Um dos pilares da assistência integral à saúde é a realização de atividades educativas e de promoção de saúde. Em recorte de gênero, o feminino deve ser abordado de forma equânime. Essa ação objetiva promover educação em saúde da mulher: informando sobre saúde feminina, estimulando postura de autocuidado e hábitos saudáveis, orientando sobre câncer de mama e de colo de útero, prevenção e diagnóstico precoce. Com isso, pretende impactar positivamente nos determinantes de saúde dessa população.

Saúde da mulher, prevenção, educação em saúde.

O Sistema Único de Saúde (SUS) segue os princípios de universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde da população brasileira. A universalidade se refere à garantia de acesso ao sistema de saúde para toda a população. A equidade dispõe sobre se “tratar desigualmente os desiguais”, de modo a garantir condições de vida e saúde, por meio do acesso ao sistema de saúde, a toda população, conforme suas necessidades. A integralidade abarca um leque de ações possíveis para a promoção, a prevenção de riscos e agravos e assistência à saúde da população. Destes, a equidade é necessária para que se garanta o livre exercício da universalidade e da integralidade por todos os cidadãos brasileiros (SPM, 2016). Segundo o Ministério da Saúde (2012), um dos pilares da assistência integral à saúde é a realização de atividades educativas e de promoção de saúde. Aplicando-se um recorte de gênero, o feminino deve ser abordado dentro de suas particularidades, e se tornar alvo de ações em saúde de forma equânime. Para isso, o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM) incorpora, num enfoque de gênero, a integralidade e a promoção da saúde como princípios norteadores da assistência à saúde da mulher (BRASIL, 2013). “As mulheres constituem a maioria da população brasileira e são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Conformam, portanto, um segmento social fundamental para as políticas de saúde, especialmente porque as históricas desigualdades de poder entre mulheres e homens implicam em forte impacto nas condições de saúde das mulheres. Associadas às questões referentes às relações sociais de gênero, outras variáveis como raça, etnia, situação de pobreza, orientação sexual, idade, aprofundam ainda mais as desigualdades vividas pelas mulheres, exigindo do SUS cada vez mais o olhar para este segmento da população”. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013-2014, p. 30 Tratando-se do gênero feminino, dois entre os três cânceres mais prevalentes nesta população são o câncer de mama e o câncer de colo de útero. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2021), o câncer de mama é o principal entre as mulheres em todo o mundo, com taxa de mortalidade estimada em 2019 de 14,23/100 mil. Segundo o Instituto, foram esperados cerca de 66.280 novos casos no Brasil em 2021. Ele pode se apresentar com nódulos endurecidos, imóveis e indolores em mamas, axilas e/ou pescoço, alterações na pele das mamas (vermelhidão, retração ou aspecto em casca de laranja) e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos, sendo importante instruir a população sobre tais sintomas para que procurem ajuda profissional caso sejam percebidos. Além disso, a realização de mamografias periódicas é fundamental para visualização de nódulos que não foram percebidos à palpação. Seu desenvolvimento está associado a múltiplos fatores, como genética, estilo de vida pouco saudável e outros associados à história ginecológica e reprodutiva da mulher. Já o câncer de colo de útero é o terceiro mais incidente entre mulheres no Brasil e ocupa o quarto lugar em mortalidade (INCA, 2020). O Instituto estimou 16.710 novos casos em 2022 no país, com risco de cerca de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres (INCA, 2021). A vacinação é uma das medidas fundamentais de prevenção, uma vez que seu principal fator de risco é a infecção por subtipos oncogênicos do HPV (papilomavírus humano) (FEBRASGO, 2017). Em suas fases iniciais, pode se apresentar com poucos ou nenhum sintoma, por isso a importância de realizar periodicamente a colpocitologia oncótica. Assim, percebe-se a necessidade de intensificar ações voltadas para a conscientização sobre tais doenças, de forma a ampliar o conhecimento da população sobre seus fatores de risco, prevenção, sintomas e formas de cuidado. Nesse sentido, o atual projeto irá atuar na divulgação de informações de qualidade e no incentivo à população pelo autocuidado, instruindo-a quanto aos principais cuidados em Saúde da Mulher e orientando-a sobre as principais medidas de prevenção e indicações para realização de exames de rastreio, de forma que elas tenham maior conhecimento e preparo para lidar com sua saúde, adotando medidas de prevenção e, assim, atuando em seus determinantes de saúde para reduzir sua morbimortalidade a longo prazo.

O Vale do Jequitinhonha é uma região sabidamente carente, o que se mostra através de diversos marcadores sociais. Um deles é referente ao nível de instrução: em 2010, o Alto Jequitinhonha registrou mais de 38.000 pessoas analfabetas dentre aquelas acima de 15 anos, e mais de 70% dos indivíduos com mais de 25 anos não terminou o ensino fundamental. Outro exemplo é a baixa cobertura de água e de esgotamento sanitário em comparação com o restante do estado de Minas Gerais, bem como as carências habitacionais, o que corrobora para a formação de comunidades mais fragilizadas e com baixo desenvolvimento social (MIRANDA JÚNIOR, 2017). No que tange à saúde, também se percebe a vulnerabilidade da região. Ao observar-se a lacuna existente no acesso à informação em saúde, bem como o baixo nível de instrução das mulheres sobre os cuidados em saúde durante seu ciclo de vida, nota-se a necessidade de elaborar projetos com ênfase na disseminação do conhecimento sobre temas diversificados que abrangem o cotidiano desse grupo alvo - a saúde feminina. Portanto, essa ação tem como objetivo promover a saúde da mulher através da educação em saúde: estimulando a postura de autocuidado e adoção de hábitos de vida saudáveis, divulgando informações sobre a saúde feminina, câncer de mama e de colo de útero, e sobre a importância da prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce por meio da observação, autopalpação, realização dos exames de rotina de diagnóstico precoce (mamografia e colpocitologia oncótica) e manutenção de estilo de vida saudável, a fim de reduzir a incidência e morbimortalidade pelas doenças. Dessa forma, será possível contribuir com a saúde da população por meio do compartilhamento de informações e orientações de qualidade, capacitando-a para atuar com vistas à melhoria da própria qualidade de vida e dos desfechos em saúde da mulher. Também será possível consolidar o conhecimento dos discentes participantes, estimulando a aprendizagem teórico-prática e enriquecendo sua formação acadêmica e profissional.

Objetivo geral: Promover educação em saúde da mulher para as mulheres da cidade de Diamantina/Minas Gerais que frequentam a Instituição Casa do Bem. Objetivos específicos: - Proporcionar informações acerca dos cuidados em saúde da mulher. - Orientar sobre os agravos mais comuns à saúde da mulher. - Fornecer informações acerca dos exames de diagnóstico precoce em saúde da mulher. - Distribuir folhetos educativos com orientações sobre saúde da mulher.

- Fortalecer as recomendações para o diagnóstico precoce e rastreio de câncer de mama e de colo do útero preconizadas pelo Ministério da Saúde. - Conscientizar sobre os fatores de risco e os fatores de proteção relacionados à saúde da mulher. - Promover o conhecimento e estimular a postura de atenção das mulheres em relação à própria saúde. - Promover a adoção de hábitos de vida saudáveis.

Este projeto em Saúde da Mulher tem como objetivo promover educação em saúde para as mulheres que frequentam a Instituição Casa do Bem, de Diamantina/Minas Gerais. Inicialmente, os discentes participantes do projeto receberão capacitação sobre o tema a partir de 02 aulas sobre cuidados gerais em saúde da mulher, e câncer de mama e câncer de colo de útero, ministradas pela professora coordenadora do projeto. As aulas ocorrerão de forma online e síncrona, através da plataforma Google Meet. Após, os discentes farão a confecção dos materiais a serem utilizados durante a ação, como o preparo das dinâmicas a serem realizadas com o público-alvo para abordagem dos temas, e confecção de folhetos impressos informativos para distribuição durante a ação. Além disso, serão realizadas postagens informativas em redes sociais com temáticas relacionadas aos cuidados em saúde feminina. Em seguida, será realizada ação na Instituição Casa do Bem, em data e horário a serem definidos, durante um dia de final de semana (sábado ou domingo). Durante a ação, os discentes organizadores do projeto estarão no local promovendo a Saúde da Mulher através do compartilhamento de informações gerais sobre o tema e incentivo à realização de exames de prevenção e diagnóstico precoce, como o citopatológico de colo de útero e a mamografia, e orientações sobre a faixa etária indicada para a realização desses exames de rastreio. Além disso, serão realizadas dinâmicas com o público participante que abordem assuntos relacionados à temática. A “Mama Amiga”, modelo de mama artificial feito de borracha, será objeto de demonstração da autopalpação das mamas para a população. Também haverá modelo de vulva, vagina e útero para demonstração da coleta do exame preventivo. Além disso, serão esclarecidas dúvidas que surgirem durante o projeto e serão distribuídos folhetos informativos acerca da Saúde da Mulher, com base nas determinações do Ministério da Saúde. Ao final da ação, os discentes participantes serão estimulados a escreverem um Relatório Final da ação, sob orientação da professora coordenadora.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília: Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2013. 114 p. : il. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. São Paulo: Connexomm, 2017. GUTIÉRREZ, M. G. R. A.; ALMEIDA, A. M. Outubro Rosa. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2017, v. 30, n. 5, pp. 3-5. Acesso em 29 de junho de 2022. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-0194201700065>. INSTITUTO NACIONAL DO C NCER. Eu cuido da minha saúde todos os dias. E você? 24 de set de 2021. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/campanhas/outubro-rosa/2021/eu-cuido-da-minha-saude-todos-os-dias-e-voce>. Acesso em 14 de jun. de 2022. INSTITUTO NACIONAL DO C NCER. Estatísticas de câncer. 25 de abr. de 2022. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer>. Acesso em 14 de jun. de 2022. INSTITUTO NACIONAL DO C NCER. A situação do câncer de mama no Brasil: síntese de dados dos sistemas de informação. / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019 INSTITUTO NACIONAL DO C NCER. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: INCA, 2019. SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES - SPM. Monitoramento e Acompanhamento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) e do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013-2015 (PNPM) - Brasília/DF, 2016.

A proposta da ação surge da percepção de aplicar localmente as campanhas voltadas à saúde da mulher, tendo como alvo o público feminino já assistido pela Instituição Casa do Bem. Dessa forma, pretende-se contribuir diretamente para a promoção de saúde e educação continuada em saúde da população alcançada. Espera-se que o projeto possa envolver diferentes setores da sociedade e, indiretamente, contribuir para a melhoria dos serviços de atendimento à saúde da mulher nos quais os estudantes e profissionais envolvidos atuarão em suas práticas acadêmicas e profissionais. A interação com a comunidade externa à UFVJM será dialógica no sentido de que se espera que a ação seja uma oportunidade para que estudantes tragam seus olhares, conhecimentos e contribuições, promovendo intercâmbio de saberes e favorecendo a formação continuada de todos e também aprimoramento das habilidades técnicas dos envolvidos.

A ação traz a integração das áreas de conhecimento das ciências da saúde, da educação e do voluntariado, estimulando a busca pelo conhecimento e a aprendizagem de todos os envolvidos na organização, realização e participação na ação.

A ação vincula ensino e extensão ao propor um intercâmbio com a comunidade externa para construção de conhecimento e orientações práticas sobre os cânceres de mama e colo de útero, além de outros temas ligados à feminilidade. Estudantes participantes do projeto serão incentivados a organizar e executar a ação. Articula-se também com pesquisa, já que espera-se que a demanda da população durante o evento possa fomentar material para futuras pesquisas sobre o impacto desse tipo de ação nos cuidados com a saúde.

Os discentes serão responsáveis pela estruturação e execução do evento, tendo a oportunidade de desenvolver competências relacionadas à organização, liderança, comunicação interpessoal e comunicação profissional. Além disso, é uma oportunidade para aprofundar e solidificar conhecimentos acerca dos principais agravos à saúde da mulher e das repercussões da prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce, mudando desfechos potencialmente desfavoráveis através da prevenção primária.

Espera-se que a ação atinja as mulheres da Instituição Casa do Bem de maneira positiva, trazendo conhecimento e ferramentas para que possam ser partícipes no processo de transformação feminina tão necessário nos dias atuais. Isso só pode ser alcançado quando mulheres tornam-se conhecedoras de seu próprio corpo, bem como de seus direitos fundamentais, além de entenderem a importância da prevenção das principais moléstias através dos exames de rastreio e de medidas preventivas sobre os agravos em saúde, mudando assim os desfechos desfavoráveis causados por eles. De tal modo, a aproximação entre a universidade e a sociedade impacta na procura assertiva dos serviços de saúde, bem como na melhoria dos atendimentos a essa população e, por conseguinte, favorece também o intercâmbio de experiências.

O projeto será amplamente divulgado em redes sociais, através de perfil no Instagram e grupos de Whatsapp, e pela Instituição Casa do Bem.