O “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” visa promover o desenvolvimento das ginásticas em diálogo com os saberes da comunidade de Diamantina e região. Inicialmente, farão parte do programa os projetos de extensão já registrados nos editais de 2024 PIBEX e PROCARTE. Serão atendidas aproximadamente 180 pessoas (por semestre) com a intenção de construir, coletivamente, uma grande teia de conhecimentos gímnicos entrelaçados com os aspectos culturais da região de abrangência da UFVJM.

Educação Física; Ginásticas; Formação humana.

O universo das ginásticas é composto por uma diversidade de possibilidades de práticas que vão desde as modalidades esportivizadas – as ginásticas artística, rítmica, acrobática, aeróbica e de trampolim; voltadas para o lazer – ginástica para todos (GPT); e para a saúde – ginásticas de condicionamento físico, de conscientização corporal e fisioterápica (LOPES et al., 2023; SOUZA, 1997). Embora constitua parte significativa da formação e atuação profissional em Educação Física por ser considerada um saber clássico que se entrelaça com o percurso histórico da própria área de conhecimento (CARBINATTO et al., 2016), o desenvolvimento das práticas gímnicas é limitado em regiões que se distanciam dos grandes centros urbanos. A experiência do Grupo de Estudos e Práticas das Ginásticas (GEPG) do Departamento de Educação Física da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) nos mostra que a presença das ginásticas desenvolvidas fora das ações universitárias se restringe, em sua maioria, nas atividades voltadas para a saúde. O que se percebe na cidade é a prevalência de academias, estúdios e espaços para a prática das ginásticas de condicionamento físico, de conscientização corporal e fisioterápica, em detrimento de ginásios e locais amplos para a realização das modalidades esportivizadas e de lazer. A promoção de atividades físicas voltadas para a saúde é de suma importância para a comunidade a as ginásticas desempenham papel fundamental neste viés. Além das instituições privadas em Diamantina que oferecem musculação, ginásticas coletivas, yoga, pilates etc., se destacam outras ações que são gratuitas, como por exemplo, prática de yoga na praça – uma parceria entre instituição privada e a UFVJM (SURYA, 2024), o Programa Mexa-se desenvolvido pela Prefeitura Municipal (MEXA-SE, 2024) e as academias ao ar livre (PREFEITRA DIAMANTINA, 2024). No entanto, tais atividades não são as mais apropriadas para o público infantil e adolescente, o qual necessita vivenciar práticas corporais diversificas para ampliar o repertório motor e o conhecimento sobre a cultura corporal para que possa, futuramente, escolher suas preferências e desenvolver um estilo de vida ativo e saudável (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Estudos apontam que, quando trabalhadas em atividades educacionais, recreativas e/ou de iniciação esportiva, a prática das ginásticas esportivizadas e de lazer contribui para o enriquecimento da consciência corporal e fortalecimento de aspectos socioafetivos: [...] o praticante é exposto a uma série de movimentos e situações diferenciadas como altura, em voo, em suspensão, em rotação e em inversão, e interage ou não com objetos, aparelhos e outras pessoas. Essas experiências permitem desenvolver capacidades físicas e motoras importantes para a sobrevivência, a funcionalidade a eficiência de movimento, tanto no dia a dia como na prática corporal e esportiva. [...] a prática ocorre em situações individuais e estimula o relacionamento em pares e em pequenos e grandes grupos. A atividade ginástica pode envolver a ajuda mútua na execução da habilidade e na elaboração da composição coreográfica; a cooperação para deslocar e organizar os equipamentos; o compartilhamento de materiais; a autoavaliação e a avaliação de outros; a demonstração de capacidades e habilidades; a expressão de sentimentos e emoções; o exercício da criatividade. Assim, os participantes podem desenvolver responsabilidade; respeito; cidadania; autoestima; autoconfiança; senso crítico; altruísmo; respeito; paciência; disciplina; entre outros aspectos essenciais para a formação da personalidade saudável e do ser humano em geral (NUNOMURA, 2016). Somados a isso, acrescenta-se a possibilidade de ampliação da formação cultural, especialmente no que tange a prática da GPT, pois a modalidade envolve a interação com diferentes manifestações culturais, articulando os saberes gímnicos com aqueles provenientes da cultura corporal – esportes, lutas, jogos e brincadeira etc.; da cultura artística – dança, teatro, artes plásticas etc.; da cultura popular – tradições festivas, culinária etc. (LOPES, 2020; TOLEDO; TSUKAMOTO; CARBINATTO, 2016). Vale ressaltar que o desenvolvimento de tais aspectos extrapola as necessidades infanto-juvenis, sendo importantes em todas as fases da vida, o que potencializa os benefícios das práticas gímnicas esportivizadas e de lazer para todas as faixas etárias (BATISTA et al., 2020; HENRIQUE et al., 2023; LOPES et al., 2020; MILANI; BENTO-SOARES; SCHIAVON, 2021; XAVIER et al., 2023). Diversas universidades desenvolvem ações de extensão no campo das ginásticas e na UFVJM não é diferente. Dentre as propostas já realizadas e em andamento na atualidade, destacamos os seguintes projetos: -Para crianças: 2011, 2012; 2015 – Ginasticando 2016 – Pula bebê 2018-2019 – Pipocando na Educação Infantil 2024-atual – Ponta-cabeça -Para adolescentes: 2016-2017 – GPT escolar -Para adultos acima de 18 anos da comunidade em geral: 2011-atual – Grupo de Ginástica de Diamantina -Para pessoas em processo de envelhecimento: 2019-atual – Ginasticando na Maturidade 2022-atual – Longeviver Além disso, diversas oficinas, cursos, mostras de extensão, dentre outras ações extensionistas decorrentes de tais projetos foram realizadas para a comunidade de Diamantina e região, envolvendo praticantes e formação continuada de professores e estudantes de Educação Física. Em âmbito nacional, a proposta pedagógica desenvolvida nos projetos no campo das ginásticas da UFVJM tem sido cada vez mais reconhecida, sendo a coordenadora dos projetos convidada para ministrar cursos e palestras em diferentes instituições dos estados brasileiros – São Paulo, Goiás, Manaus, Espirito Santo. Nesse sentido, a proposição do “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” surge com o intuito de dar continuidade ao movimento de consolidação do desenvolvimento das ginásticas esportivizadas e de lazer na região de abrangência da universidade. Pretendemos dar continuidade aos projetos em andamento, assim como vislumbrar a expansão das ações no âmbito da prática com a comunidade e da formação continuada de professores para um quantitativo cada vez maior.

Os diversos trabalhos científicos publicados sobre as ações de extensão no campo das ginásticas desenvolvidas pela UFVJM apresentam dados importantes sobre os impactos diretos nos aspectos relacionados aos extensionistas, seja na comunidade interna ou externa à universidade, uma vez que o público participante é abrangente (LOPES; CARBINATTO, 2023; LOPES; NIQUINI; LEAL, 2023; LOPES; CARBINATTO, 2022; LOPES; TSUKAMOTO, 2022; LOPES; NIQUINI, 2021; NIQUINI et al., 2021; LOPES; SANTOS; 2021; NOBRE et al., 2021; LOPES; NOBRE; NIQUINI, 2020; LOPES et al., 2020; LOPES, 2016; LOPES; FÁTIMA, 2012). As propostas de trabalho com as ginásticas aplicadas aos projetos, em especial os que estão vigentes na atualidade (2024), são pautadas nos princípios da pedagogia freiriana, a qual busca interlocução da ação educativa com a realidade dos educandos em prol da emancipação dos sujeitos e transformação da realidade (FREIRE, 1994; 1996). Evidenciamos também a contribuição de tais ações no que tange a pesquisa, pois os estudos desenvolvidos na UFVJM tem fortalecido a ideia de propostas pedagógicas críticas para o trato das ginásticas, com o diferencial de que também trabalhamos fortemente com o panorama das culturas populares regionais (AYOUB, 2022; ALMEIDA et al., 2021). No eixo ensino, as ações estão sempre presentes nas Práticas como Componente Curricular e Estágios Supervisionados dos cursos do Departamento de Educação Física, além de serem fonte de pesquisa para atividades no cotidiano das aulas. Logo, acreditamos que unificar os projetos e ações de extensão em um único programa é pertinente e se justifica pelo potencial de promover a interação dialógica da comunidade acadêmica com a comunidade local, atuando no campo das práticas corporais no sentido de estabelecer a troca de saberes e ampliação dos conhecimentos culturais de todos os envolvidos. Esperamos que o “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” possa auxiliar no processo de transformação da sociedade ao nos comprometermos em desenvolver um trabalho crítico e responsável a partir da interação com a realidade da região de abrangência da UFVJM.

Objetivo geral: Promover o desenvolvimento de práticas gímnicas em diálogo com os saberes da comunidade de Diamantina e região. Objetivos específicos: -Proporcionar o desenvolvimento das potencialidades motoras e expressivas dos extensionistas; -Estimular o pensar crítico sobre o próprio corpo e os aspectos relacionado à corporeidade (estrutura e funcionamento corporal, saúde, imagem corporal, autoconhecimento, socialização etc.); -Promover o (re)conhecimento das diferentes formas de ginasticar já estabelecidas na sociedade (ginásticas artística, rítmica, acrobática, aeróbica, trampolim e GPT); -Encorajar a criação de novas formas de se movimentar nas ginásticas; -Incentivar a articulação dos movimentos gímnicos com outras manifestações da cultura corporal, artística e popular, em especial, relacionadas com a região de abrangência da UFVJM; -Estimular a criatividade e protagonismo dos extensionista na criação de coreografias originais inspiradas em temáticas emergentes na sociedade e pertinentes ao grupo de praticantes; -Disseminar as ginásticas na comunidade a partir do desenvolvimento de projetos e ações voltadas para o público infantil, juvenil, adulto e idoso; -Disseminar os conhecimentos relacionados às ginásticas para estudantes e professores de Educação Física da região de abrangência da UFVJM.

-Promover a participação de aproximadamente 180 pessoas (por semestre) nos projetos de extensão que compreendem o programa; -Promover 80 aulas-encontro em cada projeto (com periodicidade semanal, ao longo do ano) para desenvolver habilidades no campo das ginásticas, interagindo com outras formas de expressões corporais, artísticas e culturais (esportes, jogos, lutas, dança, teatro, literatura, cinema, manifestações da cultura popular etc.); -Produzir pelo menos uma composição coreográfica original por ano em cada projeto; -Realizar visitas a diferentes espaços que promovem práticas corporais, arte e cultura popular regional, determinados de acordo com os temas das coreografias selecionados para cada projeto; -Aprimorar o conhecimento pedagógico e filosófico dos envolvidos nos projetos em relação às ginásticas, à arte e à cultura popular regional e aos saberes específicos de cada tipo de público que participa das ações; -Realizar parcerias com outros projetos e programas de extensão da UFVJM e de outras universidades brasileiras; -Promover e participar de oficinas e vivências em locais que desenvolvem diferentes práticas corporais esportivas, artísticas e de cultura popular a partir das demandas que surgirem no decorrer do programa; -Desenvolver estudos e pesquisas sobre as temáticas das ações realizadas no decorrer do programa; -Publicar e apresentar as pesquisas desenvolvidas e as composições coreográficas elaboradas na Semana de Educação Física da UFVJM, na SINTEGRA da UFVJM, no Fórum Internacional de GPT, no Congresso Nacional de GPT e em diferentes eventos científicos e culturais, a partir das demandas no decorrer da vigência do programa.

O “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” será realizado em 2024 e 2025, com a intenção de renovação para os anos seguintes. Farão parte do programa os seguintes projetos de extensão já registrados nos editais de 2024 PIBEX e PROCARTE: -Ponta-cabeça (PROCARTE 2024102202434524): para 30 crianças entre 8 e 12 anos – encontros às terças e quintas-feiras, das 14h às 15h30, no Laboratório de Ginástica da UFVJM e demais espaços da universidade; -Grupo de Ginástica de Diamantina (PROCARTE 2024102202415724): para 30 adultos acima de 18 anos de idade – encontros às terças e quintas-feiras, das 16h às 17h30, no Laboratório de Ginástica da UFVJM; -Ginasticando na Maturidade (PIBEX 2024101202446624): para 60 pessoas a partir de 50 anos de idade (30 em Diamantina – Grupo Sempre Viva; e 30 em São Gonçalo do Rio das Pedras – Grupo Renascer) – encontros às quintas-feiras, das 14h às 15h30, no Laboratório de Ginástica da UFVJM; -Longeviver (PIBEX 2024101202444724): para 60 idosos institucionalizados (30 na ILPI Pão de Santo Antônio e 30 na ILPI Frederico Ozanan) – encontros às terças e quartas-feiras, das 10h às 11h, um dia nas respectivas ILPIs; A proposta metodológica do programa terá como base teórica as orientações para a prática gímnica de cunho educativo e recreativo pautadas pela Federação Internacional de Ginástica (FIG, 2023), referências bibliográficas brasileiras que apresentam características sobre o desenvolvimento das ginásticas em nosso país (NUNOMURA, 2016) e os estudos sobre a pedagogia freiriana (FREIRE, 1994; 1996). Todos as ações desenvolvidas nos projetos e demais atividades planejadas no decorrer dos anos, independente do tipo de ginástica que for abordada e da faixa etária do público atendido, seguirá os princípios filosóficos da GPT, denominado pela FIG como “5Fs” – Fun, Fitness, Fundamentos, Friendship, Forever. A diversão (Fun) é importante para manter a motivação para a prática. Logo, os encontros devem possibilitar que os participantes estejam ativos na maior parte do tempo, interajam entre eles e que obtenham sucesso na execução dos movimentos propostos pelos mediadores e/ou criados pelos sujeitos. A aptidão física (Fitness) se refere ao desenvolvimento de capacidades físicas de forma que contribuam para que os movimentos gímnicos e de outras manifestações abordadas sejam aprendidos e realizados de maneira segura e eficiente. Os fundamentos (Fundamentos) correspondem ao desenvolvimento de movimentos básicos que são comuns a todas as práticas gímnicas, pois a combinação entre eles é o que possibilita o aprendizado das habilidades gímnicas específicas. As relações interpessoais (Friendship) visam promover a coletividade entre os praticantes com o intuito de fomentar, durante e após o momento da prática gímnica, a socialização, os laços de amizade, o respeito às individualidades, o sentimento de pertencimento ao grupo, dentre outros aspectos em prol do bem-estar social. E, por fim, a continuidade (Forever) traz a ideia de que a prática gímnica pode (e deve) ser para todas as idades e para toda a vida, adaptando as atividades para os diferentes perfis e habilidades de forma que o desejo de praticar seja longevo (FIG, 2023). Em consonância com a ideia de que a ginástica não é a prática corporal mais completa e única para proporcionar os benefícios necessários para a formação integral do ser humano (NUNOMURA, 2016), o “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” terá como propósito fomentar não só a multiplicidade das modalidades gímnicas (ginásticas artística, rítmica, acrobática, aeróbica, trampolim e GPT), mas também a articulação dessas com as diversas possibilidades de atividades físicas e esportivas (re)conhecidas pelos extensionistas. Assim, a proposta metodológica abarcará o desenvolvimento dos elementos corporais gímnicos comuns e específicos de cada modalidade, com ou sem a utilização de materiais e equipamentos oficiais, adaptados e/ou criados pelos praticantes (NUNOMURA, 2016). O diálogo com as demais manifestações será propiciado a partir das características e desejos do grupo, o qual terá abertura para que os extensionistas explanem sobre suas história de vida com as práticas corporais e as preferências individuais. Os sujeitos serão convidados a compartilharem as experiências anteriores participando como mediadores dos encontros ou sugerindo professores convidados para ministrarem as aulas. Todo o conhecimento aprendido será articulado com os movimentos gímnicos, incentivando os praticantes a construírem novos gestos com sentidos e significados para o grupo (TOLEDO; TSUKAMOTO; CARBINATTO, 2016). Os princípios pedagógicos de Paulo Freire (FREIRE, 1994; 1996) irão permear toda a proposta metodológica, em especial nos momentos de estímulo à criatividade durante os encontros, os quais têm a intenção de culminar na produção de coreografias originais. O processo criativo será desenvolvido a partir de um modelo metodológico já desenvolvido pelo GGD desde 2019 (LOPES, 2020), o qual envolve as seguintes fases: -Leitura de mundo e Tematização: levantamento das temáticas que têm potencial para impulsionar a construção coreográfica. A partir de uma investigação que envolve o diálogo sobre vivências anteriores, informações provenientes de familiares e amigos, consulta a materiais científicos, jornalísticos, artísticos etc., os extensionistas refletem sobre o que está acontecendo no contexto onde estão inseridos e que são relevantes para a realidade deles, nos âmbitos sociais, culturais políticos, afetivos etc. As reflexões levam à sugestão de vários temas que são transformados em pequenas experimentações corporais construídas por pequenos grupos organizados de acordo com as afinidades de ideias. Após compartilhadas, os argumentos que justificam a pertinência das temáticas representadas nas experimentações geram debates, levando a novas ideias em um ciclo que se repete até que ocorra o afunilamento das propostas. Quando o coletivo se sente preparado, o tema impulsionador da coreografia é definido por meio de uma decisão democrática pautada no potencial de criticidade das ideias sugeridas. -Aprofundamento: compreensão ampliada e crítica sobre o tema selecionado para a coreografia e das questões que o atravessam, almejando o aumento dos níveis de criticidade dos extensionistas. O processo se inicia com sugestões de todos sobre formas de se aprofundar no tema, o que pode incluir atividades de pesquisa e estudo em materiais diversos (artigos, livros, reportagens, poesia, vídeos, obras artísticas etc.), participação de convidados externos especialistas no tema, visitas a diferentes locais que possuem alguma relação com a temática (museus, comunidades etc.) etc. -Escrita gestual: transformação dos conhecimentos obtidos em gestos expressivos, contextualizando a mensagem que o grupo quer comunicar pela coreografia (MARCASSA, 2004). Os desvelamentos das questões debatidas durante a problematização do tema culminam em um conjunto de ideias sobre os assuntos dialogados. Os extensionistas selecionam aquelas que são mais significativas e as ressignificam em forma de signos de linguagem corporal. Ao mesmo tempo que a gestualidade é criada, o coletivo também a organiza em uma sequência de cenas para compor um texto coreográfico que expresse os sentimentos do grupo sobre a temática estudada. Refere-se a um processo contínuo com inúmeras idas e vindas, definições e redefinições, abrangendo também a incorporação de músicas, sons ou silêncios, materiais ou o corpo livre, cenários ou vazios, figurinos ou roupas do cotidiano, entre outros recursos que auxiliam a compreensão da narrativa coreografada. A complexidade do compor coreográfico será adaptado ao nível das faixas etárias e especificidades de cada grupo, respeitando as condições de autonomia conforme o desenvolvimento dos projetos. O que se pretende é que, independente do formato, a construção coreográfica seja coletiva, colaborativa, democrática e problematizadoras (LOPES, 2020), em concordância com os princípios políticos e dialógicos que orientam a prática educativa emancipatória e transformadora (FREIRE, 1994;1996). O planejamento dos encontros será realizado de forma processual a partir de reuniões semanais da coordenadora do programa com os monitores (bolsistas e voluntários) envolvidos, compreendendo a discussão sobre os conteúdos que serão abordados nas aulas-encontro de acordo com as demandas apresentadas pelos extensionistas no decorrer dos projetos, avaliação periódica sobre o andamento das atividades, elaboração de ações futuras. A intenção é que os projetos e ações extensionistas realizadas no decorrer da vigência do “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” estejam articuladas entre si e envolvam, constantemente, os saberes advindos da comunidade, formando uma grande teia de conhecimentos gímnicos entrelaçados com os aspectos culturais da região de abrangência da universidade.

ALMEIDA, C. M. D. et al. Pensamento pedagógico decolonial e a ginástica: diálogos iniciais. Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 20, n. 4, 2021. AYOUB, E. Ginástica para todas, todes e todos: por uma pedagogia da diversidade. Conexões, v. 20, n. 00, p. e022040, 2023. BATISTA, M. S.; LOPES, P.; PATRÍCIO, T. L.; HENRIQUE, N. R.; FURTADO, L. N. R.; CARBINATTO, M. V. Ginástica para todos: questões sobre uma experiência de aprendizagem crítica. Corpoconsciência, v. 24, n. 1, 2020. CARBINATTO, M. V. et al. Produção do conhecimento em ginástica: uma análise a partir dos periódicos brasileiros. Movimento, v. 22, n. 4, 2016. FIG – FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE GINÁSTICA. Federação Internacional de Ginástica (org.). Home. 2023. Disponível em: https://www.gymnastics.sport/site/. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25a ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 23a ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. GALLAHUE; OZMUN, 2005 HENRIQUE, N. R. et al. Percepção de ginastas a diferentes propostas pedagógicas na ginástica para todos. Brazilian Journal of Science and Movement, v. 30, n. 3, 2022. LOPES, P. “A gente abre a mente de uma forma extraordinária”: potencialidades da pedagogia freiriana no desenvolvimento da Ginástica para Todos. 2020. Tese (Doutorado em Educação Física) – Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. LOPES, P. Ginasticando: parcerias e possibilidades da Ginástica na comunidade. Revista Elo - Diálogos em Extensão, v. 4, 2016. LOPES, P.; CARBINATTO, M. V. Ginástica para Todos e cultura popular. Conexões, v. 20, p. e022031-21, 2022. LOPES, P.; CARBINATTO, M. V. Princípios da pedagogia freiriana na extensão universitária em Ginástica para Todos. Revista Brasileira de Educação, v. 28, 2023. LOPES, P.; FÁTIMA, C. R. A Prática de Ensino no projeto de extensão 'Ginasticando': uma possível ferramenta para a compreensão do saber ensinar ginástica. Vozes dos Vales, v. 1, 2012. LOPES, P.; NIQUINI, C. M. . Do barro à arte: experiências de diálogo entre a extensão universitária e a cultura popular. Revista de Educação, Ciência e Cultura, v. 26, 2021. LOPES, P.; NIQUINI, C. M.; LEAL, J. H. G. Extensão universitária em tempos de pandemia: experiências com a ginástica para todos na perspectiva freireana. INTERFACES - Revista de Extensão da UFMG, v. 11, 2023. LOPES, P.; NOBRE, J. N. P. ; NIQUINI, C. M. . Parque na escola: uso(s) de materiais alternativos e ações coletivas para a educação infantil. Revista de Educação Popular, v. 19, 2020. LOPES, P.; OLIVEIRA, S. R. G.; SANTOS, L. M. G.; SOUZA, M. F. P. Aspectos socializadores evidenciados por praticantes de ginástica para todos em processo de envelhecimento. Corpoconsciência, v. 24, n. 3, 2020. LOPES, P.; SANTOS, L. M. G. Ginasticando na Melhor Idade. Revista Licere, v. 24, 2021. LOPES, P.; TSUKAMOTO, M. H. C. A ginástica para todos em tempos de distanciamento social: relatos de projetos de extensão universitária. Expressa Extensão, v. 27, 2022. MARCASSA, L. Metodologia do ensino da ginástica: novos olhares, novas perspectivas. Pensar a Prática, v. 7, n. 2, 2004. MEXA-SE. O Programa Mexa-se: Hábitos de Vida Saudável para a promoção da qualidade de vida. Disponível em: https://programamexase.com/institucional.php MILANI, C.; BENTO SOARES, D.; MARCONI SCHIAVON, L. “Look what I´ ve learned in gymnastics”: affective impacts on gymnastics classes on children through parents perspective. Journal of Physical Education, v. 32, n. 1, 2021. NIQUINI, C. M. et al. Hoje vai ter parquinho?: experiências e registros de uma extensão universitária na educação infantil. Revista Conexão UEPG, v. 17, 2021. NOBRE, J. N. P. et al. Elementos gímnicos presentes nas brincadeiras no parque de uma instituição escolar infantil: uma abordagem com foco nos padrões básicos de movimento. Motrivivência, v. 33, 2021. NUNOMURA, M. (org.) Fundamentos das ginásticas. 2a ed. Várzea Paulista: Fontoura, 2016. PREFEITURA DIAMANTINA. Academias ao ar livre: mais saúde e bem-estar. 2024. Disponível em: https://diamantina.mg.gov.br/academias-ao-ar-livre-mais-saude-e-bem-estar/ SOUZA, Elizabeth Paoliello Machado. Ginástica Geral: Uma área do conhecimento da Educação Física. 1997. Tese (Doutorado em Educação Física) – Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997. SURYA. Yoga na praça. 2024. Disponível em: https://www.instagram.com/yogasurya_dtna/ TOLEDO, E.; TSUKAMOTO, M. H. C.; CARBINATTO, M. V. Fundamentos da Ginástica para Todos. In: NUNOMURA, M. (org.) Fundamentos das ginásticas. 2a ed. Várzea Paulista: Fontoura, p. 21-48, 2016. XAVIER, C. X.; PATRÍCIO, T. L.; CARBINATTO, M. V.; NEVES, C. M. Ginástica para todos na adolescência: uma revisão sistemática. Corpoconsciência, v. 27, 2023.

Os estudos pedagógicos de Paulo Freire (FREIRE, 1994; 1996) irão permear toda a proposta metodológica, os quais apresentam como princípios a politicidade e dialogicidade do ato educativo. Logo, todas as ações realizadas no programa buscarão dialogar com a realidade imediata dos participantes em prol do desenvolvimento de uma educação crítica e emancipatória que estimule a transformação da realidade. A intenção é que os projetos e ações extensionistas realizadas no decorrer da vigência do “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” estejam articuladas entre si e envolvam, constantemente, os saberes advindos da comunidade, formando uma grande teia de conhecimentos gímnicos entrelaçados com os aspectos culturais da região de abrangência da universidade.

A interdisciplinaridade é relevante para o programa, uma vez que diferentes saberes serão solicitados durante as ações desenvolvidas. A proposta metodológica visa dialogar as ginásticas com manifestações diversas advindas da cultura corporal, artística e populares da região de abrangência da UFVJM. A ideia é que os extensionistas sejam convidados a compartilharem suas experiências anteriores participando como mediadores dos encontros ou sugerindo sujeitos convidados para ministrarem as aulas, tornando-se claro a necessidade de relações de conhecimentos e saberes. O trabalho interprofissional trafega na mesma perspectiva, por meio do qual artistas, mestres dos saberes, professores e estudantes de diferentes áreas do conhecimento atuarão na concepção, execução e avaliação das atividades, oferecendo contribuições de seus campos de atuação e relacionando-as como um todo.

Os estudantes e docentes da UFVJM estão envolvidos no programa a partir do desenvolvimento das ações nos três eixos que sustentam a indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão. No eixo ensino, as ações estarão sempre presentes como possibilidade de desenvolver Práticas como Componente Curricular e Estágios Supervisionados, além de serem fonte de pesquisa para atividades no cotidiano das aulas. Na pesquisa, será obrigatório a participação no Grupo de Estudos e Práticas das Ginásticas – GEPG (UFVJM/CNPq), para que monitores e docentes tenham condições de se aprofundar em estudos sobre as ginásticas e demais temáticas abordadas, ampliando a formação para atuação no programa. Está planejado que os resultados das ações sejam estudados e publicizados em forma de resumos, artigos e demais possibilidades de divulgacão científica, participando de eventos internos e externos à UFVJM, além de submissão em periódicos de relevância nas áreas de conhecimentos que envolvem o programa.

Os monitores bolsistas selecionados para participarem dos projetos que constituem os programa deverão ser alunos dos cursos de Educação Física da UFVJM (licenciatura ou bacharelado) que já tenham concluído, pelo menos, a unidade curricular “Fundamentos da Ginástica”, pois acreditamos que há uma série de conhecimentos mínimos necessários para desempenhar tal função. Também selecionaremos um ou mais monitores voluntários que poderão ser, preferivelmente, alunos de diferentes cursos da universidade (inclusive da pós-graduação) com o intuito de dialogar com as diferentes áreas de conhecimento. Para capacitar os estudantes para atuarem como monitores, realizaremos encontros com a coordenação antes do início dos projetos para orientar estudos de referências bibliográficas específicas que embasam a estrutura do programa. A equipe de planejamento (coordenadora, colaboradores e monitores) passará por uma oficina de formação sobre o desenvolvimento das ginásticas na perspectiva das referencias que subsidiam o programa, na qual serão abordados temas essenciais para a realização das ações. Também será solicitado que os monitores participem dos encontros do Grupo de Estudos e Práticas das Ginásticas (GEPG – UFVJM/CNPq) durante todo o período em que o programa for desenvolvido, o qual desenvolve pesquisas no campo das ginásticas. Pretendemos, com isso, estimular a articulação entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, contribuindo com a formação ampliada do estudante. A avaliação do desempenho dos monitores (bolsista e voluntários) será feita de forma processual em consonância com a avaliação periódico do projeto. Serão avaliados os conhecimentos construídos, assim como as condutas de mediação das atividades, identificando necessidades de aprimoramento ao longo do processo. Serão funções dos monitores: -Participar das reuniões de planejamento; - Participar auxiliando e/ou conduzindo a mediação das aulas-encontros semanais; -Promover estudos e pesquisas no campo das ginásticas, da pedagogia freiriana, da arte e da cultura regional por meio da participação no GEPG; -Participar de eventos científicos apresentando os resultados dos estudos acerca do programa; -Participar em todas as etapas das produções coreográficas, assim como auxiliar nos momentos das apresentações agendadas; -Participar das atividades extras (oficinas, visitas etc.); -Divulgar o programa na comunidade acadêmica e local.

Espera-se que a realização do “Teias Gímnicas: Programa de Ginástica da UFVJM” contribua para a disseminação da prática das ginásticas em diálogo com a realidade local, promovendo a transformação social regional no que tange o (re)conhecimento e valorização das diferentes manifestações da cultura corporal, artística e popular que nos rodeiam, assim como estimulando o pensar crítico sobre o próprio corpo e os aspectos relacionado à corporeidade (estrutura e funcionamento corporal, saúde, imagem corporal, autoconhecimento, socialização etc.).

A divulgação das ações será feita por meio das mídias sociais oficiais da UFVJM e dos projetos que compõem o programa.

Seguindo a dinâmica estabelecida para a submissão de projetos de extensão no SIEXC, informo que os formulários de anuência da Diretoria da unidade e da Chefia imediata serão anexados ao sistema após a aprovação do programa pela PROEXC.

Criações artísticas, propostas metodológicas.