Detalhes da ação

Menina Biotec: fermentando a inclusão

Sobre a Ação

Nº de Inscrição

202206000039

Tipo da Ação

Cursos Online

Situação

RECOMENDADA

Data Inicio

01/08/2022

Data Fim

30/12/2022


Dados do Coordenador

Nome do Coordenador

ana paula de figueiredo conte vanzéla

Caracterização da Ação

Área de Conhecimento

Ciências Biológicas

Área Temática Principal

Educação

Área Temática Secundária

Direitos Humanos e Justiça

Linha de Extensão

Temas específicos / Desenvolvimento humano

Abrangência

Nacional

Gera Propriedade Intelectual

Não

Envolve Recursos Financeiros

Não

Ação ocorrerá

Dentro do campus

Período das Atividades

Integral

Atividades nos Fins de Semana

Não


Redes Sociais

@obbiotec.ufvjm
Outras Redes Sociais

Canal do Youtube: Biotec para todos

Membros

Tipo de Membro Interno
Carga Horária 60 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 240 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 40 h
Tipo de Membro Externo
Carga Horária 60 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 60 h
Tipo de Membro Interno
Carga Horária 60 h
Resumo

A ação visa incluir meninas na Ciência, tendo surgido do Pibex FermentAção: biotecnologia para inclusão e emancipação feminina. Serão preparadas videoaulas com temas de biotecnologia, biologia molecular, microbiologia e saúde para estruturar cursos para meninas do ensino fundamental e médio ou que abandonaram os estudos, a fim de recuperar conteúdos, melhorar o rendimento escolar e abrir caminho para completar a educação básica e ampliar o acesso aos cursos superiores da área de ciências.


Palavras-chave

Mulheres na ciência, inclusão, biotecnologia


Introdução

A educação é um dos direitos mais fundamentais ao desenvolvimento pleno de um ser humano e assegurado como direito na Constituição Brasileira (BRASIL, 1988). Sem a educação, entendida primeiro e numa acepção mais geral que abrange as experiências vividas com outros seres humanos, a partir do processo de convivência, é impossível a construção de uma sociedade coesa, estruturada por hábitos, valores, comportamentos e cultura próprios (Valle, 2009). O ser humano, mais que puramente biológico, extrapola os limites de sua constituição física, inicialmente pela interação com outros indivíduos e aprendizado cultural, criando laços de identidade. Se não amadurecer o sentido de pertencimento e inclusão, torna-se alheio ao seu grupo e mais propenso à dissidência. Por esta razão, a educação já foi entendida e aplicada também no sentido de domar a natureza humana, nem sempre ou tão somente pela força declarada, mas pela aplicação de uma ordem que objetiva o progresso social e a manutenção das estruturas intactas, segundo a qual, a educação do povo está voltada para a aquisição de uma técnica útil. Nesta lógica, os papeis estão delimitados. Entretanto, tal lógica positivista esbarra nas contradições inerentes ao processo de evolução das sociedades humanas e seus conflitos. Não é capaz de abarcar questões como a aceitação das diferenças, sobretudo as de pensamento, nem o papel do feminino e suas produções para além do ambiente familiar, da educação dos filhos e dos deveres conjugais. Dentro da lógica patriarcal e numa sociedade permeada pela filosofia positivista, superar a visão da mulher como propriedade do homem e seu papel de obediência é extremamente difícil. Profundamente arraigada como direito no pensamento masculino, a posse da mulher é associada com a honra, em nome da qual justifica-se a privação da sua liberdade de ir e vir, a definição dos seus modos de vestir e até mesmo a culpabilidade pelos atos de violência sofridos. Mesmo diante das previsões legais, a superação desta visão não pode ser alcançada no contexto da formação tecnicista, requer uma educação reflexiva, mais humanizada e humanizadora, que aos poucos possa transformar as concepções culturais arraigadas no seio familiar. A partir da máxima que diz que "para educar um homem é preciso começar educando o seu avô", enfatize-se que o processo educativo e a mudança de hábitos culturais ultrapassa gerações. Há que se iniciar a emancipação do próprio pensamento feminino em horizontes mais amplos do que a educação puramente formativa do cognitivismo ou das raízes positivistas: a educação precisa ser libertadora, precisa ampliar a visão de mundo, mesmo aquela incutida em nosso próprio salto evolutivo. A partir da análise de Harari (2018), a estruturação das culturas pelos Homo sapiens remonta, aproximadamente, há 70.000 anos, tendo sido iniciada pela revolução cognitiva e começado o que se entende por história. Porém, para este autor, a revolução científica, que tem cerca de 500 anos, trouxe elementos suficientes para por um fim à esta mesma história. Tal possibilidade poderia ser encarada como presságio negativista, talvez refletindo a época em que a primeira edição do livro foi escrita, um dos períodos mais críticos da guerra fria, quando de fato, mísseis poderiam ter disparado um conflito capaz de exterminar a história como a conhecemos. Apesar de findo este período crítico, o caráter violento que permeou as batalhas dos Homo sapiens contra as demais espécies de seres e que os fez triunfar chegando ao topo da cadeia alimentar, continua presente e ameaçando todas as culturas e todas as esferas sociais. Das diversas formas de violência que se expressam, algumas são mais explícitas, outras mais sutis e disfarçadas, outras, ainda, estão escondidas nas sombras e arraigadas em uma sociedade machista, afetando direitos básicos como a liberdade de escolha, a integridade física, o respeito e a educação. Estes limites - perpassando um olhar através da visão de Bell Hooks - precisam ser transgredidos e superados. Qualquer mulher que viva em uma sociedade estruturada por pilares da cultura colonialista, racista e patriarcal já experimentou essa realidade. A lógica de um sistema e a sua cultura, para o bem ou para o mal, não são facilmente transformadas e, por vezes, é preciso resistir dentro desta própria lógica. Muitas meninas em idade jovem estão em situação de vulnerabilidade social, algumas são mães solo que precisaram abandonar os estudos e continuam presas em um ciclo vicioso de pobreza, falta de oportunidades e a manutenção da rígida posição social a que a mulher é submetida. Neste contexto, o projeto Menina Biotec - fermentando a inclusão surgiu como ação necessária derivada do Pibex FermentAção: ações para inclusão e emancipação feminina, voltado este último para a capacitação e geração de renda. Menina Biotec pretende fomentar a inclusão de meninas na Ciência, instigando o interesse e a tomada de consciência de que existem oportunidades de estudo, inserção profissional e progresso pessoal na área biotecnológica. Porém, para isto, é preciso iniciar a ruptura daqueles estreitos limites de possibilidades. Neste projeto, o que se pretende é abrir o horizonte, iniciar a instrumentalização das meninas em ações educativas online que lhes permitam acesso a conteúdo de qualidade, recuperação de conceitos científicos que não foram atingidos plenamente ao longo do processo educativo formal, potencializando a decisão de concluir seus estudos para colocar a carreira científica em perspectiva.


Justificativa

A evasão escolar é um problema que atinge todas as séries da educação básica, um problema crônico da educação brasileira que a pandemia Covid-19 agravou fortemente. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE Cidades) mostram que, em Minas Gerais, em 2019, havia 2.461.094 estudantes matriculados no ensino fundamental e 751.073 no ensino médio. Em 2021 houve redução de matrículas para 2.407.107 no ensino fundamental e 692.668 no ensino médio. Não que a pandemia seja o único fator responsável por esta queda: uma análise da série histórica mostra que o ensino básico tem sido afetado por uma progressiva redução no número de matrículas. Em 2008, um total de 3.221.775 estudantes foram matriculados no ensino fundamental e 834.368 no ensino médio, porém, em 2018 as matrículas passaram para 2.511.483 no ensino fundamental e 821.349 no ensino médio. As causas da evasão escolar, incluem, mas não se limitam ao baixo rendimento alcançado, podendo ser destacados outros fatores: …a necessidade de trabalhar para ajudar a família; escola distante de casa; não ter um adulto que leve até a unidade escolar; falta de interesse e doenças; falta de transporte escolar; a necessidade de sustentarem-se; o ingresso na criminalidade e na violência; dentre outros (Santos, 2020, p.4). As pandemias e crises econômicas afetam mais a mulher dentro da sociedade e impactam de forma mais intensa e negativa a sua independência, bem-estar, acesso a direitos básicos como o de trabalhar, de acessar a educação formal e o direito à própria integridade física. A mulher é a principal responsável pelo cuidado dos filhos e da casa, assumindo esta responsabilidade muitas vezes de forma solitária e sem apoio ou presença do companheiro ou pai, outras vezes confinada ao mesmo ambiente que seu agressor. Diversos relatórios mostraram o aumento da violência contra a mulher durante a pandemia Covid-19 e segundo a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde, "desigualdade de gênero é uma crise social, econômica, política e de saúde em curso, que foi exacerbada pela pandemia” (OPAS, 2022). Apesar de todos os desafios, a Unicef aponta que a educação das meninas traz grande contribuição para o desenvolvimento de comunidades e países, pois quando se tornam produtivas, têm menor probabilidade de se casar cedo e passam a tomar decisões para construir um futuro melhor para elas e suas famílias, fortalecendo a economia e reduzido desigualdades. Mas, enfatiza também que a educação de meninas é mais do que o acesso ao ambiente escolar, é preciso que se sintam seguras e que recebam suporte nas disciplinas e carreiras que decidem seguir (UNICEF). Por isto, é preciso investir para que as meninas tenham acesso ao suporte educacional necessário que as auxiliem a recuperar conteúdos, ampliar a compreensão da ciência e de como podem nela inserir-se, compreender que há espaço para mulheres na área academia e científica e que elas podem tornar-se protagonistas na construção de uma profissão, que há espaço para concluírem seus estudos e que não precisam ficar limitadas à dependência masculina. O projeto para cursos online Biotec para meninas tem este propósito.


Objetivos

1. Conduzir experimentos com temas vinculados à área de Ciências: biologia celular, biologia molecular, biotecnologia, microbiologia e saúde e gravar para disponibilização de conteúdo online; 2. Elaborar videoaulas com introduções teóricas e inserção de exemplos ilustrativos práticos nos temas elencados; 3. Estruturar 4 cursos de 15 horas a partir das videoaulas sequenciais; 4. Disponibilizar o curso em canal do YouTube Biotec para todos e em site oficial da Olimpíada Brasileira de Biotecnologia aprovada pelo CNPq; 5. Disponibilizar ferramentas de acompanhamento de aprendizagem por meio de instrumentos online e canal de retirada de dúvidas sobre o conteúdo acessado, para oportunizar a recuperação e revisão de conteúdos de forma online.


Metas

Meta 1: montar, executar e gravar a realização de 6 experimentos práticos envolvendo biologia celular, biologia molecular, biotecnologia, microbiologia e saúde Meta 2: compor e gravar 12 videoaulas mesclando conteúdo teórico, ilustração prática e acompanhamento de aprendizagem em formulários, desafios e games online Meta 3: publicar 1 curso Menina Biotec em canal do Youtube Biotec para todos e no site oficial da Olimpíada Brasileira de Biotecnologia com total de 15 horas Meta 4: realizar 4 edições do curso e matricular pelo menos 30 meninas em cada edição, atingindo um total de 120 meninas e 60 horas de curso ofertado no sistema online.


Metodologia

Etapa 1 - preparo de experimentos As temáticas de experimentos serão definidas pela equipe proponente e com participação ativa da bolsista do projeto, a partir de aprendizado experienciado em aulas de graduação das disciplinas de Biologia Molecular Aplicada, de Biotecnologia, Cenários de Prática III e outras afins à área do conhecimento. Após elencar os temas relevantes e vinculados ao aprendizado de ciências da base nacional comum curricular, serão preparados roteiros experimentais para conduzir os experimentos de forma prática, com reagentes disponíveis no laboratório de Biologia Molecular e Biotecnologia dos Fungos. Cada experimentos será conduzido e explicado a partir de temas de ciências básicas e voltados para a discussão de sua aplicação em áreas estratégicas como saúde e desenvolvimento biotecnológico. Durante a execução de cada experimento, estes serão filmados utilizando câmera digital ou celular e posteriormente submetidos à edição para formato de videoaula. Etapa 2 - Gravação de aulas teóricas As aulas teóricas serão preparadas a partir de roteiros e relacionadas aos temas básicos e aplicados da área de ciências, montando-se dispositivos de apresentação com figuras de animação e acessos a sites de bioinformática e de biologia molecular interativos disponíveis sob acesso livre e que permitem explorar recursos online. Após a montagem de cada aula, será realizada a edição e correlação com o tema experimental prático e ilustrativo já definido e gravado. As aulas e respectivos temas teóricos serão disponibilizados no canal Biotec para todos e no site oficial da Olimpíada Brasileira de Biotecnologia. Etapa 3 - Organização e publicação do curso Menina Biotec Nesta etapa, o curso será estruturado por meio de links sequenciais direcionados de forma organizada para cada videoaula do curso e respectivo experimento, com graus crescentes de complexidade e disponibilização de lista para assinatura de frequência ao lado de cada link na página oficial. Para computar a frequência e indicadores, serão elaborados formulários de assinatura para cada aula disponível, com questão relativa à informação de gênero e idade, município de residência e ano escolar em que se encontra. Também serão disponibilizados materiais de acesso a games e formulários desafio de revisão e acompanhamento de conteúdo, além de formulário para registro e retirada de dúvidas quando aos conteúdos. A retirada de dúvidas será realizada pela bolsista e demais estudantes do projeto, que em um primeiro momento irão compor uma resposta de esclarecimento a partir das dúvidas gerais compiladas. O texto de resposta será revisado pela coordenadora, professores e demais profissionais colaboradores do projeto segundo sua área de atuação. Em seguida, será publicado em link ou vídeo curto na forma de Pitch. Uma vez estruturado o curso, os links serão abertos para acesso, participação das aulas, registro de frequência e retirada de dúvidas, com publicação no canal Biotec para todos e acesso a partir da página da Olimpíada Brasileira de Biotecnologia. Etapa 4 - Organização das edições do curso Menina Biotec Após a abertura do curso, será realizada a chamada para participação no próprio site oficial da Olimpíada e nos canais de comunicação: e-mails para a rede pública de educação básica em Diamantina-MG e SEE/MG; redes de WhatsApp nas quais a coordenadora e demais membros estão inseridos, incluindo grupos de pesquisa e de coordenadores nacionais dos Projetos Ciência na Escola, aprovados pelo Governo Federal. Nesta etapa também serão definidas e lançadas as datas para acesso sequencial a cada uma das quatro edições do curso. Será necessário limitar a participação, neste momento, para um formato de quatro edições de 15 horas cada ofertado para públicos diferentes, no período da vigência da ação, conforme previsto no edital Proexc Nº 06/2022 e devido à sistemática de acompanhamento e retirada de dúvidas. Finalizadas estas edições e o edital, o curso poderá ser ofertado futuramente em fluxo contínuo. Após o final das edições do curso Menina Biotec serão levantados os indicadores de participação e de metas alcançadas.


Referências Bibliográficas

BRASIL, 1988. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Harari, Y.N. Sapiens - uma breve história da humanidade. Tradução de Janaína Marcoantonio. L&PM Editores, Porto Alegre, 2018. Hooks, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Tradução de Marcelo Brandão. Editora MEDIAfashion, São Paulo, 2021. 208 p. IBGE Cidades. Disponível em cidades.ibge.gov.br. Acessado em 29/06/2022. OPAS, 2022. Pandemia de COVID-19 afetou mulheres desproporcionalmente nas Américas. Disponível em https://www.paho.org/pt/noticias/8-3-2022-pandemia-covid-19-afetou-mulheres-desproporcionalmente-nas-americas. Acessado em 29/06/2022. Santos, J.A. Reflexões sobre a evasão escolar: uma problemática na educação brasileira. Teias, temática sessão especial, 2020. 10.12957/teias.2020.41951. UNICEF. Programme Girls' education - Gender equality in education benefits every child. Disponível em: https://www.unicef.org/education/girls-education. Acessado em 29/06/2022. Valle, L.A.B. Educação. In: Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz, Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edu.html.


Interação dialógica da comunidade acadêmica com a sociedade

O formato online implica em desafios para o diálogo, visto que nem sempre, os indivíduos se comunicam de forma síncrona. Para manter a necessária interação dialógica, basilar em toda a ação extensionista, serão tomadas medidas para que, mesmo de forma virtual, a ação seja construída em conjunto com a sociedade. Os temas serão definidos a partir de demandas reunidas por meio de enquete online com questões direcionadas ao levantamento de interesses sobre conceitos e necessidades de revisão de conteúdos da área central do curso. A enquete, direcionada às meninas em idade escolar, mesmo que não frequentes ou tenham abandonado os estudos, e divulgada por meio de contatos de WhatsApp com conhecidos moradores de comunidades como os da Ocupação do Cazuza, Bairro da Palha, Bela Vista, Cidade Nova, dentre outros, funcionará como um norteador das demandas, para que os temas do curso sejam tratados de forma a atender o mais possível o interesse do público alvo. Também serão priorizados temas correlatos às Ciências Biológicas, Biologia Celular, Biologia Molecular, Biotecnologia, Microbiologia e Saúde que tenham conexão com demandas sociais, como a carência de profissionais em determinadas áreas que caracterizem oportunidades de carreiras futuras e benefício social por meio da geração de recursos humanos; áreas sociais deficitárias que podem ser beneficiadas pela aplicação de biotecnologia, inclusive na área ambiental, segurança alimentar, cuidados e higiene, a fim de que as aulas do curso abranjam tais temas aplicados e, a partir destas, seja fomentada reflexão entre as participantes para aplicação em suas comunidades. A cada aula do curso também será oportunizada a discussão com a equipe, no próprio link para o formulário de retirada de dúvidas e sugestões, por meio do qual a equipe se tornará consciente das demandas apresentadas pelas participantes e poderá responder de forma ativa. Com estas ferramentas e resultados, será possível construir um curso em consonância com a sociedade. Finalizada a etapa de levantamento dos temas, a equipe fará o lançamento do curso em formato síncrono online, na qual serão apresentados os membros da equipe, os objetivos e oportunidades, a metodologia de trabalho adotada para a construção do curso e as áreas de atuação dos pesquisadores. Nesta oportunidade de diálogo síncrono, será aberta a participação do público para análise crítica, sugestões de melhoria e solicitações, mantendo-se um veículo de comunicação que dê retorno do andamento das ações, do alcance dos objetivos e necessidades de auxílio, inclusive para a revisão de conteúdos ou maiores explicações, conforme o objetivo 5, Meta 2 e Etapa 3 da metodologia. Desta forma, serão consideradas as contribuições coletadas a partir do público alvo para a construção do próprio curso e reorganização de edições futuras.


Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade

A equipe integra docentes da área de Saúde e Educação, com formação e atuação em biotecnologia e microbiologia, genética molecular, análises clínicas, produção ou análise de moléculas com atividades farmacológicas, dentro da área de Ciências Biológicas voltadas à Saúde e com aplicação tecnológica, além de profissional psicóloga com atuação em educação e atendimento à saúde de jovens e adolescentes. A equipe como um todo tem experiência profissional prévia, anterior ao ingresso na vida acadêmica, já tendo atuado em esferas profissionais como indústria de medicamentos, consultório de psicologia clínica, educação básica e superior. A vivência acadêmica em pesquisa e extensão, aliada à vivência do exercício profissional, contribuirá para construção de um debate amplo e de qualidade, capaz de levantar de forma transversal os temas curriculares que serão abordados no curso Menina Biotec, ao invés de se ater ao formato tradicional de "passar conteúdo". A transversalidade dos temas adotados em função das demandas de aprendizagem e que sejam estratégicos para o desenvolvimento social impulsionará uma abordagem construída a partir da realidade brasileira, por meio da análise de problemas reais que afetam o cotidiano e que podem ser coletivamente solucionados pela aplicação de princípios científicos e saberes populares. Os temas serão tratados prioritariamente nesta lógica em que o conhecimento acadêmico não é desvinculado da experiência prévia do aprendiz, nem descontextualizado do ambiente social em que foi produzido, de modo que se possa contemplar o respeito aos valores, ideias e contribuições, a relação com o ambiente, o legado cultural do público alvo e seus saberes, a questão do gênero e desigualdade social, os direitos humanos. Portanto, os temas teóricos, os experimentos práticos e as videoaulas serão produzidas a partir da complexidade de conhecimentos que se somam no processo do fazer ciência, fazer educação e fazer extensão. Uma abordagem que supera os conteúdos curriculares de disciplinas de graduação e oportuniza aos estudantes, vivenciar, de forma transversal, a questão dos direitos humanos e sua relação com componentes políticos e culturais que permeiam o complexo fenômeno da desigualdade de gênero e da exclusão do processo educacional.


Indissociabilidade Ensino – Pesquisa – Extensão

A natureza interdisciplinar da biotecnologia com seus múltiplos aspectos aplicados e básicos é indissociavelmente ligada aos aspectos sociais, dos quais emana e para os quais se direciona, não de forma isolada, mas dialógica. A pergunta científica que impulsiona o fazer ciência a partir de métodos que balizem o alcance de conhecimento válido, também permeia a sociedade na forma de seus problemas e desafios cotidianos. Temas nos quais a biotecnologia pode atuar se somam aos aspectos humanos que lhe são inerentes: a poluição, a biorremediação de áreas contaminadas pelo garimpo, a seca, a diminuição da biodiversidade, a escassez dos recursos naturais, as pandemias, as doenças decorrentes do descarte incorreto do lixo ou da contaminação das águas, a pobreza e a insegurança alimentar das comunidades campesinas afetadas por estas questões, a migração do campo e a falta de acesso ao estudo, a alienação da mulher no seu direito de ser e protagonizar. Estes não são aspectos isolados nem puramente alvos da extensão ou da ciência biotecnológica. Quando a ciência se debruça para pesquisar ou tratar destes temas e sobre como podem ser abordados, não o faz isoladamente, é uma resposta à uma pergunta que emanou da própria sociedade. O curso Menina Biotec é construído nesta mesma lógica: fazer ciência com e em resposta à demanda social da educação e emancipação feminina, da construção da educação como alternativa para superar o ciclo vicioso em que meninas repetem histórias de suas mães e avós. Porém, esta alternativa educacional, se debruça sobre temas científicos que refletem a sociedade em que vivem e que são contemporâneos, a fim de reduzir a desigualdade de acesso aos temas mais avançados da ciência. É curioso que as construções mais tecnológicas da atualidade, exemplificando com as vacinas moleculares contra o SARS-Cov2, desenvolvidas nos círculos mais elitizados da biotecnologia e empresas da área, sejam justamente tema de saúde que afeta desproporcionalmente os mais vulneráveis. Foram os mais pobres os que sofreram com a falta inicial de vacinas ou com a transmissão de Covid porque não podiam ficar em casa! Então, porque não discutir vacinas e suas formas de construção? Por que não ressignificar o contexto da pandemia, que tanto afetou a educação, desmistificando a elitização da produção das vacinas moleculares e todos os demais temas da biologia celular, biotecnologia, microbiologia e saúde? É neste contexto integrado que a educação ganha sentido, que o ensino torna-se eficaz por trazer elementos da realidade do público alvo. Reiterando, os temas teóricos, os experimentos práticos e as videoaulas serão produzidas a partir da complexidade de conhecimentos que se somam no processo do fazer ciência, fazer educação e fazer extensão.


Impacto na Formação do Estudante: Caracterização da participação dos graduandos na ação para sua formação acadêmica

Os estudantes de graduação serão agentes de construção do diálogo sobre desigualdade de gênero e da falta de acesso equitativo à educação, tendo em vista o enfrentamento desta realidade pela popularização de temas avançados da ciência, interagindo diretamente com profissional psicóloga com vasta experiência no contexto escolar e amplo conhecimento dos conflitos inerentes a estas realidades. Além disto, poderão eles próprios discutir, analisar demandas de aprendizagem, desafios sociais da área de educação, o processo de inferiorização feminina, a luta da mulher que se deseja emancipar e romper os papeis secundários que lhe são atribuídos. Farão esta análise conjunta, acompanhados por psicóloga experiente e por profissionais mulheres que superaram tais desigualdades e se inseriram na carreira universitária. Neste processo, os estudantes de saúde serão fortalecidos para o exercício profissional mais consciente, reflexivo e contextualizado na cultura e sociedade em que deverão atuar, sendo preparados pelo contato com as questões humanas com as quais se depararão ao longo de sua atuação no mundo do trabalho. Ainda terão a oportunidade de se debruçar sobre temas científicos da sua própria formação acadêmica e rever conteúdos que eles próprios já estudaram ou estão estudando, o que pode significativamente contribuir para melhorar seu rendimento acadêmico ou sua reflexão para a tomada de decisão em que área atuar. Porém, nesta oportunidade, o farão extrapolando os limites de uma disciplina de graduação, o farão à maneira da metodologia ativa, como sujeitos e protagonistas que devem analisar, deliberar, construir, aplicar e partilhar conhecimento, competências mais complexas e por, isto mesmo, mais eficazes na formação de profissionais mais aptos ao exercício profissional.


Impacto e Transformação Social

O primeiro impacto é o do reconhecimento sobre uma questão que permeia nossas estruturas sociais: a desigualdade de gênero, a inferiorização da mulher, sua relegação a um papel secundário e submisso ao homem, uma realidade presente em todos as camadas da sociedade e escondida em suas estruturas. Reconhecer é também resistir, pois todo problema a ser solucionado precisa primeiramente ser conhecido para ser enfrentado. Portanto, a primeira mudança está em trabalhar as mentalidades e superar paradigmas construídos ao longo de muito tempo, arraigados na cultura patriarcal, que a tanto custo se tenta vencer e transformar. Neste processo e ao longo do curso Menina Biotec, existe grande espaço para discutir esta realidade e iniciar a mudança do próprio pensamento feminino, abrindo novas perspectivas de estudo e inserção na vida profissional. É preciso instrumentalizar as mulheres para que tomem decisões mais assertivas sobre seu futuro e profissão, uma instrumentalização que pode eficazmente ser alcançada pelo encantamento de ser possível aprender. Quem passou pela experiência de observar o mundo invisível dos micro-organismos em um microscópio, ou de acompanhar uma criança passando por esta experiência, experienciou também o encantamento pela ciência: abriu os olhos para novos mundos, novas realidades. É esse o primeiro e, talvez, mais importante impacto que esse curso pretende gerar: que as meninas tomem consciência de que existe um mundo profissional e acadêmico no qual há espaço para elas - e que existe oportunidade de instrumentalização para que possam alcança-lo! É o ensinar a transgredir, de Bell Hooks! O segundo e amplo impacto é o de iniciar uma quebrada de ciclo. É ação, colocar a roda, se estava imóvel, para girar. O esforço inicial sempre é o mais difícil, continuar agindo é consequência. Se as 120 meninas que iniciarem o curso conseguirem conclui-lo, o impacto será enorme: a experiência lhes ficará marcada e certamente impactará as gerações futuras de suas famílias pela tomada de consciência da importância de estudar. Se dentre as 120, ao menos metade decidir continuar os estudos ou voltar para a escola, suas vidas terão sido transformadas. Para além de números, cada ser humano feliz e realizado, cada um que supera uma situação de exclusão, é uma vitória e contribui para uma sociedade mais humana. Se algumas, estimuladas pelo encantamento científico, decidirem estudar até ingressar no ensino superior e se tornarem profissionais, então o curso terá sido um sucesso. A cada mulher que alcança o êxito acadêmico e profissional, novas são impulsionadas pelo exemplo e pela ajuda direta. Não é a toa que a Unicef diz que investir na educação feminina pode transformar comunidades, cidades e o mundo. É porque quando se investe em uma mulher, se desconstrói também a violência, o racismo e a segregação social. Impactos que somente se medem pela somatória de muitas ações, mas que podem ser acompanhados pelos indicadores diretos e indiretos: número de participantes, número de concluintes do curso, número de meninas que estavam foram da escola e decidiram voltar aos estudos... Nem todos os números podem ser estimados, a transformação, ainda que seja de uma única vida, vai além da mensuração.


Divulgação

Divulgação por meio de vídeo na forma de pílula de um minuto no qual as coordenadoras da ação apresentarão o curso de forma instigante e desafiadora. O vídeo será publicado nos canais LinfoTube, de abrangência internacional e Biotec para todos, sendo também publicado como link para acesso na página oficial da Olimpíada Brasileira de Biotecnologia. Para maior inserção de meninas da região de Diamantina e comunidades vulneráveis, será solicitada divulgação do curso aos líderes comunitários, via WhatsApp ou redes sociais pessoais dos estudantes e demais membros da equipe proponente. Também será encaminhado e-mail para a Superintendência Estadual de Educação/MG e para a Secretaria Municipal de Educação de Diamantina.


Público-alvo

Descrição

Meninas moradoras de Diamantina ou de cidades do Brasil, preferencialmente em situação de vulnerabilidade social, em idade correspondente aos anos finais do ensino fundamental e de todas as séries do ensino médio.

Municípios Atendidos

Município

Diamantina - MG

Município

São João da Chapada - MG

Município

Gouveia - MG

Município

Couto de Magalhães de Minas - MG

Município

Datas - MG

Município

Serro - MG

Município

Sopa - MG

Município

Milho Verde - MG

Município

São Gonçalo do Rio Preto - MG

Município

Itamarandiba - MG

Município

Curvelo - MG

Município

Belo Horizonte - MG

Município

Guinda - MG

Município

Ribeirão Preto - SP

Município

Rio de Janeiro - RJ

Município

Vitória - ES

Município

Florianópolis - SC

Município

Porto Alegre - RS

Município

Curitiba - PR

Município

Salvador - BA

Município

Recife - PE

Município

Fortaleza - CE

Município

Aracaju - SE

Município

São Luís - MA

Município

Teresina - PI

Município

Natal - RN

Município

João Pessoa - PB

Município

Maceió - AL

Município

Goiânia - GO

Município

Palmas - TO

Município

Campo Grande - MS

Município

Cuiabá - MT

Município

Porto Velho - RO

Município

Rio Branco - AC

Município

Manaus - AM

Município

Boa Vista - RR

Município

Belém - PA

Município

Macapá - AP

Município

Brasília - DF

Parcerias

Nenhuma parceria inserida.

Cronograma de Atividades

Carga Horária Total: 149 h

Carga Horária 12 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
Descrição da Atividade

Elaboração de formulário enquete via Google Forms para disponibilização online às meninas que caracterizam o público alvo do curso Menina Biotec. Neste formulário serão inseridas questões quanto ao nome, município de residência, idade, série do ensino básico que está cursando ou se não está frequentando a escola e os temas de ciências que mais lhe interessam, bem como os temas que julga mais difícil de aprender. A enquete será disponibilizada às comunidades e distritos mais vulneráveis da cidade de Diamantina, por meio de contatos com conhecidos. Para um alcance nacional, será também disponibilizada na página da Olimpíada Brasileira de Biotecnologia e nas redes sociais. Além da pesquisa direta ao público alvo, serão analisados temas relevantes e relacionados à biotecnologia, economia e saúde, eventualmente tratados em reportagens, relatórios de ONGs e órgãos oficiais. Após coleta dos dados, serão analisados em equipe para definição de como serão inseridos nos conteúdos do curso Menina Biotec a fim de se alcançar uma aprendizagem significativa e contextualizada.

Carga Horária 12 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
  • Noite;
Descrição da Atividade

com os temas teóricos definidos, a equipe realizará a consulta em acervos científicos para montar roteiros experimentais relacionados e ilustrativos de cada tema elencado. Após estruturação dos roteiros e conferência dos materiais e insumos disponíveis no laboratório, os experimentos serão conduzidos e gravados, com participação dos estudantes da equipe proponente e explicação em linguagem condizente, adaptada para a compreensão de estudantes da educação básica. Em seguida, os videos serão editados com auxílio de softwares apropriados.

Carga Horária 30 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
  • Noite;
Descrição da Atividade

A partir do conteúdo programático, adequado à forma de abordagem definida segundo a análise de interesse e dúvidas apresentadas na enquete inicial e pelos temas socialmente relevantes, será montado cada roteiro de aula teórica. Os slides e figuras serão preparados de forma conjunta entre as coordenadoras, a psicóloga com atuação na área de educação e os próprios estudantes, que farão análise crítica da linguagem adotada, do conteúdo científico e qualidade do material produzido. Em seguida, as aulas serão gravadas e editadas. As aulas que estiverem relacionadas diretamente a algum experimento de ilustração prática do tema abordado serão acrescidas deste conteúdo, ou este material será disponibilizado à parte, dividindo-se em etapas. Esta definição será feita a partir de uma análise do tempo de cada aula, a fim de evitar vídeos muito longos e cansativos. As aulas poderão ser subdivididas para compor vídeos curtos e acessíveis.

Carga Horária 15 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
  • Noite;
Descrição da Atividade

plataformas que disponibilizam recursos para a criação de games didáticos ou formulários desafios na forma de gincanas científicas serão utilizados pela equipe para elaborar conteúdo de acompanhamento de aprendizagem utilizando a estratégia de gamificação para uma aprendizagem mais envolvida e estimuladora. Por meio das respostas e resultados alcançados nestes instrumentos, a equipe avaliará se as estudantes conseguiram compreender e analisar os temas tratabalhados. O acesso a páginas de conteúdo relevante será conduzido por meio de tutorial disponibilizado como material extra, conforme a sua relevância e vinculação a alguns dos temas abordados.

Carga Horária 60 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
  • Noite;
Descrição da Atividade

Inserção de conteúdo em sítio da internet com link de acesso para canal do YouTube no qual as aulas serão publicadas sob a forma de acesso restrito, em um primeiro momento, ou seja, até que as quatro edições do curso estejam concluídas. Em cada edição será disponibilizada lista de frequência com nome das participantes inscritas, em link para formulário, o qual será inserido de forma correlata a cada conteúdo (videoaula) disponível. Serão realizados inspeções e análises de acesso de forma contínua, com provisão de resposta quando pertinente.

Carga Horária 20 h
Periodicidade Anualmente
Período de realização
  • Manhã;
  • Tarde;
  • Noite;
Descrição da Atividade

Os instrumentos de avaliação, acompanhamento de aprendizagem e listas de frequência, bem como as estatísticas de cada videoaula no canal YouTube serão analisados para levantar indicadores de participação, envolvimento e engajamento por meio de direcionamento de questões ou tempo de retenção de público, resultados alcançados nos desafios e jogos disonibilizados.