Final para a PROEXC/UFVJM, arquivamento dos documentos comprobatórios, devolutiva técnica para a Fundação Hospitalar São Vicente de Paulo e Secretaria Municipal de Saúde de Capelinha, além da publicação de agradecimento e encerramento nas redes sociais da LAGO e do Projeto Vida no Vale. Conclui-se, assim, todo o ciclo de planejamento, execução, avaliação e finalização da ação de extensão dentro do período estabelecido.